O que foi 2023 e o que será 2024 – Berta Cabral (Açores)
Assumindo que no turismo “o trabalho nunca está concluído”, a secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, Berta Cabral, pede ao novo Executivo que “não tenha medo de assumir as suas decisões e que assuma as suas responsabilidades para com os Açores”, salientando ainda que “é vital tomar decisões estratégicas já”.
![Victor Jorge](https://backoffice.publituris.pt/app/uploads/2022/01/Foto_Victor_Jorge_6-120x120.jpg)
Victor Jorge
Ávoris reafirma intenção de “fortalecer e expandir operações em Portugal”
Gonçalo Narciso dos Santos, delegado da Relais & Châteaux para Portugal e Espanha, é capa da Nova Edição da Publituris Hotelaria
EGYPTAIR regressa a Lisboa e abre dois voos semanais para o Cairo
Qatar Airways apresenta nova ‘Qsuite Next Gen’
Turismo de Portugal apoia formação em Angola
Airbus investe na LanzaJet para aumentar produção de SAF
Lusófona participa no projeto FUTOURWORK para promover bem-estar e melhores condições de trabalho no Turismo e Hospitalidade
Indústria global das viagens de negócios chega perto dos 1,4 biliões de euros, em 2024
Porto recebe “Prides” europeus
Quase 60% dos viajantes dizem sentir-se sobrecarregados pelo excesso de opções
Findo o exercício de 2023, que balanço faz deste ano?
Foi um ano muito positivo para os Açores e para o País, que nos enche de grande orgulho. Ainda não temos os dados estatísticos oficiais completos do ano, mas já é um dado adquirido que vamos superar, novamente, os melhores registos de desempenho. E, mais uma vez, estamos a crescer mais em valor do que em quantidade. É incrível como este setor, mesmo perante crises internacionais e uma conjuntura muito desafiante, está a crescer e a afirmar Portugal e, muito particularmente, a Região Autónoma dos Açores no mundo! Aliás, os Açores foram eleitos o “Melhor Destino de Turismo de Aventura do Mundo» e conquistamos o Nível IV Prata na nossa certificação como “Destino Sustentável”, que são duas cerejas no topo de um ano absolutamente fantástico para o nosso turismo. Para além disso, este é também o ano que marca a entrada em vigor do nosso novo “Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo dos Açores 2030”, que nos dá uma perspectiva fresca para o desenvolvimento turístico e uma nova força competitiva para os próximos anos.
Na sua perspectiva, o que faltou concretizar no setor do turismo neste ano de 2023?
No turismo, o trabalho nunca está concluído. É preciso ir acompanhando sempre o mercado. Temos todos muito ainda por fazer e mais ser-nos-á exigido. Precisamos de continuar a investir na qualificação do nosso produto e dos nossos recursos; necessitamos de modernizar e evoluir tecnologicamente em vários aspetos, até porque estão já aí revoluções silenciosas importantes, como o advento da inteligência artificial; e, naturalmente, é fundamental trabalhar, de forma sustentada e determinada, na redução da sazonalidade. Temos de ir ganhando terreno nesta batalha com firmeza. E é impossível não mencionar o facto de se passar mais um ano e continuarmos sem decisão quanto à localização do novo aeroporto de Lisboa. É uma situação impensável e que não se compreende num País onde o turismo tem a importância que tem e que é o setor que puxa por toda a restante economia.
Como antevê o ano de 2024 em termos económicos?
Mantemos sempre o otimismo e a perspectiva positiva, porque o mercado dá boas indicações e o turismo está vibrante. Não esqueçamos que o turismo é setor mais transversal da nossa economia e aquele que tem mais capacidade para impactar em todos os outros, quer na criação de valor, quer na criação de emprego, de forma direta ou indireta. Isso dá-nos alento na forma como encaramos a evolução da nossa economia no curto prazo. Reconhecemos que, naturalmente, há desafios e ameaças a pairar no horizonte: a crise inflacionista e os efeitos das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente; a indefinição nas taxas de juro e os atuais valores bastante elevados; as novas exigências da União Europeia na descarbonização e os seus efeitos no setor dos transportes; o crescimento competitivo de outros países. Tudo isso modera as nossas previsões, mas temos uma grande convicção em mais um ano com desempenho de excelência, sobretudo no turismo.
E que desafios terá o setor do turismo em 2024?
Tal como em 2023 – talvez até de forma um pouco mais impactante – a diminuição da capacidade de consumo por via do nível elevado das taxas de juro é algo que trará inevitavelmente dificuldades e desafios. Já registámos, pontualmente, em 2023, uma redução da procura nacional embora compensada pelo crescimento da procura internacional. A situação poderá acentuar-se em 2024 e até sentir-se em alguns mercados emissores estrangeiros. A evolução do setor dos transportes também será crítica, porque há crescentes exigências na sua descarbonização, que podem encarecer as deslocações; há decisões estratégicas importantes a acontecer no setor da aviação, incluindo a privatização da TAP; há um reposicionamento e uma reorganização da Ryanair no mercado europeu e no Norte de África e há, obviamente, a tão aguardada decisão relativa à localização do novo aeroporto de Lisboa.
Há, também, uma ameaça de nova crise energética, tendo em conta a evolução da guerra no Médio Oriente, que, a acontecer, terá inevitavelmente impacto no custo dos transportes. Há, ainda, a questão da falta de mão-de-obra, que é algo que continuará a ser um problema, que não exclusivo do turismo ou de Portugal, mas que tem notórios impactos no setor. Por fim, num plano mais político, não esqueçamos que será um ano muito intenso, com eleições legislativas regionais nos Açores e nacionais, mas também com outros acontecimentos políticos internacionais que, face à situação geopolítica atual, produzem efeitos em toda a economia, no turismo e na circulação de pessoas, onde não podemos deixar de incluir as eleições para o Parlamento Europeu, as eleições presidenciais nos EUA e na Rússia e até, eventualmente, na Ucrânia.
O que gostaria de ver ser concretizado nos próximos 12 meses?
A decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa e, logo de seguida, trabalho concreto e prático para a sua realização. Isto é determinante não só para o turismo ou para os Açores, mas sim para todo o País e para toda a nossa economia. Creio que também seria importante ter uma definição sobre a TAP. São duas condições estratégicas para o desenvolvimento do nosso turismo e que é fundamental assegurar o quanto antes. E, para nós açorianos, é também crítico que o Governo da República lance o concurso para as Obrigações de Serviço Público para a ligação dos aeroportos de Santa Maria, Pico e Faial a Lisboa e de Ponta Delgada e Terceira ao Funchal, que já vem sendo, injustificavelmente, protelando desde o início de 2023. É algo vital para a assegurar a continuidade territorial nacional e a conectividade aérea dos Açores, que tem, obviamente, impacto para os residentes e para os turistas.
A fazer um pedido ao Governo que sairá das eleições de 10 de março de 2024, qual seria?
Que tenha capacidade de decisão, que não tenha medo de assumir as suas decisões e que assuma as suas responsabilidades para com os Açores. Precisamos, como nação, de olhar para o turismo com a importância que ele realmente tem para todo o país e perceber que é vital tomar decisões estratégicas já. Não podemos esperar mais 50 anos.