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Roadshow das Viagens arranca na Figueira da Foz com mais de duas dezenas de expositores

São 23 os expositores confirmados no Roadshow das Viagens do Publituris, no evento que conta com mais de 500 inscrições.

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São 23 os expositores confirmados no Roadshow das Viagens do Publituris, no evento que conta com mais de 500 inscrições.

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Tem início esta terça-feira, 12 de outubro, o Roadshow das Viagens do Publituris, 6.ª edição que marca o encontro entre Agente de Viagens, Operadores Turísticos, Companhias Aéreas, GSA, Cruzeiros, Hotéis e Delegações Oficiais de Turismo para mostrarem a sua oferta numa iniciativa que potencia o conhecimento, o negócio e o networking.

O Roadshow das Viagens do Publituris mantém a aposta da realização em três cidades, com o arranque marcado para o Eurostars Oasis Plaza (Figueira da Foz) no dia 12 de outubro, seguindo-se Vila Nova de Gaia, no Holiday Inn Porto Gaia no dia 13 de outubro, terminando no Vila Galé Sintra, Resort Hotel, Conference & Spa, a 14 de outubro.

São 23 os expositores que marcam presença nesta iniciativa do Publituris. Confirmados estão: Lufthansa, Latam Airlines, Air France-KLM, Transavia, Turkish Airlines, Abreu Online, ASL Partners, Avis, Avoris, Bedsonline, Consolidador, In Sure Brokers, Mapfre, Europcar, MSC, Melair Cruzeiros, Pine Cliffs Luxury Collection Resort Algarve, DIT Portugal, Pestana Hotel & Resorts, Unlock Boutique Hotels, Solução Perfeita e Hotel Roma Lisboa, além do patrocínio do Turismo do Centro (também expositor), a parceria da Iberobus e apoio da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Contando com habitual workshop, a 6.ª edição do Roadshow das Viagens do Publituris terá, também, um programa social, com jantares exclusivos e animação que promovem o networking entre os participantes.

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Cruzeiros de luxo deverão crescer três vezes mais que a globalidade do setor

O setor dos cruzeiros de luxo deverá crescer três vezes mais rápido do que a globalidade da indústria, antevendo uma análise da Oxford Economics que a evolução deverá ser de 87% contra 29% da indústria em geral.

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Mesmo antes da paralisação causada pela COVID, a indústria de cruzeiros registou um aumento de interesse e atividade alinhada com o setor de luxo. Esta atividade adicional, salienta a Oxford Economics numa análise recente, “veio de novos players, como operadores de hotéis de luxo e linhas de cruzeiro existentes que operam historicamente em outros segmentos de cruzeiros”.

E dá os exemplos do Ritz-Carlton que anunciou o lançamento da Ritz-Carlton Yacht Collection, enquanto a Viking Cruises, mais conhecida pelos cruzeiros fluviais, acelerou a sua aposta no segmento oceânico. Já a MSC Cruises lançou o Explora Journeys, enquanto outras operadoras de cruzeiros fluviais, como Scenic e Emerald Cruises também começaram a investir neste setor do luxo.

Os dados revelam que, de 2000 a 2028, 45 novos navios de cruzeiro de luxo foram ou estão em vias de ser lançados, indicando os autores da análise que “o nível de a atividade não está a desacelerar”.

Com base na carteira de pedidos atual, o segmento de luxo crescerá de cerca de 25.000 camarotes, em 2019, representando 4% do mercado global, para mais de 47.000, em 2028, representando 6% do mercado.

Como resultado, de 2019 a 2028, o setor do luxo crescerá três vezes mais rápido do que a indústria em geral, indicando a Oxford Economics uma evolução de 87% contra 29% para a globalidade da indústria.

