Carlos Abade: “Estamos a 7,6% de atingir os 27 mil milhões de euros em receitas no turismo”
O presidente do Turismo de Portugal aponta que, terminadas as contas, o setor turístico português pode chegar aos 25 mil milhões de euros em receitas em 2023, ficando a 7,6% de atingir os 27 mil milhões de euros definidos em 2021 pelo setor para 2027. A perspectiva para este ano é de crescimento, baseada na estrutura já existente – sem ter em conta um novo aeroporto.

Carla Nunes
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De acordo com os dados e projeções do Turismo de Portugal para 2023, e face aos números de novembro desse ano, o setor poderá chegar aos 25 mil milhões de euros em receitas, “independentemente das questões conjeturais que impactavam negativamente o que era o crescimento do setor português”.
A afirmação parte de Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, que marcou presença num almoço da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) esta segunda-feira, 15 de janeiro, no Lisbon Marriot Hotel.
O presidente do Turismo de Portugal lembra que a indicação dos 25 mil milhões de euros trata-se de uma projeção, já que os valores de dezembro ainda não se encontram fechados. No entanto, lembra que este valor é “bastante significativo quando temos em conta que o objetivo [de 2021] era chegar aos 27 mil milhões de euros em 2027, partindo de um valor de 18 mil milhões”.
Desta forma, Carlos Abade salienta que, a concretizar-se este valor de receita, o setor está “a 7,6% de atingir em 2024 as receitas turísticas de 27 mil milhões de euros – menos de metade do crescimento registado entre 2022 e 2023”.
“É verdade que aqui também existe o efeito da inflação. Em qualquer dos casos, aquilo que podemos ver é que relativamente a 2022 o crescimento [de receitas turísticas] foi de quase 19% e, relativamente a 2019, o crescimento foi de 37,2%”, afirma.
Ainda no âmbito das previsões, o presidente do Turismo de Portugal espera que o ano de 2023 feche com 77 milhões de dormidas, ou seja, “um crescimento de quase 11% face aos dados de 2022 e 10% em relação aos dados de 2019”.
Crescimento turístico sem novo aeroporto
Quando questionado sobre a possibilidade de crescimento face à atual situação do aeroporto de Lisboa, e com a demora perspectivada na construção de uma nova infraestrutura, Carlos Abade é taxativo: “As nossas perspectivas de crescimento assentam nas infraestruturas que temos”.
Como refere, “o crescimento deve ser feito em todo o país e ao longo de todo o ano”, razão pela qual afirma ser necessário “trabalhar com todas as companhias aéreas, com todos os aeroportos de Portugal, para [os] maximizar”. Lembra ainda que no caso de Lisboa, “mesmo com o aeroporto na situação em que está, [a cidade] apresenta um crescimento face aos números de 2022, o que significa que é possível”.
No entanto, Carlos Abade reconhece que “é claro que no caso da infraestrutura aeroportuária de Lisboa existe uma dimensão difícil, porque naturalmente está perto daquilo que é o seu limite de capacidade, por isso, o que temos de fazer é ser cada vez mais eficientes no aproveitamento dessa infraestrutura”.
O presidente do Turismo de Portugal ressalva ainda que, apesar do marco a atingir de 27 mil milhões de euros em receitas turísticas, esse não pode ser o único foco para 2024, sendo necessário fazer “um trabalho inteligente, responsável, de sustentabilidade e de autenticidade das regiões e dos territórios”.
Os mercados de 2023
O presidente do Turismo de Portugal dá conta que o crescimento acima descrito “ocorreu em praticamente todos os mercados, com particular incidência no mercado dos Estados Unidos da América (EUA)”, para o qual se aponta um crescimento de 70% nas dormidas em 2023 face a 2019, seguido pela Irlanda, com um crescimento de 19,9%, e Itália, com um crescimento de 15%.
Do lado oposto, Carlos Abade afirma que o Brasil “é o único mercado que não atingiu ainda os valores de 2019”, registando menos 13,5% das dormidas em 2023 face a 2019, algo que atribui “sobretudo à capacidade aérea, que está a ser reposta e que acreditamos que possa dar a volta no ano de 2024”.
Já o mercado nacional corresponde a cerca de 30% [do mercado turístico] de 2023, sendo objetivo do Turismo de Portugal “que este mercado continue a crescer”, com os portugueses a “visitar todo o território [português] durante todo o ano”. Para este segmento, o Turismo de Portugal tem uma campanha “relativamente ao tema do Interior, onde temos a dimensão de valorização e campanha nacional”. No entanto, Carlos Abade não referiu que outras ações ou campanhas estão planeadas para este mercado, afirmando apenas que, “naturalmente, durante o ano, iremos fazer novas campanhas [de promoção]”.
As perspectivas para 2024
Para este ano de 2024, as expectativas do presidente do Turismo de Portugal são positivas, já que acredita que o setor do turismo vai continuar a crescer e apresentar “um incremento relativamente àquilo que foi 2023” no final deste ano.
Na sua apresentação sustenta-se nos estudos feitos pela International Air Transport Association (IATA) e pelo World Travel & Tourism Council (WTTC), “que apontam no sentido de que o crescimento vai continuar”. Como afirma, “a IATA aponta para um aumento de 9% a nível de passageiros na Europa e a WTTC para o crescimento médio de turismo mundial de 5,8% em 2023”.
“Já tenho lido várias vezes sobre esta matéria, de dizer que o setor do turismo está a chegar quase ao seu limite. Peço desculpa, mas isso é absurdo. Vamos continuar a crescer porque vamos continuar a investir em mercados com maior valor acrescentado, porque as próprias empresas vão tornar-se mais eficientes e porque temos feito cada vez mais uma aposta noutros territórios. A questão é como e quando vamos continuar a crescer”, termina.