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Por Gonçalo Rebelo de Almeida, Administrador Vila Galé Hotéis
A afirmação de que o ano de 2013 foi o melhor ano turístico de sempre para Portugal em termos de números de turistas e volume global das receitas, tem gerado alguma controvérsia no sector, pois a generalidade dos players privados não o reconhece como tal e paralelamente a esta questão, tem surgido a dúvida sobre a quem se deve atribuir o mérito deste crescimento.
Na minha opinião, e procurando responder a ambas as questões, penso que a análise passa por entender que apesar de ser inquestionável que o número de turistas foi superior ao dos últimos anos, continua a existir um desfasamento entre a oferta e a procura e que para além do número de hotéis e camas disponíveis ser muito superior à procura, os preços de venda dos quartos são insuficientes para amortizar os investimentos realizados.
Se analisarmos os dados globais da hotelaria nacional continuamos a constatar que cerca de 50% da capacidade continua disponível e que o crescimento das taxas de ocupação foi feito, em parte, com base no sacrifício das margens e nalguns casos com perdas significativas de rentabilidade.
Em termos gerais, constatamos que os destinos consolidados como Lisboa, Algarve, Madeira e Porto apresentaram boas performances mas que o resto do país continua excessivamente dependente do mercado nacional e com taxas de ocupação reduzidas.
Verificamos também que a performance da região do Algarve é boa no período de Junho a Setembro, mas que no resto do ano os preços e taxas de ocupação ficam bastante aquém do pretendido.
Nos destinos de cidade, como Lisboa e Porto, também a performance dos meses de Abril, Maio, Junho, Setembro e Outubro é positiva, mas nos restantes 7 meses do ano existe uma grande margem para progressão.
Relativamente à questão do mérito do crescimento, penso que este é imputável a um conjunto de factores externos e entidades, nomeadamente:
O sector privado teve o seu papel ao introduzir mais agressividade e dinamismo na sua actividade comercial;
As associações de promoção, entidades regionais e turismo de Portugal levaram a cabo acções de promoção mais eficientes e dirigidas;
A instabilidade social noutros destinos turísticos (ex: Turquia, Grécia, Egipto, Norte de África)
A ligeira retoma económica de mercados emissores como o Reino Unido e Alemanha.
Para concluir, entendo que a melhoria do sector em Portugal terá que passar, nomeadamente, por:
– O sector privado hoteleiro reajustar os preços de venda do seu produto de modo a rentabilizar os investimentos e ainda assim mantendo a competitividade do destino face aos destinos concorrentes. (Ex: A hotelaria de Lisboa e Porto poderá seguramente subir o ADR em 20 euros e ainda assim ser competitiva em termos de cidades europeias)
– Uma intervenção mais activa do sector privado na definição da estratégia de promoção nacional, de modo a que as acções sejam mais direccionadas e eficazes.
– Uma aposta na promoção em mercados consolidados e essencialmente em segmentos que possam gerar fluxos turísticos nas épocas médias e baixas, onde efectivamente existe margem de progressão.
– Desenvolvimento dos produtos de touring e fly drive multi-região, pois a facilidade de acessos e a dimensão do país potenciam este segmento, e regiões como o Alentejo, Centro ou mesmo o Algarve nas épocas baixas, serão mais facilmente comercializáveis quando combinados com cidades como Lisboa ou Porto.