Propósito da taxa de entrada em Veneza é um fracasso porque número de turistas aumentou
A introdução da taxa que gere os fluxos turísticos em Veneza é contrariada pelos factos. A cidade recebe cada vez mais turistas, diz o vereador Giovanni Andrea Martini, líder do grupo da lista ‘Cidade inteira junta’, durante uma conferência de imprensa no Palazzo Grazioli, na sede da Associação de Imprensa Estrangeira em Roma.
Carolina Morgado
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Convocado precisamente para falar dos primeiros resultados da contribuição para o acesso a Veneza – cinco euros – introduzida em abril passado a título experimental, o vereador Giovanni Andrea Martini afirmou que “o bilhete para Veneza é um fracasso sensacional. Mais turistas chegam todos os dias”.
Uma medida que, segundo disse, não abranda o turismo de massa, pelo contrário, e que teria sido implementada “para evitar que Veneza fosse colocada na lista negra da UNESCO”. As chegadas registadas, sublinha, “são numericamente superiores às dos anos anteriores”.
“Olhando para os dados disponíveis, só no dia 19 de maio Veneza registou 70 mil inscrições, enquanto no dia 23 de abril do ano passado foram 66 mil e no dia 2 de junho de 2023, feriado nacional, foram 65 mil”, apontou Martini, destacando que a medida serve “apenas para arrecadar dinheiro”.
Como reiterado diversas vezes durante o encontro com a imprensa estrangeira, Veneza representa o emblema da cidade aberta, mas que hoje se encontra “fechada por vontade política de uma administração que com esta medida traz para casa um pouco de dinheiro”. Mas isso não salva, segundo o vereador da oposição, “a alma da cidade”.
A solução para gerir o turismo de massa deve ser de longo prazo. Na conferência de imprensa em Roma, a medida da administração Brugnaro foi contestada pelo vereador: “A cidade está em desordem, é necessária uma solução a longo prazo”.
Poderia-se pensar também – destacou o vereador – num número limitado com reserva gratuita e sem pedido de dados para salvaguarda da privacidade, além do regresso dos residentes permanentes. Isto numa cidade que tem 49 mil cidadãos no centro histórico e que em média duplica o número de turistas que chegam todos os dias.
Defendeu que “se quisermos que a vida da cidade mude, devemos permitir que a cidade mude a sua vida”, para concluir que “devemos superar a desertificação social criada por esta floresta de arrendamentos de curta duração e de habitações públicas que não são atribuídas”.
Refira-se que nos primeiros 11 dias da nova taxa, a cidade italiana arrecadou cerca de 977.430 euros com a venda de 195 mil bilhetes. Mesmo assim, este montante é inferior ao custo de implementação do sistema de reservas, campanhas informativas e verificação de bilhetes, estimado em três milhões de euros.
A medida, inicialmente em fase experimental, será aplicada em 29 dias específicos durante os meses de maio, junho e julho, incluindo fins de semana e feriados.
Após o período experimental, a taxa pode ser aumentada para 10 euros por dia, com multas de até 300 euros para quem tentar visitar a cidade sem bilhete. A eficácia da medida continuará a ser avaliada, mas as críticas indicam que podem ser necessários ajustes significativos para alcançar os objetivos desejados.