
Patricia Afonso
A TAP e o SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil não chegaram a acordo durante as negociações levadas a cabo na passada semana e que terminaram às 24h00 de sexta-feira. Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, Fernando Pinto, presidente da companhia, negou as acusações de “intransigência” feitas pelo sindicato e afirmou que a TAP foi mais além do que devias nas conversações, que, mesmo assim, falharam.
O presidente da companhia portuguesa explicou que passou toda a última semana reunido com pilotos, num total de 450 dos cerca de mil que a TAP emprega, a quem quis passar informações “reais” e “exactas” sobre as negociações e acordos que o SPAC acusa a TAP e Governo de terem quebrado. O responsável acredita ter sensibilizado alguns dos profissionais para a delicada situação que a companhia atravessa, depois dos prejuízos do ano passado e de se encontrar em processo de privatização, e já teve a confirmação de alguns pilotos que vão apresentar-se ao serviço independentemente dos serviços mínimos obrigatórios. Fernando Pinto não soube, no entanto, avançar a percentagem dos profissionais que voará, dizendo que a decisão é “individual”.
Como já havia referido, o presidente explicou que todos os pontos e mais alguns entretanto acrescentados foram debatidos e aceites nas reuniões com o SPAC, até que o sindicato decidiu pôr em cima da mesa de negociações o direito a 10 a 20% do capital da TAP, segundo um acordo de 1999, e as diuturnidades, questão que a companhia não tem como resolver devido legalmente.
O presidente da companhia explicou ainda que a TAP terá um impacto financeiro de 70 milhões de euros, cerca de cinco a seis milhões de euros por dia, com a greve dos pilotos, mas que esses efeitos já se começaram a sentir, com a transportadora a perder um milhão de euros por dia desde o anúncio da greve.
Sobre as opções que estão a dar aos passageiros, Fernando Pinto disse que a “tendência” mundial é a entrega de um voucher para que o viajante possa reagendar a sua passagem e que a TAP deverá seguir essa linha. A transportadora está, agora, focada na reprogramação dos voos, que terá em conta os serviços mínimos obrigatórios decretados também esta segunda-feira [ler aqui].
Sobre o decreto dos serviços mínimos do Tribunal Arbitral, a TAP, pela voz do director de comunicação, António Monteiro, usou a palavra “desilusão” para demonstrar a sua posição, que justificou dizendo que esperava mais dada a duração da greve, a Diáspora Portuguesa e as rotas que são unicamente servidas pela TAP à saída de Portugal, como o caso da Venezuela.