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Análise

Turismo de Portugal recorda ao setor os vários instrumentos de apoio disponíveis

O Turismo de Portugal, em informação publicada no seu site oficial, recorda ao setor os vários instrumentos de apoio que estão ainda disponíveis.

Carolina Morgado
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Turismo de Portugal recorda ao setor os vários instrumentos de apoio disponíveis

O Turismo de Portugal, em informação publicada no seu site oficial, recorda ao setor os vários instrumentos de apoio que estão ainda disponíveis.

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O Turismo de Portugal acaba de publicar no seu site oficial uma informação detalhada sobre os vários instrumentos de financiamento que apoiam o turismo disponibilizados pelo Banco Português de Fomento (BPF).

A informação recorda ao setor as dotações financeiras de cada um dos instrumentos de apoio, bem como a sua data de vigência.

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​O Banco Português de Fomento (BPF) lançou já em 2022 dois instrumentos de capital no âmbito do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), no seu conjunto com uma dotação de 650 milhões de euros, “com o objetivo de aumentar a resiliência financeira das empresas nacionais, cujo problema de subcapitalização estrutural foi ampliado pela pandemia”.

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Disponível está também o Programa Consolidar que, com uma dotação de 250 milhões de euros destina-se a apoiar a subscrição de fundos de capital de risco para investimento em PME e Mid Caps afetadas pela pandemia de Covid-19, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação, “de modo a promover o crescimento, expansão e consolidação de projetos empresariais, bem como o desenvolvimento de novas áreas de negócio e novos produtos”, destaca o Turismo de Portugal.

Por sua vez, o Programa de Recapitalização Estratégica tem uma dotação de 400 milhões de euros para estimular o crescimento sustentável de longo prazo da economia e reduzir o défice estrutural de capitalização de empresas nacionais estratégicas viáveis que tenham sido afetadas pela pandemia de Covid-19, colmatando a delapidação de capitais próprios e acelerando a dupla transição ecológica e digital.

Para além destes, destaca-se, ainda, um conjunto de instrumentos de garantia, lançados durante os anos de 2020 e 2021 e que se encontram em vigor em 2022, com diversos limites de prazo.

A Linha de Apoio ao Turismo 2021, a decorrer até dezembro de 2022, “é um instrumento de garantia dedicado ao setor que pretende alargar o leque de soluções atualmente oferecidas para apoiar a retoma sustentável do Turismo. Com uma dotação global de 150 milhões de euros, dispõe de três linhas específicas: Fundo Maneio, Investimento e Garantias Bancárias.

O turismo pode contar ainda com a RETOMAR – Linha de Apoio à Recuperação Económica, instrumento de garantia pública que pretende apoiar a reestruturação de empresas com créditos em moratória. Dirigida a empresas dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19, tem uma dotação de mil milhões de euros. O prazo para a contratação das operações junto das instituições bancárias está fixado em 30 de junho de 2022.

Adicionalmente, segundo a nota do Turismo de Portugal, foram prorrogados os prazos de vigência e contratação de operações no âmbito de diversas Linhas de Apoio à Economia Covid-19, que se traduzem em empréstimos bancários exclusivamente para o financiamento das necessidades de tesouraria.

De entre esses programas contam-se apoios às Agências de Viagens e Operadores Turísticos, até 31 de março de 2022. Com uma dotação de 100 milhões de euros, destina-se ao reembolso dos valores recebidos para viagens organizadas que não foram efetuadas ou foram canceladas por facto imputável à pandemia da Covid-19; e às Médias Empresas, Small Mid Caps e Mid Caps, até 30 de junho de 2022. Com uma dotação de 400 milhões de euros, destina-se a apoiar a recuperação das empresas mais afetadas pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Com uma dotação de mil milhões de euros e destinando-se a apoiar a recuperação das empresas mais afetadas pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, a linha destinada às Micro e Pequenas Empresas, terá duração até 30 de junho deste ano, enquanto para as Médias e Grandes Empresas do Turismo, há uma dotação de 300 milhões de euros para apoiar o emprego e a manutenção dos postos de trabalho no setor do turismo, com vigência até 30 de junho de 2022.

 

Sobre o autorCarolina Morgado

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“A ligação do azeite ao turismo é algo perfeitamente natural”

Tal como o vinho, o setor do azeite pretende afirmar-se como um novo produto turístico em Portugal. Para Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), o sucesso do Olivoturismo passa pelo trabalho conjunto de produtores, entidades, hotelaria, restauração e municípios. Em 2025 iniciar-se-á um projeto, com duração de 24 meses, para o desenvolvimento deste “novo” produto turístico que “tem um futuro muito promissor”.

Victor Jorge

Segundo dados da Pordata, com base nas Estatísticas da Produção Vegetal do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal possuía, em 2023, mais de 380 mil hectares de olival. Já de vinha, para a produção de vinho, Portugal possuía, segundo a mesma fonte e no mesmo ano, pouco mais de 173 mil hectares.

O Enoturismo é considerado um dos produtos turísticos com maior potencial em Portugal e, nos muitos fóruns, destacado como valor acrescentando na oferta e diversificação do turismo em Portugal.

O Olivoturismo ou Oleoturismo – não existindo ainda uma definição quanto ao nome a utilizar – ainda não possui o mesmo estatuto, embora exista quem afirme que o potencial está cá. Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), acredita que está na hora de afirmar o azeite como um produto turístico e vê no Enoturismo um exemplo a seguir.

Portugal apresenta-se na Europa e no mundo como um dos principais produtores de azeite. Essa realidade é aproveitada a nível do turismo?
Não tem sido, mas achamos que está a começar e o CEPAAL (Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo) está a dar alguns passos importantes nesse sentido. De facto, Portugal sempre produziu azeite de grande qualidade. Nos últimos anos, houve um grande incremento na produção, o que fez de Portugal um player muito importante a nível mundial.

Quando se fala deste setor – azeite – ligado ao turismo, que perceção existe?
É uma ligação muito primitiva, nova, que está a nascer. Achamos que temos alguma responsabilidade e tenho a certeza que começa a verificar-se alguma cadência.

Ao nível da produção, que lugar ocupa Portugal no ranking mundial?
Quinto, sexto, sétimo. As produções vão variando. Há países com anos piores e nós subimos, há anos em que não corre tão bem em Portugal e somos ultrapassados, mas ocupamos sempres esses lugares. Contudo, com tendência de crescimento, ao contrário de outros países.

Portugal é o país que está a crescer mais em termos mundiais e a qualidade, embora sempre com azeites muitos bons, está cada vez melhor, uma vez que as práticas nos lagares se têm modernizado.

Mas voltando à pergunta inicial, de facto, ainda não ligámos muito esse sucesso do setor, em termos agrícolas ao turismo. Achamos que é importante, porque a ligação do azeite ao turismo é algo perfeitamente natural.

Um produto nacional
Esta entrevista é feita no Alentejo, mas poderia ser feita noutra região com produção de azeite. Fazendo uma comparação, quantitativa e qualitativa, com o universo do vinho, este é um exemplo que deve ser seguido pelo azeite?
É, não há dúvida. Aprendemos muito com o vinho e até temos uma vantagem, uma vez que se trata de um setor que está muito mais adiantado que o nosso. Por isso, o setor do azeite só tem de aprender com os erros que o vinho cometeu e não cometer os mesmos.

Mas há um aspeto em que tem razão, o percurso é muito idêntico e as regiões onde se produz vinho de excelente qualidade são as mesmas onde se produz azeite da mesma excelência. Falo de Trás-os-Montes, das Beiras, do Ribatejo, do Alentejo e até mesmo do Algarve.

Mas existe, de facto, essa ligação à terra, ao património, às tradições, ao modo de fazer o vinho, aos novos lagares, aos lagares antigos. É um mundo que temos de mostrar e valorizar.

