Turismo internacional recupera e deve atingir 65% dos níveis pré-pandemia, prevê OMT
Até setembro, as chegadas internacionais alcançaram 63% dos níveis pré-pandemia, enquanto os gastos turísticos ultrapassaram 2019 em vários países, incluindo Portugal. No entanto, o ambiente económico continua a ser “desafiante”, o que leva a OMT a mostrar-se “cautelosamente otimista” para os últimos meses do ano.

Inês de Matos
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Até setembro, cerca de 700 milhões de turistas realizaram viagens internacionais, mais do dobro (+133%) do registado em igual período do ano passado, o que permitiu uma recuperação para 63% dos níveis pré-pandemia, indica a Organização Mundial do Turismo (OMT), que prevê, no entanto, que até final do ano seja possível chegar a 65% dos níveis de 2019.
De acordo com a OMT, a recuperação registada até setembro foi impulsionada “pela forte procura reprimida, pela melhoria dos níveis de confiança e pelo levantamento de restrições num número crescente de destinos”.
Os resultados, que constam do mais recente Barómetro Mundial do Turismo da OMT, indicam que as chegadas mensais ficaram 64% abaixo dos níveis de 2019 em janeiro de 2022 e atingiram -27% em setembro, com a OMT a estimar ainda que cerca de 340 milhões de chegadas internacionais tenham sido registradas apenas no terceiro trimestre de 2022, o que corresponde a quase 50% do total dos nove meses.
Por regiões, a Europa continua a liderar a recuperação no que diz respeito ao internacional e, até setembro, contabilizou 477 milhões de chegadas internacionais, o que corresponde a 68% do total mundial e permitiu atingir 81% dos níveis pré-pandémicos.
Segundo a OMT, os resultados alcançados na Europa representaram mais do dobro de 2021 (+126%) e foram impulsionados pela “forte procura intrarregional e viagens dos Estados Unidos”, que ditaram um desempenho “particularmente robusto” da Europa no terceiro trimestre de 2022, “quando as chegadas atingiram quase 90% dos níveis de 2019”.
No mesmo período, também o Médio Oriente se destacou, já que as chegadas internacionais mais do que triplicaram e cresceram 225%, subindo para 77% dos níveis pré-pandémicos.
Em África, houve ainda um crescimento de 166% nas chegadas internacionais e nas Américas a subida foi de 106%, atingindo 63% e 66% dos níveis de 2019, respetivamente.
Já nas região Ásia-Pacífico, as chegadas internacionais aumentaram 230%, o que corresponde a mais do triplo do mesmo período do ano passado, o que, segundo a OMT, reflete a “abertura de muitos destinos, incluindo o Japão no final de setembro”.
Contudo, acrescenta a OMT, as chegadas internacionais na Ásia-Pacífico permaneceram 83% abaixo dos níveis de 2019, uma vez que a China, que é “um importante mercado de origem para a região, permanece fechada”.
Por sub-regiões, a OMT acrescenta ainda que várias “atingiram 80% a 90% das chegadas pré-pandémicas em janeiro-setembro de 2022”, a exemplo da Europa Ocidental (88%) e do sul da Europa mediterrânea (86%) que, segundo a OMT, registaram a “recuperação mais rápida em relação aos níveis de 2019”.
Já as Caraíbas, a América Central (ambas com 82%) e o norte da Europa (81%) “também registraram bons resultados”, com a OMT a destacar ainda países como Albânia, Etiópia, Honduras, Andorra, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia, El Salvador e Islândia onde as chegadas ficaram acima dos níveis pré-pandémicos.
Apenas em setembro, as chegadas superaram os níveis pré-pandémicos no Oriente Médio (+3% em relação a 2019) e nas Caraíbas (+1%), enquanto na América Central registaram uma aproximação ao resultado de mês homólogo de 2019, ficando apenas -7% abaixo. Já a Europa do Norte houve uma descida de 9% e na Europa Meridional e Mediterrânica as descidas foram de 10% .
Portugal entre os destinos com maior aumento nas receitas turísticas
Apesar da recuperação ainda estar em curso, a OMT destaca que vários países já “conseguiram aumentos notáveis nas receitas do turismo internacional nos primeiros sete a nove meses de 2022”, a exemplo de Portugal.
Além de Portugal, as receitas turísticas aumentaram também na Sérvia, Roménia, Turquia, Letónia, Paquistão, México, Marrocos e França.
Além das receitas, a OMT invoca também a recuperação dos gastos com turismo emissor dos principais mercados de origem e dá como exemplo a França, onde os gastos atingiram -8% até setembro, em comparação com 2019.
Tal como a França, também a Alemanha, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Catar, Índia e Arábia Saudita registaram “fortes gastos nos primeiros seis a nove meses de 2022”, indica a OMT.
Os resultados dos primeiros nove meses de 2022 levam a OMT a mostrar-se otimista face aos próximos meses, ainda que a organização sublinhe que este otimismo é cauteloso, uma vez que o ambiente económico continua a ser “desafiante” e a inflação continua “persistentemente alta”, o que se junta ao aumento dos preços da energia, que foi “agravado pela ofensiva russa na Ucrânia”.
Todos estes fatores, defende a OMT, podem “pesar no ritmo de recuperação” no quarto trimestre e em 2023, até porque os últimos resultados do inquérito ao Painel de Especialistas em Turismo da OMT indicam uma descida da confiança face aos últimos quatro meses do ano, o que reflete um “otimismo mais cauteloso”.
Ainda assim, a OMT estima que as receitas provenientes da atividade turística se situem entre os 1,2 a 1,3 biliões de dólares em 2022, o que corresponde a um aumento de 60% a 70% face a 2021 e a 70% a 80% 1,8 biliões de dólares contabilizados em 2019.