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ALEP aponta para “sinais de incoerência” do programa Mais Habitação

Na sessão de abertura da conferência debate “Turismo sem Alojamento Local. Que Futuro?”, Eduardo Miranda mostrou-se “preocupado com o rumo que o turismo possa estar a ter”, afirmando que “as medidas do AL podem apontar para um caminho perigoso, em que o turismo mais uma vez começa a ser visto como um sucesso de que temos vergonha”.

Carla Nunes
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ALEP aponta para “sinais de incoerência” do programa Mais Habitação

Na sessão de abertura da conferência debate “Turismo sem Alojamento Local. Que Futuro?”, Eduardo Miranda mostrou-se “preocupado com o rumo que o turismo possa estar a ter”, afirmando que “as medidas do AL podem apontar para um caminho perigoso, em que o turismo mais uma vez começa a ser visto como um sucesso de que temos vergonha”.

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O presidente da ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal, Eduardo Miranda, aproveitou a sessão de abertura da conferência debate “Turismo sem Alojamento Local. Que Futuro?”, que decorreu na passada terça-feira, 27 de junho, no Oceanário de Lisboa – Auditório Mar da Palha, para apontar para os “sinais de incoerência” do programa Mais Habitação, relativamente ao Alojamento Local (AL).

Num primeiro momento, Eduardo Miranda referiu estar “preocupado com o rumo que o turismo possa estar a ter”.

“Alguns dos sinais que me preocupam, que acho que deviam preocupar todo o turismo, é ver que o [setor] continua a ser aquele que dá cartas, que é o motor da economia, a ser utilizado sempre que é preciso justificar os bons resultados da economia, mas ao mesmo tempo, parece que começamos a sentir alguma vergonha do sucesso do turismo, um certo medo de estar a demonstrar aquilo que fizemos”.

Nesse sentido, o presidente da ALEP aponta que “estas medidas do AL são um pouco um sinal disso. Acho que podem apontar para um caminho perigoso, em que o turismo mais uma vez começa a ser visto como um sucesso de que temos vergonha”.

O primeiro ponto enfatizado por Eduardo Miranda prendeu-se com o facto de o programa Mais Habitação contemplar “o poder dos condomínios em encerrar AL sem motivo”, ou seja, “o condomínio com dois terços dos votos de capital pode encerrar um AL sem nenhum motivo ou problema concreto”.

O presidente da ALEP enfatiza que, com a aplicação desta regra, corre-se o risco de se perder a “atividade, rendimentos, empregos associados e reservas de turistas em 60 dias”, além do facto de “por não se esclarecer a questão do uso habitacional, um único condómino pode encerrar um ou todos os AL em Tribunal”. Acaba-se também “com a figura do pedido de cancelamento por distúrbios justificados e a possibilidade de mediação da câmara municipal”.

Eduardo Miranda aponta ainda para a nova taxa extraordinária do alojamento local e para o facto de só ser aplicada “para AL em apartamentos em todo o litoral, afetando assim 70% do AL [em Portugal]”, bem como o facto de o valor ser “aplicado de igual forma a quem só está aberto de quatro a seis semanas ao ano, no verão, como a quem está aberto o ano inteiro”.

O profissional reporta ainda a questão do agravamento do IMI para este tipo de imóveis, já que “para o cálculo do IMI, todos os imóveis de AL são considerados construção nova”. Neste caso, Eduardo Miranda dá como exemplo a situação hipotética de um imóvel na zona histórica, cujo IMI passa a aumentar 2,5 vezes sob esta nova regra. O presidente refere também que “o Orçamento de Estado (OE) 2023 permite os municípios de agravar em 100% o IMI do AL, o que pode resultar num aumento de 500%”.

Num outro ponto, Eduardo Miranda afirma que, dada a “intransmissibilidade dos registos [de AL] em todo o país, não se pode ter um desentendimento com um sócio, aceitar um novo sócio para injetar capital ou para ajudar com trabalho”, já que a intransmissibilidade “é proibida, inclusive, em casos de divórcio, ou entre familiares por doença grave, se o proprietário do imóvel não for o titular”.

“Não se pode alienar nem 1% das quotas da empresa. Qualquer venda de quotas leva ao cancelamento de todos os registos e fim de atividade”, refere Eduardo Miranda.