 

Qualquer lagar novo é feito para ser mostrado, têm a intervenção de arquitectos famosos ou menos famosos, mas já são mais do que simples lagares

 

Mas para começar a ter essa preocupação a nível de promoção interna e externa, há que partir de uma base. Para começar é Oleoturismo ou Olivoturismo?
Essa é uma boa pergunta, porque é uma dúvida que existe no próprio setor. Diria que nós, o setor, ainda não fixámos qual é a denominação. Aqueles mais ligados ao azeite, à produção de azeite, gostam mais da expressão Oleoturismo, até porque é a expressão utilizada por outros países como Grécia, Itália ou Espanha que têm este produto turístico muito desenvolvido.

A tendência é para que, de facto, se utilize a mesma denominação em Portugal, embora reconheça que existe também a expressão Olivoturismo que parece ter mais a ver com o olival. Mas seja com Oleoturismo ou Olivoturismo, o que pretendemos fazer é mostrar tudo o que está relacionado com o azeite, desde o olival, aos lagares, às garrafas, à produção, à colheita, à prova, à história.

Mas convém existir uma padronização do termo?
Claro que sim. Dir-lhe-ia que as minhas dúvidas são o sinal de que estamos, de facto, no princípio de todo este processo. É evidente que já há muitos produtores de azeite em Portugal, no Alentejo, em Trás-os-Montes, que já fazem Oleoturismo ou Olivoturismo, que recebem turistas, que fazem provas de azeite, com visitas aos lagares e olivais.

O que queremos é uma multiplicação desse tipo de iniciativas e, no fundo, a criação de um verdadeiro produto turístico que passe a ombrear com o Enoturismo, setor que está ao nosso lado e do qual gostamos de copiar os bons exemplos.

O CEPAAL nasceu em 1999 e tem como objetivo valorizar e promover o azeite do Alentejo dentro e fora de Portugal. Essa promoção passa somente pela produção ou também tem formas e ferramentas de promover esta atividade a nível turístico?
Diria que até agora a promoção tem sido feita sobretudo em função da produção, do que é o nosso azeite do Alentejo, do que são as nossas marcas. Temos levado e mostrado, em projetos em que dinamizamos o azeite do Alentejo, as nossas marcas lá fora.

Passa, fundamentalmente, por mostrar que existe azeite em Portugal, que existe azeite no Alentejo e que temos estas marcas. Nestes últimos 25 anos, o trabalho tem tido esse foco. Achamos que estamos agora numa nova fase. Vamos iniciar um projeto no sentido de ajudar a criação deste produto turístico que é o Olivoturismo. E aí não é a promoção da marca X ou Y, é a promoção do produto turístico Olivoturismo no Alentejo.

Existe, portanto, uma colaboração ou cooperação com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo (ERT Alentejo)?
Completa. Nesta fase ou neste projeto, é muito com a ERT do Alentejo, numa segunda fase, tenho a certeza absoluta que será também com a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA).

 

O produto turístico tem de ser lançado pelo próprio setor e por variadíssimas razões até hoje ainda não se conseguiu fazê-lo

 

E como é que a ERT Alentejo vê o potencial deste produto para atrair cada vez mais o turismo interno e externo?
O presidente da ERT, José Santos, dizia há algum tempo que é necessário criar novos produtos turísticos. Este é ou pode ser um desses novos produtos turísticos? Sem dúvida. Aliás, quem sou para desdizer o José Santos, pessoa muita amiga do CEPAAL, e com quem falamos há muitos anos sobre a questão do Olivoturismo e com quem já estive em várias conferências a falar sobre este assunto.

O produto turístico tem de ser lançado pelo próprio setor e por variadíssimas razões, até hoje, ainda não se conseguiu fazer. Achamos que este é o momento e a ERT Alentejo está completamente ao nosso lado.

Mas que projeto é e quando tem início?
Pela natureza do projeto, o programa implica só um beneficiário. Portanto, terá de ser o CEPAAL, embora tenhamos a ERT do nosso lado, mas, de facto, necessitamos de algum apoio financeiro para construir este produto turístico. É um projeto que vai ter início em 2025 e terá a duração de 24 meses.

Mas consiste no quê?
A base é a criação do produto, mas para essa criação temos várias iniciativas que passam não só por um evento público para lançar o produto, mas pelo desenvolvimento de uma aplicação que o CEPAAL já tem noutro projeto e que vamos utilizar para telemóveis onde teremos uma rota, através da qual vamos dar a possibilidade aos turistas nacionais ou estrangeiros de criarem a sua própria rota.

Acreditamos que essa aplicação será muito utilizada pelos turistas na procura de locais a visitar, na integração dos produtores, da hotelaria, dos restaurantes, das câmaras, envolvendo o património, que é muito importante.

Mas há uma marca?
Não posso desvendar muito, mas há essa ideia de fazermos uma marca, de termos uma marca registada no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), haver uma marca Rota dos Azeites do Alentejo, por exemplo.

Para isso, têm de estar agregados não só os produtores de azeite, representados por nós, mas eles próprios, o turismo, e depois a própria hotelaria e os restaurantes, as câmaras.

O interesse na e da Rota não passa somente pela visita aos olivais.

E a integração de agentes e operadores está também equacionada?
Obviamente, são eles que vendem o produto turístico. Por isso, serão essenciais.

Ligação gastronómica essencial
E a ligação deste produto à gastronomia?
Essa preocupação tem vindo a ser executada pelo CEPAAL ao longo dos anos. Temos muitas ligações, tivemos vários exemplos com ligações a vários chefs nacionais e estrangeiros. Convidámos há tempos um chef francês – Antoine Westermann -, um chef com três estrelas Michelin, com restaurantes em Paris e em Nova Iorque, que esteve quatro ou cinco dias no Alentejo, levámo-lo a lagares e olivais, ele adorou, mas uma das coisas que mais o impressionou foi, de facto, a comida regional que o deixou completamente siderado com o que comeu com base no azeite.

Voltando à sua pergunta, essa ligação aos chefs, à cozinha, à gastronomia, é fundamental. Estamos a falar de um produto integrado que terá o azeite como chapéu. Estamos a organizar esse produto, de forma que não seja uma coisa feita aqui e acolá, sem qualquer conexão. O objetivo é que exista uma rota, um mapa, que as pessoas saibam exatamente o que podem e onde podem encontrar. Tanto faz que seja em Borba, no Redondo, na Vidigueira, em Aljustrel, Beja ou Serpa. O importante é que o turista saiba que existe, o que existe e onde existe.

E qual tem sido a resposta dos agentes económicos?
A resposta tem sido magnífica e ainda estamos muito no começo.

Não houve nenhuma objeção?
Nenhuma. Sobretudo os produtores, e esses são os primeiros que temos de agarrar, estão perfeitamente alinhados. Numa segunda fase, teremos os hotéis e os restaurantes. Mas primeiro temos de agarrar os produtores, até porque esses são os principais interessados, grandes, médios e pequenos e o entusiasmo é muito grande.

Atualmente, qualquer lagar novo que é feito, sobretudo, no Alentejo, no Baixo Alentejo onde esta questão se tem vindo a desenvolver mais, para ser mostrado, tem a intervenção de arquitectos famosos ou menos famosos, mas já são mais do que simples lagares.

E há essa preocupação de informar os produtores que, para este produto ter sucesso, é preciso, de facto, investir numa boa sala de provas, num circuito, em comunicação, em marketing?
Sim, há bocado perguntou e eu não dei a resposta completa. Uma das ações que vamos ter neste projeto é a elaboração de um caderno de especificações. Ou seja, não é qualquer pessoa, só por levantar o dedo, que diz “eu quero pertencer à Rota dos Azeites do Alentejo” que poderá entrar. Obviamente tem de cumprir condições mínimas.

Ainda não as definimos, mas parece óbvio que um lagar que esteja dentro da Rota tem de ter condições para receber as pessoas, os visitantes, os turistas.

Uma sala grande ou uma sala pequena não é isso que interessa, mas tem de ter condições para a prova do azeite, visualizarem o modo de produção do azeite, os depósitos, etc.. Isso é tudo importante.

Outra questão que queremos ver implementada são as Cartas de Azeite. Se existem Cartas de Vinho, porque não haver Cartas de Azeite? Já fizemos essa experiência, não passou disso mesmo, mas vamos repeti-la, porque o que interessa é que isto seja feito de uma forma consistente por toda a gente e a Carta de Azeites tornar-se algo normal.

