Viagem aos “sentidos” da Madeira (c/ vídeo)
Durante três dias, o jornal Publituris visitou a Madeira. O objetivo passou por conhecer uma Madeira com foco na gastronomia e na natureza, além de todo o leque de experiências que é possível descobrir num destino que se reposicionou e tem na qualidade da sua oferta a grande mais-valia.

Victor Jorge
A convite da Associação de Promoção da Madeira (APM), o jornal Publituris visitou, durante três dias, a ilha da Madeira. Claro que não foi possível em 72 horas “conhecer” a Madeira e daí a decisão de focar-nos nalguns produtos turísticos que o destino oferece.
A opção recaiu em dois produtos distintos: o primeiro, a gastronomia, produto que tem vindo a ganhar novos e jovens protagonistas, e mais do que melhorar a oferta, sofisticou o produto, também ele à base de produtos locais.
O segundo, a Natureza, há muito que faz parte da oferta turística da Madeira, mas também aqui, a melhoria e aposta no serviço e diversidade é visível, sempre a pensar em quem visita a chamada “Pérola do Atlântico”.
ADN madeirense na gastronomia
Na gastronomia, destaque para os três restaurantes visitados. No primeiro, o Audax, localizado numa das zonas de lazer mais dinâmicas do Funchal, onde não falta concorrência e muitos espaços gastronómicos alternativos, este restaurante destaca-se por uma proposta a que o próprio chef apelida de “progressiva”.
Os produtos da Madeira, naturalmente, não faltam, desde os líquidos (vinhos) à cozinha e na carta do Audax é possível lermos que “a cada estação, a Madeira transforma-se, e como ela, os sabores que definem a sua essência”. Por isso, é na “escuta profunda da ilha que nasce a “audácia” do Audax, com o objetivo de revelar o que a tradição madeirense ainda tem por dizer, quando se ousa escutá-la de outra forma. Daí, os menus apresentados por César Vieira constituírem uma viagem sensorial, guiada pela sazonalidade da ilha, onde o mar, a terra e o tempo definem o ritmo de cada degustação.
Uma visita ao Audax não é uma visita a um restaurante, é um fine dining apresentado, com os produtos locais e isso foi possível perceber desde o primeiro prato que nos foi servido.
Próximo da majestosa Sé Catedral, num espaço que surge em 1933, como um tributo às ancestrais tertúlias da cidade, onde a burguesia madeirense, escritores e empresários se reuniam para dar voz às suas inspirações nos áureos tempos do passado, o Theo’s junta-se ao Kampo, Akua e Yuki, todos em solo funchalense e todos, segundo o chef Júlio Pereira, “com um ADN muito madeirense, seja pelo produto, oferta, história ou cultura”.
E é esse ADN que Júlio Pereira destaca, salientando “a importância que damos ao produto local”. E é neste ponto que o chef faz a ligação direta entre a gastronomia e o turismo: “há uma coisa extremamente importante em tudo o que fazemos. É que isto faz-se com clientes, faz-se com turismo”. E nas mais de 500 refeições que os restaurantes do chef Júlio Pereira servem diariamente, “90% são para estrangeiros. Por isso, temos de ser sinceros e verdadeiros e perceber que o turismo é o motor de tudo isto”.
E neste aspeto, Júlio Pereira destaca a “valorização daquilo que é o agricultor, do que faz o pescador, do homem do talho, ou seja, é uma economia circular, uma economia sustentável”, sendo este o ponto que o chef destaca no sucesso: “todas estas peças estão encaixadas umas nas outras e podemo-nos servir delas de uma forma eficiente, rápida, confortável”.
Por fim, o Horta, um conceito de comida saudável e de conforto, mais uma vez, numa experiência gastronómica resultante de uma grande aposta em ingredientes locais e de proximidade, grande parte deles provenientes da horta pertencente ao grupo hoteleiro PortoBay.
Numa cozinha onde o chef Santiago Anolles trabalha os legumes de forma distinta, colocando-os no centro das criações, a horta PortoBay, localizada num terreno na zona alta do Funchal, tem neste projeto um papel de extrema importância no que concerne ao abastecimento diário de legumes, frutas, ervas aromáticas, entre outros produtos.
A carta do Horta, é uma montra dos produtos madeirenses com alguns dos melhores legumes do exterior que tão bem se adaptam ao clima da ilha, onde sobressaem os legumes e frutas de estação, como cenouras, beterraba, espargos, alcachofras, milho, tomates, couve, pitanga, banana, castanha, etc..
Esta sofisticação da gastronomia madeirense é possível ser visitada e degustada noutros locais da Madeira, esperando ter despertado o interesse e, principalmente, a vontade de conhecer e provar as iguarias saídas destas cozinhas.
Tanta, tanta natureza
Algo ao que é praticamente impossível escapar na Madeira é ligação com a natureza. Antes mesmo de mergulharmos na paisagem verdejante da Madeira, embarcámos num dos veleiros da Happy Hour, empresa que oferece passeios de veleiro privados perfeitos para quem procura experiências autênticas e exclusivas, longe dos roteiros turísticos tradicionais. Entre os tours oferecidos pela Happy Hour estão os “Sunrise & Sunset”, tal como o nome indica, passeios onde é possível disfrutar do nascer ou pôr do sol, no primeiro caso, com direito a um pequeno-almoço preparado pela tripulação geralmente servido na baía do hotel Belmond Reid’s.
