“Não podemos estar presos apenas a um ou dois mercados. Já vimos que isso dá maus resultados”
A menos de dois meses do arranque da maior feira do setor do turismo em Portugal, o Publituris esteve à conversa com o presidente do destino nacional convidado da BTL 2022: Turismo do Porto e Norte de Portugal. Prometidas que estão cerca de 600 ações, Luís Pedro Martins pede um reforço na segurança.

Victor Jorge
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Depois dos cancelamentos, em 2020 e 2021, a BTL está de regresso, com a realização da mais relevante feira do setor do turismo a estar marcada de 16 a 20 de março, na FIL, em Lisboa.
O Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) é o destino nacional convidado e o respetivo presidente, Luís Pedro Martins, admite a “responsabilidade”, destacando a apresentação de uma nova marca do território: “uma marca constituída por três regiões, dois países e um destino”.
A dois meses da BTL 2022, que expectativas tem relativamente ao evento?
A expectativa é grande, até porque já estamos sem BTL há duas edições [2020 e 2021], sem aquela que é a maior montra do turismo nacional e onde o Porto e Norte participa sempre e faz sempre questão de ter uma apresentação com grande criatividade e dignidade.
De facto, a situação pandémica cria-nos alguma insegurança e onde a incerteza é que prevalece. Mas queremos acreditar que as medidas avançadas não limitem o evento e que o facto de sermos um país que vai vacinando em grande número a sua população nos faça acreditar que, chegada a altura, a BTL se realize.
Pelo menos essa é a vontade de todos e julgo que posso falar não só pela região de Turismo do Porto e Norte, mas por todas as regiões do nosso país.
Uma nova marca
Apontou que o Turismo do Porto e Norte de Portugal está sempre com grande criatividade na BTL. Pergunto-lhe, por isso, o que é que podemos esperar, de facto, da participação de 2022?
No ano em que somos destino nacional convidado, isso aumenta a nossa responsabilidade para fazer uma boa representação da região. Teremos uma área de cerca de 1.260 metros quadrados no pavilhão 1 – o pavilhão das regiões – num stand com grande impacto visual, onde queremos que estejam em relevo os nossos quatro subdestinos. Assegurados estão, também, já cerca de 95% dos municípios da região, tal como uma série de parceiros privados que estarão também em evidência.
Muito importante o destaque que vamos dar, pela primeira vez, à Rota dos Vinhos e do Enoturismo; à nova marca das Termas do Porto e Norte de Portugal, em parceria com a Associação Termas de Portugal; aos Cinco Caminhos de Santiago; ao trabalho feito no turismo industrial; às comemorações dos 20 anos do Douro Património da Humanidade; às estações náuticas que compõem o Turismo do Porto e Norte; ao programa com os ‘Hosted Buyers’, entre outros.
No fundo, falo de um conjunto de cerca de 600 ações que vão desde a promoção de produtos turísticos, eventos, apresentação de novos projetos, ‘show cooking’, muita animação e, também, e deixei para o fim porque será algo bastante importante, a apresentação de uma nova marca do território, uma marca constituída por três regiões, dois países e um destino.
Não posso revelar mais nada agora em relação a esta marca que, também, vai ter uma apresentação internacional.
Essa apresentação internacional será antes, durante ou depois da BTL 2022?
Vai ser antes. Tudo isto terá transmissão em ‘streaming’, tendo em conta as circunstâncias e acreditando que nem todos tenham disponibilidade para estar presentes fisicamente, mas que não seja essa a razão para não conhecer as novidades do Porto e Norte.
Durante estes dois anos tivemos aqui uma comunicação muito assente no mercado interno. Esta presença do Turismo do Porto e Norte de Portugal na BTL continuará a ser para dentro ou para fora?
Esta presença será nos dois sentidos: Para dentro, para continuar a aproveitar esta dinâmica que foi criada e em boa medida. A pandemia permitiu um novo olhar para estas regiões, colocou estes destinos de baixa densidade no palco e os turistas nacionais perceberam que afinal há muitas razões – e boas razões – para terem férias inesquecíveis sem sair do seu território.
