Turismo florescerá a Ocidente, enquanto as regiões a Leste enfrentarão grandes quebras, admitem especialistas
A guerra desencadeada pela Rússia na Ucrânia tem e terá fortes impactos no fluxo de turistas provenientes da Rússia. Contudo, admitiram diversos especialistas num webinar da ETC, quanto mais se olha para Ocidente, menores serão os impactos e Portugal é um dos destinos com melhor índice.

Victor Jorge
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O setor de turismo europeu ficará “dividido” entre taxas positivas nos destinos da Europa Ocidental, enquanto a parte oriental, que inclui a Ucrânia, com a atual guerra em curso, deverá registar fortes perdas.
A conclusão foi revelada num webinar organizado pela European Travel Commission (ETC), que teve o impacto da guerra na Ucrânia no turismo europeu no centro da sua discussão. Além disso, a reunião destacou que o turismo na região está em alta, pois as pessoas estão ansiosas por viajar novamente após dois anos de restrições impostas pela COVID-19.
David Goodger, da Tourism Economy, salientou que os países mais afetados incluem destinos internacionais, onde os russos serviram como mercado de origem do turismo. Esses destinos, segundo Goodger, incluem a Turquia com 6,5 milhões de visitantes em 2019, representando 12% de todas as chegadas, seguida pela Espanha com cerca de 1,2 milhão de turistas (2% do total) e Itália, que recebeu perto de um milhão de turistas russos.
No entanto, o Estado-Membro da UE mais atingido é Chipre, já que o país é um dos principais destinos de turistas russos – representando cerca de 20%. O turismo na Finlândia e na Polônia também sentirá a ausência de visitantes russos, pois 12% e 4% de suas chegadas, respetivamente, vêm do país de Vladimir Putin.
Enquanto o turismo na UE está a cerca de 20% dos níveis pré-pandémicos e, até 2024, deve superar essa taxa, o mesmo não pode ser apontado para a Europa Oriental, pois a região permanecerá quase 6% atrás dos níveis de 2019, mesmo em 2024.
No entanto, Olivier Henry Biabaud, da TCI Research, alerta a UE para ter atenção aos turistas russos, pois os mesmos voltarão ao bloco de 27 nações em, aproximadamente, seis anos e considerando que os russos contabilizam um bom número de turistas nos vários Estados-Membros, a situação pode ser desfavorável aos países da UE.
Numa pesquisa realizada pela TCI Research, semanas antes da guerra na Ucrânia, 56% dos inquiridos russos disseram que a Europa estava no topo dos seus destinos para viajar nos próximos 12 meses. Além disso, outro estudo realizado sobre destinos europeus – classificação e comentários por mercado – revelou que os russos tiveram opiniões extremamente positivas relativamente às suas experiências nos Estados-Membros da UE, pois o bloco de 27 nações aparece no top of mind dos turistas russos.
Com os dados da Travelsat a demonstrarem que a imagem da Europa sai fragilizada com o conflito na Ucrânia, com uma baixa de 15 pontos face à realidade pré-pandémica, é preciso referir que é do outro lado do Atlântico, nomeadamente, EUA e Canadá que o sentimento de menos positivo é mais forte. Enquanto a imagem relativamente ao impacto da guerra na Ucrânia faz o sentimento para viajar cair 10% na Europa, os números indicam uma quebra de 8% nos países asiáticos e -17% na região norte-americana.
Quanto aos destinos mais impactados, naturalmente, que aqueles mais próximos do conflito são os que mais sofrem, com a Estónia em destaque (-90%), seguida da Polónia (-70%) e Lituânia (-56%).
À medida que se “viaja” para Ocidente, a situação melhora, com Portugal a registar um sentimento positivo (+3%), num ranking liderado pela Grécia (+21%) e Espanha (+17%).