Ryanair vê Portugal a liderar recuperação turística europeia se baixar taxas, distribuir slots e abrir Montijo
CEO da Ryanair, Michael O’Leary, participou esta quinta-feira, 17 de dezembro, no webinar ‘Haverá retoma sem transporte aéreo?’.
Inês de Matos
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O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, considera que Portugal tem condições para liderar a recuperação turística na Europa já em 2021, mas defende que, para isso, a indústria deve trabalhar em conjunto, enquanto às autoridades cabe a redução de taxas aeroportuárias, a distribuição de slots e a abertura do aeroporto do Montijo.
“Portugal pode liderar a recuperação europeia, mas, tal como outros países estão a fazer, tem de baixar as taxas aeroportuárias e as taxas para os passageiros a tempo do verão de 2021. Isso vai determinar a rapidez da recuperação de Portugal”, afirmou o responsável, durante o webinar ‘Haverá retoma sem transporte aéreo?’, promovido pela consultora BDC-Empower to Lead, em parceria com o Jornal Económico.
De acordo com Michael O’Leary, “o desafio em Portugal e para a aviação portuguesa, é saber se a retoma será rápida e fantástica ou lenta e ineficiente”, o que vai depender das medidas que forem tomadas já, a pensar no verão do próximo ano.
Por isso, o CEO da Ryanair aponta, desde logo, a necessidade de eliminação da taxa ambiental que foi recentemente anunciada para as viagens aéreas, marítimas e fluviais, na sequência de uma proposta do PAN e que foi aprovada durante a votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2021.
“Em primeiro lugar, a eliminação da estupida taxa ambiental de dois euros. Portugal não pode ser o único país na Europa a propor um aumento de taxas, numa altura em que a indústria do turismo precisa de recuperar. Nenhuma outra economia europeia está a falar de aumentar taxas, principalmente aplicada aos visitantes, durante os próximos 12 meses. Por isso, esta taxa tem de cair”, apontou o responsável.
Além da abolição da taxa ambiental, Michael O’Leary pede também “um pacote de recuperação para os aeroportos portugueses”, que permita reduzir as taxas aeroportuárias praticadas em território nacional, considerando que, em vez de continuar a apoiar a TAP, o Governo português deveria dirigir parte dessa verba para os aeroportos.
“O Governo português, em vez de subsidiar a TAP, que vai perder o dinheiro de qualquer forma, devia colocar algum desse dinheiro na ANA e nos aeroportos, para baixar as taxas aeroportuárias, como um incentivo para a retoma no verão e inverno de 2021. Assim, todas as companhias aéreas e os passageiros que visitam Portugal podiam beneficiar”, considerou.
Fundamental é ainda uma maior distribuição de slots no aeroporto de Lisboa, onde o CEO da Ryanair acusa a TAP de ter o monopólio, considerando que o país “não pode permitir que a TAP arrecade todos os slots no aeroporto de Lisboa”.
“Fazem isso há muito tempo, mas agora a TAP está a reduzir a frota em 20% e, por isso, vai ter menos 20% de aviões a voar no próximo verão. Libertem esses slots para a Ryanair e outras companhias que precisam deles, de forma a aumentar a concorrência e a capacidade no mercado”, disse o responsável.
Não menos importante, acrescentou ainda Michael O’Leary, é a abertura do aeroporto do Montijo, uma infraestrutura que diz ser “urgente” e fundamental para que o turismo continue a crescer em Portugal e onde a Ryanair terá todo o gosto em colocar alguns dos novos aviões Boeing que vai receber nos dois próximos anos.
“Há cinco anos que se fala do Montijo, mas continua a não haver sinal de abertura do Montijo. Ainda estão a tratar de ‘tretas’, como estudo e afins. Abram o Montijo, com urgência, e voaremos para lá”, instou o CEO da Ryanair.