A necessidade do Algarve ir mais além
Leia a opinião por Dora Coelho, directora Executiva da Associação Turismo do Algarve.
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O turismo do Algarve está a mudar. Os visitantes estão a descobrir uma nova faceta da região e mostram-se agradavelmente surpreendidos. Progressivamente, o destino começa a deixar de estar exclusivamente associado ao sol e mar. Estamos no bom caminho? Sim. Podemos fazer mais e melhor para irmos mais além? Definitivamente.
Se olharmos para outros modelos de promoção regional existentes no País, encontramos casos de sucesso que deveriam inspirar todos aqueles que trabalham pelo turismo do Algarve e que nos permitiriam, não só, potenciar os resultados já obtidos, mas também alcançar os nossos objetivos de forma mais rápida e consistente. Do sucesso dos outros pode nascer o nosso próprio sucesso e há várias notas a retirar para sermos mais e melhor.
A começar pela necessidade de existir uma visão clara do que queremos para o turismo do Algarve. Uma visão única, partilhada por todos os intervenientes da região, em torno de objetivos comuns. Uma visão estratégica que nos permita trabalhar, de forma conjunta e sustentada, para criar oportunidades capazes de gerar índices de notoriedade acrescidos e uma maior captação de negócios. Todos sairão a ganhar, já que esta sinergia irá traduzir-se numa maior riqueza para o setor do turismo em geral e para os agentes regionais em particular.
Olhemos também para a necessidade de organização de produtos estruturados. Temos por explorar uma matéria-prima riquíssima ainda em estado bruto, capaz de dar origem a produtos muito interessantes para a diferenciação do Algarve. Associada à criação desta nova oferta surge outra necessidade: a do conhecimento aprofundado do perfil dos visitantes da região e do impacto associado aos vários produtos que o Algarve apresenta. É urgente a realização de estudos que nos permitam avaliar a mais-valia do turismo de natureza, dos estágios desportivos, da saúde e bem-estar ou do MICE, segmentos que estão a crescer e que contribuem para consolidar o Algarve como um destino apelativo ao longo de todo o ano. Também aqui o envolvimento dos vários agentes é imprescindível. Finalmente, a necessidade de mudar um paradigma, com a consciência de que hoje a visita de um turista vai muito além da venda de um quarto. Os visitantes vêm à procura de novas experiências, revelam interesse em conhecer aquilo que torna o Algarve autêntico e diferente dos outros destinos. Este novo comportamento exige dos profissionais do setor uma maior sensibilidade e criatividade e uma postura proativa e informada.
Os resultados do turismo no Algarve são bons? São. Podem ser melhores? Sem dúvida! Por onde podemos começar? Pelo combate às agendas paralelas e à dispersão de energias, esforços e orçamentos, que se traduzem na repetição de tarefas e multiplicação de custos para a região, com prejuízo para a imagem do destino. Esta consciência coletiva deverá ainda elevar-se para exigir novas formas de captar verbas para a região, com vista à implementação de uma estratégia concertada para o crescimento do turismo do Algarve.
* Por Dora Coelho, directora Executiva da Associação Turismo do Algarve
Artigo publicado a 8 de Junho na edição do Publituris