Num último ponto, o presidente da ALEP aponta para o facto de os registos existentes de AL caducarem em 2030, sendo que os novos AL passam a ter uma validade de cinco anos, “independentemente da dimensão, do investimento feito”.

“A renovação depende da câmara municipal com critérios subjetivos, como atingir o equilíbrio habitação e AL conforme Carta de Habitação”, refere Eduardo Miranda.

No fim da intervenção, o presidente da ALEP questiona “como é que o Governo quer ter um turismo com profissionais qualificados e empregos estáveis se os operadores existentes não sabem se o negócio continua depois de 2030 e se os novos só têm cinco anos de vida, sem segurança de renovação”.

Interroga ainda “como quer o Governo que 40% das acomodações turísticas invistam na qualificação ou inovação”, já que existe a possibilidade de “não saberem se a qualquer momento o condomínio encerra a sua atividade, se vai poder continuar a operar depois de 2030 ou se vive asfixiado com uma taxa absurda e agravamentos fiscais”.

Colocados estes pontos, Eduardo Miranda defende que “e possível criar uma regulamentação séria que não destrua o alojamento local”.

“Há na mesa propostas sérias e equilibradas possíveis. Está nas mãos do Governo decidir se vai realmente ter a abertura que tanto fala, tanto discute, mas que temos alguma dificuldade em ver na prática. Esperamos, sinceramente, que sim”, termina.

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Abertas inscrições para o WeMED NaTOUR

Estão abertas as inscrições para o programa de capacitação do projeto europeu WeMED NaTOUR, destinado às empresas que operam em destinos costeiros e marítimos, anuncia o Turismo de Portugal na sua página web.

O projeto European Western Mediterranean Nature Tours (EU WeMED NaTOUR é cofinanciado pela Comissão Europeia, e centra-se no desenvolvimento do turismo escolar em sítios marinhos naturais, áreas protegidas e destinos marítimos/costeiros no Mediterrâneo Ocidental e na Mauritânia. Está a ser conduzido por sete entidades transcontinentais especializadas em diferentes domínios, entre as quais o Turismo de Portugal.

No âmbito deste projeto, segundo o Turismo de Portugal, foi desenvolvido um programa de capacitação para PME do turismo, que decorrerá em formato online entre 2 e 23 de outubro, com o objetivo de aprofundar o seu conhecimento no domínio do turismo sustentável e das viagens amigas do ambiente nos destinos costeiros e marítimos. No final, as empresas receberão certificação de participação.

O programa é composto por seis e visa disponibilizar às empresas conhecimento e ferramentas​ para: Melhorar e integrar boas práticas ecológicas nas suas operações turísticas e criar experiências inesquecíveis para os seus visitantes, preservando ao mesmo tempo a beleza natural do destino; Dominar as ferramentas e técnicas para aumentar a presença online, alcançar um público global e maximizar o potencial do negócio; Atrair e envolver o público-alvo do turismo escolar.

 

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TAAG tem nova sede em dia de aniversário

No dia em que comemora o 85.º aniversário, a TAAG – Linhas Aéreas de Angola inaugura uma nova sede em Angola.

A TAAG – Linhas Aéreas de Angola inaugurou esta sexta-feira, 8 de setembro, a nova sede, localizada no edifício One Metrópolis, em Talatona, numa cerimónia que juntou colaboradores e stakeholders, bem como o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas D’ Abreu.

Num momento simbólico de dupla celebração, já que à inauguração da nova sede se junta o 85.º aniversário da companhia aérea, a nova sede vem conferir melhores condições de trabalho e dignidade ao capital humano da TAAG.

Está concebida para congregar os colaboradores no formato open space, no intuito de promover o trabalho colaborativo e eficiência. Foram otimizadas as condições tecnológicas e infra-estrutura de IT para garantir a qualidade, continuidade, redundância das comunicações e dar suporte ao processo de digitalização em curso na TAAG.

Paralelamente, o edifício One Metrópolis proporciona condições de segurança e controlo de acessos por cartão magnético para a zona de escritórios, bem como áreas comuns com serviços de restauração que podem ser utilizados por colaboradores e visitantes.

A transição da TAAG para o novo edifício sede, onde ocupa três andares para 300 colaboradores, é, segundo a companhia aérea, “um acontecimento histórico e uma das mudanças mais visíveis no âmbito do processo de transformação da companhia”.