Queremos aprender com os erros que alguns setores cometeram e não repeti-los.

No caso dos restaurantes, eles já possuem um menu, muitas vezes com os vinhos incluídos. Por isso, não custa nada acrescentar mais uma página e colocar uma secção com quatro, cinco ou seis azeites.

 

Olhando para um produto turístico que possa ser copiado, o Enoturismo é, claramente, um deles. O setor do azeite só tem de aprender com os erros que o vinho cometeu e não cometer os mesmos

 

Mas este projeto é regional?
É um projeto regional com ambição nacional. Para já, é um projeto regional, porque a linha de financiamento é do Programa Operacional Regional (POR) Alentejo, do Alentejo 2030. Agora, a ambição, obviamente, que é nacional.

E há conversas com outras regiões nesse sentido?
Sim, nomeadamente com os nossos amigos de Trás-os-Montes, mas também outras regiões.

O objetivo é que o Alentejo possa dar um pontapé de saída. Naturalmente que a Rota do Alentejo é do Alentejo, mas não pretendemos reservar o Olivoturismo para o Alentejo. Pelo contrário, o objetivo é trabalhar a nível nacional, só assim é que se entende. É assim que é feito em Itália, que depois tem a Toscânia e outras regiões. É feito em Espanha e há a Estremadura, a Andaluzia e outras regiões.

Uma questão de promoção
Mas há alguma entidade a promover o azeite a nível nacional onde a promoção do Olivoturismo poderá ser englobada? Por exemplo, a Casa do Azeite?
A Casa do Azeite é uma entidade que representa os produtores embaladores de azeite, também faz promoção de azeite e tem âmbito nacional, mas não tem este tipo de pormenor. Há uma entidade constituída, mas ainda não conseguiu exercer a sua função por variadíssimos obstáculos, a Associação Interprofissional da Fileira Olivícola (AIFO), que poderia servir para alavancar este tipo de promoção.

Só para enquadrar, Espanha tem uma entidade deste tipo, e que alavanca muito dinheiro para a promoção dos azeites espanhóis a nível internacional. Portanto, os espanhóis estão em Nova Iorque, no Japão, na Ásia, à custa do dinheiro que essa interprofissional capta da produção, cobra 6 euros por tonelada de azeite produzido e 6 euros por tonelada de azeite comercializado a todos os produtores e comercializadores em Espanha, e com base nesse dinheiro, que é muito, consegue ir a programas da União Europeia, e conseguem multiplicar os 3 ou 4 milhões que têm por mais três.

Nós não temos a nossa AIFO a funcionar e é uma pena porque poderíamos, à nossa escala, se calhar conseguir 3 ou 4 milhões de euros anualmente para fazer só promoção.

Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL) – Foto: Frame It

Isso é possível a curto prazo?
É algo que já dura há 10 anos. Vejo algumas pessoas muito ligadas a essa organização a perder algum ânimo. Há um pormenor jurídico ou formal com os governos, não é com este nem com o anterior, é com os governos, e a coisa ainda não resultou. Pessoalmente, acho que é muito importante.

É uma questão de pressão?
Sim, é uma questão de pressão, é uma questão de convencer quem decide. Eu próprio já falei com o atual ministro, já tivemos essa oportunidade, é uma questão de pressão e é uma questão muito pequenina.

É impossível não fazer a associação ou comparação entre o vinho e o azeite, ou entre o Enoturismo e o Olivoturismo. Até porque alguns produtores de vinho também têm azeite. A ajuda diria que é essa. Nós no CEPAAL, e também podemos falar fora do CEPAAL, temos imensos associados que são simultaneamente produtores de vinho e produtores de azeite.

Por exemplo, temos associados como o Esporão ou a Fundação Eugénio de Almeida que são dois produtores de vinho e de azeite e promovem os dois produtos e os dois turismos. Mas sim, essa associação é muito importante, porque nos dá uma base.

Olhando para um produto turístico que possa ser copiado, o Enoturismo é, claramente, um deles. Agora é afinar o que há a afinar, não cometer alguns erros que foram cometidos e mostrar este novo produto turístico de qualidade e diferenciador ao mundo.

 

Se existem Cartas de Vinho, porque não haver Cartas de Azeite?

 

Olhando para este produto turístico e para os mercados internacionais que Portugal capta no turismo, quais é que veria com interesse pelo Olivoturismo?
Digo-lhe já um: o americano. É um mercado com grande poder de compra, com uma grande apetência para o azeite, para o consumo e para o turismo. É o país que está a crescer mais em consumo, os americanos visitam muito o Alentejo, é um mercado muito interessante para as unidades hoteleiras, para os operadores turísticos e, portanto, achamos que facilmente “agarramos” o mercado americano para o Olivoturismo.

Tal como no vinho poderia verificar-se uma linha crescente entre a visita dos turistas e a exportação do produto? Ou seja, quanto mais “Olivoturistas”, mais a possibilidade de os produtores também exportarem os seus azeites?
É uma operação win-win, ganham todos. Ganham os produtores, porque conseguem mostrar mais a sua marca e vender mais, e ganham com certeza todas as entidades que andam à volta do turismo no Alentejo e a nível nacional. E, claro, o turista que tem à sua disposição um produto diferenciador.

O americano tem, de facto, um maior poder de compra, fica cá mais tempo, já tem uma experiência no Alentejo, já conhece o vinho. Outro mercado muito interessante é o brasileiro, também com um bom poder de compra, alguns já estão estabelecidos em Portugal, e gostam muito de provar o azeite e o vinho.

Nos EUA competimos com todos. Já no Brasil, onde Portugal era dominador, estamos a perder, porque os espanhóis com a tal AIFO espanhola está a fazer campanhas maciças no mercado brasileiro e está a virar o mercado.

Seria muito importante Portugal conseguir manter a sua quota no Brasil e, por aí, também alavancar o Olivoturismo.

Nesta comparação internacional, qual é o mercado/país mais avançado neste produto turístico do Olivoturismo?
Os italianos e os gregos. São os dois mercados que, eventualmente, o fazem há mais tempo. Os espanhóis também, mas começaram há pouco tempo. Os italianos têm “pinta” para estas coisas, tem o labeling das garrafas muito bem desenvolvido, o turismo da Toscânia, aquela paisagem magnífica, e, depois, têm uma grande apetência para o marketing.

Portugal ainda não conseguiu fazer esse marketing gastronómico?
Não, não conseguiu. Pelo menos em comparação com França, Itália ou Espanha.

Não é fácil, mas isso não quer dizer que Portugal não tenha a possibilidade de valorizar os nossos vinhos e os nossos azeites e, por aí, o Enoturismo e Olivoturismo no exterior.

E Portugal aí pode ter um fator extra, porque como é menos conhecido, toda a gente anda à procura de algo novo. Aliado à segurança que o nosso país oferece, temos, de facto, de aproveitar todas essas vantagens para mostrar o que de novo e bom temos.

 

Achamos que facilmente “agarramos” o mercado americano para o Olivoturismo

 

Mas em termos de promoção, há abordagens ao Turismo de Portugal, à Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), a uma Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) para a promoção deste produto turístico?
Ainda não chegámos lá. A parte mais institucional é a relação muito próxima com a ERT do Alentejo. Achamos que é por aí que devemos começar. Numa segunda fase, obviamente, temos de ter a ARPTA, virada para o exterior, e já falámos com o presidente da ERT do Alentejo na relação com o Turismo de Portugal. É tudo por fases.

Há um ranking que destaca os melhores destinos turísticos para o turismo do azeite e aparecem Espanha, Itália, Grécia, Turquia, Albânia, Marrocos, Argentina, e Portugal em 8.º lugar.
Obviamente, quem fez esse estudo olhou para Portugal e verificou que ao nível do Olivoturismo não se passa nada ou passa-se muito pouco. Por isso, só temos um caminho, crescer e melhorar o nosso ranking.

