Chegadas internacionais de turistas ficaram a 57% do período pré-pandemia no acumulado até julho
Apesar da recuperação de quase 60% dos níveis pré-pandemia até julho, a OMT está preocupada com o impacto da guerra e da inflação, que podem atrasar para 2024 ou mais a recuperação total do setor para níveis de 2019.
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Inês de Matos
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Nos primeiros sete meses de 2022, as chegadas internacionais de turistas praticamente triplicaram face a igual período do ano passado, num crescimento que chegou aos 172% e que, em comparação com igual período de 2019, o que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), significa que o “setor recuperou quase 60% dos níveis pré-pandemia”.
Segundo o último Barómetro Mundial de Turismo, divulgado esta segunda-feira, 26 de setembro, pela OMT, esta recuperação “reflete a forte procura reprimida por viagens internacionais, bem como a flexibilização ou levantamento das restrições de viagem até ao momento”, uma vez que, a 19 de setembro, já existiam 86 países sem restrições relacionadas com a COVID-19.
“O turismo continua a recuperar de forma constante, mas continuam a existir vários desafios, desde geopolíticos a económicos. O setor está a trazer de volta esperança e oportunidades para as pessoas em todo o mundo. Agora também é a hora de repensar o turismo, para onde ele está indo e como isso impacta as pessoas e o planeta”, afirma Zurab Pololikashvili, secretário-geral da OMT.
Nos primeiros sete meses de 2022, a OMT estima que tenham sido mais de 474 milhões os turistas que realizaram viagens internacionais, número que compara com os 175 milhões contabilizados em igual período do ano passado, quando a COVID-19 e as restrições relacionadas com a doença eram ainda um entrave às viagens.
Apenas nos meses de junho e julho, foram contabilizadas 207 milhões de chegadas internacionais, número que, indica a OMT, representa mais do dobro do ano passado e 44% de todas as chegadas apuradas nos acumulado desde o início do ano.
“A Europa recebeu 309 milhões dessas chegadas, representando 65% do total”, destaca a OMT, sublinhando que a Europa e o Médio Oriente registaram a recuperação mais rápida no período em análise, com as chegadas a atingirem os 74% e 76% dos níveis de 2019, respetivamente.
No que diz respeito à Europa, a OMT refere ainda que, entre janeiro e julho, o território europeu recebeu três vezes mais chegadas internacionais do que tinha acontecido no ano passado, num crescimento de 190%, o que se justifica pelo facto dos resultados terem sido “impulsionados pela forte procura intra-regional e pelas viagens dos Estados Unidos”.
A OMT diz que a Europa viveu um “verão movimentado”, ficando apenas 21% e 16% abaixo de junho e julho de 2019, respetivamente, tendo as chegadas subido para 85% dos níveis de 2019 em julho.
“O levantamento das restrições de viagem num grande número de destinos também alimentou esses resultados”, acrescenta a OMT, revelando que 44 países na Europa já não tinham restrições relacionadas com a COVID-19, a 19 de setembro de 2022.
Já o Médio Oriente viu as chegadas internacionais aumentarem quase quatro vezes em relação ao ano anterior em janeiro-julho de 2022, num crescimento de 287%, tendo mesmo superado os níveis pré-pandemia em julho em 3%, o que se deveu aos resultados da Arábia Saudita, onde este indicador subiu 121% devido à peregrinação do Hajj.
No continente americano, as chegadas aumentaram 103% e no africano houve uma subida de 171% entre janeiro e julho, ficando a 65% e 60% dos níveis de 2019, respectivamente.
Já na Ásia-Pacífico houve um aumento de 165%, com as chegadas a subirem mais do dobro face aos primeiros sete meses de 2019, ainda que tenham permanecido 86% abaixo dos níveis de 2019, “pois algumas fronteiras permaneceram fechadas para viagens não essenciais”, segundo a OMT.
A OMT destaca que a recuperação do turismo também pode ser vista através do aumento dos gastos dos vários mercados, que tem vindo a subir, com destaque para a França, onde este indicador subiu para -12% em janeiro-julho de 2022 em comparação com 2019, enquanto os gastos da Alemanha subiram para -14%. Os gastos com turismo internacional ficaram em -23% na Itália e -26% nos Estados Unidos.
Tal como os gastos, também o tráfego aéreo internacional de passageiros está a subir e, entre janeiro e julho, aumentou 234%, ficando 45% abaixo dos níveis de 2019, o que traduz uma recuperação de cerca de 70% dos níveis de tráfego pré-pandemia em julho, indica a OMT, citando a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo.
Guerra e inflação geram incerteza na recuperação
Apesar da recuperação dos vários indicadores, a OMT está preocupada com as ameaças à recuperação, a exemplo da escassez de funcionários que levou ao caos nos aeroportos, mas também da guerra na Ucrânia, que, segundo a organização, “representa um grande risco de queda”.
Além disso, “a combinação de taxas de juros crescentes em todas as principais economias, aumento dos preços de energia e alimentos e as perspectivas crescentes de uma recessão global, conforme indicado pelo Banco Mundial, são grandes ameaças à recuperação do turismo internacional até o final de 2022 e 2023”, refere a OMT.
A OMT diz mesmo que o seu último Índice de Confiança já reflete uma “perspectiva mais cautelosa” e que também as reservas mostram que existe preocupação com o futuro, uma vez que estão a mostrar “sinais de crescimento mais lento”.
“As perspectivas para o restante do ano são cautelosamente otimistas”, aponta a organização, revelando que existe um abrandamento dos níveis de confiança, uma vez que 47% dos indivíduos que compõem o Painel de Especialistas da OMT manifesta perspectivas positivas para o período entre setembro e dezembro de 2022, enquanto 24% não espera mudanças específicas e 28% considera que poderia ser pior.
Os especialistas da OMT mostram-se ainda confiantes em 2023, pois 65% acreditam num melhor desempenho do turismo do que em 2022, ainda que a incerteza económica tenha revertido as perspectivas de regresso aos níveis pré-pandemia no curto prazo.
“Cerca de 61% dos especialistas agora veem um potencial retorno das chegadas internacionais aos níveis de 2019 em 2024 ou mais tarde, enquanto aqueles que indicam um retorno aos níveis pré-pandemia em 2023 diminuíram (27%) em comparação com a pesquisa de maio (48%)”, indica a OMT.
A conjuntura económica continua a ser o principal motivo da incerteza, uma vez que a subida da inflação, assim como dos preços da energia têm levado ao aumento dos preços dos transportes e alojamento, “ao mesmo tempo que pressionam o poder de compra e a poupança dos consumidores”.