Algarve: como será a retoma da atividade turística?
Enquanto destino turístico, o Algarve vai ter de dar sinais aos turistas portugueses e estrangeiros que está preparado para recebê-los em segurança, caso contrário, isso poderá significar um retrocesso. Esta é uma das conclusões da web conferência “Algarve: Preparar o Futuro”.
Carina Monteiro
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Enquanto destino turístico, o Algarve vai ter de dar sinais aos turistas portugueses e estrangeiros que está preparado para recebê-los em segurança, caso contrário, isso poderá significar um retrocesso. Esta é uma das conclusões da web conferência “Algarve: Preparar o Futuro”, organizada pelo Publituris esta sexta-feira, dia 17, com o apoio do turismo do Algarve, e que contou com a participação de João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto Internacional de Faro, Pedro Lopes, administrador do Grupo Pestana para o Algarve, e Luís Correia da Silva, presidente do Conselho Nacional da Indústria Nacional do Golfe (CNIG).
O caminho trilhado até aqui pelo destino, que apostou na requalificação da oferta e na diversificação dos produtos, pode ser uma ajuda na retoma da atividade turística. “Temos hoje uma oferta mais autêntica e mais consequente com aquilo que são as tendências de procura mais sustentável. Essa é, para mim, a base do desafio do futuro. Isto é, acelerar aquela que foi a estratégia da região”, começa por dizer João Fernandes, que recorda a criação do Observatório do Turismo Sustentável, que “já tem vindo a produzir informação, que hoje serve de base para o caminho futuro”.
“Penso que hoje é consensual que a sustentabilidade será uma marca da procura, assim como a digitalização. Questões como a segurança, que agora temos de desenvolver ainda mais numa componente sanitária, são essenciais no arranque da retoma”, afirma o responsável da região de turismo.
Existem algumas condições adicionais a favor do Algarve na opinião de João Fernandes. A começar pelo facto “de grande parte da nossa procura se situar no norte da Europa e, na perspetiva de uma permanência das fronteiras fechadas da Europa com o resto do mundo, sabemos que aí poderá haver uma oportunidade, no sentido de termos menos concorrência a sul da Europa, no espaço onde o Algarve concorre que é o mediterrâneo”.
Para o presidente do Turismo do Algarve, o grande ativo da região encontra-se na “capacidade de adaptação a novas circunstâncias. “Diria que a grande capacidade que temos para a retoma, além da estratégia, é aquilo que temos visto nos últimos anos. Tomei posse há cerca de dois anos e comecei o mandato com um incêndio em Monchique, que teve repercussões mediáticas bastante impactantes, e o Algarve deu a volta. Encontrei pelo meio uma greve de motoristas de matérias perigosas, que aconteceu na Páscoa e no pico do verão, e o Algarve deu a volta. Apanhámos as falências da Monarch, Air Berlin, Niki, e operadores como a Thomas Cook, e o Algarve conseguiu dar a volta. Esta resiliência, mas também esta grande capacidade de adaptação a novas circunstâncias por parte dos empresários e de todas as organizações públicas que atuam no setor são o maior ativo para o futuro”.
Mercado nacional
O ano começou bem, mas a pandemia parou a atividade turística. “Tivemos de hibernar toda a nossa atividade em termos de hotéis, pousadas, resorts, campos de golfe, etc. Temos a noção que o recomeço vai ser lento e difícil”, afirma Pedro Lopes, administrador do Grupo Pestana, para quem a palavra confiança vai ser fundamental. “Temos de esperar que os nossos clientes voltem a ter confiança em sair à rua, voltem a ter confiança em viajar, para que então o turismo recomece e saía dos “cuidados intensivos” em que está hoje”, refere.
Olhando para o futuro, Pedro Lopes estima que o primeiro mercado a reagir será o português. “Os portugueses gostam do Algarve, a região continua a ter as qualidades que sempre teve e o mercado interno será o primeiro a arrancar. Depois, temos de esperar para ver o que acontece em Espanha. Quando a pandemia abrandar lá e começarem a viajar, será talvez o segundo mercado com o qual poderemos voltar a contar para o verão”, considera.