Quanto se produz de azeite em Portugal?
A produção em Portugal muda, como todos mudam, dependendo das campanhas, das alterações climáticas, da safra. Portugal tem vindo nos últimos anos, tendencialmente, a crescer, porque há novos olivais, novos olivais mais produtivos. A produção recorde que temos é de 2021-2022 com 200 mil toneladas de azeite.

Nos últimos dois anos, baixou para 125 mil toneladas e em 2023-2024 subiu para 170 mil toneladas. Na campanha de 2024-2025 poderemos ficar novamente perto das 200 mil toneladas.

E o Olivoturismo é um produto turístico sazonal?
Não. Temos, de facto, construir bem o produto, já que existe uma época especial, de maior interesse, que é a altura da colheita, de levar a azeitona para o lagar e fazer o azeite. Estamos a falar nos três últimos meses do ano. Portanto, outubro, novembro e dezembro. Mais janeiro, eventualmente.

Agora, em todo o resto do ano, não quer dizer que o Olivoturismo pare, porque as árvores estão a “dormir” até fevereiro-março, depois começam a renascer, mas há património para mostrar, há operações no campo para mostrar, e há sempre azeite para provar.

Isso pode ser um fator diferenciador para um produto turístico?
Claro, porque não é fazer a mesma coisa durante todo o ano. E mesmo depois, a partir de janeiro, embora os lagares comecem a fechar, em termos industriais, em termos de operação, não quer dizer que não possam ser visitados.

Claro que um turista não pode perder um dia num lagar, até seria maçador, mas se tiver uma prova de azeite, a visita a um lagar, a seguir vai para uma prova de vinho e, depois, vai almoçar a um restaurante espetacular onde tem novamente o vinho e o azeite, é uma experiência fenomenal.

E se juntar a isso tudo uma oferta hoteleira de qualidade e a hospitalidade portuguesa, é uma fórmula de sucesso.

Como é que vê este produto turístico no futuro?
Só podemos olhar para este produto com otimismo. Às vezes perguntamo-nos como é que o setor, de facto, ainda não pegou neste produto, neste produto turístico há mais tempo. Claro que há pessoas e empresas a desenvolverem atividade com este produto, mas temos de fazê-lo de forma mais organizada.

Por isso, pelo que sentimos do turismo a crescer em Portugal, das ofertas que o turista tem no nosso país e, no pós-pandemia, ver que o turista cada vez vem mais ao interior, só podemos pensar que o Olivoturismo tem um futuro muito promissor.

Sobre o autorVictor Jorge

Victor Jorge

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O turismo tem sido um dos setores mais dinâmicos e resilientes da economia portuguesa, contribuindo significativamente para o PIB nacional, criação de emprego e promoção da identidade cultural do país. Se mundialmente Portugal é (re)conhecido pelas suas principais cidades e pelas paisagens costeiras, as regiões do interior do país também abundam em riqueza natural, cultural e gastronomia e história e apresentam-se com um potencial turístico de grande e crescente relevância. Contudo, a oferta é escassa e pouco estruturada, existindo ainda o problema das pessoas ou falta delas.

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Já relativamente ao mês de janeiro de 2025, a Guestcentric indica que segue a tendência de dezembro de 2024.

Opiniões
As opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor) – “Desafios para o Novo Ano”; António Lopes de Almeida (docente e investigador ISAG) – “Wellness Tourism – O Turismo de Bem-Estar e o Hidrotermalismo”; Ana Clara Silva (diretora de Operações da Pipadouro) – “Douro: crescer em valor sem perder a alma”; e Joaquim Robalo de Almeida (secretário-geral da ARAC) – “O novo papel do rent-a-car para clientes modernos”.

Leia a edição completa aqui.

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Destinos

“É importante que se definam estratégias de diversificação dos mercados emissores”, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP

Fechado 2024, continuamos a dar conta do balanço que os/as profissionais do setor do turismo fazem do ano e como perspectivam o 2025. Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, aponta desafios globais como “a adoção de práticas sustentáveis”, “a premente questão da inteligência artificial” e “a concorrência de destinos emergentes”. A nível nacional, “a carência de capital humano”, “as pressões financeiras agravadas” e “os preços, demasiado elevados” são as situações mais críticas. Agora, tudo dependerá de “uma combinação de políticas públicas eficazes, estratégias empresariais inovadoras e uma visão coletiva voltada para a sustentabilidade, para a inclusão e para o fortalecimento das comunidades locais”.

Victor Jorge

07Considerando que, “se há atividade que impacta em praticamente todas as outras e que provoca dinâmicas positivas na economia, é o Turismo”, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, não deixa de apontar “o aumento dos custos operacionais, a pressão inflacionista e as dificuldades na contratação de trabalhadores qualificados” como os principais desafios enfrentados em 2024. E se a nível global, a “sustentabilidade” e as mudanças climáticas”, bem como a “premente questão da Inteligência Artificial” e a “concorrência de destinos emergentes” são apontadas como “grandes frentes de pressão”, a nível nacional a “carência de capital humano e ultrapassar as pressões financeiras agravadas” exigem “atenção prioritária”.

Que balanço faz deste ano turístico em Portugal em 2024 e, particularmente, nos setores da restauração e hotelaria?
Ainda não é possível fazer-se um balanço que possamos chamar de final do ano de 2024, mas os dados que já temos a esta data, permitem-nos afirmar que o ano de 2024 seguiu a tendência dos anos anteriores, dando continuidade à consolidação de Portugal como um destino turístico de excelência, com um crescimento significativo nos indicadores de procura, tanto no mercado interno quanto nos mercados externos.

De acordo com as estimativas rápidas do INE, entre janeiro e outubro de 2024 registaram-se, aproximadamente, 29,8 milhões de hóspedes e 75,7 milhões de dormidas no alojamento turístico, correspondendo a variações homólogas de +3,8% e +2,5%, respetivamente. Este crescimento terá sido impulsionado pela continuidade numa aposta na estratégia de atratividade e promoção do nosso país e do nosso Turismo.

Também um inquérito rápido que realizámos pelas 15 delegações físicas da AHRESP, nos passados dias 12 e 13 de dezembro, permitiu apurar que, no setor da Restauração, 41% das empresas sente que 2024 foi um ano melhor do que 2023 e 22% aponta um desempenho idêntico ao do ano anterior. No entanto, 28% consideram que foi pior, o que evidencia grandes disparidades regionais, com as empresas localizadas em áreas de menor fluxo turístico a apresentarem fracos desempenhos. É um cenário preocupante, especialmente neste setor. Já no Alojamento Turístico, 55% das empresas inquiridas indicam que 2024 superou 2023, 21% avançam que foi pior e outros 21% consideram que o volume de negócios foi o mesmo.

Mas estes dados mais positivos, apesar de factuais e indesmentíveis, não nos deixam descansados. Desde logo, porque muitos foram os desafios, como o aumento dos custos operacionais, a pressão inflacionista e as dificuldades na contratação de trabalhadores qualificados, especialmente nas regiões longe do litoral, o que contribuiu para reduzir os efeitos positivos deste crescimento no Turismo, especialmente a Restauração, que tem no mercado nacional o seu principal cliente e que, por via da perda de poder de compra, encara o próximo ano com muita incerteza e receio.

O que faltou concretizar no turismo neste ano de 2024?
Apesar de um ou outro avanço, persistem ainda lacunas importantes na adoção de medidas que sejam verdadeiramente eficazes para que se instale um “ambiente amigo” das empresas e do seu desenvolvimento, que permita estabilidade financeira, especialmente no setor da restauração e similares, para que as mesmas tenham oportunidade de adequar os seus negócios ao mercado e possam concretizar os investimentos necessários para a sua modernização, qualificação e diferenciação.

Neste âmbito, referimo-nos, em concreto, à diminuição dos encargos fiscais e contributivos das empresas, nomeadamente sobre os rendimentos do trabalho, que consideramos excessivos para as empresas e até prejudiciais ao crescimento dos salários. Importante, também, é a simplificação na aplicação das taxas de IVA no âmbito da prestação de serviços de alimentação e bebidas, através da reposição da taxa intermédia de IVA aos refrigerantes e bebidas alcoólicas, bem como a redução da taxa intermédia para os 10%, como praticado em países concorrentes de Portugal, como é o caso de Espanha, França e Itália.

