Nos três primeiros meses do ano, a TAP registou um prejuízo de 108,2 milhões de euros, valor que representa um agravamento de 18,1 milhões de euros face ao primeiro trimestre de 2024 e que, segundo comunicado da companhia aérea enviado aos investidores, se deve a “eventos extraordinários”, como greves e ao facto da Páscoa de 2025 ter decorrido apenas em abril.
“A ‘performance’ do primeiro trimestre de 2025 foi significativamente impactada pela greve dos pilotos da PGA, que se prolongou durante 20 dias. Adicionalmente, a comparabilidade dos resultados operacionais foi ainda afetada pela deslocação da Páscoa para o segundo trimestre em 2025, ao contrário de 2024, quando ocorreu no primeiro trimestre. Estima-se que, juntos, tenham tido um impacto financeiro nos resultados operacionais entre 30 e 40 milhões” de euros, refere a TAP no comunicado divulgado esta sexta-feira, 23 de maio.
No primeiro trimestre, as receitas operacionais da TAP totalizaram 823,4 milhões de euros, numa diminuição de 4,5% face ao primeiro trimestre de 2024, que, segundo a companhia aérea, “reflete os impactos dos eventos extraordinários”.
“Esta diminuição foi principalmente impulsionada pela redução das receitas do segmento de passagens, devido a uma estabilização da capacidade (-0,4%) e do aumento da concorrência nos principais mercados, pressionando a receita unitária. Paralelamente, as receitas do segmento de Loyalty e outras receitas não-voada também diminuíram, refletindo os ajustamentos implementados no 4.º trimestre de 2024”, lê-se no comunicado da TAP.
Ainda assim, a TAP destaca o “desempenho positivo no mercado norte-americano”, que foi “sustentado pelo aumento da receita unitária e do Load Factor, apesar do contexto macroeconómico desafiante”.
Até março, o resultado operacional (EBIT – resultado antes de juros e impostos) da TAP foi negativo em 131,6 milhões de euros, valor que compara com os 74,3 milhões de euros negativos do período homólogo do ano passado.
Já o EBIT recorrente foi negativo em 119,2 milhões, o que traduz um aumento para quase o dobro face aos 60,3 milhões de euros negativos registados nos primeiros três meses de 2024.
Segundo a TAP, se não fosse considerado o “impacto dos eventos extraordinários”, o EBIT recorrente totalizaria aproximadamente 85 milhões de euros negativos, numa “redução de cerca de 25 milhões de euros face ao primeiro trimestre de 2024”.
No primeiro trimestre, a TAP transportou 3,5 milhões de passageiros, número que representa uma ligeira diminuição de 0,6% face ao primeiro trimestre de 2024, e operou cerca de 27 mil voos, o que também representa uma redução de 0,5% face ao período homólogo.
Já a capacidade manteve-se estável, com uma descida de apenas 0,4% face aos três primeiros meses de 2024, enquanto o load factor foi de 78,8%, com uma diminuição de 0,6 p.p. face ao período homólogo.
Segundo Luís Rodrigues, CEO da TAP, o primeiro trimestre deste ano foi “desafiante” para a TAP e ficou marcado pela “greve dos pilotos da Portugália e pela deslocação da Páscoa”, assim como pelo “aumento da concorrência nos principais mercados” e por “disrupções operacionais, como eventos meteorológicos adversos, greves e constrangimentos nos aeroportos e no espaço aéreo europeu”, problemas que “impactaram de forma significativa a performance financeira e operacional do trimestre”.
Reservas mostram “recuperação assinalável”
Apesar do prejuízo nos três primeiros meses do ano, a TAP está otimista para 2025, uma vez que “as reservas encontram-se, à data, em linha com o ano anterior, mostrando uma recuperação assinalável desde o início do ano”, pelo que devem “compensar a pressão sobre as receitas unitárias face ao aumento estimado da capacidade”.
A companhia aérea espera, contudo, que “o aumento da concorrência nos principais mercados” se mantenha, “embora com intensidades distintas, ajustando a performance das yields”.
“No Brasil, o foco está na otimização da qualidade das receitas, mantendo os Load Factors estáveis com yields de qualidade, tirando partido da rede alargada da TAP, apesar da pressão sobre receitas unitárias. Adicionalmente, a TAP continuará a sua estratégia de modernização da frota, com a entrega prevista de um A320 NEO e dois A321 NEO, reafirmando o seu compromisso em manter uma frota moderna e eficiente. O foco estratégico mantém-se inalterado: reforçar a rede e consolidar sobre a mesma uma companhia financeiramente sustentável com uma operação consistente e eficiente”, prevê a companhia aérea.
Segundo Luís Rodrigues, “embora os desafios se mantenham, nomeadamente a pressão concorrencial, as disrupções operacionais e a incerteza macroeconómica, os progressos alcançados nos últimos anos sustentam uma TAP mais resiliente e preparada para o futuro”.
“Estamos focados na consolidação da sustentabilidade financeira e da eficiência operacional, preparando a companhia para a nova fase que se seguirá ao Plano de Reestruturação, com o compromisso de transformar a TAP numa empresa sustentadamente rentável e atrativa, sempre com o apoio dos nossos stakeholders e das nossas pessoas, que são essenciais para o nosso sucesso”, acrescenta o CEO da TAP.