“É impensável ter uma empresa de aviação a atuar no mercado competitivo global a ser condicionada por um acionista, neste caso, o acionista Estado”
A privatização da TAP foi um dos temas da conversa realizada entre o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, e o CEO da companhia aérea, Luís Rodrigues. Uma coisa é certa: “qualquer operador que queira comprar a TAP vai perguntar se existisse uma infraestrutura aeroportuária com margem de crescimento”.
Victor Jorge
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Questionado a avaliar se o crescimento sustentado da TAP é concebível com a atual situação do aeroporto, Luís Rodrigues, CEO da TAP afirmou que “existem três horizontes: um de curto prazo, até ao final de 2025; um de médio prazo, cinco anos; e um horizonte de mais de cinco anos”.
De qualquer maneira, para o responsável da TAP, “não posso trabalhar a contar com isso, porque senão fazemos mais nada. Passamos o tempo todo distraídos e a coisa corre mal”.
Por isso, Luís Rodrigues admitiu que “todas as obras que venham [no atual Aeroporto Humberto Delgado], seja são bem-vindas”, reconhecendo, no entanto que estas “beneficiam todos os operadores da mesma forma”, admitindo que, sobre esse tema, “não estou preocupado. Acho que as obras devem ser feitas. Sei que a ANA tem feito os seus projetos. Estamos a aguardar que as coisas evoluam”.
Já relativamente à privatização, o CEO da TAP foi claro. “Aquilo que digo às pessoas dentro de casa é: se vocês estiverem com medo da privatização e sentados à espera, garanto que, quem quer que chegue, se olhar para uns tipos que não produzem nada, não os vai querer cá. Por outro lado, se estiverem a trabalhar como se não existisse privatização, ter o objetivo de criar uma das empresas mais atrativas da indústria, quem chegar cá dirá, não tocar, deixa-os trabalhar’. E é isso que estamos a fazer”.
Ainda no que diz respeito à privatização da TAP, Luís Rodrigues frisou que “é impensável ter uma empresa de aviação a atuar no mercado competitivo global a ser condicionada por um acionista, neste caso o acionista Estado. A forma mais óbvia e historicamente fácil de fazer isso é privatizá-la”, referindo ainda que “não vou discutir se é 100% ou 80% ou se, dada a importância estratégica que tem para o país, seja o Estado a governar”. Contudo, neste último caso, o CEO da TAP considerou que é fundamental que se “criem regras que permitam que a empresa seja gerida livre dos entraves administrativos a que está sujeita no atual quadro”.
E o exemplo dado pela CEO da TAP foi a “simples compra de combustível”, estando a companhia sujeita a “submissões de valores superiores a cinco milhões de euros que têm de ser aprovados pelo Tribunal de Contas. Cinco milhões de euros fazemos nós todos os dias só na compra de combustível”, disse Luís Rodrigues, afirmando, ainda que, “é comprar combustível futuro quando ele está barato. Hoje não posso fazer isso”.
Condicionador da privatização da companhia é, segundo o CEO da TAP, o atual desconhecimento da localização do novo aeroporto para a região de Lisboa. Ou seja, “esta situação é claramente condicionadora e reflete-se no preço” Quer isto dizer que “podes entrar, mas baixas o preço de entrada de uma forma exponencial”. Porque, “qualquer operador que queira comprar a TAP vai perguntar se existisse uma infraestrutura aeroportuária com margem de crescimento”. O que é certo é que “há todo o interesse por parte dos operadores estrangeiros. Percebemos é que é um processo político que tem o seu caminho”.
No final, Luís Rodrigues ainda dirigiu uma palavra aos agentes de viagem, referindo, no âmbito do tema do congresso, que “a tecnologia não vai matar o agente de viagem, tal como a televisão não matou a rádio e a internet não matou os jornais”. Até porque, “as agências de viagens são responsáveis por metade do nosso negócio e, portanto, têm um peso fundamental”.
Quanto à evolução tecnológica, o CEO da TAP considera que, “apesar de toda a tecnologia que possa existir, as pessoas vão recorrer a quem sabe, quer dizer, a quem sabe é quem está aqui sentado [referindo-se aos agentes de viagem presentes no congresso] e que faz disso a sua vida. É quem conhece os mercados, os destinos”.
Por isso, a última mensagem de Luís Rodrigues foi simples: “qualquer turista viajante normal agora e no futuro próximo, vai acabar por bater à porta de uma agência. Porque haverá sempre alguém que pede ajuda”.