TACV sem saída continua a depender do Estado cabo-verdiano para se financiar
A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) tem quase metade dos financiamentos obtidos avalizados pelo Estado cabo-verdiano, permanecendo sem capacidade de autofinanciamento a custos suportáveis.
Publituris
Transporte aéreo de passageiros continuou a crescer no 2.º trimestre com aumento de 4,8%
Constituição de novas empresas abranda até agosto e os Transportes lideram as quebras
TAP assina protocolo de intenções com governo da Bahia para voos entre o Porto e Salvador
Comité Setorial de Turismo promove encontros em quatro regiões do país
Grupo GEA leva 80 agências de viagens associadas em sete famtrips
Privatização da Azores Airlines será concluída “em breve” mas não este ano
Explora Journeys inaugura segundo navio a 15 de setembro
Barcelona vai ter “aumento substancial” da taxa turística para cruzeiristas de curta duração
TAP lança campanha que oferece bagagem extra em voos entre Portugal, Moçambique e Angola
Royal Caribbean International encomenda 4.º navio da classe Icon
No relatório de desempenho das empresas públicas ou participadas pelo Estado de Cabo Verde relativo ao terceiro trimestre de 2022, produzido pela Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (SEE), refere que “a companhia recorre a avales do Estado como garantia aos bancos, tendo 45,2% dos seus financiamentos avalizados, o que demonstra que esta não tem capacidade de autofinanciamento com um prémio de risco baixo”, segundo noticia a Lusa.
O mesmo documento identifica que a TACV mantém uma avaliação de muito alto risco no acesso a financiamento e acrescenta que no terceiro trimestre de 2022 – ano marcado pela retoma da atividade -, o volume de negócios da companhia, detida pelo Estado a 90%, após a renacionalização em julho de 2021 devido às consequências da pandemia de covid-19, ascendeu naquele período a 418,4 milhões de escudos (3,8 milhões de euros), com taxa de cumprimento de 78,8% face ao previsto.
“Em linha com o aumento do volume de negócios, a retoma também teve impacto direto na estrutura de custos da companhia, uma vez que, com a operacionalização da mesma, esta viu a sua estrutura de custos aumentar acima dos 100%, face ao período homólogo. Com a suspensão da atividade aérea não se faziam necessários gastos com combustíveis, ‘leasing’ de aeronave, controlo de tráfego aéreo e aterragem (ATC, Handling & Landing), entre outros”, acrescenta o relatório citado pela Lusa.
O capital próprio, “devido ao impacto dos resultados negativos”, registou um agravamento de 13,9%, face ao período homólogo, fixando-se em mais de 12.347 milhões de escudos (112,3 milhões de euros) negativos, até setembro de 2022.
O relatório acrescenta que a rubrica “outros instrumentos de capital próprio” da TACV “beneficiou do perdão de 90% obtido nas rendas devidas à Loefleidir Icelandic”, o anterior acionista da companhia, “não tendo, no entanto, sido suficiente para compensar a queda dos resultados”.
Assim, o passivo aumentou 11,6%, face ao período homólogo, para mais de 13.060 milhões de escudos, correspondente a 12,3% do passivo do SEE e 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Recorde-se que, em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines – nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
O Estado cabo-verdiano, que renacionalizou a companhia em julho de 2021 devido à pandemia de Covid-19, vai injetar anualmente mil milhões de escudos (9,1 milhões de euros) na TACV, para garantir a estabilidade e recuperação da companhia aérea, antes de a reprivatizar em 2024, anunciou em setembro o ministro Carlos Santos.
“Até 2024, é a nossa previsão para estabilizar a companhia, ter a companhia apetecível para poder ser privatizada”, anunciou o ministro Carlos Santos, citado pela agência de notícias portuguesa, que confirma que nas contas do Governo está prevista uma injeção global de 3.000 milhões de escudos (27,3 milhões de euros), em três anos, incluindo 2022.