“A TAP está a bloquear ‘slots’ em Lisboa e a prejudicar a recuperação do turismo”
De “visita” a Lisboa, o CEO da Ryanair, Michael O’Leary acusa a TAP de estar a bloquear ‘slots” no Aeroporto de Lisboa e com isso “prejudicar a economia portuguesa e a retoma do turismo”.

Victor Jorge
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“Slot blocking”, em português, “bloqueio de slots”. Esta foi a acusação que Michael O’Leary, CEO do grupo Ryanair, fez relativamente à conduta da TAP no Aeroporto de Lisboa e para a qual já pediu intervenção do Governo português e da Comissão Europeia.
De resto, para o responsável máximo da companhia low-cost irlandesa, que esteve pela segunda vez em pouco mais de dois meses em Lisboa a falar com a imprensa, “esta posição da TAP faz com que nós, Ryanair, e outros não cresçam e não contribuam para a recuperação da economia portuguesa, criação de emprego, investimento em Portugal e retoma do turismo”.
Pelas contas de Michael O’Leary, se a TAP libertasse 200 das 300 slots que acusa a TAP estar a bloquear por semana, “isso seria mais do que justo, até porque a TAP reduziu a sua frota em mais de 20% e, portanto, não precisa de tantas slots”. E se tal acontecesse, fica a garantia: “ficaríamos já com todas elas [slots]”.
“Isto significaria, automaticamente, mais 300 a 400 novos empregos em Portugal, mais 300 milhões de euros de investimento, mais um milhão de passageiros por ano e mais três ou quatro aeronaves por dia a voar para Lisboa”, confidenciou O’Leary durante a conferência de imprensa realizada esta terça-feira, 24 de agosto, em Lisboa.
“A TAP não está somente a bloquear slots, está a bloquear a concorrência”, acusou o CEO do grupo irlandês, referindo que as slots que a companhia portuguesa está a liberta são muito reduzidas e “em horários que não interessam”. “As slots que nos interessam e que a TAP não liberta são de manhã e ao final do dia”, acusando ainda a TAP de, “além de bloquear as slots, a TAP também está a cortar salários, empregos, rotas e frota”.
O’Leary disse ainda que, quando a TAP liberta algumas slots, o timing é demasiado curto, não permitindo à Ryanair ou outra companhia de utilizá-las.
Contudo, reconheceu, “a TAP não está a fazer nada de ilegal”, salientando, no entanto, que “está a prejudicar gravemente a economia e o turismo português. Não basta estar a receber já o dinheiro que está a receber do Governo português, agora também prejudica a economia e o turismo em Portugal”.
Outra das questões diretas deixada na conferência de imprensa foi o aeroporto do Montijo: “porque ainda nada foi decidido?” perguntou O’Leary ao mesmo tempo que avançava com mais uma comparação com a TAP: “enquanto nós temos 124 destinos para o próximo inverno, a TAP só tem 75”.
Mas ainda relativamente às slots, quando perguntado se esta realidade é coordenada pelo Governo, Michael O’Leary deixou claro que “não é o Governo que está a bloquear as slots, é a TAP”. Até porque, segundo O’Leary, “o Governo não faz a menor ideia do que a TAP está a fazer, não sabe como é que a TAP funciona diariamente. Só sabe que tem de gastar dinheiro com a TAP”.
Portanto, “se a TAP quer receber ou continuar a receber dinheiro do Governo, deve libertar slots”, adiantando O’Leary que “esta é uma realidade que acontece há mais de 70 anos, tantos anos quantos a TAP dá prejuízo”, disse.
O’Leary afirmou, de resto, que esta situação do bloqueamento de slots só tem paralelo em Itália, “mas em muito menor escala, país onde a companhia aérea nacional também viu a sua frota reduzida em cerca de 25%”, afirmou o CEO da Ryanair. “No Porto e Faro, por exemplo, não há bloqueios de slots”, constatou O ‘Leary.
Quanto às “ajudas” que a Ryanair tem vindo a receber, O’Leary deixou claro que, “nós não recebemos qualquer ajudas por parte de governos. O que acontece é que fazemos promoções conjuntos com os vários Turismos dos países”, adiantando que, em Portugal, “recebemos cerca de um milhão de euros por ano, mas investimos cerca de três ou quatro milhões”.
Já no que diz respeito a uma possível expansão da Ryanair para “outros voos”, nomeadamente, transatlânticos, ou seja, para mercados como o Brasil e EUA, a partir de Lisboa, O’Leary diz não ver essa possibilidade “nos próximos cinco a 10 anos. Queremos continuar a investir e ser a primeira companhia de aviação na Europa”, concluiu.