Numa outra perspetiva, preocupa-nos a questão da formação e da captação de talento, elementos cruciais para assegurar a excelência do serviço que prestamos. Continuamos com um défice grande de pessoas disponíveis para trabalhar na restauração e no alojamento, especialmente trabalhadores qualificados. A AHRESP tem investido muito nesta área e tem, hoje, uma Academia certificada, apta para ministrar formação de qualidade, e que apresentará um ambicioso plano para 2025, com o objetivo de elevar a qualificação nos setores da Restauração e do Alojamento Turístico. Mas é também necessária uma intervenção mais robusta por parte do Estado nesta matéria, com especial atenção para os trabalhadores migrantes, que, segundo o Banco de Portugal, representaram, em 2023, cerca de 30% da força de trabalho do Canal HORECA. O programa anunciado pelo governo para formar mil imigrantes nas escolas do Turismo de Portugal é um passo na direção certa e merece reconhecimento, mas ainda de diminuto alcance.

Foi também apresentado o Programa INTEGRAR e há alguns apoios à contratação, disponibilizados pelo IEFP, mas que não são específicos para a contratação de migrantes. Para ilustrar a dimensão do problema, o Barómetro da Restauração e Similares, realizado pela AHRESP em parceria com a NielsenIQ e apresentado em outubro passado, revelou que 1 em cada 3 empresários necessita de contratar mais trabalhadores, em média duas pessoas por estabelecimento, com maior demanda nas funções de atendimento e cozinha. Com base nestes números, estima-se que mais de 40 mil pessoas sejam necessárias para suprir a atual carência no setor.

A AHRESP tem desempenhado um papel muito ativo na questão da imigração, dispondo, mesmo, de um Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), mas ainda aguardamos ações mais concretas no âmbito do “Plano de Ação para as Migrações”. Sem medidas eficazes e direcionadas, tanto a nível fiscal quanto na atração e formação de trabalhadores, o setor continuará a enfrentar dificuldades que comprometem o seu pleno potencial.

O que destacaria neste ano de 2024 nos setores da AHRESP?
Durante o ano de 2024, tenho de destacar o esforço feito por esta atividade para a tornar cada vez mais sustentável, porque se não crescermos de forma sustentável, o mais provável é decrescermos. Penso que, hoje, os agentes do Turismo já têm a perfeita noção de que para o destino ser sustentável, deve dar resposta a várias preocupações, como as questões ambientais, as políticas inclusivas, mas também a atenção, e até a relação simbiótica que deve ter com as comunidades locais. Como se costuma dizer, se o destino não for bom para os residentes, também não o será para quem o visita. É desejável que, em 2025, se consolidem todas estas vertentes.

Numa perspetiva não tão macro, posso destacar o crescimento significativo no número de visitantes, que conseguimos em 2024, e que impulsionou, tanto o consumo em restaurantes como as taxas de ocupação no Alojamento Turístico, apesar da questão da diferença de resultados na Restauração, especialmente em locais tradicionalmente menos procurados enquanto destinos turísticos.

Também não podemos deixar de destacar a importância da reversão das medidas mais gravosas para o Alojamento Local do pacote Mais Habitação, e que teriam um impacto desastroso nesta atividade

Quais os principais desafios para o setor do turismo em 2025 a nível global e, particularmente, a nível nacional? E para o setor da AHRESP?
A nível global, enfrentamos três grandes frentes de pressão. Em primeiro lugar, a adoção de práticas sustentáveis deixou de ser uma opção e tornou-se uma obrigação, até em termos de legislação europeia, que entrará em vigor em Portugal, já em julho de 2025, a que se junta a crescente preocupação e procura, por parte dos consumidores, por destinos e serviços ambientalmente responsáveis. Este desafio não é indissociável das preocupações com as mudanças climáticas que, cada vez mais, ameaçam mudar o rumo do planeta e exigem doses extra de capacidade de adaptação a novas realidades. Em segundo lugar, a premente questão da inteligência artificial, que também apelará à adaptabilidade dos negócios, embora prometa agilizar vários processos e tarefas. E por fim, a concorrência de destinos emergentes, uma ameaça para os mercados tradicionais, que precisam de inovar e diversificar para preservar a competitividade. É necessário manter a atratividade junto dos mercados internacionais, essenciais para sustentar o crescimento e a recuperação pós-pandemia, sobretudo num cenário em que destinos concorrentes tentam capturar fatias de mercado.

A nível nacional, Portugal enfrenta desafios próprios que exigem atenção prioritária. A carência de capital humano continua a ser um entrave significativo para os setores da restauração e do alojamento turístico, onde o recrutamento e a retenção de talento são críticos. Estes setores continuam a depender fortemente do contributo dos cidadãos imigrantes, cuja plena integração é vital para o futuro da atividade turística no país. Em 2024, houve alguma perturbação relativamente a questões de imigração, com impacto na contratação destes cidadãos, mas acreditamos que, em 2025, serão tomadas medidas que contribuirão para que se obtenha melhores resultados nesta matéria.

Outro desafio, passa por ultrapassar pressões financeiras agravadas, decorrentes da amortização de empréstimos contraídos durante a crise da Covid-19 e do aumento dos custos operacionais, provocados pela inflação e pelos conflitos internacionais, em particular, as despesas com a energia. Os preços, demasiado elevados, têm impactado diretamente a rentabilidade dos negócios, forçando a uma gestão rigorosa e de permanente consulta ao mercado em busca de soluções energéticas mais acessíveis. Este contexto, limita a capacidade de investir, inovar e crescer, tornando a gestão de recursos uma tarefa complexa e delicada. Nas regiões de menor atratividade turística, onde as oportunidades são escassas e os apoios insuficientes, a situação é ainda mais crítica, colocando em risco a sobrevivência de muitas empresas.

Em suma, 2025 será um ano de desafios significativos, mas a resposta que iremos dar, dependerá de uma combinação de políticas públicas eficazes, estratégias empresariais inovadoras e uma visão coletiva voltada para a sustentabilidade, para a inclusão e para o fortalecimento das comunidades locais.

Que acontecimentos poderão impactar ou ter mais influência (positiva e/ou negativa) na performance do turismo em Portugal?
O ano de 2025, mais uma vez, promete ser desafiante. Os mercados internacionais estão instáveis, as previsões de crescimento económico são moderadas e, infelizmente, ainda temos os desastrosos conflitos na Europa e no Médio Oriente. As incertezas são muitas e também nos poderão afetar de forma mais direta, pois alguns importantes mercados, como o alemão e o francês, estão a atravessar acentuados problemas políticos e económicos, com retração das suas economias, facto que poderá provocar efeitos de contágio na atividade turística. É, por isso, importante que se definam estratégias de diversificação dos mercados emissores, continuando a apostar no crescimento de determinados mercados, como o canadiano e o norte-americano, apesar de também aqui, se desconhecer o que vai acontecer fruto das opções de uma nova administração.

Em termos turísticos, há determinadas tendências que se verificam, e que podem marcar o próximo ano, como é o caso do turismo de natureza e ambientalmente sustentável, e, ainda, o turismo dedicado aos descendentes de emigrantes portugueses, que priorize a cultura e a gastronomia do nosso país.

Em termos económicos, julgamos que poderá não ser substancialmente diferente do que foi 2024, mas a incerteza, neste momento, é a única certeza que temos.

Apesar de todas as dificuldades e desafios, se há algo que a nossa história coletiva nos ensinou é que a capacidade de adaptação e a força que encontramos na união, têm sido os maiores trunfos para a resiliência e para a resistência às adversidades dos setores representados pela AHRESP. Já enfrentámos crises, reinventámos os nossos negócios e adaptámo-nos a novas exigências legislativas. Ainda assim, continuamos a mostrar o melhor de Portugal ao mundo.

