TAP: “O mercado norte-americano cresceu 94%”
Paulo Henrique Cunha, responsável pelas operações da TAP em Espanha, fez, ao Publituris, um “flashback” sobre aquilo que foi 2016: intenso, desafiante, de crescimento e com a eterna questão de posicionamento da companhia aérea sempre presente em todos os produtos desenvolvidos. E a FITUR, claro, assunto que motivou uma chamada telefónica ao país vizinho.

Ângelo Delgado
Paulo Henrique Cunha, responsável pelas operações da TAP em Espanha, fez, ao Publituris, um “flashback” sobre aquilo que foi 2016: intenso, desafiante, de crescimento e com a eterna questão de posicionamento da companhia aérea sempre presente em todos os produtos desenvolvidos. E a FITUR, claro, assunto que motivou uma chamada telefónica ao país vizinho.
Motivados por mais uma edição da FITUR, em Madrid, de 18 a 22 de Janeiro, entrevistámos Paulo Henrique Cunha, representante da TAP para o mercado espanhol. Os balanços, claro, os desafios também, tal como as novas rotas, foram temas abordados, mas a conversa teve início com a maior feira espanhola no sector, aquela que marca o início de mais um ano turístico. “Este ano, alterámos a nossa forma de estar na FITUR: vamos trazer um “mock-up” do A330neo – que já foi apresentado em Lisboa durante a Web Summit. Estaremos com o Turismo de Portugal e no stand da Embratur – Turismo do Brasil. A apresentação do mais recente aparelho será, sem dúvida, a grande atracção da TAP em Madrid”, começa por dizer, mantendo a tónica na nova aeronave da companhia portuguesa. “Estamos a apostar bastante neste produto, pois significa, para quem visitar o stand, uma experiência fabulosa na área da realidade virtual”.
Ainda sobre a feira, o responsável destaca “a divulgação das duas novas rotas em Espanha – Alicante e Las Palmas – e ainda a cidade canadiana de Toronto que, dentro do mercado espanhol, tem um significado muito grande”. Na óptica dos contactos, Paulo Henrique Cunha sublinha que a FITUR é “um evento interessante em termos de contactos com o trade, operadores, agências e, por outro lado, um espaço onde a TAP é vista como uma companhia que apresenta sempre novidades junto do mercado”.
Espanha e o ano que findou
Abordada a FITUR, a conversa mudou de flanco e assentou naquilo que foi 2016. “Desafiante”, reconheceu Paulo Henrique Cunha. “Foram 365 dias de enormes desafios: registámos um aumento da nossa capacidade através da substituição de alguns aparelhos que operavam em Espanha; por outro lado, iniciámos, sensivelmente a meio do ano, a rota Lisboa-Vigo, uma operação que nos trouxe bons resultados; anunciámos novas rotas e reforçámos outras já existentes para 2017… foi um ano em cheio”.
Ainda que estejam a fechar as contas de 2016, o responsável aceitou avançar com alguns números de forma a que pudéssemos perceber a evolução face a 2015. “De um ano para outro tivemos uma profunda alteração de produto. E, melhor ainda: o mercado respondeu positivamente a essas mudanças”, referiu, recordando os períodos menos bons por que passaram Portugal e Espanha a nível económico e financeiro. “O mercado norte-americano teve um crescimento de 94%. Já existia a operação para Newark, mas as novas rotas para Boston e para o Aeroporto JFK, em Nova Iorque, foram fundamentais para atingirmos estes valores. Para Portugal – que por motivos óbvios é o nosso principal mercado – obtivemos um aumento na receita na ordem dos 3% em comparação a 2015. E crescemos 24% no transporte de passageiros”, divulgou. Questionado sobre a importância do mercado que representa para a TAP, Paulo Henrique Cunha é peremptório. “Falamos do segundo maior mercado europeu para a companhia aérea a seguir à França”, diz, acrescentando ainda que “perto de 10% do total das operações da TAP realizam-se em território espanhol”.
Preços, posicionamento, flexibilidade
Em 2016, a companhia aérea encetou uma profunda alteração naquilo que é o produto que apresenta aos seus clientes/passageiros. A concorrência tem apertado, os preços são, quase sempre, o factor diferenciador, mas há, ainda, o posicionamento da TAP, algo que, segundo Paulo Henrique Cunha, “não pode ser esquecido”. “Sempre que falamos em baixar as tarifas ou em concorrer com as low cost surge a velha questão – e relevante, do meu ponto de vista – do posicionamento”, começa por dizer sobre o assunto, para depois arrancar para uma visão mais ampla sobre o tema. “Pouco antes de a TAP ter apresentado este novo produto onde o passageiro escolhe o seu voo e paga apenas pelo que necessita, havendo, com isso, uma necessária redução do preço, já nos encontrávamos a desenvolver algumas técnicas para melhor perceber o cliente – espanhol, neste caso – que vai a Portugal em negócios”, divulga.
E em que consistia esse estudo? “Fácil de explicar”, responde o responsável da TAP para o mercado em Espanha. “Queríamos permitir que o passageiro pudesse voar para o seu destino de manhã, realizar as suas reuniões em Lisboa ou Porto e voltar à noite ou no dia seguinte de manhã. Na pesquisa que fizemos, percebemos que este era um factor mais importante que, por exemplo, o preço. Os horários também foram adequados ao público que escolhe TAP e hoje são bastante competitivos para quem chega a Portugal e vai trabalhar. São, inclusive, melhores do que aqueles que a nossa concorrência possui. Temos companhias aéreas que chegam a Lisboa ou ao Porto pelas 7h00 – muito cedo – ou às 11h00 – muito tarde. Os nossos voos aterram às 9h30/10h00, um horário muito mais cómodo para os nossos passageiros”, garante. Ainda assim, como explica adiante, existem diversos tipos de público, e uma grande franja privilegia o preço. E, para eles, também há opções. “Temos, ainda assim, várias frequências diárias de Madrid e Barcelona para Lisboa e Porto, pelo que abrangemos todo o tipo de público. E é aqui que esse ajuste tarifário faz sentido e permitiu que os passageiros que antes optavam por outras companhias devido ao preço, passassem a considerar a TAP. A partir do momento em que o cliente tem disponível uma companhia aérea reconhecida como a nossa, com tarifas competitivas, passamos a ser uma opção muito válida”.
Alicante e Las Palmas: as novas rotas
Foram os dois destinos para onde a TAP decidiu abrir novas rotas em 2017. Alicante, numa aposta de lazer/corporate, e Las Palmas, na Gran Canária, perspectivando uma boa adesão para o segmento de lazer/férias. “Já estamos em quase todo o território espanhol e estes dois novos destinos são mais um passo nesse sentido. No caso de Alicante, falamos de uma região que é vista como um complemento natural a nível corporate. Acreditamos que se trata de um destino com imenso potencial nesse aspecto, sem, claro, esquecer o lazer, que é, por outro lado, a grande motivação em Las Palmas. Esperamos que o mercado português reaja bem”. “Não temos ainda capacidade para perceber, taxativamente, como vão correr estas duas novas rotas, mas terá sempre que ver com a forma como será promovida junto dos agentes, operadores e regiões de Turismo em Portugal”.
Antes de finalizarmos a chamada, houve oportunidade para abordar a visita do Papa Francisco a Portugal, em Maio deste ano. “Trata-se de um acontecimento de grande importância para mercados como Espanha, França e Itália, pelo que teremos de estar atentos, no entanto, convém sublinhar que o nosso trabalho – a ser feito, já que não há ainda nada delineado – incidirá, sobretudo, na linha de comunicação e, eventualmente, em termos de promoção”, finalizou.