Portugueses retidos no estrangeiro devido a cancelamentos da Ryanair
Deco diz que a atitude da companhia aérea “perante os clientes tem sido ilegal e imoral”.
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O cancelamento de voos da Ryanair deixou vários portugueses retidos no estrangeiro, que se queixam de falta de assistência por parte da companhia aérea, o que fez já chegar “várias dezenas de queixas” à Deco e à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Segundo o Dinheiro Vivo, alguns dos portugueses que se encontram retidos no estrangeiro devido aos voos cancelados da Ryanair só têm voo dentro de vários dias e não terão conseguido que a companhia aérea pagasse o alojamento e a alimentação.
Paulo Fonseca, jurista da Deco, considera que a atitude da companhia aérea “perante os clientes tem sido ilegal e imoral” e revela que a associação de defesa do consumidor tem recebido “queixas e pedidos de ajuda, inclusive de portugueses retidos no estrangeiro, sem voos de regresso dentro de vários dias, aos quais a Ryanair não está a pagar o hotel”.
Há também casos de estudantes em risco de perder a validade de vistos para o programa Erasmus e relatos de taxas extras que estarão a ser cobradas em duplicado pela Ryanair, aos clientes que optaram por remarcar o voo, o que, segundo Paulo Fonseca, é ilegal.
“Estão a ser cobradas novas taxas de reserva de lugar e de bagagem a quem remarca voos”, denuncia o jurista da Deco, que aconselha os clientes da companhia aérea low cost a apresentarem queixam na associação de defesa do consumidor, para que esta possa intermediar a situação com a Ryanair.
A cobrança de taxas em duplicado fez chegar também queixas à ANAC, que já pediu explicações à companhia irlandesa, ao que a Ryanair informou que já “está a proceder ao reembolso dos passageiros” que pagaram taxas em duplicado e que já realizou a “correcção da reserva no site em conformidade com a legislação em vigor”.
E também o Ministério da Economia, através da Secretaria de Estado do Turismo, diz que está a acompanhar a situação, considerando, no entanto, que “o impacto para o Turismo deverá ser reduzido”, disse ao Dinheiro Vivo fonte da Secretaria de Estado do Turismo, adiantando que, ao contrário de Espanha, onde o Ministério do Fomento se prepara para multar a companhia em 4,5 milhões de euros, em Portugal não está prevista nenhuma sanção.
Fonte conhecedora do processo diz que “os cancelamentos foram feitos a regra e esquadro para garantir, rigorosamente, os mínimos exigidos de modo a assegurar os direitos da Ryanair”, uma vez que a companhia só poderia ser prejudicada se não cumprisse 80% dos voos programados.
Neste momento, são várias as criticas à Ryanair, que é acusada de calculismo, uma vez que era a única companhia europeia que calculava os anos entre Abril e Março, beneficiando ao máximo das horas de voo permitidas por lei a cada piloto durante a época alta, mas há dois anos que a Ryanair sabia que este ano, a contagem de horas de voo dos pilotos seria marcada desde Janeiro, o que obrigou a companhia a parar aviões antes do fim do verão.
Há também rumores de que a Ryanair está a perder pilotos a um ritmo muito acelerado, com o sindicato que representa os pilotos da companhia a afirmar que, no último ano, foram mais de 700 os pilotos que abandonaram a Ryanair.