“Portugal tem que ser um mercado nosso e é por isso que vamos ser tão agressivos”
Jorge Vilches, presidente e CEO da Pullmantur, revela que a companhia de cruzeiros quer transportar dez mil passageiros portugueses em 2016. Para tal, vão ser investidos 500 mil euros em marketing.
Patricia Afonso
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Jorge Vilches, presidente e CEO da Pullmantur, revela que a companhia de cruzeiros quer transportar dez mil passageiros portugueses em 2016. Para tal, vão ser investidos 500 mil euros em marketing.
O navio Monarch, da Pullmantur, visitou Lisboa pela primeira vez em Junho, assinalando a mudança de estratégia da companhia no mercado português. Em entrevista ao Publituris, Jorge Vilches, presidente e CEO da Pullmantur, falou sobre as mudanças e os planos para Portugal, onde quer ser a primeira opção dos cruzeiristas.
Qual é o impacto da compra da Pullmantur pela Springwater?
É uma operação que ainda não se concretizou, as autoridades ainda têm que dar o aval final, mas acredito que deve ser apenas um trâmite. O racional da transacção é que a Springwater é um grupo que pode criar certas sinergias connosco.
Vai haver algum tipo de reestruturação do produto ou vai seguir a linha actual?
Isso é o que vamos ver no futuro, o importante é que a Springwater é também um grupo que tem apostado muito em Espanha e Portugal e acredito que o foco no público espanhol e português não deveria mudar. Por enquanto, o que temos falado com eles, é que vamos manter o ‘business as usual’.
Mercado português
Qual é a importância de Portugal para a companhia, visto que vão investir mais 450 mil euros este ano em Marketing [o orçamento de 2015 foi de 50 mil euros]? O que leva a um investimento tão grande de um ano para o outro, ainda para mais face ao desinvestimento verificado nos anos anteriores?
É uma mudança estratégica, decidimos apostar mais no público e no produto ibérico.Tínhamos muitos itinerários fora da Península, outros mercados, mas queremos voltar às nossas origens, para a nossa essência, que é o Tudo Incluído, que voltou melhorado; e a experiência de viagem para o espanhol, para o português. Pensámos nisso e vimos que tínhamos muito poucos turistas portugueses. Então, decidimos ter um produto feito à medida e vamos investir mais nesta vertente, nomeadamente na gastronomia, excursões, entretenimento.
Portugal tem que ser um mercado nosso e é por isso que vamos ser tão agressivos, porque acreditamos que, primeiro, a indústria em Portugal tem que crescer – os 37 mil cruzeiristas têm potencial para ir para os 50 mil – ; e, depois, queremos ser a primeira opção dos turistas do mercado português.
O objectivo de dez mil passageiros este ano é muito ambicioso, tendo em conta os 2.500 cruzeiristas de 2015. Quantas reservas é que já têm?
Neste momento [início de Junho], já temos perto de quatro mil, um pouco mais. Acreditamos que vamos atingir os dez mil.
Têm parcerias com operadores ou agências portuguesas?
Estamos a começar a trabalhar agora nisso, a ver o que podemos fazer com o trade em Portugal. Não tínhamos uma presença muito significativa, tínhamos uma equipa pequena e estamos a reforçá-la. Estamos a fazer acordos com várias empresas para fortalecer o trabalho, muito bom, que o Carlos Guarita [delegado da companhia de cruzeiros no mercado português] tem feito. Queremos entrar em força em Portugal.
Referiu que o devido departamento da Pullmantur está sempre a analisar novas itinerários, inclusive em Portugal. Visto quererem tornar o mercado luso uma prioridade, qual a hipótese de realmente retomarem os cruzeiros com partida e chegada a Lisboa e ou Funchal?
Estamos a avaliar diversas coisas para 2018, com um novo navio. Estamos a fazer alguns testes de itinerários que incluam as Canárias e a Madeira, outros ao redor da Península Ibérica, o que significa tocar todas as semanas Lisboa, mas, por enquanto, são projectos. Estamos a estudar os números para estes itinerários.
Estamos melhor que o nosso orçamento, cerca de 20% acima. A resposta em mercados como Espanha e Portugal está a ser espectacular, noutros mercados como a França está muito boa. O Brasil e a Colômbia também estão muito bem. No geral, estamos com um crescimento significativo em passageiros.
EM DESTAQUE
Lisboa tem “posicionamento estratégico”
O presidente e CEO da Pullmantur considera que Portugal é um mercado estratégico para a companhia, algo espelhado pela visita do navio Monarch à capital portuguesa. O responsável destacou o potencial de Portugal no Turismo de Cruzeiros e explicou a importância da cidade, à semelhança de outros destinos, nomeadamente em Espanha, ser porto de embarque e não apenas de escala, pois o gasto médio do turista na primeira situação é de 81 euros e desce para os 62 quando está apenas de visita. Jorge Vilches salientou, ainda, a vantagem do “posicionamento estratégico de Lisboa geopoliticamente, de entrada e saída da Europa”, algo que tem que ser aproveitado, e congratulou as entidades responsáveis pelos trabalhos desenvolvidos no desenvolvimento da indústria, como seja o novo terminal de cruzeiros da cidade.
Novos itinerários
Uma das novidades reveladas por Jorge Vilches, presidente e CEO da Pullmantur, por altura da conferência de imprensa a bordo do navio Monarch, que se estreou em Lisboa, foram os novos itinerários da Pullmantur para o Verão de 2017. O responsável indicou que a empresa vai operar cruzeiros de uma semana nas Ilhas Gregas, com os passageiros a serem transportados até Atenas em charter; e outra semana no Adriático, até Veneza. “Queremos ter um produto cada vez mais feito ao gosto do cliente espanhol e do passageiro português, que têm um gosto similar.” A Pullmantur vai, também, lançar uma nova rota pelas Caraíbas, que tocará em Santo Domingo, La Romana, San Martin, Antígua, Barbados e Santa Lúcia. Outra mudança que a companhia de cruzeiros está a preparar de forma a diferenciar-se da concorrência é a possibilidade de os turistas poderem passar mais tempo nos locais que visitam, de forma a que “o passageiro posa desfrutar mesmo”. “Queremos estadias mais longas”, não só através de mais horas nos locais, como ‘overnights’.
O Navio
O Monarch quer redefinir o conceito de férias e a captar uma nova geração de viajantes. O navio tem como objectivo conseguir que cada um dos passageiros experiencie uma variedade de momentos inesquecíveis durante o cruzeiro, desfrutando a cada momento as suas férias, do princípio ao fim. Desde emocionantes actividades e experiências a bordo, acompanhado por uma gastronomia de classe mundial, pelas mãos do reconhecido chef com duas estrelas Michelin, Paco Roncero, à visita de destinos inspiradores no Mediterrâneo, mares do norte da Europa e Caraíbas, o Monarch coloca seus os hóspedes na vanguarda das viagens de cruzeiro para que vivam um mundo de sensações. Submetido a uma profunda remodelação em 2013, o Monarch mede 267 metros, pesa 70.000 toneladas de arqueação bruta e uma tripulação de mais de 800 membros. Com 12 cobertas pelas quais se distribuem vários espaços, nos quais os passageiros encontram tudo o que precisam para tirar o máximo partido da sua estadia tal como: bares, restaurantes, lojas, piscinas e jacuzzi, sem faltar um teatro, um rocódromo, campo de basquetebol, uma pista de running e spa.