Empresários açorianos unem-se contra a sazonalidade e pedem “plano efetivo e adequado aos desafios”
Segundo a Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, o encerramento da base da Ryanair contribuiu para agravar a sazonalidade e provocou “uma redução da procura pelo destino”.
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A Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Associação Empresarial das Ilhas de São Miguel e Santa Maria quer que o Governo Regional dos Açores elabore um plano de ação imediato para combater a sazonalidade no destino, que se agravou com o encerramento da base da Ryanair em Ponta Delgada.
De acordo com o jornal Açoriano Oriental, a posição da Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada surgiu depois de uma reunião na passada terça-feira, em que foi analisada e discutida a situação atual do setor.
Numa nota divulgada após a reunião, esta associação empresarial açoriana começa por considerar que o encerramento da base da Ryanair e a consequente redução de voos que o seu encerramento provocou “é um retrocesso” no modelo de acessibilidade à Região Autónoma dos Açores.
O encerramento da base da companhia aérea low cost contribuiu para agravar a sazonalidade e provocou “uma redução da procura pelo destino”, o que foi visível pelos dados da janeiro de 2024, que confirmaram uma descida de 6,7% na taxa de ocupação dos Açores no primeiro mês do ano, que foi acompanhada também pela queda do RevPAR, que decresceu 6,3%, tendo sido a quebra mais elevada do país e contribuiu para que os Açores sejam atualmente a terceira região portuguesa com menor RevPar.
No entanto, segundo a Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, a maior quebra nem foi sentida ao nível da hotelaria, uma vez que o alojamento local, a restauração, o rent-a-car, a animação e outras atividades turísticas houve “decréscimos” que em alguns casos “ultrapassaram os 40%”.
Estas descidas, acrescenta a associação empresarial, mostram o “retrocesso que o turismo está a ter no Inverno IATA 2023/24”, muito por culpa da redução de lugares aéreos devido ao encerramento da base da Ryanair.
“Nas ligações para o continente português houve neste inverno um decréscimo de cerca de 11% de lugares o que corresponde a cerca de 50.000 lugares que podiam potenciar 150.000 dormidas”, assinala a associação.
A Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada diz que a “redução drástica das ligações operadas pela Ryanair no inverno IATA teve um impacto efetivo na procura pelo destino e, ao contrário do que se exigia, os voos não estão a acompanhar a disponibilidade que existe ao nível da oferta turística”.
Por isso, a associação empresarial açoriana considera que “a escassez de voos está a bloquear o setor do turismo” e lembra que, no caso dos Açores, “sem voos não há turismo”.
O problema é ainda mais agravado porque, nos Açores, “a promoção turística é débil”, sendo, por isso, necessário criar um “plano efetivo e adequado aos desafios” do setor turístico açoriano, que já gera cerca de 600 milhões de euros de PIB nos Açores mas que recebe “menos do que 1% de reinvestimento do governo em promoção”.
Apesar de tudo, a associação diz que existem boas perspetivas para o verão, esperando-se um aumento de 18% face ao período homólogo na capacidade aérea, ainda que, a nível doméstico, o crescimento previsto seja de apenas 4%, o que o que “evidencia uma perspetiva pouco animadora tendo em conta o peso e o potencial” do mercado nacional.
Recorde-se que, atualmente, o setor do turismo tem um peso determinante na economia regional dos Açores, representando cerca de 25 mil postos de trabalho diretos e indiretos, bem como cerca de 12% do PIB açoriano, além de ser um forte contributo para a fixação de população nas ilhas.