Em comunicado, revela que, “mais do que uma mudança de espaço físico (antigo escritório estava localizado no Kinaxixi), a nova sede é um reflexo da modernização da TAAG, melhoria das condições de trabalho dos colaboradores e reforço da imagem corporativa”.

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“Portugal deve procurar focar a sua estratégia de promoção em mercados de valor e com dimensão estratégica”

Economista e gestor, com uma “especialização” no que à competitividade diz respeito, Jaime Quesado publicou, recentemente, um novo livro manifesto: “Nova Competitividade”. O Publituris quis saber se Portugal é, de facto, competitivo e que papel está reservado ao turismo neste esforço rumo a esta “nova” competitividade.

Quando Michael Porter, (re)conhecido professor e teórico de negócios da Harvard Business School, apresentou, há 30 anos, um estudo sobre a competitividade da economia portuguesa, o turismo – além dos vinhos madeiras, têxteis, vestuário, automóvel – já fazia parte de um conjunto de clusters identificados como estratégicos para o desenvolvimento de Portugal.

Jaime Quesado, economista e gestor e um especialista em questões relacionadas com a competitividade compila agora 40 anos de escrita dedicada a este tema. E se o país evoluiu muito em várias áreas, Jaime Quesado frisa que “ainda há um longo caminho a percorrer, do qual não podemos desistir”.

Publicou recentemente um novo livro manifesto, que resume, de certa forma, 40 anos de escrita. O título do mesmo é “Nova Competitividade”. Portugal é competitivo?
Ao escrever este meu sexto livro manifesto “Nova Competitividade” procurei através do ato simbólico de celebrar 40 anos de escrita dar nota do imperativo de mantermos vivo um sentido de inteligência coletiva em relação à nossa capacidade de criar e partilhar valor.

Poucos anos depois de ter escrito o meu primeiro artigo entrámos na então Comunidade Económica Europeia (CEE) e iniciámos um percurso de forte investimento através de fundos comunitários que ainda hoje continua.

O país evoluiu muito em várias áreas – sobretudo nas infraestruturas e na tecnologia – mas nas áreas imateriais – qualidade da gestão, cooperação, educação e capacitação, entre outras – ainda há um longo caminho a percorrer, do qual não podemos desistir.

Em termos económicos, de certeza que existem setores de atividade onde Portugal é competitivo. Quais são? E são competitivos porquê?
Este é um tema da maior relevância, que já Michael Porter tinha destacado no estudo que realizou sobre a competitividade da nossa economia há 30 anos.

Em termos das nossas fileiras destacaria três grupos: primeiro, as áreas mais tecnológicas e inovadoras – TIC, automóvel, aeronáutica, saúde, entre outras; segundo, algumas fileiras tradicionais como o agro-alimentar, o têxtil e o calçado e finalmente algumas áreas de serviços onde o turismo tem um papel central. Houve uma grande evolução em termos da organização de clusters e das estratégias coletivas das nossas empresas, mas falta ainda fazer um trabalho estruturado de convergência nesta matéria.

O país evoluiu muito em várias áreas – sobretudo nas infraestruturas e na tecnologia – mas nas áreas imateriais – qualidade da gestão, cooperação, educação e capacitação, entre outras – ainda há um longo caminho a percorrer, do qual não podemos desistir

Turismo competitivo, mas a consolidar perceção positiva
O turismo é apontado, constantemente, como o setor mais competitivo e o que tem levado a economia portuguesa para a frente. O turismo em Portugal é, de facto, competitivo quando comparado com os principais mercados que concorrem com Portugal?
O turismo tem tido – como é sabido de todos – um crescimento exponencial nos últimos anos, representando já mais de 15% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Este crescimento tem sido marcado por várias dimensões – aumento da oferta, aposta na qualidade, papel da promoção e marca – que combinados com o contexto de incerteza provocado em alguns mercados com a guerra que tem potenciado um fluxo intenso de passageiros de diferentes origens para o nosso país. E em resposta a esta dinâmica da procura, a nossa oferta tem de se posicionar com uma resposta de qualidade que estabilize e consolide o nível de perceção positivo junto dos principais mercados internacionais.

