“Os números impressionam sempre quando se fala da atividade das viagens e turismo”, salientou Julia Simpson, presidente e CEO do World Travel & Tourism Council (WTTC), no arranque da 24.ª edição do Global Summit, que se realiza até ao próximo dia 10 de outubro, em Perth (Austrália).
Assim, segundos as mais recentes previsões do WTTC, a economia mundial deverá receber o contributo de mais de 11,1 biliões de dólares (cerca de 10,4 biliões de euros) em 2024. Este contributo para o Produto Interno Bruto (PIB) global representa um aumento de 7,5% face ao ano de 2019 e 10% do PIB total em todo o mundo.
Os números indicam, igualmente, que perto de 350 milhões de pessoas terão no turismo a sua atividade laboral, representando 10,4% do emprego total em todo o mundo e um aumento de 4,1% face ao pico de 2019.
Outro dado importante saído da primeira conferência de imprensa global do Global Summit do WTTC foi o da contribuição do turismo para as receitas fiscais a nível mundial. O WTTC estima que, em 2023, o setor do turismo mundial terá participado com mais de 3,3 biliões de dólares (cerca de 3 biliões de euros) para os cofres das finanças dos países, o que equivale a 9,6% do total das receitas fiscais a nível mundial.
No que diz respeito ao ambiente, “tema ‘querido’ para o WTTC”, segundo admitiu Julia Simpson, a mais recente pesquisa ambiental e social (ESR) do WTTC, criada em parceria com o Ministério do Turismo da Arábia Saudita, revela que em 2023 as viagens e o turismo representaram 6,7% de todas as emissões globais, abaixo dos 7,8% em 2019, quando as viagens e o turismo estavam no auge.
A pesquisa mostra uma conquista importante com a contribuição económica do setor a crescer mais rapidamente do que o seu impacto ambiental.
Se no ano passado a contribuição das viagens e do turismo para o PIB mundial quase atingiu os níveis pré-pandémicos de 9,9 biliões de dólares (pouco mais de 9 biliões de euros), apenas 4% abaixo do pico do setor, em 2019, as emissões globais de GEE (Gases com Efeito de Estufa), em 2023, estavam 12% abaixo do pico de 2019, com a intensidade das emissões por unidade do PIB a cair 8,4% durante este período. “Isto demonstra que o crescimento do setor está a tornar-se mais limpo”, destacou Julia Simpson.
“O nosso setor está a provar que podemos crescer de forma responsável. Estamos a dissociar o crescimento das emissões, com as viagens e o setor do turismo a expandir-se economicamente, ao mesmo tempo que reduzem a sua pegada ambiental”, frisou a presidente e CEO do WTTC.
“Este é um momento decisivo, que prova que a inovação e a sustentabilidade andam de mãos dadas na definição do futuro do turismo global. No entanto, embora estejamos a dissociar o crescimento do nosso setor do aumento dos gases com efeito de estufa, o nosso objetivo são as reduções absolutas. Temos de acelerar significativamente este progresso para cumprir os objetivos climáticos de Paris. Estamos no bom caminho, mas temos de melhorar o nosso jogo”.
Um dos principais fatores das emissões do setor das viagens e turismo reside na energia utilizada para alimentar as suas operações. Embora 2023 tenha mostrado tendências positivas em comparação com 2019, é evidente que “ainda existem oportunidades significativas para acelerar a transição ecológica”, reconhece a responsável do WTTC.
Assim, “os aumentos no uso de energia renovável e as reduções na dependência de combustíveis fósseis permanecem relativamente modestos, destacando a necessidade de uma ação mais decisiva”, destacam os dados do WTTC, embora indiquem que, em 2023, a dependência do setor de fontes de energia de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) caiu de 90% em 2019 para 88,2%.
A percentagem de fontes de energia com baixo teor de carbono (nuclear e renováveis) aumentou de 5,1% em 2019 para 5,9% em 2023, refletindo os esforços em curso para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.
“Não conseguimos controlar o que não conseguimos medir a 100%”, referiu Julia Simpson, destacando na conferência de imprensa que uma das soluções para este “problema energético” prende-se com a produção e utilização de SAF (Sustainable Aviation Fuel – Combustível Sustentável para a Aviação).
“Terá de haver políticas muito fortes por parte dos diversos governos para que existam efetivos incentivos à produção de SAF”, salientou Julia Simpson, avançando que, “sem estes será muito difícil aumentar a produção e baixar o preço do SAF. Ora, não existindo SAF ou este ter preços muito significativos não fará com que se consiga alcançar os objetivos de um setor das viagens e turismo mais limpo”, disse a presidente e CEO do WTTC.
*O Publituris viajou até Perth (Austrália) para o Global Summit 2024 a convite do World Travel & Tourism Council (WTTC)