Tráfego de lazer ditou “melhoria significativa” nos aeroportos europeus em julho, indica o ACI Europe
Apesar da melhoria em julho, as maiores recuperações foram registadas em aeroportos que dependem do tráfego de lazer, já que as viagens de negócios continuam a não dar sinais de retoma, indica o ACI Europe.

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No passado mês de julho, o tráfego de passageiros na rede europeia de aeroportos registou uma descida de 49,3% face a igual período pré-pandemia, o que, segundo o mais recente relatório do ACI Europe, traduz “uma melhoria significativa em comparação com os meses anteriores”, uma vez que, no segundo trimestre do ano, a descida tinha chegado aos 74%.
Além do tráfego, também o volume de passageiros subiu, com o ACI Europe a identificar um aumento para mais do dobro face a julho de 2020, chegando a um total de 133,4 milhões de passageiros, valor que compara com os 57,4 milhões contabilizados no mesmo mês do ano passado.
Apesar da melhoria, o ACI Europe revela que os aeroportos da área EU+, que inclui a União Europeia, Suíça e Reino Unido, apresentaram um “desempenho inferior à média europeia”, com uma descida de 56,1%, ainda assim, com um aumento face aos resultados do segundo trimestre, quando a descida tinha sido de 81%, o que, indica o ACI Europe, reflete “o papel do Certificado Digital COVID-19 da UE, juntamente com a flexibilização das restrições de viagens em muitos países”.
“Houve variações significativas entre os mercados nacionais na área da UE + – devido a uma combinação de fatores, incluindo diversas situações epidemiológicas, esforços desiguais feitos pelos governos para aliviar as restrições de viagem, o tamanho dos mercados domésticos e alguns países que beneficiam do turismo / tráfego VFR mais do que outros”, acrescenta o ACI Europe, que coloca a Roménia, Grécia, Luxemburgo e França entre os países com melhor performance, enquanto a Finlândia, Irlanda e Reino Unido apresentaram as maiores descidas.
No resto da Europa, acrescenta o ACI Europe, “o tráfego de passageiros diminuiu apenas 20,3% em julho”, em resultado de “uma recuperação completa do tráfego doméstico de passageiros (+ 10,3%), bem como restrições menos severas para viagens transfronteiriças”.
No primeiro semestre do ano, os cinco aeroportos mais movimentados encontravam-se na Rússia e Turquia, enquanto, em julho, foi registada uma recuperação dos aeroportos de Paris-CDG e Amesterdão-Schiphol, que “voltaram aos cinco primeiros colocados na 4ª e 5ª posições, respetivamente”. Já a liderança manteve-se em Istambul (-34,7%), seguido por Antalya (-27,9%) e Moscovo Sheremetyevo (-30,4%).
Em sentido contrário encontraram-se os principais hubs e maiores aeroportos da Europa, que “tiveram um desempenho significativamente inferior em julho, devido à permanência de fortes restrições às viagens internacionais para fora da Europ”, o que arrastou o desempenho destes aeroportos -55,6%.
Desta forma, o aeroporto de Frankfurt (-58,9%) ficou classificado apenas no sétimo lugar entre os aeroportos europeu mais movimentados, enquanto Madrid (-57%) foi o nono aeroporto com mais movimento, Londres-Heathrow (-80,5%) ficou na 16.ª posição, Munique (-69,2%) foi o 18.º, e London-Gatwick (-89,6%) passou para a 64.ª posição.
“Apenas alguns grandes aeroportos que dependem de lazer e tráfego doméstico apresentaram resultados significativamente melhores, com Palma de Maiorca em 10º (-42,2%), Paris-Orly em 13º (-35,4%) e Atenas em 15º (-37,8%)”, acrescenta o ACI Europe.
Melhor desempenho apresentaram os aeroportos de médio e pequeno porte, o que se deve à “sua maior dependência do tráfego doméstico e de lazer intra-europeu”.
“Além de Sochi (+ 68,2%) que se destacou com um crescimento impressionante em relação aos níveis pré-pandémicos (2019) e se classificou entre os 20 principais aeroportos europeus, os melhores resultados vieram principalmente dos aeroportos insulares que atendem destinos turísticos populares. Estes incluíram Ajaccio (+ 10%), Calvi (+ 3,9%), Bastia (-6,6%), Santorini (-13,2%) Palermo (-14,2%), Olbia (-14,9%), Mykonos (-17%), Tenerife (-20%), Menorca (-23,4%), Cagliari (-23,7%) e Heraklion (-25,2%)”, aponta o ACI Europe.
Menores quebras registaram também os aeroportos que recebem essencialmente companhias aéreas de baixo custo, com o ACI Europe a destacar Paris-Beauvais (-25,2%), Bruxelas-South Charleroi (-31%), Roma-Ciampino (-33,6%) e Milão-Bergamo (-36,2%).
O ACI Europe avança também os dados preliminares de agosto, segundo os quais “o tráfego de passageiros na malha aeroportuária europeia continuou a melhorar, mas a um ritmo mais lento em relação a julho”, com o mês a terminar com um decréscimo de 43%.
Os aeroportos da zona EU+ foram os que apresentaram melhores resultados, com uma descida de 49% que, segundo o ACI Europe, foi impulsionada pelo levantamento parcial das restrições no Reino Unido e Irlanda, enquanto “a maioria dos outros mercados EU+ permaneceram nos níveis de julho”. No resto da Europa, o tráfego desceu 21%, não traduzindo qualquer melhoria em relação ao mês anterior.
“A flexibilização das restrições para viagens intra-europeias e os Certificados Digitais COVID da UE permitiram que o tráfego de passageiros finalmente melhorasse em toda a Europa, dando aos aeroportos algum oxigênio durante os meses de julho e agosto. Mas não nos enganemos, porque isso não se pode chamar recuperação”, afirma Olivier Jankovec, diretor geral do ACI Europe.
De acordo com o responsável, os aeroportos europeus ainda estão “66% abaixo dos volumes pré-pandemia” e, a melhoria registada, abrangeu apenas os aeroportos mais pequenos, “que dependem do tráfego doméstico e de lazer”, pelo que, com o fim do período de férias, o tráfego está a estabilizar ou até a diminuir novamente, já que os viajantes de negócios não estão a substituir a procura turística que animou o verão.
“Isso deve-se aos regimes de viagens que ainda permanecem desalinhados, com restrições e condições que tornam difícil viajar. Mas, além dos fatores de procura óbvios, os problemas de oferta também estão a começar a atrasar o progresso. A conetividade aérea permanece muito degradada em toda a Europa e isso é fortemente sentido no setor das viagens de negócios, em particular”, explica Olivier Jankovec.
Para o diretor geral do ACI Europe, as restrições devem ser eliminadas para viajantes completamente vacinados contra a COVID-19, uma vez que a vacinação é “comprovadamente altamente eficaz contra hospitalização e morte”, o que veio mudar “completamente o paradigma da situação epidemiológica e dos riscos relacionados” com as viagens.
“No entanto, por depender predominantemente das taxas de infeção, os critérios usados para avaliar tais riscos não refletem essa nova realidade. Isso deve ser resolvido com urgência – juntamente com um impulso para que o Certificado Digital COVID-19 da UE se torne o padrão global”, conclui o responsável.