Opinião | Turismo: preparar-se para um novo quadro
Leia a opinião de Vítor Neto, empresário e gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve.

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Portugal não pode errar na definição estratégica para superar as múltiplas e imprevisíveis consequências geradas pela COVID-19 no Turismo: a isso obriga a sua importância e peso na Economia nacional, num quadro internacional novo e mais exigente.
As crises do passado
Há duas crises, nos últimos 20 anos com incidência negativa no Turismo, que no atual quadro interessa ter em conta.
Em 2003 a crise epidémica da SARS (pouco depois do 11 de setembro de 2001) e sobretudo a crise financeira global em 2009 (Subprime), que provocou uma quebra de quase 40 milhões de turistas a nível mundial. Que Portugal bem conheceu.
Aspeto relevante: a crise de 2009, pelos riscos que apresentava no plano internacional, teve uma resposta global, ocidental, concertada entre União Europeia e EUA. Com medidas que tiveram impacto positivo também no Turismo, que em 2010 cresceu 60 milhões de turistas face a 2009.
Uma crise diferente
Além do carater global, as diferenças entre a atual crise e a de 2009 são evidentes.
Esta crise não só surge num contexto diferente, como sobretudo não tem na origem causas financeiras ou económicas, como em 2009, nem surgiu no seio das principais economias do bloco ocidental (UE, EUA e Aliados). A crise COVID-19 nasce por outras causas na China e não nos EUA.
As consequências da epidemia no Turismo (bloqueio na mobilidade dos turistas) tem provocado um enorme impacto negativo nas economias ocidentais, sobretudo na Europa.
A resposta à crise tem evidenciado a falta de convergência de interesses, e mesmo a rejeição dos EUA e do Reino Unido, para com a UE, contrariamente à aliança de 2009.
As respostas da UE/BCE são de recurso e destinam-se a «salvar» a situação e evitar maiores prejuízos para as economias europeias.
Trata-se de uma crise diferente, com uma resposta que reflete um novo quadro internacional. Vitória política da China. Divisão do «Ocidente».
As perspetivas da atual crise para a economia mundial, em particular para o Turismo, são preocupantes.
A OMT, que previa para 2020 um crescimento do turismo mundial entre 3% e 4%, prevê agora, considerando apenas as consequências da crise da China, ainda sem incluir a Europa – uma quebra a nível mundial que pode chegar a 3%, isto é, entre 15 e 44 milhões de turistas. E uma quebra nas receitas (externas) entre 30 e 50 mil milhões de dólares.
Se acrescentarmos o impacto da Europa (o maior mercado turístico do mundo), podemos antever cenários preocupantes também para Portugal.
Novo quadro
Estamos perante um quadro novo e com um cenário incerto para toda a economia e em particular para a atividade turística.
Seria um erro pensar que a crise passa e que basta «apoiar as empresas», investir «uns milhões em promoção» e realizar uns «eventos», para que tudo volte a ser o que era. Ignorando que vamos ter pela frente incertezas dos turistas, volatilidade dos mercados, agressividade da concorrência, crise no transporte aéreo, hesitações no investimento.
Certezas
1ª. A atual crise vai gerar alterações estruturais no Turismo a nível mundial.
2ª. Em Portugal a esta crise não se vai seguir um simples regresso de continuidade, em relação ao passado.
3ª. Obrigatório: definir uma estratégia realista de resposta ao novo quadro.
Não é só o Turismo que está em causa. É a Economia do país.
* Estou disponível, como cidadão e empresário, para dar o meu contributo.
Por Vítor Neto, empresário e gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve.
Artigo publicado na edição 1414, 27 de março