“Fátima terminará este ano com estatísticas que serão mais graves que o Algarve”
Sem peregrinos internacionais, a hotelaria de Fátima vive momentos difíceis e, a poucos dias do 13 de outubro, nem o mercado nacional consegue ser alternativa.
Carina Monteiro
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Sem peregrinos internacionais, a hotelaria de Fátima vive momentos difíceis e, a poucos dias do 13 de outubro, nem o mercado nacional consegue ser alternativa.
Enquanto que, para alguns destinos o verão trouxe alguma procura aos hotéis, sobretudo do mercado nacional, em Fátima é difícil falar de reservas de portugueses em agosto. Já o era em anos normais, e no ano da pandemia nada se alterou.
“Em agosto o mercado português reagiu mas de forma pouco relevante. Fátima não é um destino de veraneio, e na verdade as taxas de ocupação são mais altas em outubro, por exemplo”, refere ao Publituris Alexandre Marto, CEO do Fátima Hotels Group. Por outro lado, sublinha o responsável, a localização central de Fátima “torna a cidade perfeita para circuitos (e também por isso é tão popular para turistas estrangeiros), mas ao mesmo tempo permite um regresso rápido a um português que nos visita”. O que aconteceu é que muitos portugueses visitaram Fátima em agosto, mas não pernoitaram. “O facto de Fátima ser a referência do turismo internacional no Centro (cerca de 1 em cada 5 noites internacionais da região tipicamente regista-se aqui) foi desta vez motivo do maior infortúnio. O mercado internacional simplesmente colapsou. O colapso foi gradual mas a uma velocidade infernal, como num efeito dominó: primeiro a Ásia, depois a Itália, Espanha… todos mercados essenciais para Fátima. E finalmente, o mundo”, constata Alexandre Marto.
O resto do ano não se perspectiva melhor. Mesmo a data de 13 de outubro, um dos momentos anuais de peregrinação ao Santuário de Fátima, não está a ter a procura de outros anos. “A procura será brutalmente mais baixa que nos anos anteriores, e localizada em menos noites”, refere Alexandre Marto. Já em relação ao resto do ano, o hoteleiro afirma que “será um desastre”. “Os meses de outubro a dezembro são essencialmente meses de procura internacional que se vai esfumando, ao ritmo que o medo e as medidas contra a pandemia vão tornando os turistas reféns da conjuntura”, conclui.
Tendo em conta esta conjuntura, Alexandre Marto constata, com preocupação, que “Fátima terminará este ano com estatísticas que serão mais graves que o Algarve”. “Destinos como o nosso e Lisboa dependem da confiança e dos fluxos internacionais, que regressarão, julgo, no 2º/3º trimestre de 2021”, aponta. No entanto, e até lá, o representante do grupo Fátima Hotels receia que “o governo não esteja consciente da gravidade da situação”. “Sou por natureza contra o apoio do Estado a empresas inviáveis. Mas é essencial que o Estado apoie as empresas viáveis para que atravessem esta 3ª época baixa consecutiva que atravessamos – é um momento de guerra, e apenas numa guerra a liderança tem de ser assumida pelo Estado”.