Portanto, queremos continuar este trabalho até para que, no pós-pandemia, tudo isto não volte ao passado. Mas, por outro lado, estar sempre, obviamente, a olhar também para os nossos mercados internacionais e daí o programa dos ‘Hosted Buyers’ ser importante. É o aproveitar, também, desta nossa montra portuguesa para estes mercados. Claro que isso faz-se também com a participação que vamos tendo nas feiras internacionais com as outras regiões e com o Turismo de Portugal. Dito de outra forma, em todo o lado onde nos foi permitido estar presentes, nós estivemos presentes. 2021 foi um ano de trabalho muito grande em termos de promoção externa e prova disso são os resultados. Tínhamos como objetivo, comparando este pior período de sempre do turismo com um melhor ano de sempre em 2019, passar pelo menos 50% desses resultados de 2019. Conseguimos ultrapassar. Mas não é, obviamente, algo que nos permita grandes festejos, mas de qualquer forma é de assinalar.
Outra forma para medir o trabalho feito entre Turismo Portugal, Entidades Regionais, Agências de Promoção Externa, são os inúmeros prémios ganhos. Aí, destaco não só os prémios entregues diretamente a privados, mas, também, por produtos turísticos e peças de comunicação e de promoção onde, por exemplo, o Porto e Norte tem ganho sucessivamente uma série de festivais de cinema de turismo. Os cinco prémios conquistados pelo TPNP em Las Vegas, no Festival de Cinema de Las Vegas, demonstram que, de facto, estamos no bom caminho e temos de estar a fazer bem as coisas para sermos reconhecidos por isso.
Diversificar a Oriente
O Turismo do Norte tem em marcha um plano para captar mercados do Médio Oriente à boleia da filigrana, tendo estado, inclusivamente, na Expo Dubai 2020. O Médio Oriente é uma aposta?
Sim, fizemos três ações na Expo Dubai que nos permitiram muitos contactos com a comunicação social do Médio Oriente, mas também com influencers, bloggers e operadores turísticos, tendo em conta que, e quem o diz é a Organização Mundial do Turismo, o mercado do Médio Oriente será, até 2030, o grande mercado no setor do turismo.
É a tal necessária e exigível diversificação dos mercados?
É certamente. Não podemos estar presos apenas a um ou dois mercados. Já vimos que isso dá maus resultados. Na região do Porto e Norte, felizmente, temos essa diversidade. Temos mercados de proximidade muito importantes, como o espanhol, francês ou alemão. Mas também os mercados de longa distância como o brasileiro, americano ou canadiano são muito importantes. Em 2019, estávamos a iniciar um trabalho muito interessante com os países da Ásia Pacífico, tendo, nomeadamente, a Turkish Airlines e a Emirates como alavancas. A Turkish não abandonou, aliás anunciou, recentemente, esperar no verão de 2022 regressar com a operação que tinha em 2019. Em relação à Emirates, a expectativa que temos é que neste verão tenhamos novamente a Emirates de regresso ao Porto e Norte, coisa que não acontece neste momento, mas queremos que volte a acontecer até porque percebemos que a atração do destino é grande.
Estas ações que tivemos no Médio Oriente permitiram-nos confirmar essa realidade. Mas para acontecerem é preciso conectividade aérea e essa sim é a grande questão também do Porto e Norte. Até que ponto se consegue assegurar essa conetividade aérea tão importante para voltar a receber turistas aos números que tínhamos em 2019. Só para recordar foram seis milhões de turistas.
Uma crítica à TAP, portanto?
Em relação à TAP, felicitamos o acordo feito e que tem sido reconhecido, por todos, como um bom acordo. Pelo menos permite à TAP manter a sua frota e a diminuição de ‘slots’, ao que parece, não é significativa.