Os passeios de meio-dia ou de dia inteiro dão a oportunidade de explorar a costa sul da ilha da Madeira, tanto para o lado Este como para o lado Oeste, além de ser possível visitar praias privadas com acesso apenas pelo mar.
Frequente é a observação de golfinhos e baleias durante todo o ano, comprovada pela equipa do Publituris recebida pelo skipper Luís Fraga que nos possibilitou ver famílias de golfinhos que aproveitaram a oportunidade para brincar um pouco junto do veleiro.
De resto, segundo indicou Luís Fraga, os passeios a bordo dos barcos da Happy Hour são, na sua maioria, realizados por estrangeiros que procuram conhecer a Madeira não só por terra, mas também por mar. Luís Fraga indicou ainda que são muitos os turistas estrangeiros que aproveitam as águas calmas e temperadas da Madeira para fazer mergulho numa reserva natural, surfar nas ondas da costa norte da ilha ou praticar coasteering, uma atividade ao ar livre recente na ilha da Madeira.
Mas são os passeios de barco que possibilitam a observação de perto de algumas das 28 espécies de cetáceos que habitam ou visitam as águas do arquipélago da Madeira entre eles o golfinho comum, o golfinho pintado, o golfinho roaz, o cachalote, a baleia Piloto ou, se pretender, ir até às ilhas Desertas para encontrar um dos últimos refúgios atlânticos da foca Monge, uma das focas mais raras do mundo, assim como a ameaçada ave Freira-do-Bugio.
Da terra para o mar, descobrir a ilha da Madeira em veículos 4×4 é saber desfrutar de um dia diferente, numa aventura entre falésias e montanhas, no meio de floresta densa e rica. A AdventureLand é uma dessas empresas, dedicada a passeios de jipe, com incursões fora de estrada, e vocacionada para trabalhar em duas grandes áreas turísticas: Atividades Diárias e organização de grupos e incentivos. Entre os programas oferecidos estão os passeios partilhados e privados que dão a possibilidade de ter diversas experiências, desde uma ida à Costa Norte com direito a prova de vinho ou tours com itinerários 100% personalizáveis.
Também aqui, são, de acordo com Filipe, guia que nos acompanhou durante meio-dia, “os estrangeiros que mais recorrem a este tipo de serviço”, levando-os a locais como a Boca dos Namorados, Boca da Corrida, Cabo Girão, Curral das Freiras ou Pico do Areeiro, e a experienciar sensações para ultrapassar obstáculos naturais para atingir lugares pouco frequentados e de difícil acesso que ficarão para sempre na memória.
Naturalmente que entre o passeio de jeep não podia faltar habitual paragem para provar a Poncha. Neste caso, a escolha recaiu no bar Mário Corrida onde, além da Poncha Regional, é possível provar a Poncha Pescador, de Limão, Tangerina, Laranja ou Maracujá, avisando-nos o Filipe que era melhor não entrarmos pela experimentação de todo o portfólio, de modo a manter-nos lúcidos para o resto do dia.
A conquista das montanhas, passeando a pé pelas levadas e veredas constitui uma das mais fantásticas experiências na natureza exuberante da Madeira. Miguel Ornelas, guia da Explore Nature, empresa fundada pelo atleta de Trail Running Luís Fernandes que conta entre o currículo com várias participações em Campeonatos do Mundo e da Europa de Trail Running e Skyrunning, proporcionou isso mesmo.
Profundo conhecedor do meio que nos rodeou durante parte de uma manhã, Miguel Ornelas explicou a diferença entre os vários percursos possíveis de serem realizados na Madeira e das diferentes distâncias e graus de dificuldades que as Levadas proporcionam. Indicando-nos que, “estes tipos de percursos devem ser sempre feitos acompanhados de guias profissionais”, Miguel Ornelas avisou que “há já muitos turistas que pretendem fazer estes trilhos sozinhos e depois arrependem-se, já que perdem-se ou optam por trilhos e caminhos que não são recomendados para não profissionais ou conhecedores”.
E se as Caminhadas são uma das opções disponibilizadas pela Explore Nature, a empresa oferece ainda Trail Runnings, Tours Privados que poderão ter a duração de um dia inteiro (8 horas) como de meio-dia (4 horas), ou programas de uma semana para grupos que poderão incluir programas de caminhadas, Trail Camps, excursões pela ilha e/ou passeios de jipe/barco.
Certo é que, no que diz respeito às Levadas, a maioria dos percursos é acessível a qualquer pessoa, existindo, contudo, vários graus de dificuldade. Os percursos pedonais recomendados na Madeira são classificados como Pequenas Rotas (inferiores a 30 km de comprimento), existindo, segundo as entidades oficiais 28 destas PR distribuídas por toda a ilha, sendo mais predominante na costa norte e sudoeste, contabilizando a rede de Levadas cerca de 3.000 km no total, com a maior de todas a possuir 106km: Levada dos Tornos.