Desde o início da pandemia, a atividade de novas encomendas para os dois principais segmentos de cruzeiros – Contemporâneo e Premium (representando cerca de 90% da capacidade), tem sido mínimo com os operadores de cruzeiro a darem estabilidade às posições financeiras antes de atualizar a carteira de pedidos. “Como resultado, a maior parte da atividade pós-2025 está alinhada com o setor de luxo”, refere a análise, admitindo que isto implica “um abrandamento após 2025, uma vez que todos os navios encomendados antes da pandemia terão sido entregues”.

Devido à forte desaceleração nas novas construções e à aceleração das desativações de navios desde o início de a pandemia, a taxa de crescimento anual geral do setor de cruzeiros ficará ligeiramente abaixo de 3%, enquanto antes da pandemia o setor crescia a uma taxa superior a 4%. No entanto, as marcas de luxo segmento deverão crescer a um ritmo acumulado de 7,2%.

A análise da Oxford Economics refere ainda que o desafio para os operadores de cruzeiros de luxo será “identificar cruzeiros suficientes para apoiar este aumento de capacidade adicional”.

Embora os operadores hoteleiros que entram neste mercado aleguem capacidade de alavancar a fidelidade do cliente ao identificar novos cruzeiros, “a indústria deve lançar uma rede mais ampla para identificar cruzeiros de luxo em países de rendimento mais elevado”, diz a análise.

Assim, com base nos dados de preços mais recentes para cabines com varanda e vista mar, e comparando-os com os dados de 2019, “não vemos quaisquer fraquezas nos preços do setor do luxo. Além disso, o setor do luxo alcançou maior preços em 2022 do que em 2019, o que não foi o caso para a indústria em geral. No entanto, à medida que a capacidade se mantém crescente neste setor específico, os operadores de cruzeiros terão de monitorizar mais de perto as tendências de preços para garantir a integridade dos mesmos e o equilíbrio entre oferta e procura”.

Luxo cresce globalmente, mas de forma mais moderada
Embora seja um desafio comparar o crescimento do setor dos cruzeiros de luxo com outros setores, os dados para o setor hoteleiro de luxo nos EUA, que representa 2,4% da quota de mercado global, aponta para um crescimento mais lento do que a expansão vivida pelo setor dos cruzeiros, indicando a Oxford Economics um crescimento para o setor hoteleiro de luxo de “apenas” 13% até 2028.

“As empresas de cruzeiros que entram no mercado consideram-no mal servido e com potencial para atrair clientes de outros segmentos de viagens e, até certo ponto, de outros segmentos de cruzeiros”, frisa a análise.

A Oxford Economics refere, igualmente, que com base nas projeções de crescimento para famílias de alto rendimento no mercado dos EUA e Canadá, os dois mercados estão a crescer, mas não tão rapidamente quanto a capacidade dos cruzeiros de luxo. No entanto, admite a análise, a China oferece “mais oportunidades”, uma vez que a faixa de rendimentos mais elevados cresce mais rapidamente, restando saber se “haverá alinhamento entre oferta e procura”.

Certo é que a indicação é de que quase metade (44%) dos passageiros fará cruzeiros, em 2023, em navios lançados nos últimos 10 anos, enquanto, em média, a idade média dos navios de cruzeiro oceânicos é de cerca de 15 anos. Isto pode ser explicado pelo facto de os operadores de cruzeiros terem construído navios cada vez maiores. Por exemplo, navios com capacidade entre 1.000 e 2.500 passageiros, que dominavam o setor até há 20 anos, não sofreram grande construções nos últimos dez anos. Em contrapartida, os operadores começaram a lançar navios maiores e navios de cruzeiro com capacidade para mais de 4.500 passageiros, representando 44% da nova capacidade de navios lançados nos últimos cinco anos.

Outra indicação de que os navios de cruzeiro de média dimensão estão a ser excluídos do mercado é que, nos últimos cinco anos, os navios mais pequenos também registaram uma recuperação, sobretudo com o aumento da capacidade na expedição e segmento de luxo.

