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OMT: Turismo recupera em janeiro mas espera maior incerteza por causa da guerra na Ucrânia
Segundo a OMT, em janeiro, houve mais 18 milhões de turistas a viajar do que em janeiro de 2021, o que equivale ao crescimento registado ao longo de todo o ano passado. Por isso, a preocupação agora é com o impacto económico da guerra na Ucrânia.
Inês de Matos
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As chegada de turistas internacionais mais do que duplicaram em janeiro a nível global e registaram um aumento de 130% face a igual mês de 2021, indicam os mais recentes dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), que alerta, no entanto, para a ameaça da guerra na Ucrânia, que vem aumentar as incertezas relativamente à recuperação do setor.
Segundo a OMT, cujos dados relativos a janeiro foram divulgado esta sexta-feira, 25 de março, em janeiro, houve mais 18 milhões de turistas a viajar do que tinha sido registado em janeiro de 2021, quando grande parte do mundo voltou a viver em confinamento devido à COVID-19, o que equivale ao crescimento registado ao longo de todo o ano passado.
Apesar do bom desempenho em janeiro, a OMT realça que “o ritmo de recuperação em janeiro foi impactado pelo surgimento da variante Ómicron e pela reintrodução de restrições de viagem em vários destinos”.
Ainda assim, o crescimento registado não foi suficiente para ultrapassar os níveis de 2019, com a OMT a sublinhar que, “após o declínio de 71% em 2021, as chegadas internacionais em janeiro de 2022 permaneceram 67% abaixo dos níveis pré-pandemia”.
Por regiões, foi na Europa e Américas que se registou o desempenho “mais forte”, ainda que todas as regiões tenham evidenciado “uma recuperação significativa em janeiro de 2022, apesar dos níveis baixos registrados no início de 2021”.
No caso da Europa, as chegadas de turistas internacionais aumentaram 199%, enquanto nas Américas houve um aumento de 97%, ainda que, face a 2019, se continuem a observar quebras de 53% e 52%, respetivamente.
Já no Médio Oriente, as chegadas internacionais aumentaram 89% e, em África, a subida foi de 51%, mas também nestas regiões se continua a observar um desempenho mais fraco que em 2019, uma vez que ainda há quebras de 63% e 69%, respetivamente.
Na Ásia e no Pacífico, a situação também não foi muito diferente e, apesar da subida de 44% nas chegadas internacionais de janeiro, continua a existir uma quebra de 93% face aos níveis pré-pandemia, o que, indica a OMT, está relacionado com o facto de muitos destinos nestas regiões permanecerem ainda encerrados às viagens não essenciais devido à COVID-19.
Os resultados de janeiro deixam animada a OMT, que diz esperar que “o turismo internacional continue sua recuperação gradual em 2022”, até porque o número de destinos que está a levantar as restrições adotadas na sequência da COVID-19 está a diminuir.
“A 24 de março, 12 destinos não tinham restrições relacionadas com a COVID-19 e um número crescente de destinos estava a diminuir ou a suspender as restrições de viagem, o que contribui para desencadear a procura reprimida”, considera a OMT, que se mostra, no entanto, preocupada com o impacto da guerra na Ucrânia na atividade turística mundial.
Para a OMT, a guerra na Ucrânia “apresenta novos desafios ao ambiente económico global e corre o risco de dificultar o regresso da confiança nas viagens globais”, principalmente devido aos mercados dos EUA e asiático, que já estavam a retomar as viagens para a Europa, mas que, com o conflito militar, podem retrair a procura, uma vez que são mercados “historicamente mais avessos ao risco”.
Além do risco, a OMT considera que a guerra decorrente da invasão russa à Ucrânia é uma ameaça à recuperação turística devido ao encerramento do espaço aéreo ucraniano e russo, bem como à proibição de companhias aéreas russas na Europa, o que “está a afetar as viagens intraeuropeias”.
A guerra está também a provocar desvios nos voos de longo curso entre a Europa e o Leste asiático, o que, segundo a OMT, “se traduz em voos mais longos e custos mais altos”, que podem desmotivar algumas viagens, num problema que se deverá agravar à medida que o conflito militar se venha a arrastar.
“A Rússia e a Ucrânia foram responsáveis por um total combinado de 3% dos gastos globais em turismo internacional em 2020 e pelo menos 14 mil milhões de dólares em receitas globais de turismo podem ser perdidos se o conflito for prolongado”, indica a OMT, lembrando que “a importância de ambos os mercados é significativa para os países vizinhos, mas também para os destinos europeus de sol e mar”.
“O mercado russo também ganhou peso significativo durante a pandemia para destinos de longo curso como Maldivas, Seychelles ou Sri Lanka. Como destinos, a Rússia e a Ucrânia representaram 4% de todas as chegadas internacionais na Europa, mas apenas 1% das receitas de turismo internacional da Europa em 2020”, acrescenta a OMT.
Apesar de considerar que é cedo para saber se a guerra na Ucrânia vai ter um impacto real, a OMT admite que, na primeira semana após a invasão, houve uma desaceleração da procura de viagens, ainda que no início de março já se tenha registado uma recuperação.
O problema é, contudo, ao nível da degradação das condições económicas, que segundo a OMT já eram “desafiadoras”, o que pode contribuir para “minar a confiança do consumidor e aumentar a incerteza do investimento”.
“A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o crescimento económico global pode ser mais de 1% menor este ano do que o projetado anteriormente, enquanto a inflação, já alta no início do ano, pode ser de pelo menos mais 2,5%”, alerta a OMT, que dá como exemplo os recentes aumentos do preço do petróleo e da inflação como variáveis que podem levar ao aumento dos preços do alojamento e transporte turístico, o que vai trazer uma “pressão extra sobre as empresas, poder de compra e economia do consumidor”.
“Esta previsão está alinhada com a análise sobre as potenciais consequências do conflito na recuperação e crescimento económico global da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que também baixou sua projeção para o crescimento económico mundial em 2022 de 3,6% para 2,6% e alertou que os países em desenvolvimento serão os mais vulneráveis à desaceleração”, conclui a OMT.