Pantanal ou a obra de Deus
A TAP e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul promoveram uma fam trip para dar a conhecer uma das mais fortes apostas da companhia aérea: […]

Ruben Obadia
Portugal é o 12º país europeu mais seguro para viajar em 2025 e o 15º no mundo, segundo índice HelloSafe
Alentejo conquista seis distinções na 4.ª edição do Prémio Nacional do Enoturismo
Tailândia regressa a Belém com mais uma edição do Thai Festival
MSC Cruzeiros introduz menus e pacotes de restaurantes especializados em toda a frota
Nova ligação direta entre Faro e Funchal já está em operação
Consolidador.com celebra arranque simbólico de verão com agentes de viagens de Cabo Verde
Cultura e turismo como catalisadores no posicionamento de Lisboa vai estar em análise
ANAV identifica prioridades para o Turismo na próxima legislatura
Feira de Emprego do Turismo abre campanha de Early Bird para edição de 2026
Selo “Save Water” já ajudou a poupar 13% no consumo de água no setor do turismo do Algarve
A TAP e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul promoveram uma fam trip para dar a conhecer uma das mais fortes apostas da companhia aérea: o Brasil Central
“(…) Pára, contempla, observa: Não são miragens
de um mundo perdido no tempo ou no sonho, em que a vida brincasse de fazer coisas
imensas e pequenas coisas misteriosas.
Não é uma terra fora da Terra e do presente
Visão, alegoria, fábula.
É o aqui e o agora de um Brasil que é teu e desconheces.
São árvores,
Os bichos,
as águas,
os crepúsculos
do Pantanal mato-grossense. Todo um mundo natural
que pede para ser compreendido, amado, respeitado.
Olha bem, olha mais. Cada imagem é uma história
e cada história um aviso, um anúncio, uma anunciação…”
O poema de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, sintetiza em poucas linhas uma viagem ao Pantanal. Parece miragem, mas não é. Tem inúmeras pequenas coisas misteriosas. É um Brasil desconhecido. São árvores, são bichos, são águas. Tudo isto é o Pantanal, considerado pela UNESCO Património Natural Mundial e Reserva da Biosfera, e que ficará em breve mais acessível dos portugueses. É que já a partir de 19 de Julho a TAP inaugura a rota Lisboa – Brasília, com cinco voos semanais, abrindo assim as portas a um Brasil ainda inexplorado entre nós: Pantanal e Amazónia.
Para muitos a imagem do Pantanal surge associada à telenovela brasileira com o mesmo nome, que projectou a actriz Cristiana Oliveira, como Juma Marruá, uma jovem que se transformava em onça. A beleza das paisagens que na altura entraram pela casa dos portugueses à hora de jantar deixou as suas marcas a aguçou a curiosidade por um destino que fica agora mais perto.
Os vários 'Pantanais'
Numa breve introdução ao Pantanal, convém saber que se trata de um ecossistema que compreende 250 mil metros quadrados – o equivalente a quase três vezes a área de Portugal – e situa-se a noroeste do estado de Mato Grosso do Sul e a sul de Mato Grosso, englobando ainda o leste da Bolívia e o norte do Paraguai. Como o próprio nome indica, estamos perante uma das maiores regiões húmidas do planeta, uma extensa planície influenciada por vários rios pertencentes à Bacia do Rio Paraguai, como o Cuiabá, Taquari, Miranda ou Piquiri. Não se pense no entanto que o Pantanal é uma região com paisagem uniforme. Nada mais errado. Para começar existem vários 'Pantanais'. Há o Pantanal de Maio a Outubro e o Pantanal de Novembro a Abril, com evidentes repercussões na paisagem O primeiro pauta-se pela seca, com o baixar das águas, deixando a descoberto os campos que se mantiveram alagados durante seis meses, gerando pequenas lagoas, onde antes existia um imenso lago. O fenómeno afecta de sobremaneira a fauna e flora da região, sendo a altura mais propícia para avistar animais, que se deslocam à beira dos leitos dos rios para se alimentarem e saciarem a sede.
Já no segundo período a chuva cai torrencialmente, provocando ao alagamento de centenas de quilómetros e obrigando assim os animais a refugiarem-se nas regiões mais altas.
Para quem se propõe a explorar a região, a melhor forma de o fazer é optar pelo turismo rural, no caso as várias fazendas que a par da sua actividade pecuária conciliam com uma florescente actividade turística. Obviamente que não estamos perante um destino de massas, até porque a sustentação do ecossistema não o permite, ou dado a grandes luxos. Viajar para o Pantanal é mergulhar num mundo em que a Natureza ainda leva a melhor sobre o Homem, enquadrando-se assim como um destino ideal para os amantes de ecoturismo, bird watching, ou, simplesmente, do turismo de aventura.
