Viagens para os EUA abaixo dos níveis de 2024 nos principais mercados de longo-curso
Uma nova análise da Mabrian revela um abrandamento na intenção de viajar para os Estados Unidos da América (EUA) até setembro de 2025, por parte de mercados emissores chave, incluindo a Europa, o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e a Austrália, em comparação com 2024. Os dados destacam uma crescente incerteza entre os viajantes de longo curso e uma abordagem mais cautelosa ao planeamento de viagens para os EUA, o que afeta a posição competitiva do país como destino turístico.

Victor Jorge
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A intenção de realizar viagens para os Estados Unidos da América (EUA) regista um abrandamento neste ano de 2025, revelando uma nova análise da Mabrian que os mercados emissores estratégicos mostram níveis de procura abaixo dos registados em 2024. As conclusões da plataforma de inteligência turística baseiam-se no Índice de Quota de Pesquisas, que mede a posição de quota de mercado dos EUA com base no comportamento espontâneo de pesquisa de voos a nível global, como indicador do interesse turístico.
A análise, que cobre o período de janeiro a abril de 2025 com datas de viagem até setembro, monitoriza milhões de pesquisas semanais de voos para os EUA a partir da Europa, dos países do GCC e da Austrália.
O Índice de Quota de Pesquisas indica que a intenção de viajar para os EUA caiu de forma “moderada”, ano após ano, em todos os mercados analisados. Os países da União Europeia (UE 27) registaram uma descida moderada de 0,3 pontos percentuais (p.p.), enquanto a Austrália e os países do GCC registaram ambos uma queda significativa de 0,5 p.p. em comparação com o mesmo período de 2024.
“No contexto de milhões de pesquisas, estas variações representam mudanças relevantes no sentimento e intenção dos viajantes”, explica Carlos Cendra, sócio e diretor de Marketing e Comunicação da Mabrian, parte da The Data Appeal Company – Almawave Group.
O desempenho do índice evidencia a sensibilidade da procura turística proveniente de todos os mercados emissores analisados. “Mais do que falta de interesse em visitar os EUA, os dados mostram uma crescente incerteza dos viajantes de longo curso quanto ao planeamento com antecedência, com os prazos de reserva a encurtarem-se,” refere Cendra, em nota de imprensa. “É precisamente nesta fase de planeamento que os EUA correm o risco de perder terreno competitivo, uma vez que os viajantes podem considerar destinos alternativos.”
Impacto das tarifas de Trump
Tal como já se tinha verificado após a tomada de posse do novo presidente dos EUA, Donald Trump, em janeiro de 2025, o anúncio de tarifas feito em abril teve impacto na procura inspiracional europeia, que continua abaixo dos níveis de 2024. No final de abril, os EUA captavam 5,5% das pesquisas totais de voos feitas pelos países da UE 27 durante o período analisado. Este índice composto variou ao longo do período, registando uma descida moderada, com uma média de -0,3 pontos percentuais face ao ano anterior.
A procura do Reino Unido, embora inicialmente afetada, mostrou sinais de recuperação ao ultrapassar brevemente os níveis do ano anterior em meados de março. No entanto, no início de abril, após o anúncio de tarifas pela administração Trump, a procura inspiracional caiu novamente 0,8 pontos percentuais face ao mesmo período de 2024. No final de abril, o índice situava-se nos 8,1%, indicando uma fraca tendência de recuperação, que poderá beneficiar do acordo bilateral sobre tarifas anunciado entre o Reino Unido e os EUA a 8 de maio.
A média do índice para a Alemanha, Itália e França estabilizou nos 4,7% no final de abril. A Alemanha e a Itália registaram quedas significativas próximas de 1 ponto percentual, após a atualização da política de tarifas pelos EUA – um anúncio que teve efeito semelhante em França. A intenção de viagem dos franceses, que se estava a aproximar dos níveis de 2024, caiu ligeiramente em meados de abril, acumulando uma descida moderada de 0,5 pontos percentuais nas semanas analisadas.
Austrália em contraciclo
Apesar dos EUA ainda não estarem entre os destinos mais procurados pelos países árabes do Golfo, concentraram 1,7% das pesquisas de voos efetuadas entre fevereiro e abril, a procura inspiracional geral manteve-se abaixo dos níveis de 2024, com uma queda significativa de 0,5 pontos percentuais ano após ano.
O índice mostra que a procura semanal de viagens a partir dos Emirados Árabes Unidos caiu em média 0,75 pontos percentuais – uma descida significativa, considerando que no final de abril a quota de mercado dos EUA nos EAU era de 2,1%. Também no final de abril, 0,9% das pesquisas de voos da Arábia Saudita tinham como destino os EUA, registando uma queda média significativa de 0,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Por fim, embora a procura australiana para os EUA se mantivesse consistentemente abaixo dos níveis de 2024 desde fevereiro, a última semana de abril assinalou a primeira subida positiva em dez semanas. O índice aumentou 0,3 pontos percentuais, alcançando os 3,5%, sinalizando uma recuperação moderada que deverá ser monitorizada nas próximas semanas.