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Aviação

Governo pede à ANA candidatura ao Novo Aeroporto de Lisboa

O Governo informou a ANA Aeroportos que pretende que esta avance com uma candidatura ao novo aeroporto, no Campo de Tiro de Alcochete, e adiantou que o objetivo é assegurar a “competitividade das taxas aeroportuárias e limitar extensão da concessão”. Além disso, a proposta de financiamento apresentada pela Concessionária não prevê contribuição direta do Orçamento do Estado.

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O Governo informou esta sexta-feira, 17 de janeiro, a ANA – Aeroportos de Portugal (Concessionária), através de Carta assinada pelo ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que pretende que a Concessionária prepare a Candidatura ao Novo Aeroporto de Lisboa Luís de Camões (NAL).

Esta decisão acontece no seguimento da entrega presencial, no dia 17 de dezembro, do Relatório Inicial (“High Level Assumption Report”), por parte da Concessionária, tendo o Governo, a partir dessa data, 30 dias para responder à Concessionária, nos termos da cláusula 45.5 do Contrato de Concessão.

Com esta resposta, o Governo inaugura uma nova fase processual na qual se prevê que a Concessionária proceda à “preparação de todos os documentos necessários à candidatura”.

No site do Governo pode ler-se que “a proposta de financiamento apresentada pela Concessionária não prevê contribuição direta do Orçamento do Estado, em pleno alinhamento com o Governo a este respeito”.

O Governo informa que esta fase de resposta à Concessionária “não é uma fase negocial do processo, estando essa reservada para momento posterior, após a entrega da candidatura ao NAL”.

A indicação do Governo, que pretende que a Concessionária prepare a candidatura, “não constitui, nem pode ser interpretada como constituindo uma aceitação do conteúdo, termos, condições e/ou pressupostos do relatório inicial”, lê-se ainda.

Contudo, existem diversos “aspetos prioritários” dos quais o Governo “não abdicará” de discutir com a Concessionária. Nestes incluem-se a procura por “reduzir o custo total do projeto do NAL, estando, para isso, aberto a discutir com a Concessionária ajustes às especificações do aeroporto, contando também com avaliação das entidades competentes e da consulta aos stakeholders”.

Além disso, é exigido o “total cumprimento da legislação ambiental aplicável, garantindo que os devidos Estudos de Impacto Ambiental se realizam de modo célere”.

Este princípio estende-se, igualmente, “ao plano de investimentos destinado a melhorar a eficiência operacional e a aumentar a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, que terá de ser capaz de responder à crescente procura até à entrada em operação do NAL”.

Quanto ao prazo de construção, o Governo estabelece uma “avaliação a seis anos”, solicitando, também, estudo alternativos que permitam “abreviar as fases anteriores ao início da obra, de forma a antecipar a conclusão do projeto”.

Já no que diz respeito ao modelo financeiro, ou seja, o Governo não abdicará de “rever e discutir” o mesmo, nomeadamente no que se refere aos “pressupostos de alteração de taxas aeroportuárias, da extensão da concessão e da partilha de riscos”.

O Governo refere ainda ter como prioridade “a defesa dos contribuintes e do país em todo o processo tal como tem sido prática, nomeadamente na posição que tomou em defesa do interesse público manifestando-se contra o reequilíbrio económico-financeiro da concessão referente ao período da pandemia COVID-19”.

Dada a “complexidade e especificidade técnica da matéria”, e com o intuito de “apoiar” o Governo, foi aprovada em Conselho de Ministros a criação de uma estrutura de missão com o objetivo de, entre outras matérias, “coordenar, em representação do Estado, os procedimentos subsequentes, contratualmente previstos, e a negociação com a Concessionária”.

O Governo propôs ainda a assinatura de um memorando de entendimento com a Concessionária, em condições a acordar, tendo em vista a “clarificação dos momentos procedimentais” que se seguem e clarificar o conteúdo pretendido pelo Concedente a incluir na Candidatura ao NAL.

Recorde-se que a decisão sobre a localização do NAL foi definida, numa das primeiras decisões tomadas pelo XXIV Governo, para o Campo de Tiro de Alcochete (CTA), decisão plasmada na Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2024, de 27 de maio e tomada em estreito alinhamento com o Ministério da Defesa Nacional e com a Força Aérea.

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Aviação

Lufthansa fica com 41% da ITA Airways

Foi, finalmente, concluído o negócio para a aquisição da ITA Airways por parte da Lufthansa, ficando o grupo alemão com 41% da companhia aérea italiana.

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A Lufthansa, concluiu a compra da ITA Airways por 325 milhões de euros por uma participação de 41% na companhia aérea italiana.

O acordo foi originalmente anunciado em maio de 2023 e aprovado pela Comissão Europeia, seguida de uma investigação de concorrência em julho de 2024. Durante esse processo, a Lufthansa e o Ministério da Economia e Finanças da Itália (MEF) fizeram uma série de concessões, disponibilizando slots em diversos aeroportos italianos para outras companhias aéreas.

Agora, começam os trabalhos de integração da ITA no grupo Lufthansa, que inclui, além da Lufthansa German Airlines, a Eurowings, SWISS, Austrian Airlines, Brussels Airlines e Air Dolomiti.

A nova estrutura de governança da ITA Airways terá Jörg Eberhart, chefe de estratégia do grupo Lufthansa e ex-CEO da Air Dolomiti, como CEO da companhia. Sandro Pappalardo, ex-piloto de aviação militar e conselheiro da Agência Nacional de Turismo de Itália (ENIT), assumirá o cargo de presidente, substituindo Antonino Turicchi. Antonella Ballone, Efrem Angelo Valeriani e Lorenza Maggio completam o conselho de administração de cinco membros, conforme confirmado após a reunião de acionistas realizada a 15 de janeiro.

Jörg Eberhart, CEO da ITA Airways

Comentando sua nomeação, Eberhart salienta que, “após mais de dois anos de trabalho árduo, esta nova fase na história da empresa permitir-nos-á fortalecer a nossa posição e desenvolver sinergias estratégicas que aumentarão o crescimento e a solidez da ITA Airways como transportadora líder italiana pronta para oferecer maior conectividade ao país e uma gama mais ampla de destinos aos passageiros, com uma visão renovada de desenvolvimento, inovação e sustentabilidade”.

Já o CEO do grupo Lufthansa, Carsten Spohr, tinha afirmado ao jornal alemão FAZ esperar que o acordo “aumente os lucros do grupo em centenas de milhões de euros nos próximos anos”.

“Sem a perspectiva de uma contribuição para os lucros na faixa de três dígitos em milhões, não teríamos dado este passo”, referiu Spohr, concluindo que a aquisição total de 100% da ITA é o “objetivo claro”, mas aumentar a participação atual não ocorrerá em 2025.

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Transportes

Espanha perde 800.000 assentos da Ryanair devido a “exorbitantes taxas aeroportuárias da AENA”

A Ryanair acaba de anunciar o cancelamento de todo os voos para Jerez e Valladolid e reduz tráfego em Vigo, Santiago, Saragoça, Astúrias e Santander. No total, Espanha perde cerca de 800.000 assentos.

Victor Jorge

A Ryanair anunciou recentemente que reduzirá o seu tráfego em Espanha para o verão de 2025 em 18%, fazendo com que o país perca 800.000 assentos e 12 rotas devido às elevadas taxas e à ineficácia dos “planos de incentivos” do operador aeroportuário “monopolista” AENA, que, na opinião da companhia aérea lowcost de origem irlandesa são “completamente insuficientes para apoiar a política do Governo de crescimento dos aeroportos regionais”.

Apesar da decisão do Governo espanhol, em 2021, de congelar as taxas aeroportuárias até 2026, a AENA tentou aumentá-las todos os anos, especialmente nos aeroportos regionais espanhóis, onde o tráfego ainda não recuperou dos níveis anteriores à crise da Covid.

Como resultado, a Ryanair encerrará as operações em Jerez e Valladolid, retirará uma aeronave baseada em Santiago (investimento de 100 milhões de dólares) e reduzirá o tráfego para o verão de 2025 em outros cinco aeroportos regionais: Vigo (-61%), Santiago (-28%), Saragoça (-20%), Astúrias (-11%) e Santander (-5%).