Mato Grosso do Sul
A viagem do Publituris teve como ponto de partida a cidade de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, também apelidada de Cidade Morena devido à cor da terra (vermelha). Com mais de 800 mil habitantes, a cidade dispõe de um aeroporto internacional e largas ruas e avenidas. Na gastronomia pontifica a carne bovina com mandioca e o soba, um prato com origem japonesa. Já na bebida, o destaque de toda a região vai para o tereré, em tudo semelhante ao chimarrão, só que servido frio.
A entrada no Pantanal deu-se através de táxi aéreo, tendo como destino a Fazenda Xaraés. O nome vem de uma tribo indigna entretanto extinta. Com capacidade para receber 46 pessoas, a pousada dispõe das mais variadas infraestruturas e permite um sem número de actividades, desde passeios a cavalo, ou de canoa, pesca, safari fotográfico, focagem nocturna e ainda pesca. Como curiosidade, a Xaraés foi adquirida em 2001 por três empresários portugueses, sendo que dois deles vivem na Fazenda.
Outra das opções visitadas foi o Refúgio Ecológico Caiman, constituído por três pousadas distribuídas nos 53 mil hectares da propriedade. Para além da sede, com 11 apartamentos e capacidade para 25 hóspedes, existe também a Baiazinha (seis apartamentos, 12 hóspedes) e a Cordilheira (oito apartamentos, 16 hóspedes). Na baiazinha o destaque vai para a arquitectura – o edifício tem a forma de um pássaro de asas abertas e encontra-se montado sobre palafitas – e para a decoração, num charme sóbrio que potencia a vista para uma baía de águas cristalinas.
Outra boa opção na região é a Fazenda Baía Grande, cuja pousada tem uma capacidade para 15 pessoas. A aposta aqui vai para o atendimento personalizado de uma família com mais de um século no Pantanal. Alexandre Costa Marques, o proprietário, personifica a arte de bem receber da cultura pantaneira. As actividades são as mais variadas, sempre com enfoque na Natureza ou na lida do gado juntamente com os peões, num ambiente próprio de uma fazenda, onde pontificam uns pequenos-almoços simplesmente deliciosos.
Destaque ainda para o site www.fazendabaiagrande.com.br, um dos mais bem conseguidos entre as fazendas visitadas.
Na Fazenda Cacimba de Pedra predomina o bom gosto e a entrada inicia-se com um aviso: “Você realiza o sonho de sentir na palma da mão o milagre da natureza.”. O aviso só entende depois. A fazenda é a sede de um dos maiores projectos de criação e exploração sustentável do jacaré, detentora inclusive de um prémio do Ministério da Ciência e Tecnologia. Daí a segurar nas mãos um jacaré com pouco tempo de vida é um pequeno passo. Gerson Zahdi e a sua esposa Rosaura vivem a fazenda e os jacarés com uma paixão contagiante, que chega mesmo… ao prato. Outra das atracções da fazenda assenta na gastronomia que tem por base a carne de jacaré.
O estado de Mato Grosso
Uma vez chegado ao estado de Mato Grosso as escolhas são também variadas. O Araras Eco Lodge, por exemplo, situa-se a 132 kms da cidade de Cuiabá, capital do estado, e oferece 19 apartamentos numa construção de estilo rústico. A cerca de 110 kms de Cuiabá e a 10 de Poconé encontra-se a Pousada Piuval. Com 17 quartos e uma área de 7 mil hectares, possibilita um sem número de actividades, com destaque para o passeio de barco pela maior baía natural de Poconé, onde se assiste a um pôr de sol cinematográfico.
Na Estância Ecologia SESC Pantanal – que tem acordo com o Inatel – o enfoque vai não só para o turista como também para estudantes e ambientalistas. Apesar de ser uma imensa reserva particular do património natural, dispõe dos mais variados e modernos equipamentos hoteleiros onde não falta uma sala de cinema completamente equipada. Uma nota especial para o funcional centro de eventos, a elegância dos apartamentos e o borboletário, uma infra-estrutura onde os visitantes poderão observar in loco algumas das muitas espécies de borboletas que pululam o Pantanal. E se isto não são argumentos que bastem para visitar a região, o que dizer então de um encontro com uma família de curiosos macacos ou com as pachorrentas mas cautelosas caipivaras? E já agora, porque não uma aventura nocturna para avistar uma onça pintada em plena ceia; uma pescaria de piranhas; um encontro diário com jacarés; o avistar de inúmeras espécies de aves, das raríssimas araras-azuis aos tucanos, sem esquecer os tuiuiús, símbolo do Pantanal. Do que é que está à espera?