Mercado das Viagens disposta a discutir com o setor a falta de rentabilidade das pequenas e médias agências de viagens
O Mercado das Viagens, que reuniu este fim de semana, em Lagos, Algarve, a sua VI Convenção, revelou aos jornalistas que as pequenas e médias agências de viagens estão a perder cada vez mais rentabilidade devido às sucessivas campanhas de preços por parte dos operadores turísticos, por isso, a necessidade de encontrar soluções, reunindo todos os payers da área de distribuição turística.

Carolina Morgado
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A rentabilidade de uma rede de agência de viagens como o Mercado das Viagens preocupa os seus responsáveis, dada às sucessivas campanhas no mercado por parte dos operadores turísticos ao longo do ano, num mercado pequeno como é o português. “Compreendemos o lado dos operadores, mas temos que nos sentar à mesa para encontrar soluções que dignifiquem a nossa profissão”, disse Adriano Portugal, diretor geral da rede, avançando que “não são as campanhas de vendas antecipadas que nos preocupam, são as black friday, os blue monday e outros que tais, e ainda vamos ter a BTL, uma feira vendas de viagens, com campanhas mais agressivas, o que quer dizer que, quando começamos a verificar margens de rentabilidade de 4 ou 5%, das duas uma, ou não sabemos fazer contas, ou é perigosíssimo”.
Adriano Portugal reforçou ainda que, “compreendemos que os grandes grupos, principalmente, os afetos a fundos de investimentos, trabalhem para números e não para a rentabilidade, mas é preocupante no sentido de termos de saber procurar se é isso que nos interessa, ou tentar encontrar soluções que nos tragam rentabilidade”, tendo dito que “já há operadores que se manifestaram a favor dessa atitude”.
Nuno Pereira, um dos administradores da rede interrogou, porque é que trabalhamos para a venda antecipada, se o cliente vai esperar cada vez mais pelo last minute? Isto porque a campanha que vem a seguir é sempre melhor do que a anterior”.
Também Adriano Portugal lembra que “andamos anos a educar o cliente para comprar antecipadamente, em que toda a gente ganhava: o operador que conseguia escoar o seu produto; a agência de viagens ganhava o seu dinheiro com antecedência e podia gerir melhor o seu negócio; e o cliente tinha o melhor preço e melhores opções de escolha. Com isto, estamos a provocar que o cliente comece outra vez a adquirir os maus hábitos de antigamente, e ficar à espera da campanha de última hora, o que não dignifica o mercado”.
Uma dessas soluções passam muito pelo tailor made “que nos pode trazer maior rentabilidade, mas para isso, é preciso que quem esteja ao balcão esteja apetrechado com conhecimento para o fazer. Temos de encontrar as plataformas necessárias que nos permitam oferecer este serviço, e a IA pode ser um grande aliado”, apontou, avançando que “se não houver boa vontade por parte dos payers em ajudar os agentes de viagens, é complicado”.
O Mercado das Viagens acredita que, muitas das vezes a própria legislação acaba por ser um entrave a decisões que a APAVT tem tomado, mas está convicta que a Associação “tem de se sentar à mesa com as bases por forma a ouvir as necessidades das agências de viagens e não esquecer que a maior parte delas são micro e pequenas empresas”, defenderam.
Daí, sem afrontar a operação dos operadores turísticos, com quem a rede mantém e quer continuar a ter relações privilegiadas, muitos dos quais considerados até preferenciais, tem incentivado as suas agências de viagens a optar por outras alternativas, que passam, nomeadamente pelo produto à medida. Neste caso, além de te promover, ao longo do ano, ações de formação de destinos, especialmente os de longo curso, para que “não se limitem a vender o produto do operador”, realçaram os administradores do Mercado das Viagens, tendo o seu diretor geral especificado que “estamos a tentar apetrechar as nossas agências de viagens com conhecimentos para fazer o tailormade, onde vai buscar maior rentabilidade”.
Aliás, segundo Carlos Silva, um dos administradores da rede, “já conseguimos medir pelo nosso barómetro interno do volume da aviação, e porque a rede trabalha muito residualmente com o corporate, que o tailormade está a crescer nas nossas agências”, avançando que as próprias plataformas bed banks começam a ter mecanismos que nos permitem vender para além do hotel, mas circuitos, entradas em espetáculos, concertos ou para assistir a jogos de futebol, bem como a um conjunto de outras experiências”, para resumir que “são mais valias que estamos a ter”.
Neste contexto, há ainda a salientar, que o Mercado das Viagens criou, ao longo de 2024, e a partir de agora, com implementação a 100%, o seu próprio consolidador aéreo, o MVAir, dirigido por Mónica Mesquita, profissional que esteve sempre ligada à aviação, desde a TAP, Air France e Air Europa, para além de manter, desde a primeira hora, a parceria com a Amadeus, o qual conta também na hora da formação dos agentes de viagens da rede.