Humberto Ferreira| A versatilidade do Turismo europeu por mar e via férrea
O Turiscópio por Humberto Ferreira.
Humberto Ferreira
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As viagens de longo curso são por avião ou CF de alta velocidade, mas também crescem as excursões, cruzeiros, e o que resta dos expressos europeus. Portugal é um país sem rede TGV nem projecto para converter a rede para a bitola europeia, o que afasta o padrão TGV como símbolo europeu.
VIAGENS COMBINADAS – Duvido da viabilidade da linha TGV Lisboa-Madrid e critico o descuido de Bruxelas ao travar em Espanha as ferrovias de alta velocidade. Que Europa do século XXI é esta? Portugal tem bons portos e vias férreas antiquadas. Aplaudo o êxito da ponte aérea Porto-Lisboa, aguardando pontes aéreas para a Madeira e Açores, como Espanha tem para Baleares e Canárias por ar e mar.
EXPERIÊNCIA – Assisti à apresentação dos 175 anos da AGÊNCIA ABREU na Sociedade de Geografia de Lisboa, com intervenções do presidente da secção de Turismo, doutor João Martins Vieira, e de Artur Abreu, CEO da Abreu. Ambos comprovaram o contributo das empresas marítimas com escalas de paquetes estrangeiros para a expansão do nosso Turismo. Escrevi uma breve história sobre os pioneiros de empresas de navegação e viagens quando conheci Artur Abreu. Eis o resumo: A empresa PINTO BASTO importadora de carvão e tabaco foi criada em 1771 no Porto. Em 1822 passou a agência marítima, em 1911 abriu filial em Lisboa, e em 1957 obteve alvará de agência de viagens, cuja actividade foi depois transferida à Agência Abreu. Esta abriu no Porto em 1841 com serviço para apoiar emigrantes do Norte nas complexas normas oficiais e consulares, sendo mais tarde aplicado a turistas nacionais e estrangeiros. Na década de 1960, abriu filiais de Turismo em Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo, etc, consolidando a sua consagração internacional. Na Gazeta dos Caminhos de Ferro e do Touring Clube de Portugal, o avanço do Turismo é reflexo da modernização de comboios e autos, ignorando paquetes, a mudança de veleiros para vapores e as epopeias de aviadores lusos. THOMAS COOK foi o primeiro agente de viagens a organizar, em 1841, na Grã Bretanha, uma excursão de comboio com 500 clientes, de Leicester para as termas de Loughborough, numa distância de 12 milhas, no ano seguinte escolheu Liverpool, seguindo-se Derby e Nottingham no Nordeste de Inglaterra, e Glasgow, Ardrossan, e Edimburgo, na Escócia, além da primeira excursão marítima num vapor ao longo da costa do País de Gales. Alcançado o nível multinacional, o grupo Thomas Cook mantém-se com sede em Inglaterra e sócios ingleses, alemães e chineses.
VIAJAR NO MAR – A minha introdução deu-se em 1947 entre Lisboa e Liverpool, a bordo do paquete Hillary, da Booth Line, agenciado pela GARLAND LAIDLEY, empresa importadora e exportadora fundada em 1776, expandida em 1855 para agência de navegação, e no século XX para agência de Turismo e logística, tendo celebrado recentemente 240 anos, investindo na logística e distribuição. Entre 1955 a 1974, integrei a equipa PINTO BASTO, representando os mais notáveis paquetes da época, tomando contacto na gestão de linhas marítimas junto dos grandes armadores italianos, britânicos, americanos e dinamarqueses, com rotas de ida e volta para a América do Norte, Central e do Sul, Austrália, etc.
SUD-EXPRESSO – Lançado em 1887 de Paris a Lisboa, pela Grande Companhia dos Expressos Europeus foi a primeira linha de expressos. O percurso foi alargado a Londres para satisfazer a procura de viajantes ingleses desejosos de experimentar novas ligações. Este fluxo seguia de comboio até aos portos de Harwich ou Dover, embarcando de ferry para Le Havre, e depois de comboio para Paris-Austerlitz, de onde partia o Sud Express para Lisboa. A inesperada procura levou o autor dos expressos europeus a combinar com os caminhos de ferro e linhas de ferries britânicos a extensão da linha mista de Londres a Paris, enquanto a empresa desistia do desvio a Madrid.
RAMO BELGA – A criação em 1872 dos expressos europeus deve-se ao belga George Nagelmackers, após a sua invenção de carruagens-cama e carruagem-restaurante nos comboios de longo curso. A rede nunca chegou a operar na totalidade, devido a casos políticos, pois previa o Nord-Express Paris-Moscovo, o Expresso do Oriente Paris-Istambul, e o Sud-Express, Paris-Madrid-Lisboa. Lisboa recebia, além do Sud-Express, os navios do Norte da Europa à América do Sul, cujos passageiros ficavam maravilhados pelos encantos turísticos da cidade e do Tejo, ao que se juntaram viajantes do Sud-Express, que descobriram a versatilidade das viagens combinadas. O Sud-Express teve extensão efémera ao Estoril, refúgio da aristocracia europeia após a guerra 1939-45, quando a linha esteve interrompida. Hoje, o Sud-Express usa o TGV Atlantique entre Paris e Hendaye, e o material da Renfe e CP entre Irun e Santa Apolónia, o novo terminal de cruzeiros no porto de Lisboa. Já não há paquetes na rota da América do Sul, mas cruzeiros nessa e noutras rotas.
PLANEAMENTO – Foi lançado na BTL o livro Planeamento e Desenvolvimento Turístico, coordenado pelos profs. Jorge Umbelino e Francisco Silva, com textos de 48 docentes e investigadores da área do Turismo. Uma edição Lidel que recomendo.