Em que aspetos é que a competitividade no turismo pode e deve ser melhorada?
Num contexto de intensa competição nos mercados internacionais os principais atores da oferta no ecossistema do turismo têm de consolidar uma agenda de melhoria permanente da sua cadeia de valor. Isto passa por várias ações concretas ao nível da qualificação e capacitação dos recursos humanos, aposta no digital como um instrumento gerador de valor, incorporação da sustentabilidade como uma marca de referência, dinamização de experiências e ações de demonstração que alarguem a malha de futuros clientes.

Este é um trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos anos – com o apoio do Estado e de muitos outros stakeholders do sistema – e que precisa de ser consolidado face aos novos fatores de contexto.

Para qualquer setor de atividade ser competitivo, são precisas pessoas. O setor do turismo enfrenta uma falta de recursos humanos. Em que medida é que esta realidade poderá fragilizar essa competitividade?
Como é consensual nos tempos que correm, o talento é cada vez mais a chave para o sucesso de um negócio no mercado. O forte crescimento ao nível da procura tem provocado junto dos principais operadores do setor uma forte pressão na estabilização do capital humano, tão crítico para garantir a qualidade de serviço e a base de reputação junto do mercado.

Esta é uma agenda que não é fácil, atenta a grande rotação de pessoas e a incapacidade de garantir ao nível da qualidade de recursos humanos qualificados a oferta necessária a este processo.

O papel dos imigrantes tem sido decisivo para colmatar a falta de recursos humanos nacionais, mas importa estruturar uma agenda de aposta no talento verdadeiramente estratégica para o futuro.

Também em termos tecnológicos, a digitalização tem sido apontada como um fator essencial para diversos setores, entre eles, o turismo, prestarem melhores serviços e soluções e, assim, serem mais competitivos. Em Portugal, esta questão da tecnologia ou da digitalização tem sido tido em conta? Nota-se por parte das empresas e empresários uma preocupação em utilizar/aplicar mais tecnologia?
O nosso país tem estado há já muitos anos na linha da frente do investimento na tecnologia e no digital como variáveis centrais para a melhoria operacional das organizações – esta é uma realidade que, infelizmente, ainda não tem a expressão que se pretende ao nível das Pequenas e Médias Empresas (PME), sendo o turismo um bom exemplo nesta matéria. O projeto Hotel 4.0 dinamizado pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) permitiu verificar no terreno que, de facto, há ainda um caminho a percorrer em termos de dotar os atores deste ecossistema dos meios digitais adequados para uma gestão mais eficiente e inovadora do negócio, com impacto em termos de valor criado.

A nossa oferta [turística] tem de se posicionar com uma resposta de qualidade que estabilize e consolide o nível de perceção positivo junto dos principais mercados internacionais

Também a sustentabilidade é vista como um fator de competitividade, principalmente, no pós-pandemia. O Turismo de Portugal, por exemplo, tem por objetivo de colocar o país como um dos destinos turísticos mais sustentáveis no mundo. O que é preciso fazer para esse objetivo ser alcançado?
A sustentabilidade passou a estar, de facto, na ordem do dia como referência em termos de competitividade – como recentemente referiu numa sessão Luigi Cabrini, Chairman do Global Sustainable Tourism Council, o turismo sustentável é um compromisso claro com a natureza como marca central de um novo conceito de qualidade de vida com impacto nas comunidades e na sociedade.

Este objetivo do Turismo de Portugal faz sentido – face à realidade do país, onde alguns territórios do interior a os próprios Açores já estão claramente sintonizados com este objetivo – mas importa mobilizar o ecossistema como um todo – em articulação com a sociedade civil para este desígnio. Este terá de ser de facto um objetivo integrado, desenhado e executado numa verdadeira dimensão de parceria estratégica para o futuro.

Os desafios à competitividade
Depois de uma crise económico-financeira em 2010-2012, uma pandemia, agora uma guerra na Europa e com ela um aumento da inflação, escassez de matérias-primas, uma cadeia de abastecimento cada vez mais pressionada, falta de recursos humanos, que caminhos devem ser traçados a nível governamental para que o grau de competitividade se mantenha em alta?
Os fatores de contexto da nossa economia são cada vez mais incertos e complexos, o que torna o exercício da gestão difícil e muitas vezes sem referenciais concretos em termos de resultados e impactos. O exercício da gestão empresarial passará cada vez mais por processos colaborativos de inovação aberta, em que as empresas integrem, de facto, na sua cadeia de valor os diferentes parceiros centrais – fornecedores, clientes e até mesmo competidores.

