Proibição da Ryanair é “má política” da empresa
A low cost irlandesa proibiu a venda dos seus bilhetes em algumas agências virtuais. Por cá, tal decisão não nos afecta directamente, mas alguns responsáveis consideram que esta é uma má política da transportadoraNo início deste mês, a Ryanair voltou a ser notícia depois de ter bloqueado as vendas dos seus bilhetes a várias agências… Continue reading Proibição da Ryanair é “má política” da empresa
Joana Barros
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A low cost irlandesa proibiu a venda dos seus bilhetes em algumas agências virtuais. Por cá, tal decisão não nos afecta directamente, mas alguns responsáveis consideram que esta é uma má política da transportadoraNo início deste mês, a Ryanair voltou a ser notícia depois de ter bloqueado as vendas dos seus bilhetes a várias agências de viagem online. Lastminute.com, Global Holidays, Flights Direct e Ebookers foram os visados.
A low cost irlandesa justifica a decisão com o argumento de ser mais justo para os clientes. “Nós queremos que os passageiros comprem connosco, porque connosco é muito mais barato”, explica Maribel Rodríguez, directora comercial da Ryanair para Portugal, que defende ainda que ao seguir à regra este princípio está a aproximar o consumidor da empresa.
“Somos a companhia com os preços mais baixos, por isso não queremos que eles comprem tarifas mais altas e com as agências fica muito mais caro”, acrescenta a responsável da companhia de baixo custo irlandesa. Maribel Rodríguez sublinha ainda que este problema não afectou apenas Espanha, mas toda a Europa. “Isto é uma situação geral, não é só em Espanha”.
“Nós não trabalhamos com nenhum intermediário, nem com agências virtuais nem físicas”, reforça a directora comercial antes de deixar um recado aos passageiros que queiram voar com a Ryanair: “A mensagem que queremos passar aos consumidores é que se querem fazer uma reserva, o melhor é fazê-lo com a Ryanair. As agências estão a carregar os preços que nós pomos no mercado”.
Terceiro no Porto, 13º em Faro
Por cá, as nossas agências de viagens são livres de vender os bilhetes das companhias aéreas. No entanto, ao preço do bilhete, tem de se adicionar as tradicionais taxas de aeroporto e de bagagem.
Quer isto dizer que, a título de exemplo, uma reserva que comece nos 30 euros pode ter um preço final que ronde os 70 euros. Falta ainda juntar a estas contas as taxas da própria agência, que dependendo dos casos pode ir dos 20 aos 30 euros. Mas a decisão da low cost irlandesa parece não causar celeuma entre os responsáveis portugueses. É o caso de João Passos, presidente da APAVT, que desvaloriza a questão: “Se a Ryanair proibisse a venda em Portugal não vejo que venha mal ao mundo, porque a percentagem de agentes de viagens que vendem Ryanair é ínfima”.
Caso esta situação se passasse em Portugal, João Passos admite que não era caso para dar muitas dores de cabeça. “Não me preocupa, mas é uma má política da Ryanair quanto a mim”, sublinha o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo.
Decisão não favorece destinos
Em Portugal, a Ryanair tem como destinos o aeroportos do Porto e de Faro, sendo que a sua presença tem mais peso no destino nortenho. Segundo dados cedidos pela ANA, Aeroportos de Portugal, só em 2006, a low cost efectuou 3.305 movimentos no aeroporto Sá Carneiro, ou seja, mais sete por cento do que em 2005, ano em que foram efectuados 1.487 movimentos.
Em Faro os movimentos da Ryanair ficaram-se pelos 917, mais 2,4 por cento do que em 2005, altura em que foram registados 208 movimentos. A transportadora começou a operar para este aeroporto algarvio em Março de 2003.
Quanto as passageiros, os números mais optimistas também vêm do Porto, onde foram transportadas 521.475 pessoas. Este número traduz um aumento de 15,3 por cento relativamente a 2005 – altura em que foram transportados 234.327 passageiros – e coloca a Ryanair na terceira posição das companhias aéreas que mais clientes transportaram neste aeroporto, ficando atrás da TAP e da Portugália.
Em Faro, números de 2006 indicam que a low cost transportou 137.320 passageiros, mais 2,7 por cento do que em 2005, ano em que a Ryanair foi responsável por transportar 22.750 pessoas. Estes valores colocam a companhia aérea irlandesa na 13ª posição das que mais pessoas transportaram.
E no total qual o peso destes aeroportos? No cômputo geral, dos 237.178 movimentos registados em todos os aeroportos (com excepção do da Madeira), 47.067 foram efectuados no Porto, enquanto que 37.431 foram registados em Faro. Mas quando o assunto é o número de passageiros transportados em 2006, o aeroporto de Faro surge em segundo lugar (a seguir ao aeroporto de Lisboa) com 5.089.617 clientes transportados, seguindo-se o aeroporto Francisco Sá Carneiro com 3.402.816 pessoas transportadas. No total, passaram pelos aeroportos portugueses (excluindo o do Funchal), 22.047.946 pessoas, em 2006.
Jorge Osório defende liberdade
De volta a João Passos, o presidente da APAVT aproveita para reforçar a ideia de que esta foi uma “má política” da transportadora e explica porquê: “Há low cost que se estão a aproximar cada vez mais dos agentes de viagens e só temos é de nos aproximar”.
Mas Maribel Rodríguez não teme que a decisão afecte a imagem da empresa. “Pelo contrário, temos de considerar que o nosso passageiro está a pagar o que custa o voo”, solta a directora comercial. “Estamos a defender que o passageiro tem direito a voar com as tarifas mais baratas”, remata.
Jorge Osório, presidente da Adeturn – Turismo do Norte de Portugal, desvaloriza esta questão, mas acaba por levantar mais dúvidas: “Não sei qual é o enquadramento legal desta proibição, porque à partida as agências são livres de vender todos os produtos turísticos”.
O responsável da Adeturn, defende ainda que apesar desta ser uma “questão comercial da empresa, não facilita o destino”. “Quanto mais liberdade de venda houver, mais operadores e parceiros melhor para o destino”, justifica.
No entanto, a última palavra é sempre do cliente. “Isto também tem a ver com o cliente que hoje em dia é um consumidor elucidado. As pessoas sabem o que pagam e os pagamentos via net estão cada vez mais facilitados”, defende Jorge Osório.
O Publituris tentou ainda contactar Hélder Martins, presidente da Região de Turismo do Algarve, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.