Turismo: Betão vs. Empresas?
Portugal, tal como um número muito significativo de destinos turísticos, tem pautado as suas políticas de crescimento na área do turismo através de fortes investimentos na área do betão. O […]

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Portugal, tal como um número muito significativo de destinos turísticos, tem pautado as suas políticas de crescimento na área do turismo através de fortes investimentos na área do betão. O crescimento do turismo em Portugal tem sido equivalente à construção de novos empreendimentos … mais e mais betão! E não há nenhum secretário de Estado que nos últimos anos não tenha caído nesta tentação fácil que apenas dá lucro à imobiliária de lazer, à construção civil, e a um conjunto de grupos económicos conhecidos. A prova desta ânsia sôfrega pelo betão é a forma como os nossos políticos e dirigentes o idolatram, para depois da sua saída do Governo serem contratados por empresas que operam na área da imobiliária. E entretanto o país vai ficando impermeabilizado … primeiro foi junto às praias, mas agora também se posiciona para se expandir em direcção às áreas rurais e às áreas protegidas. Os instrumentos financeiros criados pelos vários governos nos últimos anos são prova disso. O Turismo está crescentemente cada vez mais 'betonizado', tal como se concluía no Estudo de Avaliação do II Quadro Comunitário de Apoio do encomendado pela Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo à Universidade de Aveiro… e passado todos estes anos de conclusões não há forma das coisas serem alteradas.
Portugal deve tomar consciência que este rumo está errado e está esgotado. Que a continuar desta forma o sector do turismo perderá a sua atractividade e competitividade. Seguindo este caminho, Portugal continuará a perder performance e qualidade, a cair nos rankings, e a desbaratar definitivamente o único 'petróleo' de que efectivamente dispõe.
Não deverá ser nunca prioridade de um Governo centrar as suas prioridades de investimento em betão. A prioridade da política de um governo deverá estar centrada no incentivo à actividade empresarial e na sua internacionalização; no ordenamento do território, na protecção do litoral e das áreas protegidas; na regulamentação e fiscalização do sector; na formação dos seus recursos profissionais; e no apoio à inovação e investigação no sector.
O governo deverá ser cúmplice na criação de quadros de apoio que incentivem as empresas a tornarem-se mais rentáveis, a crescerem, a internacionalizarem-se, e a contribuírem fortemente para o crescimento económico e social do país. A 'nova' 'tentação empresarial' que o governo deverá ter deverá ser no sentido de incentivar a criação de parcerias e redes na área do turismo. O paradigma do betão em turismo tem de dar lugar ao paradigma da criação de riqueza no turismo. Portugal tem já 250 mil camas oficiais e entre 750 mil e 1 milhão de camas paralelas. Integrar e qualificar esta oferta deverá ser a prioridade do governo. E para isso deverá ter em conta de que no nosso país existe um potencial muito forte de empresas do sector em áreas como a hotelaria, restauração, agências de viagens, transportes, serviços culturais e recreativos. Sobre betão, ouvimos muito falar … sobre políticas reais orientadas para a rentabilização efectiva das empresas que operam no sector do turismo, vê-se pouco ou quase nada.
Carlos Costa, Professor associado com Agregação da Universidade de Aveiro
Maria José Silva, Mestrando em Gestão e Desenvolvimento em Turismo na UA