“Ainda levará um tempo para colocarmos o Brasil no mapa dos destinos turísticos dos europeus”, admite a TAP
Num webinar que debateu os “Desafios do pós-COVID”, no painel da aviação ficou patente a recuperação que o setor está a registar. A tecnologia ou digitalização foi outro dos aspetos destacados como essenciais para o futuro do setor.
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*texto de Beatriz Teizen
A pandemia da COVID-19 ainda não acabou, mas, depois de quase dois anos, o setor de turismo vê uma melhoria, com a retoma das viagens e a reabertura das fronteiras. “Quais são os desafios pós-covid?”. “Quais as mudanças que se esperam na indústria, com foco na aviação e distribuição Estes foram os temas principais abordados no seminário luso-brasileiro, promovido pela Airmet Brasil e Portugal, que teve no Panrotas Brasil e Publituris os media partners e moderadores.
“Os últimos meses foram um calvário, mas agora estamos na tal retoma. Fomos semanalmente monitorizando o ‘mindset’ dos viajantes, país a país, à medida que os destinos reabriam, para irmos repondo as nossas operações. A TAP vai operar 80% neste inverno, em relação a 2019, estando previstas, para as rotas no Brasil, 51 frequências desde Portugal”, revelou Paula Canada, diretora de marketing e vendas da TAP Air Portugal.
A responsável da companhia aérea nacional referiu ainda que “o tráfego está a responder muito bem, temos muita procura reprimida e houve uma procura enorme de viagens. Em setembro, tivemos um aumento de 70% nas vendas a partir do Brasil. Mas, na Europa, ainda levará um tempo para colocarmos o Brasil no mapa dos destinos turísticos dos europeus”. “Neste momento, não é o destino mais procurado para férias”, salientou Paula Canada.
A executiva também tocou no ponto em relação ao planeamento das viagens que, devido ao ambiente de muitas incertezas, “os passageiros compram os bilhetes com um ou dois meses de antecedência”, admitindo que “esta foi uma das maiores alterações no hábito do consumidor de viagens aéreas”.
Recuperação brasileira
Ao nível das companhias aéreas brasileiras, estas estão a superar, aos poucos, a maior crise da história da aviação mundial. A Azul, por exemplo, voltou recentemente a um equilíbrio nas suas operações domésticas, mas ainda enfrenta um grande desafio no internacional, enquanto as viagens nacionais regressaram, depois de muito tempo e algumas idas e vindas, adiantando Marcelo Bento, diretor de Relações Institucionais da área, que, depois da temporada de janeiro de 2021 ter sido “foi bastante boa, tivemos a segunda vaga em março, que nos pegou em cheio”. Certo é que de agosto em diante, “estamos a recuperar muito forte e rapidamente”, pelo que, em outubro, “estamos a voar a 106% da nossa capacidade em lugares domésticos relativamente ao período pré-pandemia”. Marcelo Bento admite, mesmo que, na época alta, “teremos 120% dos lugares”, o que será “a maior temporada de verão da história da Azul”.
Segundo Bento, o tráfego é predominantemente de lazer, ou para pequenos negócios, além da indústria pesada”, destacando ainda que “os centros financeiros, consultorias, bancos e grandes empresas, que são os que mais remuneram, ainda não voltaram a viajar”.
Quanto ao internacional, o executivo diz que a companhia ainda está muito “cautelosa”. Nunca parámos de operar em Portugal e EUA”, embora reconheça que a operação era “bem reduzida”. Antes da pandemia, eram três voos diários entre Brasil e Portugal, agora estão com cinco por semana, passando a sete em breve”. Ou seja, “ainda há um déficit muito grande”.
Além disso, há também a questão do modelo híbrido e do crescimento significativo do bleisure, que veio para ficar. Sem contar a explosão de interesse dos próprios brasileiros de conhecer o Brasil, de buscar produtos diferentes, exclusivos, culturais e muita experiência. “Tendência que veio para ficar e que levará os agentes de viagens a terem de se especializar ainda mais”.
Tecnologia e customização
Essencial mais do que nunca, as empresas precisaram de adaptar-se e adotar todas as tecnologias necessárias para sobreviver à crise. Transformação digital foi a chave e o setor do turismo foi, inclusivamente, o que mais se adaptou no período da pandemia.
“Foram várias as tendências que sugiram e as companhias aéreas e outros players do setor precisaram de se transformar para atender às novas necessidades do cliente. Focar em digitalização, modernização, trazer sistemas para a nuvem, além de outros investimentos, foi essencial”, destacou o presidente de Travel Channels da Amadeus, Decius Valmorbida.
O responsável da Amadeus focou ainda a importância da “personalização das viagens”, de se conseguir “vender mais em cada viagem, diferenciar o produto e trazer o consumidor para pagar um pouco mais”. De acordo com Valmorbida, estes fatores tornam-se “uma urgência na retoma e isso envolve empresas de tecnologia, de distribuição e aéreas” No fundo, “é focar menos em volume e mais em como vender melhor”.
Valorização do agente de viagens
“Durante este período de pandemia, os vendedores on-line, os OTA e as próprias companhias aéreas tiveram grandes problemas de atendimento aos clientes. Por isso, no nosso segmento, teremos de repensar muito essa questão, já que diversos consumidores tiveram experiências negativas com as plataformas e não tiveram suporte, começou por referir o diretor da Flytour Gapnet, Rui Alves, no início da sua intervenção.
Como consequência, isto levou o viajante a ter “uma postura refratária em relação às vendas on-line, passando a procurar muito mais informação e controlo da sua viagem”, admitiu Rui Alves.
Isto leva o responsável da Flytour a destacar o “papel consultivo” do agente de viagens, considerando-o “imprescindível para que os passageiros voltem a viajar com segurança. Diante disso, as consolidadoras atuaram muito como “um verdadeiro para-raios no atendimento”, passando a ser vistas como “um suporte para as companhias aéreas, aumentando o seu papel de promotor”. Por isso, “a importância do agente de viagens remete ao fortalecimento do consolidador”, afirmou.
Para Alves, o agente tem de procurar “aumentar o acesso à tecnologia” e os consolidadores têm um “papel importante nesse apoio aos profissionais que não conseguem ter acesso a recursos tecnológicos próprios”.
Além disso, considera, “o on-line continua a ser importante como elemento de informações”, embora reconheça que “os agentes precisarão ter presença tanto no on-line, quanto no off-line”.
Por isso, e finalizando, Rui Alves acredita que o agente que “não tiver uma presença omnichannel terá mais dificuldade para atuar do que aqueles que estão preparados”, sendo certo que “as complementaridades se valorizam agora nesse momento”.