Certo, também, é que os navios de nova geração irão operar primeiro nas regiões de cruzeiros mais populares, particularmente no Norte da Europa e o Caribe. A maioria das operações de recuperação dos maiores navios ocorre no Caribe (via EUA portos de origem) e Europa, revela a análise.

Atualmente, os navios mais antigos e mais pequenos operam principalmente na Ásia e na Ásia Austral, mas esta tendência pode evoluir nos próximos anos com uma maior implantação na região.

Foto crédito: Depositphotos.com
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‘Turismo fator de coesão nacional’ é tema da Conferência da CTP no Dia Mundial do Turismo

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) assinala o Dia Mundial do Turismo, que se celebra a 27 de setembro, com uma conferência dedicada ao tema “Turismo como fator de coesão nacional”, no hotel NAU Salgados Palace (Palácio de Congressos do Algarve), em Albufeira.

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“Nesta conferência, onde assinalaremos o Dia Mundial do Turismo, serão abordados temas fulcrais da atividade turística em Portugal, numa altura em que, depois da pandemia, ainda enfrentamos desafios como a guerra e as suas consequências económicas”, destaca o presidente da CTP.

No entanto, conforme explica Francisco Calheiros, “pretendemos olhar para o futuro. Os números da atividade este ano confirmam a recuperação já iniciada em 2022, pelo que se pretende continuar a projetar o Turismo como um importante fator de desenvolvimento económico e social, quer a nível regional, quer no País em geral’, por isso termos escolhido como tema desta conferência “Turismo fator de coesão nacional”, afirmou.

Este encontro realiza-se em parceria com a AHETA e conta com o apoio da Região de Turismo do Algarve e da Câmara Municipal de Albufeira.

Assim, “é uma honra para a AHETA ser parceira da CTP neste importante evento do Turismo nacional e uma honra para o Algarve receber esta conferência que assinala o Dia Mundial do Turismo, onde se irão debater importantes temas da atualidade turística”, refere Hélder Martins, presidente da AHETA.

Várias personalidades ligadas direta ou indiretamente ao setor vão discutir o estado atual do Turismo, bem como o seu papel enquanto fator de desenvolvimento territorial e as perspetivas de futuro da atividade turística.

A conferência contará, na sessão de abertura, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (através de mensagem vídeo); o Primeiro-Ministro, António Costa; o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo e o presidente da CTP, Francisco Calheiros. O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, presidirá à sessão de encerramento.

 

O keynote speaker da Conferência será o CEO do Millennium BCP, Miguel Maya, ao qual se seguem dois painéis de debate.

“O Turismo e o desenvolvimento territorial” será o tema do primeiro debate, que contará com a presença de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial; André Gomes, presidente da Região de Turismo do Algarve; Miguel Campos Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal; Alexandre Solleiro, CEO da Highgate Portugal e António Brochado Correia, Territory Manager Partner da PwC Portugal.

Já no segundo painel de debate, sobre o tema “Algarve e o futuro do Turismo” estarão presentes o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda; Hélder Martins, presidente da AHETA; José Apolinário, presidente da CCDR Algarve; Nuno Sepúlveda, presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe e António Moura Portugal, diretor executivo da RENA (Associação das Companhias Aéreas em Portugal).

 

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Nova edição: TAAG, Inteligência Artificial e novos presidentes das ERT

A nova edição do Publituris faz capa com uma entrevista a Lisa McNally, Chief Commercial Officer (CCO) da TAAG Linhas Aéreas de Angola, sobre a “nova” vida da companhia aérea. Esta edição inclui ainda um artigo sobre a inteligência artificial na distribuição turística, outro sobre os novos presidentes das ERT e uma entrevista sobre os apoios do novobanco às empresas do setor.

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A nova edição do Publituris, a primeira do mês de setembro, faz capa com uma entrevista a Lisa McNally, Chief Commercial Officer (CCO) da TAAG Linhas Aéreas de Angola.