O responsável dos hotéis Pestana no Algarve defende a concretização de um plano que transmita confiança aos turistas. Plano esse que deve incluir desde o aeroporto, aos espaços públicos, as praias, os hotéis, os restaurantes, as associações do setor e responder às questões: “Como vamos atuar? Quais vão ser as regras? Medimos a temperatura ou não aos clientes? Isto é feito por quem? Em que condições?”
“Quando o Norte da Europa recomeçar a fazer férias e a viajar para o sul da Europa, o Algarve, que para já tem números muito baixos em termos de pandemia, deve criar um plano em que as pessoas se sintam seguras e vejam que existem regras em toda a linha do destino. Inclusivamente para os grandes operadores turísticos que vão tentar impingir aos seus clientes os seus resorts na Turquia ou no Egito. Creio que numa segunda fase, a médio prazo, os europeus vão querer ficar na Europa. Penso que é muito importante estarmos organizados e rapidamente implementarmos as medidas que o mercado sinta que são as corretas e as seguras”, defende.
Luís Correia da Silva, presidente do CNIG, partilha a mesma opinião quanto à retoma dos mercados. “Vamos passar por três fases: se houver alguma abertura interna, vamos ter as viagens dos portugueses e dos estrangeiros residentes em Portugal em junho, julho, agosto e setembro. Depois, talvez numa segunda fase possamos ter algumas viagens de turistas dos países europeus fundamentalmente, havendo disponibilidade de transporte e uma melhoria da perceção de risco em relação a outros destinos. Lá para março do próximo ano, haverá viagens mais alargadas”.
Para o responsável do CNIG, não se podem cometer dois erros: “Abrir o destino sem estarem criadas as condições mínimas internas de controlo da disseminação da pandemia. Ou seja, criar abertura, sem podermos passar a perceção de segurança é um duplo risco, na medida em que se houver consequências complicadas podemos andar para trás. Em segundo lugar, não podemos facilitar a entrada de turistas de países onde a pandemia não estiver controlada”.
Para Luís Correia da Silva, é “fundamental” preparar as infraestruturas com condições de operacionalização “para que possamos receber da melhor maneira possível os turistas, para que se sintam seguros, e que, mesmo dentro das restrições que vão ter de existir, usufruam do que o destino Algarve tem para oferecer”.
No caso do Golfe em concreto, o CNIG fez circular pelos seus associados um programa de medidas com orientações sobre como organizar os campos de golfe e o funcionamento do jogo atendendo à proteção dos jogadores e dos colaboradores. A ideia, afirma, é que assim que “o governo considere que estão reunidas as condições para a reabertura, os campos de golfe implementem um programa, que pode ter algumas alterações decorrentes de cada campo de golfe, mas com um conjunto de medidas comum”. Como exemplo indica: “Os grupos de saída dos jogadores, provavelmente, em vez de serem quatro, poderão ser no máximo até dois jogadores. Os intervalos de jogo no campo serão menores, as chegadas dos jogadores e permanência nas instalações será mínima. Ou seja, a ideia é fazer com que os jogadores não estejam mais tempo nos campos do que aquele que é estritamente necessário para usufruírem das condições de jogo”.
Luís Correia da Silva faz ainda um alerta para o início da retoma da atividade turística no Algarve. “A grande maioria dos trabalhadores está em lay off. O lay off pode acontecer mais um ou dois meses, mas depois vamos ter que reorganizar o funcionamento das empresas. De uma realidade temos a certeza: vamos ter muitos mais custos e não vamos ter praticamente nenhuma receita, e isto vai acontecer durante vários meses, a toda a indústria turística do Algarve. Temos, também, em articulação com as autoridades, de encontrar medidas que possam fazer com que as empresas sejam sustentáveis económica e financeiramente neste período de crise durante os próximos três, seis meses, até termos ocupações mais sustentáveis”.