Carlos Abade: “Estamos a 7,6% de atingir os 27 mil milhões de euros em receitas no turismo”
O presidente do Turismo de Portugal aponta que, terminadas as contas, o setor turístico português pode chegar aos 25 mil milhões de euros em receitas em 2023, ficando a 7,6% de atingir os 27 mil milhões de euros definidos em 2021 pelo setor para 2027. A perspectiva para este ano é de crescimento, baseada na estrutura já existente – sem ter em conta um novo aeroporto.
Carla Nunes
Transporte aéreo de passageiros continuou a crescer no 2.º trimestre com aumento de 4,8%
Constituição de novas empresas abranda até agosto e os Transportes lideram as quebras
TAP assina protocolo de intenções com governo da Bahia para voos entre o Porto e Salvador
Comité Setorial de Turismo promove encontros em quatro regiões do país
Grupo GEA leva 80 agências de viagens associadas em sete famtrips
Privatização da Azores Airlines será concluída “em breve” mas não este ano
Explora Journeys inaugura segundo navio a 15 de setembro
Barcelona vai ter “aumento substancial” da taxa turística para cruzeiristas de curta duração
TAP lança campanha que oferece bagagem extra em voos entre Portugal, Moçambique e Angola
Royal Caribbean International encomenda 4.º navio da classe Icon
De acordo com os dados e projeções do Turismo de Portugal para 2023, e face aos números de novembro desse ano, o setor poderá chegar aos 25 mil milhões de euros em receitas, “independentemente das questões conjeturais que impactavam negativamente o que era o crescimento do setor português”.
A afirmação parte de Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, que marcou presença num almoço da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) esta segunda-feira, 15 de janeiro, no Lisbon Marriot Hotel.
O presidente do Turismo de Portugal lembra que a indicação dos 25 mil milhões de euros trata-se de uma projeção, já que os valores de dezembro ainda não se encontram fechados. No entanto, lembra que este valor é “bastante significativo quando temos em conta que o objetivo [de 2021] era chegar aos 27 mil milhões de euros em 2027, partindo de um valor de 18 mil milhões”.
Desta forma, Carlos Abade salienta que, a concretizar-se este valor de receita, o setor está “a 7,6% de atingir em 2024 as receitas turísticas de 27 mil milhões de euros – menos de metade do crescimento registado entre 2022 e 2023”.
“É verdade que aqui também existe o efeito da inflação. Em qualquer dos casos, aquilo que podemos ver é que relativamente a 2022 o crescimento [de receitas turísticas] foi de quase 19% e, relativamente a 2019, o crescimento foi de 37,2%”, afirma.
Ainda no âmbito das previsões, o presidente do Turismo de Portugal espera que o ano de 2023 feche com 77 milhões de dormidas, ou seja, “um crescimento de quase 11% face aos dados de 2022 e 10% em relação aos dados de 2019”.
Crescimento turístico sem novo aeroporto
Quando questionado sobre a possibilidade de crescimento face à atual situação do aeroporto de Lisboa, e com a demora perspectivada na construção de uma nova infraestrutura, Carlos Abade é taxativo: “As nossas perspectivas de crescimento assentam nas infraestruturas que temos”.
Como refere, “o crescimento deve ser feito em todo o país e ao longo de todo o ano”, razão pela qual afirma ser necessário “trabalhar com todas as companhias aéreas, com todos os aeroportos de Portugal, para [os] maximizar”. Lembra ainda que no caso de Lisboa, “mesmo com o aeroporto na situação em que está, [a cidade] apresenta um crescimento face aos números de 2022, o que significa que é possível”.
No entanto, Carlos Abade reconhece que “é claro que no caso da infraestrutura aeroportuária de Lisboa existe uma dimensão difícil, porque naturalmente está perto daquilo que é o seu limite de capacidade, por isso, o que temos de fazer é ser cada vez mais eficientes no aproveitamento dessa infraestrutura”.
O presidente do Turismo de Portugal ressalva ainda que, apesar do marco a atingir de 27 mil milhões de euros em receitas turísticas, esse não pode ser o único foco para 2024, sendo necessário fazer “um trabalho inteligente, responsável, de sustentabilidade e de autenticidade das regiões e dos territórios”.
Os mercados de 2023
O presidente do Turismo de Portugal dá conta que o crescimento acima descrito “ocorreu em praticamente todos os mercados, com particular incidência no mercado dos Estados Unidos da América (EUA)”, para o qual se aponta um crescimento de 70% nas dormidas em 2023 face a 2019, seguido pela Irlanda, com um crescimento de 19,9%, e Itália, com um crescimento de 15%.
Do lado oposto, Carlos Abade afirma que o Brasil “é o único mercado que não atingiu ainda os valores de 2019”, registando menos 13,5% das dormidas em 2023 face a 2019, algo que atribui “sobretudo à capacidade aérea, que está a ser reposta e que acreditamos que possa dar a volta no ano de 2024”.
Já o mercado nacional corresponde a cerca de 30% [do mercado turístico] de 2023, sendo objetivo do Turismo de Portugal “que este mercado continue a crescer”, com os portugueses a “visitar todo o território [português] durante todo o ano”. Para este segmento, o Turismo de Portugal tem uma campanha “relativamente ao tema do Interior, onde temos a dimensão de valorização e campanha nacional”. No entanto, Carlos Abade não referiu que outras ações ou campanhas estão planeadas para este mercado, afirmando apenas que, “naturalmente, durante o ano, iremos fazer novas campanhas [de promoção]”.
As perspectivas para 2024
Para este ano de 2024, as expectativas do presidente do Turismo de Portugal são positivas, já que acredita que o setor do turismo vai continuar a crescer e apresentar “um incremento relativamente àquilo que foi 2023” no final deste ano.
Na sua apresentação sustenta-se nos estudos feitos pela International Air Transport Association (IATA) e pelo World Travel & Tourism Council (WTTC), “que apontam no sentido de que o crescimento vai continuar”. Como afirma, “a IATA aponta para um aumento de 9% a nível de passageiros na Europa e a WTTC para o crescimento médio de turismo mundial de 5,8% em 2023”.
“Já tenho lido várias vezes sobre esta matéria, de dizer que o setor do turismo está a chegar quase ao seu limite. Peço desculpa, mas isso é absurdo. Vamos continuar a crescer porque vamos continuar a investir em mercados com maior valor acrescentado, porque as próprias empresas vão tornar-se mais eficientes e porque temos feito cada vez mais uma aposta noutros territórios. A questão é como e quando vamos continuar a crescer”, termina.