A única dúvida que fica por esclarecer é que estratégia tem a TAP em relação ao resto do país? É para manter uma operação forte em Lisboa e uma aposta no ‘hub’ de Lisboa, ao qual não temos nada contra? Sabemos que é importante que ele exista em Portugal e que seja assegurado pela TAP para manter as ligações à América Latina, África, América do Sul e América do Norte. Mas depois isso não chega. E aí voltamos sempre ao mesmo que é saber se seremos compensados de outra forma para poder trabalhar diretamente com aquelas companhias que querem voar para o aeroporto Francisco Sá Carneiro e que encontram aqui mercado e oportunidades, considerando que, e gosto sempre de reforçar, não se trata de um aeroporto que serve apenas a região do Porto e Norte, como serve também a região Centro.
Também sabemos, e a ANA Aeroportos tem esses dados, uma percentagem muito significativa de passageiros que, em 2019, entravam pelo aeroporto rumavam a Sul. Situação idêntica terá, imagino, o meu colega do Algarve [João Fernandes] em relação ao seu aeroporto.
Além da participação na BTL 2022, FITUR, WTM, lançamento da nova marca, que outras ações tem o Turismo do Porto e Norte de Portugal programadas para 2022?
Temos muitas ações. Temos um plano de atividades bastante ambicioso que ao nível da promoção externa passará pela presença nas feiras dos nossos 10 mercados estratégicos. Temos também em produção a realização de mostras do Porto e Norte em alguns destes mercados, pelo menos nos mais fortes como França, Espanha, Brasil e Estados Unidos. Essas mostras poderão ser feitas não só pela região do Porto e Norte, mas também em parceria com outras regiões, nomeadamente, regiões que têm os mesmos mercados e também produtos muito semelhantes como seja, por exemplo, a região Centro ou região do Alentejo.
Continuar a nossa produção, obviamente, de conteúdos ao nível da promoção, continuar a trabalhar com as delegações do Turismo de Portugal espalhadas por estes nossos 10 mercados estratégicos e depois, ao nível daquilo que fazemos no território, continuar a estruturar produto, nomeadamente, produtos que permitam atingir sempre três objetivos: diversificar, ou melhor, garantir uma distribuição de turistas pela região o melhor possível, aumentar sempre a estada média na região, e esbater a sazonalidade.
Importante será, igualmente, trabalhar com o Turismo de Portugal e Comissão de Coordenação da Região Norte na capacitação dos nossos recursos humanos, na digitalização das empresas. Para isso o Turismo em Portugal fez parte de um grupo de instituições que tem uma candidatura apresentada ao PRT com o “Transformar Turismo”, candidatura essa que tem um valor cerca de 142 milhões de euros feitas por um conjunto de instituições onde está o Turismo Porto e Norte, a Cisco, o INESC TEC, a Porto Business School, a Porto Digital, parceiros ligados à investigação, ao ensino, a ANA Aeroportos, entre outros.
Depois trabalhar com a Comissão de Coordenação da Região Norte numa agenda de turismo para a região e gostaríamos obviamente de ter verbas que nos possibilitassem também este trabalho com as companhias de aviação.
Ambição para os próximos tempos passa por, e isto é uma questão muito política, uma revisão da Lei 33, lei essa que está completamente desadequada, ultrapassada e que não permite, de facto, o trabalho que era necessário ser feito neste momento e a rapidez que era necessária para que esse trabalho fosse realizado, e, também, um reforço das verbas das Entidades Regionais e da e das Agências de Promoção Externa.
Do lado positivo, destaque para a relação que existiu entre, praticamente, todos os stakeholders deste setor – desde Governo, Entidades Regionais, associações, comissões de coordenação, associações empresariais – que, de facto, fez com que, apesar de tudo, mostra um setor unido e que, assim que a pandemia permitiu, rapidamente os números começaram a surgir.
Regressando à BTL 2022, se tivesse de fazer um pedido à organização do evento qual seria?
O pedido que faria era, de facto, que houvesse um rigor muito elevado em relação às regras, que não permitissem que o evento se torne num promotor de contágios. Um apelo a um plano de contingência rigorosa, para que as pessoas possam circular com alguma tranquilidade por espaços amplos.
Tudo para podermos receber o máximo número de pessoas, com a máxima segurança.
Está convicto da realização da BTL?
Estou. Sou um otimista.