Esta perda, considerada evitável pela Ryanair, de mais de 800.000 assentos e 12 rotas será “devastadora para a conectividade regional, o emprego e o turismo na Espanha”, diz a Ryanair, admitindo que, “se os aeroportos regionais da AENA não forem competitivos em relação aos seus pares europeus, o tráfego aéreo migrará para fora das regiões espanholas”.

Eddie Wilson, CEO da Ryanair, referiu, em conferência de imprensa, que “as exorbitantes taxas aeroportuárias da AENA e a ausência de incentivos viáveis para o crescimento continuam a prejudicar os aeroportos regionais da Espanha, limitando seu crescimento e deixando grandes áreas de capacidade aeroportuária subutilizadas. Após o compromisso do Governo espanhol de impulsionar a recuperação pós-Covid, a Ryanair aumentou a sua capacidade para fomentar a conectividade, o turismo e o emprego”.

No entanto, diz Wilson, “a AENA insiste em aumentos injustificados de taxas e recusa-se a implementar sistemas eficazes de incentivo ao crescimento regional, dando prioridade aos investimentos estrangeiros em aeroportos no Caribe, Reino Unido e América”.

Em consequência, o CEO da Ryanair avança que “a decisão da AENA de não incentivar as companhias aéreas a utilizar a capacidade não aproveitada de seus aeroportos regionais forçou a Ryanair a redirecionar aviões e capacidade para mercados europeus mais competitivos, como Itália, Suécia, Croácia, Hungria e Marrocos, onde os governos incentivam ativamente o crescimento”.

Embora a Ryanair tenha celebrado a recente decisão da CNMC de suspender o aumento das taxas da AENA para 2025, “isso não compensa o impacto negativo dos aumentos de 2024 e a falta de incentivos nos aeroportos regionais”, diz a companhia aérea.

A Ryanair apela agora à CNMC para “revogar” os aumentos de 2024, “alinhando-os com o congelamento de cinco anos decretado pelo Governo”, e para introduzir “pacotes de incentivos” que atraiam as companhias aéreas, promovendo conectividade, turismo e emprego nos aeroportos regionais.

“Sem ações urgentes, Espanha corre o risco de perder ainda mais capacidade e investimentos para mercados mais competitivos, deixando aeroportos regionais meio vazios enquanto outros países prosperam”, conclui Wilson.

 

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Transportes

Recife ganha rota direta com o Porto pela Azul

A transportadora aérea brasileira, Azul, vai iniciar, no próximo mês de junho, ligações diretas entre o Recife e o Porto, com três voos semanais. O anúncio, feito em Brasília, dá conta que as reservas para esta nova rota estarão disponíveis a partir do dia 30 de janeiro.

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O anúncio oficial desta nova rota direta entre a capital pernambucana e a cidade do Porto, que vai ser operada pela Azul – Linhas Aéreas Brasileiras, foi realizado esta quarta-feira em Brasília, com a presença dos ministros do Turismo, Celso Sabino, e dos Portos e Aeroportos, e Silvio Costa Filho, além do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e dos executivos da transportadora.

De acordo com o ministro Celso Sabino, citado pela imprensa brasileira, a iniciativa representa um marco estratégico para o setor. “A rota direta entre Recife e o Porto reforça o papel do Nordeste no cenário global, conectando não apenas destinos, mas ampliando o intercâmbio cultural e económico entre Brasil e Portugal”, afirmou, para apontar que “e uma conquista que posiciona Recife como um dos principais hubs aéreos do país e destaca a competitividade da região”.

O impacto da rota também foi enaltecido pelo ministro Silvio Costa Filho, que destacou sua relevância para o desenvolvimento da aviação nacional e internacional, sublinhando que “além de fortalecer o turismo de lazer, com as nossas histórias e cultura, essa conexão promoverá o turismo de negócios, contribuindo para a economia do estado e do Brasil como um todo.”

Refira-se que o governo brasileiro tem vindo a intensificar esforços para alavancar o turismo através de abertura de novas rotas internacionais. Em 2024, o país atingiu a marca histórica de 6,65 milhões de turistas internacionais, enquanto a aviação comercial transportou mais de 118,3 milhões de passageiros, incluindo 20 milhões de novos viajantes inseridos no sistema.

Por sua vez, o estado de Pernambuco recebeu mais de 67 mil turistas internacionais em 2024, um aumento de 7,7% face ao ano anterior, daí ter sido considerado que esta nova rota chega num momento ideal para aumentar ainda mais esses números. Em dezembro, o crescimento foi ainda mais expressivo, com 61,52% a mais de visitantes estrangeiros comparado ao mesmo período de 2023.

 

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Portugal vai estar na Expo Osaka 2025 para reforçar imagem de destino de turismo responsável

A presença de Portugal na Expo Osaka 2025 visa não só promover a riqueza cultural, histórica e natural do país, mas também reforçar a sua imagem como um destino de turismo responsável, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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A Expo Osaka 2025, terá lugar no Japão, de 13 de abril a 13 de outubro de 2025, e contará com a participação de Portugal, destacando-se como um destino turístico inovador e sustentável, segundo nota publicada na página oficial do Turismo de Portugal, que avança ainda que esta presença visa também promover a riqueza cultural, histórica e natural do país.

​A mesma fonte indica que o pavilhão português apresentará experiências imersivas, exposições interativas e demonstrações de inovação no setor do turismo, permitindo aos visitantes conhecerem as diversas facetas de Portugal, da gastronomia aos recursos naturais e culturais.​

Organizada pelo Bureau Internacional de Exposições e subordinada ao tema central “Conectando Mentes, Criando o Futuro”, refira-se que esta exposição mundial reunirá países de todo o mundo para debater e explorar soluções para os grandes desafios globais.

O Turismo de Portugal realça, por outro lado, que a participação do nosso país na Expo Osaka 2025 oferece uma excelente oportunidade para profissionais do turismo, empresários e operadores turísticos estabelecerem contactos e partilharem ideias com outros participantes do setor. As inscrições para o evento podem ser feitas através do portal oficial da Expo Osaka, onde será possível obter informações sobre as modalidades de visita e atividades programadas.

A instituição sublinha que a importância de participar vai além de uma mera visita ao evento, pois trata-se de uma oportunidade de integrar uma rede global de profissionais, divulgar novos produtos turísticos e contribuir para a promoção de práticas sustentáveis no turismo, para lembrar que este evento será uma vitrine internacional para o turismo português, destacando as suas ofertas diferenciadas e atraindo novos mercados.

A narrativa da participação nacional baseia-se na interligação entre os temas da exposição e o compromisso do país com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 7 (Energia Acessível e Limpa) e o ODS 14 (Vida Debaixo de Água).

Sob o tema “Oceano, Diálogo Azul” Portugal apresenta-se como uma nação com um passado, um presente e um futuro construído em torno do oceano. A exposição será dividida em duas salas, onde será explorada a relação estreita do nosso país com o mar e a sua contribuição para a sustentabilidade global.

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Transportes

Porto de Lisboa bate vários recordes nos cruzeiros em 2024

O Porto de Lisboa registou, em 2024, os melhores resultados operacionais de sempre na atividade de cruzeiros de turismo, alcançando novos recordes em termos de passageiros, escalas, tripulantes, entre outros.

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O Porto de Lisboa alcançou seis novos recordes absolutos, em 2024. No total de passageiros, foram alcançados 763.752, representando mais 5.424 face a 2023, enquanto no total de escalas foram atingidas as 369, mais 16 que no ano anterior. Já nos passageiros em trânsito, o Porto de Lisboa informa que se alcançaram 591.769, registados ao longo do último ano, 7% acima do recorde anterior de 554.324 em 2023, para nas escalas em turnaround, se totalizarem mais três que em 2023 (110 vs 107), e nos navios de cruzeiros somaram-se 133, mais três do que em 2019. Finalmente, no que diz respeito aos tripulantes de cruzeiros, o novo recorde foi de 288.049, mais 3% que os 279.090 que em 2023.