Precisamos também – como muito bem defende Mariana Mazucatto, professora de Economics of Innovation and Public Value na University College London – que o Estado se assuma como um parceiro inteligente na criação do contexto adequado para o sucesso desta agenda.

No seu livro aponta, resumidamente, que “precisamos de um novo modelo de criação de valor assente na inovação e no talento”. Sem utilização/aplicação de tecnologia ou uma maior digitalização, com a escassez de recursos humanos, como isso é possível?
O modelo de criação de valor tem de ser mais ágil e dinâmico, para poder dar respostas mais consistentes às necessidades e desafios que a gestão empresarial suscita. O talento e a tecnologia são fatores críticos nesta matéria – as empresas terão de saber combinar de forma inteligente estes dois recursos, adequando-os às estratégias de criação de valor.

A inovação e a criatividade são drivers cada vez mais importantes na qualificação das propostas de valor apresentadas pelas empresas ao nível dos produtos e serviços e esta será uma das estratégias mais adequadas para ter sucesso neste contexto.

Roteiro para uma “nova” competitividade
A par deste livro, é realizado, igualmente, “O Roteiro Nova Competitividade” – que terá ainda duas sessões em setembro em Londres e em Évora antes da Sessão Final de Balanço em outubro na Gulbenkian. Que balanço faz das sessões já realizadas e como é que a temática tem evoluído ao longo das várias sessões?
Este Roteiro que celebra 40 anos de escrito – a exemplo de outros anteriores que realizei – tem sido uma experiência fantástica em termos de partilha e discussão de ideias sobre este tema desafiante da competitividade.

Destaco duas dimensões importantes e complementares. Por um lado, as oportunidades que existem cada vez mais em territórios menos desenvolvidos e mais isolados, como são o caso de Bragança e dos Açores, onde tive oportunidade de estar. Por outro lado, o imperativo de trazermos para esta discussão e prática a nossa diáspora, muito interessada em dar o seu contributo, como esteve bem patente nas sessões realizadas em Paris e Madrid.

No Publituris referiu, na sua coluna de opinião, por várias vezes, o estudo realizado por Michael Porter, estudo esse realizado há 30 anos e atualizado já neste século. 30 anos depois, esse estudo ainda se pode considerar como uma referência no que diz respeito à competitividade da economia portuguesa ou, com a evolução dos tempos e com tudo o que tem acontecido, é tempo de ter um novo estudo ou atualização?
Quando há 30 anos Michael Porter realizou o famoso estudo sobre a competitividade da nossa economia foram algumas as vozes que criticaram este processo dando nota que veio apenas mostrar o que toda a gente já sabia. Foi muito importante a mensagem resultante deste estudo e foi pena não se ter aproveitado mais do mesmo – a mensagem foi muito clara ao reforçar que temos de saber apostar nas nossas competências centrais e gerir de forma mais colaborativa o processo de criação de valor.

Naturalmente que, desde então, o mundo mudou muito, o digital e a tecnologia aceleraram os processos de mudança, mas a base mantém-se muito atual no seu conceito. Importante acima de tudo é executar e pôr as coisas a andar no terreno e nesta matéria ainda temos muito a fazer!

Não se percebe como andamos há tanto tempo a discutir este tema [novo aeroporto] e cada dia que passa a situação torna-se mais complicada

Relativamente ao setor do turismo, muito se tem falado, para além das questões relativas aos recursos humanos, da necessidade de um novo aeroporto para Portugal, a economia e o setor do turismo ser ou manter-se competitivo. É isso que falta ao setor do turismo em Portugal?
Os números impressionantes de turistas que chegam todos os dias ao nosso país e a necessidade de conseguir dar resposta com maios qualidade ao seu acolhimento e mobilidade tornam, de facto, um imperativo termos uma solução aeroportuária em Lisboa mais ágil, moderna e qualificada.

Não se percebe como andamos há tanto tempo a discutir este tema e cada dia que passa a situação torna-se mais complicada.

