Um lugar ao sol?
Terá sido Tomás Ribeiro, no poema A Portugal, que pela primeira vez utilizou a expressão “Jardim da Europa à beira-mar plantado” para se referir ao nosso país de amenos Invernos e cálidos Verões. Hoje, serão poucos a recordá-lo, mas a dita expressão, para qualificar o nosso país, imortalizou-se. É verdade que nem sempre é utilizada… Continue reading Um lugar ao sol?
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Terá sido Tomás Ribeiro, no poema A Portugal, que pela primeira vez utilizou a expressão “Jardim da Europa à beira-mar plantado” para se referir ao nosso país de amenos Invernos e cálidos Verões. Hoje, serão poucos a recordá-lo, mas a dita expressão, para qualificar o nosso país, imortalizou-se. É verdade que nem sempre é utilizada com o mesmo propósito da de Tomás Ribeiro, que pretendeu com ela exprimir a paixão e devoção que sentia pela sua pátria. Hoje a frase esta associada a um certo sentimento de desilusão, de desapontamento perante as dificuldades, associando-a a uma “eventual” pequenez do país, com a qual, pessoalmente eu não concordo. A minha referência à dita frase é para lembrar o potencial que o nosso País tem para oferecer esplanadas de excelência o ano inteiro, favorecidas por um clima ameno ímpar, sendo que, e infelizmente, esse potencial não tem sido devidamente aproveitado. Certamente concordamos que um dos locais de eleição, não só dos Portugueses, mas de todos os turistas e visitantes que frequentam as nossas cidades, são as esplanadas dos cafés, restaurantes, pastelarias ou hóteis, locais onde podem relaxar, conviver, socializar e aproveitar toda a vitamina D que o Sol luso nos oferece.
Uma refeição tomada descontraidamente sob a proteção de um guarda-sol ou um cocktail bebido debaixo das estrelas, são programas irrecusáveis para a generalidade do ser humano. Então o que se passa para que Portugal tenha ainda uma oferta, em regra, muito desordenada e pouco qualificada ao nível das esplanadas? Tentarei então, de uma forma breve e clara explanar o que se passa no reino das esplanadas (trocadilhos à parte).
Desde logo uma questão de fundo, talvez conceptual/ideológica, e que acaba por inquinar tudo o resto. As esplanadas são entendidas pela esmagadora maioria das nossas Autarquias – entidade a quem cabe regulamentar esta matéria – apenas e somente como uns lugares suplementares de que o empresário pode dispor para ganhar mais uns quantos clientes. E é por aqui que teríamos de começar, convencendo os Autarcas de que uma esplanada é muito mais do que isso! Uma esplanada não é só um conjunto de mobiliário urbano cujo licenciamento confere receitas aos respetivos Municípios. Uma esplanada pode e deve de ser um espaço de bem-estar para qualquer um que as frequente, um espaço de conforto, físico e emocional que, por si só, é capaz de atrair turistas a uma aldeia, vila ou cidade, contribuindo para o desenvolvimento económico dessas regiões.
No entanto, não é com esta realidade que somos atualmente confrontados! Por culpa de regulamentos municipais demasiado castradores, os empresários não dispõem de liberdade suficiente para conceptualizar e disponibilizar uma oferta apetecível e funcional durante todo o ano. A grande maioria dos regulamentos municipais impõem a utilização de mobiliário monótono, insípido e desconfortável. E falar em esplanadas fechadas é, para muitas Autarquias, praticamente uma heresia…
Como somos exímios na criação de dificuldades, o próprio licenciamento (precário) para poder utilizar uma esplanada não confere ao empresário a segurança necessária para que possa decidir investir com o mínimo grau de certeza quanto ao retorno do seu investimento.
Não havendo duas sem três (provérbio popular), tudo se complica ainda mais quando as Juntas de Freguesia assumem esta responsabilidade por descentralização de competências, como acontece na cidade de Lisboa, que conta, num único Município, com diferentes critérios e distintos procedimentos para instalar uma esplanada, muitas vezes, bastando mudar de passeio para ter que cumprir regras diferentes.
É tempo de resolver estas ineficiências! É tempo de fazer diferente e valorizar e qualificar as nossas esplanadas, melhorando a nossa oferta, reconhecendo-lhes a importância que realmente têm.
Tal como o Café de Foy que, em 1789 expandiu o seu estabelecimento para as arcadas que se encontram na sua envolvente, fazendo nascer assim a primeira esplanada, vamos expandir os nossos horizontes e dar às nossas esplanadas o Lugar ao Sol que elas merecem!
*Por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)
Artigo publicado na edição do Publituris de 14 de Setembro.