O mais recente relatório da ACI Europe, revela que o tráfego de passageiros na rede aeroportuária europeia aumentou 4,3% durante o primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Estes dados comparam com um crescimento de 10,2% no primeiro trimestre de 2024 face ao primeiro trimestre de 2023, enquanto relativamente aos níveis pré-pandemia (primeiro trimestre de 2019), o tráfego de passageiros situou-se em +3,2%.
O crescimento no volume de passageiros no primeiro trimestre de 2025 foi inteiramente impulsionado pelo tráfego internacional (+5,7%), uma vez que o tráfego doméstico se manteve inalterado (0%) em relação ao mesmo período do ano passado. Comparando com os níveis pré-pandemia (primeiro trimestre de 2019), o tráfego internacional de passageiros no primeiro trimestre de 2025 situou-se em +8,9%, enquanto o tráfego doméstico manteve-se negativo (‑12,8%).
O crescimento mensal homólogo abrandou ao longo do primeiro trimestre de 2025 — de +6,9% em janeiro para +3,4% em fevereiro e +3% em março, sendo que este último reflete o facto de a Páscoa ocorrer em abril do presente exercício.
Os aeroportos fora do mercado da União Europeia (UE) superaram a média europeia no primeiro trimestre de 2025, com o tráfego de passageiros a aumentar +5,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este crescimento foi impulsionado pela recuperação dos aeroportos em Israel (+60,4%), bem como pelos resultados nos mercados de rápido crescimento da Moldávia (+56%), Bósnia e Herzegovina (+41,7%), Kosovo (+15,6%), Uzbequistão (+15,5%), Albânia (+9,1%) e Geórgia (+8,5%). Entretanto, o tráfego de passageiros manteve-se estável na Turquia (0%) e continuou a diminuir na Rússia.
Já o tráfego de passageiros cresceu 4,1% no mercado da UE, onde persistiram desvios significativos entre os desempenhos dos mercados nacionais. Os aeroportos da Eslováquia (+15,9%), Polónia (+15,4%), Hungria (+14,7%), Malta (+13,9%) e Lituânia (+13%) registaram os melhores resultados, juntamente com os da Croácia (+9,6%), Roménia (+9,2%) e Grécia (+8,8%).
Por outro lado, o tráfego de passageiros diminuiu na Islândia (‑2,5%), Suécia (‑2,2%) e Irlanda (‑0,5%) e manteve-se fraco na Alemanha e na Áustria (ambas com +1,1%), bem como na Suíça (+1,6%) e no Reino Unido (+1,7%).
Entre os outros grandes mercados UE+, Itália (+6,6%) destacou-se, seguida por Espanha (+4,5%) e França (+4,2%).
A análise da ACI Europe adiantam, também que se registaram diferenças significativas de desempenho no tráfego de passageiros no primeiro trimestre de 2025 entre os diversos segmentos da indústria aeroportuária, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Estas diferenças refletem uma pressão competitiva acrescida, resultante de alterações estruturais no mercado da aviação após a pandemia”, refere a entidade, salientando que esta realidade “é ainda evidenciada pelo facto de o tráfego de passageiros se manter abaixo dos níveis pré-pandemia (primeiro trimestre de 2019) em 44% dos aeroportos europeus”.
Olivier Jankovec, diretor-geral da ACI Europe, refere que os dados do primeiro trimestre “mostram que o boom das viagens pós-pandemia está a esmorecer, à medida que caminhamos para taxas de crescimento ‘normalizadas’ nos volumes de passageiros, com a procura a manter-se, em geral, resiliente até agora”.
Segundo Jankovec, isto reflete a “prioridade que os consumidores continuam a dar às experiências, apesar de um ambiente económico cada vez mais desafiante, bem como o dinamismo dos mercados de aviação nas regiões Leste e Sul do nosso continente e na Ásia Central.”
E o diretor-geral da ACI Europe conclui que, “embora a procura transatlântica esteja a enfraquecer, esperamos que a componente europeia se desloque para outros mercados e mantemos confiança na época de Verão. A grande incógnita é o que acontecerá a partir do próximo Inverno, face à incerteza macroeconómica sem precedentes que enfrentamos agora como resultado do ‘ataque’ da administração Trump ao sistema multilateral de comércio global. Isto significa que, para além da geopolítica e das atuais pressões na oferta — desde atrasos na entrega e manutenção de aeronaves até limitações de capacidade nas infraestruturas — e do foco das companhias aéreas na rentabilidade em vez da expansão da capacidade, poderemos assistir a uma pressão descendente sobre a procura a tornar-se uma realidade.”