Naturalmente que o futuro do turismo não passa só pelo aeroporto – há todo um conjunto de fatores estruturais que são importantes para qualificar a marca reputacional como a qualidade de serviço, aposta no capital humano e desenvolvimento de novos conceitos de experiências.

Nesse sentido, critica-se muito a demora ou falta de decisão. Essa falta de decisão é, também ela, “inimiga” da competitividade?
O mundo incerto e acelerado em que vivemos passou a exigir mais rapidez e qualidade nas decisões tomadas – só assim se poderá conseguir garantir que os níveis de criação de valor e sua partilha pela economia e sociedade consigam ter impacto estrutural.

A “Nova Competitividade” que defendo neste meu novo livro manifesto é um exercício que exige também uma mudança clara ao nível dos comportamentos e práticas em termos das organizações e da sociedade em geral.

Muito se tem falado que o turismo em Portugal deverá traçar como objetivo ter “mais com menos”. Ou seja, “gerar mais valor, com menos volume”. Depender de menos para gerar mais não poderá ser perigoso num mundo tão volátil e em constante modificação?
O Turismo de Portugal tem-se assumido nos últimos nos anos como um verdadeiro orquestrador de uma agenda mais colaborativa e inovadora para o setor, com uma estratégia centrada em objetivos claros e focados para o futuro. Deverá ser esse o caminho a prosseguir no futuro e todos os atores do sistema deverão assumir esse desígnio.

Nesse mundo volátil e em constante modificação, quais os mercados-chave em que Portugal deve apostar a curto-médio e longo prazo?
Portugal deve procurar focar a sua estratégia de promoção em mercados de valor e com dimensão estratégica – para além dos mercados europeus tradicionais, dos EUA e do Brasil, há novos players internacionais relevantes – países asiáticos, Médio Oriente, entre outros – que importa agarrar.

Concluindo, e olhando somente para o setor do turismo, em três pontos, o que é que este setor deve e tem de fazer para manter-se competitivo e liderar o turismo mundial?
Em três pontos: ter um propósito claro, uma marca de confiança e uma agenda de valor.

 

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Eurowings passa a Discover Airlines

O grupo Lufthansa realizou um rebranding à Eurowings, passando a adotar o nome de Discover Airlines.

Adeus Eurowings. Bem-vinda Discover Airlines. O grupo Lufthansa decidiu renomear a sua companhia aérea Eurowings para Discover Airlines. O primeiro voo da “nova” companhia” foi realizado esta semana de Frankfurt para Palma de Mallorca.

O rebranding da marca passa, igualmente, por todos os canais – website e redes sociais -, além de toda a assinatura em aeroportos, uniformes dos tripulantes e equipamento de cabine num processo que perdurará ao longo dos próximos meses.

“O design é inspirado em cores e elementos que visam despertar as memórias de férias, relaxamento e vontade de viajar”, explica o grupo Lufthansa em comunicado. “Os vários tons de azul, os chamados ‘skylines’, representam as cores do céu, do horizonte e da água, enquanto o sol e a praia se refletem em detalhes amarelos”, adianta ainda, concluindo que “a palete de cores evoca a vista da janela da aeronave enquanto, os passageiros olham para o horizonte ou para o mar.”

De referir que a Discover Airlines possui uma frota de 22 aeronaves, incluindo 12 A330 widebody, prevendo a companhia aumentar o número de aviões para um total de 28 unidades no próximo ano.

Na calha está, também, um aumento das rotas para os EUA, passando a servir sete destinos no mercado norte-americano a partir de Frankfurt.

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Cimeira do Património Cultural Europeu 2023 de 27 a 30 de setembro em Veneza

A cidade de Veneza (Itália) vai receber, entre os dias 17 e 30 de setembro, a Cimeira do Património Cultural Europeu 2023, no âmbito da celebração do 60º aniversário da Europa Nostra, considerada a voz europeia da sociedade civil comprometida com a proteção e celebração do património cultural e natural no continente.

Esta cimeira, que conta com a presença de Cecilia Bartoli, presidente da Europa Nostra, e de altos representantes das instituições da UE,​ tem como objetivo realçar o papel desta organização na preservação do património cultural na Europa e o compromisso em responder de forma criativa e contundente aos muitos desafios que a sociedade atual e meio ambiente têm enfrentado.

