As praias do concelho de Torres Vedras estão “longe de estar saturadas” e têm ainda “margem para um aumento do número de visitantes” e de praticantes da modalidade de surf, apurou um recente estudo encomendado pela Câmara Municipal de Torres Vedras, sobre a capacidade de carga recreativa das praias do concelho e que se focou na prática do surf.
“Para além de referir que as praias do concelho de Torres Vedras, de uma forma geral, estão longe de estar saturadas e têm margem para um aumento do número de visitantes e utilizadores, o estudo apresenta ainda outras conclusões, como: o facto de não se identificarem situações relevantes ou sistemáticas de conflito entre utilizadores nas praias torrienses, sendo consensual que o ambiente dentro de água nas mesmas é bastante relaxado, não justificando um ordenamento diferenciado das atividades de surfing durante e fora da época balnear”, lê-se num comunicado enviado à imprensa, em que a autarquia partilha os resultados deste estudo.
Apresentado a 16 de maio, no Centro para a Sustentabilidade do Mar e Zonas Costeiras, em Porto Novo, o estudo foi elaborado pela Associação de Escolas de Surf de Portugal em parceria com o Politécnico de Leiria, e envolveu um conjunto de stakeholders locais (nomeadamente escolas de surf, concessionários de praia, associações, surfistas e banhistas), num trabalho que passou pela realização de entrevistas, procedimentos de identificação geográfica, inquéritos e outros registos de dados (in loco e por meio de câmaras web).
Santa Rita, Vigia, Navio, Mirante, Pisão, Física, Santa Cruz-Centro, Santa Helena, Formosa, Azul e Foz do Sizandro são as praias do concelho de Torres Vedras que apresentam melhores condições para a prática do surf e que foram o principal objeto deste estudo.
Entre as conclusões deste estudo, merece também destaque o facto das praias de Torres Vedras contarem com “uma comunidade de surf local coesa e unida, que salvaguarda a preservação das condições ambientais e a boa conduta na utilização dos recursos naturais” e de “existir uma comunicação constante e aberta entre as escolas de surf do concelho de Torres Vedras, as quais procuram potenciar a melhor utilização dos espaços das praias, coordenando entre si os locais e horários de condução das suas aulas de forma a não haver sobreposições e excessos de carga”.
Já os banhistas das praias torrienses defendem que a presença da comunidade de surf é “importante”, uma vez que contribuí para “a segurança e salvamento aquático” nas zonas balneares do concelho.
O estudo deixa também um conjunto de soluções, propondo, nomeadamente, o desenvolvimento de uma “zona litoral torriense um modelo de turismo de surf focado no valor e na qualidade da experiência, em detrimento de um modelo que privilegie o volume, permitindo diferenciar o destino costeiro de Torres Vedras pela sua tranquilidade e pela possibilidade de permitir surfar ondas de elevada qualidade com poucas pessoas”.
Por outro lado, e para combater a sazonalidade turística no litoral do concelho, o estudo propõe também que se atraiam “surfistas mais experientes”, ao mesmo tempo que se criam “as condições necessárias para um aumento dos serviços aí disponíveis durante o Inverno, nomeadamente estimulando a criação de novas unidades de alojamento, restauração e comércio”.
O estudo indica ainda que o número ideal de escolas de surf para operar nas praias do concelho de Torres Vedras se situa entre as nove e as 11, sendo que atualmente o número dessas escolas licenciadas para desenvolver atividade no território concelhio torriense é de 11.
Presente na apresentação do estudo esteve Dulcineia Ramos, vereadora do Turismo da Câmara Municipal de Torres Vedras, que explicou que a autarquia decidiu encomendar este estudo devido à “preocupação relativamente à preservação dos recursos ambientais costeiros torrienses”.
O relatório final do estudo pode ser consultado online e está disponível aqui.