“Existe uma escassez de recursos humanos qualificados no Turismo”
O Fórum Turismo 2.1., realizado na AESE – Business School, em Lisboa, serviu para discutir os problemas do emprego no sector do Turismo. Há escassez de recursos humanos, exigem-se competências a mais, mas as necessidades crescem, tal como a indústria em Portugal. O Governo, o Turismo de Portugal, entre outras entidades públicas, discutiram o assunto.
Ângelo Delgado
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O Fórum Turismo 2.1., realizado na AESE – Business School, em Lisboa, serviu para discutir os problemas do emprego no sector do Turismo. Há escassez de recursos humanos, exigem-se competências a mais, mas as necessidades crescem, tal como a indústria em Portugal. O Governo, o Turismo de Portugal, entre outras entidades públicas, discutiram o assunto.
“Para trabalharmos na área do Turismo devemos ser criativos, inovadores, sermos dotados de pensamento estratégico, polivalentes, flexíveis, dominar várias línguas estrangeiras e as ferramentas do digital, e ainda ter total conhecimento das diferentes técnicas comerciais”. Foi com este rol de características exigidas por alguns empregadores no sector que se deu o pontapé de saída no Fórum Turismo 2.1., realizado no passado dia 10 de Fevereiro, na AESE – Business School, em Lisboa.
A autoria da frase foi de Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, que aproveitou o momento para lembrar que “o mercado de trabalho ligado ao sector turístico terá grandes dificuldades em encontrar recursos humanos com todas estas valências”, porém, acrescentou, “trata-se de uma indústria de enorme importância para a economia do País”. “O mercado tem de conseguir absorver os jovens que estão disponíveis, já que estamos perante uma situação de escassez de recursos humanos”, alertou. Em total contra-ponto com as características pedidas pelos patrões, surgiu um dado estatístico apresentado pelo Turismo de Portugal. “Cerca de 50% da população empregada em alojamento e restauração possui apenas instrução até ao nível básico, o que é manifestamente pouco”, revelou Elisabete Mendes, do departamento de Gestão Pedagógica e Certificação do Turismo de Portugal.
Dona da palavra novamente, a secretária de Estado do Turismo criticou os problemas existentes neste universo. “É público o problema existente com os vínculos laborais no Turismo, sendo que se trata de uma das áreas com mais carências relativamente a este assunto. Os recursos humanos devem ser mais valorizados pelas suas organizações”, acrescentou, sob o olhar atento de patrões, directores de hotéis, empresários ligados ao ramo e… da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Dina Lopes, Inspectora do Trabalho da ACT, foi uma das oradoras presentes na escola. Durante a sua apresentação, frisou que, “no Turismo”, área onde desenvolve parte da sua actividade, “existe uma utilização abusiva de alguns vínculos contratuais, nomeadamente no que diz respeito aos colaboradores ligados a empresas de trabalho temporário, com extensões de contrato acima dos dois anos permitidos, e dos estágios”. A inspectora recordou ainda que “as obrigações laborais na saúde e segurança no trabalho são várias vezes negligenciadas”.
Emprego: principais problemas Apesar de ter começado por recordar que as habilitações de quem trabalha no sector do Turismo não ultrapassa, em média, o nível básico, Elisabete Mendes, do Turismo de Portugal, apresentou mais alguns números que serviram e servirão de reflexão para quem “respira” Turismo. “Entre 2005 e 2015, o emprego no sector apresentou um crescimento médio anual de 0,4%, contra os 1,2% registado no conjunto da Economia”. Ainda no mesmo comprimento de onda, a responsável revelou que “novamente em relação ao conjunto da economia, o rendimento médio anual de um trabalhador na hotelaria e restauração é cerca de 40% mais baixo”. Ainda que os números apresentados mostrem uma realidade pouco colorida, estudos realizados pelo Turismo de Portugal dizem que há procura por profissionais qualificados, já que o Turismo gera emprego. “Nos últimos anos, a taxa de inserção profissional dos ex-alunos das escolas de Turismo tem vindo a aumentar, sendo que 74% dos ex-alunos empregados referiram que a formação foi decisiva na obtenção de emprego”.
Para Elisabete Mendes, “ainda que os indicadores macro da procura turística sejam positivos, esta realidade ainda não alcançou o impacto desejável no emprego e no rendimento das pessoas que trabalham nas actividades mais directamente ligados ao Turismo”. A responsável pelo Turismo de Portugal finalizou a sua intervenção dizendo que “à escassez de recursos humanos qualificados, deve haver uma maior articulação entre os agentes da formação e os empresários para uma melhor integração no mundo profissional”.