Ryanair quer chegar aos 15 milhões de passageiros em Portugal nos próximos 5 anos e não teme a inflação
Michael O’Leary e a Ryanair voltaram a Lisboa para comemorar os 20 anos da operação da companhia no nosso país. Depois de explicar o quanto a Ryanair contribuiu para a economia e turismo nacional, ficou a promessa de mais investimento. As “alfinetadas” foram para a TAP, easyJet, ‘slots’ e falta de decisão referente ao novo aeroporto.

Victor Jorge
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Michael O’Leary, presidente da Ryanair veio a Lisboa para comemorar o 20.º aniversário da operação da companhia em Portugal e veio munido de um estudo, realizado pela PwC, que dá conta da importância da Ryanair para o turismo e para a economia portuguesa.
Em conferência de imprensa, onde se fez acompanhar de Eddie Wilson, CEO da Ryanair, Michael O’Leary destacou o contributo da companhia e dos passageiros que transporta, avaliado em dois mil milhões de euros por ano, para a economia portuguesa. No estudo que apresentou por ocasião dos 20 anos da Ryanair em Portugal, o presidente da companhia referiu que a Ryanair e os passageiros contribuíram com mais de 15 mil milhões de euros, desde o primeiro voo que efetuou, em 2003, a partir de Dublin para Faro.
E se de 2003 a 2020 a companhia transportou cerca de 71 milhões de passageiros, em 2020, a Ryanair atingiu os 11,5 milhões de passageiros, fazendo dela a companhia “aérea com mais passageiros nos aeroportos do Porto e Faro”, perspetivando os responsáveis da Ryanair atingir os 15 milhões de passageiros/ano, até 2027.
O estudo da PwC fez com que Michael O’Leary destacasse a importância da companhia para Portugal ao referir que a Ryanair transportou 67 milhões de passageiros, de 2011 a 2020, o que significa 17 vezes mais do que a terceira companhia aérea no mesmo período, concluindo-se que os passageiros da Ryanair representaram 19,4% dos passageiros internacionais em Portugal em 2019 e 21% em 2020.
De resto, esta oportunidade não foi deixada passar em claro por O’Leary para afirmar que a Ryanair é a única companhia aérea na Europa que está num crescendo, transportando, segundo o mesmo, “mais passageiros do que antes da pandemia”. Segundo o presidente da Ryanair, a companhia está a operou este verão “a 115% da capacidade pré-covid”, aproveitando para dar mais uma “alfinetada” na TAP ao destacar que a companhia portuguesa “está a operar a cerca de 70% da capacidade pré-pandemia” e a easyJet “a cerca de 80%”.
O peso no PIB
Além dos passageiros transportados, Michael O’Leary destacou o peso da atividade da Ryanair no PIB da economia portuguesa, referindo o estudo da PwC que esse valor ascendeu a 244 milhões de euros, em 2019.
No geral e pelas contas apresentadas, o impacto anual total da Ryanair em termos de PIB, em 2019, incluindo empresas e turismo ascende a 2.280 milhões de euros, correspondendo a 1,1% do PIB nacional nesse ano.
Já o impacto total no PIB pela Ryanair em Portugal no período de 2003 a 2020 foi de 15,19 mil milhões de euros, dos quais 1,67 mil milhões dizem respeito ao impacto empresarial da Ryanair e 13,52 mil milhões ao impacto dos turistas que foram transportados pela companhia, deixando 6.840 milhões no setor da hotelaria e restauração, 1.750 milhões no setor das artes e lazer, mais 940 milhões no retalho.
Dos mercados internacionais, destaque natural para o Reino Unido, que só em 2019, foram mais de 2,3 milhões britânicos que voaram para Portugal, seguindo-se França com perto de 1,3 milhões e Alemanha com 1,1 mil milhões.
Já no que diz respeito ao emprego, a Ryanair, com base no estudo da PwC, faz referência à criação de mais de 80.000 empregos ETI, representando 1,7% das pessoas empregadas no nosso país. Contudo, a companhia escalpelizou esse número e frisa que os empregos ETI anuais criados pela companhia aérea durante a presença da Ryanair em Portugal ascendem a mais de 535 mil: 514 mil atribuíveis ao impacto dos turistas e mais de 23 mil ao impacto da empresa.
O passado já foi. E o futuro?
Para o futuro, Eddie Wilson, CEO da companhia, deixou claro que a intenção é “continuar a investir”. Assim, além dos 20 mil milhões de euros que a companhia pretende investir na renovação da frota, até 2026, com a incorporação de novos aviões B737 mais ecológicos, a Ryanair pretende crescer nos “Laboratórios Ryanair” em Portugal para mais de 200 postos de trabalho em TI, até 2027.
O Porto é visto com um potencial de investimento de 50 milhões de euros numa instalação de manutenção e as perspetivas apontam para o tal crescimento para 15 milhões de passageiros, até 2027, bem como a criação de mais 600 novos postos de trabalho para pilotos, tripulação de cabine, engenheiros e profissionais de TI no nosso país, até 2027.
Os recados
Uma vinda de Michael O’Leary a Portugal não podia acontecer sem haver alguns recados e críticas. Depois de referida a discrepância entre a capacidade da Ryanair e as principais concorrentes – TAP e easyJet -, as primeiras críticas tiveram nestas duas companhias o primeiro alvo, quando o líder da Ryanair frisou que “continuam a faltar slots na Portela” e que “estão a bloquear esses slots e a impedir a Ryanair de criar mais postos de trabalho” no Aeroporto de Lisboa.
Relativamente à TAP, O’Leary acredita e frisou-o: “devemos ultrapassar, brevemente, a TAP, já que os números da companhia portuguesa estão a cair”. Já Eddie Wilson sugeriu que “a melhor opção para a TAP seria “um acordo com a IAG” [detentora da Iberia e British Airways].
Por isso, a solução apontada por Michael O’Leary passa, inevitavelmente, por um novo aeroporto, não escondendo a preferência por Montijo, e por mais slots que farão a Ryanair “crescer nos próximos anos.
Além disso, também a taxa de carbono deve ser “eliminada”, já que, segundo O’Leary, “são uma enorme ameaça à competitividade das economias periféricas”, salientando o mesmo que a “a inflação dos preços e as recessões têm sido, historicamente, muito boas para o crescimento da Ryanair”.
Por isso, a conclusão é simples: “As pessoas não deixaram de voar e não vão deixar de voar”. Para O’Leary poderá passar a existir uma maior preocupação e sensibilidade ao fator preço e, por isso, o que poderá acontecer é “as pessoas deixarem de voar nas companhias aéreas mais caras”. Ou seja, mais uma alfinetada à TAP.