​De acordo com a organização, a escolha de Veneza tem um valor altamente simbólico. A história europeia e o significado desta cidade histórica, combinados com a sua beleza deslumbrante, mas frágil, sempre estiveram no centro da missão da Europa Nostra.

“O nosso 60º aniversário representa a ocasião perfeita para celebrar o contributo significativo da nossa organização para uma Europa baseada em valores e orientada para a cultura, com foco na preservação do património cultural e natural na Europa e fora dela”, indica a entidade, para destacar que “reafirmaremos também o nosso compromisso inabalável de defender o papel vital do património para enfrentar muitos desafios que a nossa sociedade e o ambiente enfrentam hoje”.

Refira-se que a cimeira de Veneza surge num momento de desenvolvimentos recentes importantes para a Europa Nostra, que inclui, nomeadamente, o projeto European Heritage Hub, que realizará o seu primeiro evento público em Veneza. O Fórum da Plataforma do Património Europeu demonstrará que o património cultural é um recurso estratégico para uma ação climática eficaz na Europa e fora dela. De destacar ainda o Ágora Anual da Política do Património Europeu, que este ano se concentrará no papel essencial da cultura e do património na promoção de um sentido de Cidadania Cultural Europeia.

Durante a cimeira serão ainda conhecidos os vencedores dos Prémios Europeus do Património 2023.

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UNESCO revalida classificação da Serra da Estrela como Geopark Mundial

A revalidação vigora por mais quatro anos e foi decidida durante uma reunião que decorreu esta semana, em Marrocos.

O Estrela Geopark viu a classificação como Geopark Mundial da UNESCO revalidada esta terça-feira, 5 de setembro, numa decisão tomada por unanimidade pelo  Conselho Mundial de Geoparks da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

De acordo com a Lusa, que cita informação avançada pelo Estrela Geopark nos seus canais digitais, a revalidação vigora por mais quatro anos e foi decidida durante uma reunião que decorreu esta semana, em Marrocos.

“Estamos muito contentes. E ser o único Geopark do mundo que teve mil pontos em mil possíveis é absolutamente fantástico e deve deixar muito orgulhoso todo o território”, disse à Lusa Flávio Massano, presidente da Associação Geopark Estrela e também presidente da Câmara Municipal de Manteigas, onde se localiza a sede do geopark.

Para o responsável, esta é “uma maravilhosa notícia, neste ano que tem sido bastante duro e desafiante”, realçando o trabalho da equipa do parque, que foi até “elogiada pelos avaliadores internacionais”..

“Dizem mesmo no relatório que nos enviaram que, para além de todas as condições que este território tem, geológicas e naturais, a equipa é o ponto forte deste Geopark”, acrescentou.

No futuro, indicou ainda Flávio Massano, a associação quer “aproximar a marca a todos os municípios e a todos os munícipes”, num “trabalho de afirmação” que pretende “que todos os nove municípios sintam que são do Geopark e que se envolvam e o acarinhem”.

“Têm de perceber que esta marca, como património da UNESCO, é muito importante para o território”, sustentou, considerando, no entanto, que este é “um caminho difícil”, uma vez que, dentro do Geopark,”há municípios que se envolvem a velocidades diferentes”.

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Controladores de tráfego aéreo franceses ameaçam com greve

Com o Campeonato do Mundo de Rugby a realizar-se em França, os controladores de tráfego aéreo franceses ameaçam uma greve para dois dias cruciais do evento, antevendo-se complicações em todo o espaço aéreo francês.

Os voos de e para França podem estar sujeitos a atrasos e cancelamentos devido à próxima greve organizada pelo sindicato dos controladores de tráfego aéreo do país, que reservou estrategicamente os horários dos protestos para coincidir com o Campeonato do Mundo de Rugby, que se realiza de 8 de setembro a 28 de outubro.

O sindicato SNCTA apelou aos trabalhadores para realizarem uma greve nacional em duas sextas-feiras cruciais – 15 de setembro e 13 de outubro, noticia a imprensa local.

O primeiro protesto, dia 15 de setembro, coincidirá com o jogo Nova Zelândia x Namíbia no Estádio de Toulouse, seguido por Samoa x Chile no Stade de Bordeaux, e País de Gales x Portugal no Stade de Nice. Pessoas que viajam com antecedência para ver Irlanda x Tonga no Stade de la Beaujoire, a 16 de setembro, também podem ser afetadas.

