Governo não admite “intromissões nem lições” da Ryanair
Entre as mensagens que o ministro Pedro Nuno Santos passou a O’Leary está o facto de não aceitar “intromissões nem lições de uma companhia aérea estrangeira”.
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O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, e o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, estiveram esta manhã de quarta-feira, 26, reunidos numa reunião que resultou em acusações de ambas as partes.
Depois do CEO da Ryanair ter acusado, em comunicado enviado para as redações, o ministro português de “estar mais interessado em gastar os dinheiros dos contribuintes a subsidiar a TAP” em vez de investir em infraestruturas como o aeroporto do Montijo, o Governo emitiu um comunicado onde salienta que sendo a Ryanair uma empresa privada “não tem de interferir nas decisões soberanas tomadas pelo Governo português”. “Portugal é um Estado soberano e democrático e o Governo não aceita intromissões nem lições de uma companhia aérea estrangeira que responde apenas perante os seus acionistas”, lê-se no comunicado.
Entre as mensagens que o ministro Pedro Nuno Santos passou ao empresário e que são partilhadas no comunicado, está o aproveitamento que a companhia aérea de baixo custo está a fazer do atual momento. ” A Ryanair se está a procurar aproveitar de uma situação difícil causada por uma pandemia para atacar um conjunto de companhias europeias de importância central para vários Estados-Membros”.
Para o Governo, o investimento que está a ser feito na companhia aérea de bandeira nacional é “estratégico e estruturante, não apenas na companhia aérea, mas na economia portuguesa”, especialmente porque “o impacto da TAP na economia nacional ultrapassa em muito os resultados líquidos da empresa”.
O interesse da Ryanair por Portugal é também relevado pelo Executivo que, apesar de “bem-vindo”, só acontece porque “lhe é financeiramente favorável. É uma questão de lucro e não um “favor” ao Estado português ou aos portugueses. A Ryanair só vem para Portugal porque é do seu interesse.”
É ainda deixado um aviso à companhia aérea irlandesa: “A transportadora aérea, para operar em Portugal, tem de respeitar o enquadramento legislativo nacional, em particular a legislação laboral que a Ryanair teima em desrespeitar”.