Em termos de proveniência, a Europa continua a liderar como principal mercado emissor de passageiros de cruzeiros em Lisboa, destacando-se o Reino Unido, responsável individualmente por 41% do total de passageiros, seguido dos Estados Unidos (20%) e da Alemanha (14%).

A evolução positiva da atividade de cruzeiros no Porto de Lisboa reflete-se também no número de navios, com 15 a realizar a sua primeira escala em Lisboa, dos quais quatro eram recém-construídos, incluindo três viagens inaugurais.

Carlos Correia, presidente do Conselho de Administração da APL, destacou que “os resultados extraordinários dos cruzeiros em 2024 refletem a excelência do Porto de Lisboa, o empenho incondicional dos nossos colaboradores e o contributo fundamental de toda a comunidade portuária, em particular da Lisbon Cruise Port (LCP), concessionária do Terminal de Cruzeiros”.

Já Duarte Cabral, diretor-geral da LCP, considera que 2024 foi marcado por “desafios significativos, mas também por uma notável consolidação de Lisboa como um destino de excelência para o turismo de cruzeiros na Europa” e destaca a “colaboração estreita com a Administração do Porto de Lisboa e o apoio contínuo de todas as autoridades envolvidas”, através da qual a LCP “conseguiu enfrentar e superar obstáculos, promovendo o crescimento sustentável deste setor vital para a economia local”.

Os passos sustentáveis do Porto de Lisboa
A par disso, o Porto de Lisboa deu passos significativos na sustentabilidade em 2024, com destaque para o Projeto OPS (Onshore Power Supply). Com um financiamento de 14,5 milhões de euros, a primeira fase do projeto prevê a instalação de infraestrutura elétrica para fornecer energia limpa aos navios atracados, com conclusão até 2029.

Já o Programa “Cruzeiros pela Comunidade”, é uma iniciativa inovadora que promove a integração social e o turismo sustentável, reforçando a relação entre a cidade e as companhias de cruzeiro.

Outro marco de destaque foi o batismo do navio ecológico “Silver Ray”, que utiliza tecnologia de energia híbrida, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa em 40%, consolidando Lisboa como referência na adoção de práticas sustentáveis no turismo marítimo.

Recorde-se que, em outubro de 2024, o Porto de Lisboa divulgou a criação do Comité de Sustentabilidade da Atividade de Cruzeiros em Lisboa, uma iniciativa colaborativa que reforça o compromisso conjunto na implementação de soluções sustentáveis para o setor do turismo de cruzeiros, envolvendo parceiros estratégicos como a Administração do Porto de Lisboa (APL), a Câmara Municipal de Lisboa, a AGEPOR, a ANA Aeroportos, a CLIA (Cruise Lines International Association), a Lisbon Cruise Port, o Turismo de Lisboa, o Turismo de Portugal, a TAP e a Associação Zero.

Na mesma data foram apresentados pelo Porto de Lisboa dois estudos relevantes que destacam o impacto positivo da atividade de cruzeiros na economia local e os esforços ambientais em curso:

O estudo “Avaliação do Impacto Económico da Indústria de Cruzeiros em Lisboa 2023”, desenvolvido pela Nova SBE, revelou que este setor representou 0,3% do PIB nacional, com um contributo de 794 milhões de euros, mais 136% face a 2019.

Já o relatório sobre a “Monitorização da Qualidade do Ar na envolvente do Terminal de Cruzeiros de Lisboa” confirmou que os níveis de poluição se mantiveram dentro dos limites legais europeus e nacionais, refletindo o compromisso do Porto de Lisboa com a sustentabilidade ambiental.

Ainda em 2024 o Porto de Lisboa, através de Ana Lourenço, diretora de Turismo Marítimo na APL, assumiu a coordenação do Comité de Sustentabilidade da Cruise Europe, que tem como principal objetivo a promoção de práticas sustentáveis e responsáveis na indústria de cruzeiros, nos portos e destinos, em estreita colaboração com as companhias de cruzeiros.

A concluir, referência para o prémio obtido por Lisboa, no final de 2024, distinguindo a cidade como “Melhor Destino de Cruzeiros da Europa”, recebendo o Terminal de Cruzeiros, pela segunda vez, o prémio de “Melhor Terminal de Cruzeiros da Europa” nos World Cruise Awards.

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Nova edição Publituris Hotelaria revela aberturas e remodelações de hotéis até 2027

Para os próximos três anos, de 2025 a 2027, a Publituris Hotelaria conseguiu apurar 166 aberturas de empreendimentos hoteleiros para Portugal. Nesta edição, fique a conhecer ao detalhe o número de quartos, datas de aberturas previstas e respetiva classificação destas futuras unidades, a par dos hotéis com remodelações previstas até 2027. Não perca ainda as perspectivas do setor para 2025, bem como a entrevista a Nicolas Cousin, Managing Director Espanha & Portugal da Christie & Co. sobre o mercado da hotelaria em Portugal.

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Na primeira edição de 2025 da Publituris Hotelaria, pode ficar a conhecer as próximas aberturas no parque hoteleiro português.

De 2025 a 2027 estão previstos 166 novos empreendimentos hoteleiros em Portugal, num total de 16.878 unidades de alojamento – entre quartos, villas, residências e apartamentos turísticos.

No entanto, tendo em conta a totalidade de dados recolhidos pela Publituris Hotelaria para os próximos anos, incluindo empreendimentos com abertura prevista para 2028, 2029 e ainda sem data definida, os dados apontam para 191 aberturas, num total de 18.619 unidades de alojamento.

Os valores resultam do cruzamento de dados de duas consultoras imobiliárias a operar em Portugal, bem como dos dados recolhidos junto dos principais grupos hoteleiros com presença em território nacional.

O maior número de empreendimentos para os próximos anos concentra-se na região Porto e Norte, segundo os dados apurados, seguida pela Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve. Já no que diz respeito à classificação destes futuros empreendimentos, as quatro estrelas dominam o pipeline para os próximos anos.

No campo das remodelações, destaque para as remodelações totais, em alguns dos casos com o intuito de transformar edifícios já existentes em hotéis com novas marcas hoteleiras.

Ainda neste tema, a Publituris Hotelaria quis saber junto de uma das consultoras hoteleiras de maior renome internacional o que leva os grupos internacionais a investir em Portugal. Para Nicolas Cousin, Managing Director Espanha & Portugal da Christie & Co, “os grupos hoteleiros internacionais estão sempre à procura de se expandir em mercados atrativos e Portugal é definitivamente um deles”.

No capítulo Management, fique a conhecer as perspectivas do setor para 2025, nomeadamente da Associação de Directores de Hotéis de Portugal (ADHP); da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT); da Amazing Evolution; da Bensaude Turismo; da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP); da Savoy Signature; da United Hotels of Portugal (UHP); do Vila Galé e da Unlock Boutique Hotels (UBH).

Mas há mais para ler nesta primeira edição da Publituris Hotelaria de 2025.

Na secção de fornecedores, Marina Calheiros, gestora coordenadora da Lisbon Food Affair, conta como pretendem dar destaque à produção nacional no certame que regressa à Feira Internacional de Lisboa de 10 a 12 de fevereiro para a sua 3ª edição.

A fechar, Rafaela Ferreira é a protagonista da rubrica “Palavra de Chef” deste mês. Depois de assumir a função de número dois no Feitoria, o restaurante de fine dining do Altis Belém Hotel & Spa, Rafaela Ferreira dirige agora a operação do restaurante Exuberante, inserido no Altis Porto Hotel – o primeiro e mais recente hotel do grupo na Invicta. O seu percurso, mas também a sua visão do mundo da cozinha, ganham destaque nesta entrevista, onde a profissional assegura que “antes de qualquer prémio ou reconhecimento”, o feedback positivo dos clientes é o mais importante.

As opiniões desta edição são assinadas por Karina Simões (JLL), Pedro Simões (Savills), Silvia Dragomir (Worx) e Duarte Morais Santos (CBRE). Já os Indicadores cabem à Guestcentric, com o PULSE Report.

Leia a edição completa aqui.

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