Embora não se realizem jogos no dia 28 de outubro, a paralisação pode afetar os adeptos que voltam após o jogo da final.

O Campeonato do Mundo de Rugby deverá atrair milhares de pessoas a França, antecipando-se que a ação poderá provocar estragos nos aeroportos, uma vez que os cancelamentos de voos são uma possibilidade real, incluindo um impacto nos voos de outros países que atravessam o espaço aéreo francês.

O sindicato criticou o “silêncio da autoridade da aviação civil (Direction Générale de l’Aviation Civile, DGAC)” à medida que a inflação continua a subir e os salários permanecem iguais, ou menos.

Além dos controladores aéreos, também os trabalhadores do metro de Paris ameaçaram entrar em greve durante o Campeonato do Mundo de Rugby.

Foto crédito: Depositophotos.com
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República Dominicana somou mais de 7M de turistas internacionais até agosto

Apenas no mês de agosto, a República Dominicana contabilizou a entrada de 665.082 turistas por via aérea, o que representa um crescimento de 7% face a igual mês do ano anterior e um novo recorde para o país.

A República Dominicana recebeu, até agosto, mais de sete milhões de visitantes internacionais, número que representa um aumento de 25% face a igual período do ano passado, de acordo com dados revelados pelo Ministério do Turismo da República Dominicana.

Do total de visitantes internacionais recebidos, a grande maioria, cerca de 5,5 milhões de visitantes, entrou no país através dos vários aeroportos dominicanos, enquanto 1,5 milhões de turistas chegaram através de cruzeiros, avançou David Collado, ministro do Turismo da República Dominicana.

Apenas no mês de agosto, o país contabilizou a entrada de 665.082 turistas por via aérea, o que representa um crescimento de 7% face a igual mês do ano anterior e um novo recorde para o país, segundo o governante.

De acordo com David Collado, os número registados até agosto mostram que a República Dominicana está a dar “passos firmes para chegar aos 10 milhões de turistas, que durante anos foi uma meta” para o país.

Quanto a mercados, os EUA mantêm-se como o principal mercado emissor de turistas para a República Dominicana, representando 55% do total de turistas que, até agosto, visitaram o país, seguindo-se o Canadá, com 14% do total.

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Emirates abre terceiro voo diário para Hong Kong em novembro

A partir de 1 de novembro, a Emirates abre um terceiro voo diário para Hong Kong, passando a disponibilizar 21 voos por semana entre o Dubai e Hong Kong, de forma a dar resposta à “crescente procura de viagens nesta rota”.

A partir de 1 de novembro, a Emirates abre um terceiro voo diário para Hong Kong, passando a disponibilizar 21 voos por semana entre o Dubai e Hong Kong, de forma a dar resposta à “crescente procura de viagens nesta rota”.

“A Emirates está a aumentar os voos para 21 por semana para responder à procura do mercado e oferecer aos passageiros maior flexibilidade, opções e conetividade. Com o terceiro voo regular, a Emirates irá agora operar dois voos diários diretos para a cidade, para além de um terceiro voo diário via Bangkok, permitindo que os passageiros tenham mais opções de horários”, lê-se num comunicado da companhia aérea.

De acordo com a companhia aérea do Dubai, o terceiro voo diário para Hong Kong vai ser operado num avião Boeing 777-300ER, com três classes de bordo, concretamente Primeira Classe, Classe Executiva e Classe Económica.

A Emirates passa assim a contar com dois voos diários diretos para Hong Kong, cujas partidas do Dubai decorrem às 03h15 e às 18h00, chegando ao destino pelas 14h30 e 23h05, respetivamente.

“Espera-se que o aumento dos serviços da companhia aérea para Hong Kong facilite a conetividade dos passageiros que viajam entre Hong Kong e outros destinos populares da rede da Emirates, incluindo o Reino Unido, os Emirados Árabes Unidos, a Turquia e uma série de destinos europeus. Além disso, os principais mercados de entrada para Hong Kong incluem o Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Brasil, África do Sul e destinos europeus, incluindo Alemanha, Itália, Portugal, entre outros”, acrescenta a Emirates.

Os bilhetes para o novo voo diário para Hong Kong já se encontram à venda e podem ser adquiridos aqui, assim como na app da Emirates e através das agências de viagens.

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