Nesta entrevista ao Publituris, a responsável da companhia aérea angolana, que celebra o 85.º aniversário a 8 de setembro, fala sobre a reestruturação da transportadora e sobre a renovação da marca, revelando um pouco do que é a “nova” TAAG, assim como sobre o que se pode esperar do serviço, frota, rotas, clientes e, claro, da relação da companhia aérea com o mercado português.

Esta edição conta também com um artigo sobre a chegada da Inteligência Artificial (IA) à distribuição turística e o seu impacto na vida dos agentes de viagens. Apesar dos especialistas considerarem que o agente de viagens não vai “morrer”, uma vez que se soube adaptar às novas tecnologias, o certo é que a IA trouxe novos desafios a que esta classe profissional deve estar atenta.

Na secção Destinos, publicamos um artigo sobre os novos presidentes das Entidades Regionais de Turismo (ERT). Depois de um verão agitado, que assistiu à mudança de quatro dos cinco presidentes destas entidades – Centro de Portugal, Lisboa, Alentejo e Ribatejo, e Algarve -, o Publituris foi conhecer melhor os novos responsáveis, bem como os seus objetivos e prioridades para as regiões que passaram a tutelar.

Destaque ainda para uma entrevista com José Gonçalves, diretor de Marketing de Empresas do novobanco, onde fomos saber que ajudas foram concedidas às empresas do setor durante a “calamidade” que foi a pandemia e que apoios continuam a existir, mesmo depois da COVID-19.

Além da opinião do Conselho Editorial no Check-in, as opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Sílvia Dias (Head of Marketing & Sustainability da Savoy Signature), André Villa de Brito (sommelier e tour guide) e Pedro Valle Abrantes (Managing Partner da Trypor), e António Jorge Costa (presidente do IPDT).

Jorge Mangorrinha (investigador em História do Turismo) assina ainda as Histórias do Turismo, desta vez, sobre o Altis Grand Hotel.

Boas leituras.

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Para mais informações contacte: Carmo David | [email protected] | 215 825 43

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Edição Digital: TAAG, Inteligência Artificial e novos presidentes das ERT

A nova edição do Publituris faz capa com uma entrevista a Lisa McNally, Chief Commercial Officer (CCO) da TAAG Linhas Aéreas de Angola, sobre a “nova” vida da companhia aérea. Esta edição inclui ainda um artigo sobre a inteligência artificial na distribuição turística, outro sobre os novos presidentes das ERT e uma entrevista sobre os apoios do novobanco às empresas do setor.

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A nova edição do Publituris, a primeira do mês de setembro, faz capa com uma entrevista a Lisa McNally, Chief Commercial Officer (CCO) da TAAG Linhas Aéreas de Angola.

Nesta entrevista ao Publituris, a responsável da companhia aérea angolana, que celebra o 85.º aniversário a 8 de setembro, fala sobre a reestruturação da transportadora e sobre a renovação da marca, revelando um pouco do que é a “nova” TAAG, assim como sobre o que se pode esperar do serviço, frota, rotas, clientes e, claro, da relação da companhia aérea com o mercado português.

Esta edição conta também com um artigo sobre a chegada da Inteligência Artificial (IA) à distribuição turística e o seu impacto na vida dos agentes de viagens. Apesar dos especialistas considerarem que o agente de viagens não vai “morrer”, uma vez que se soube adaptar às novas tecnologias, o certo é que a IA trouxe novos desafios a que esta classe profissional deve estar atenta.

Na secção Destinos, publicamos um artigo sobre os novos presidentes das Entidades Regionais de Turismo (ERT). Depois de um verão agitado, que assistiu à mudança de quatro dos cinco presidentes destas entidades – Centro de Portugal, Lisboa, Alentejo e Ribatejo, e Algarve -, o Publituris foi conhecer melhor os novos responsáveis, bem como os seus objetivos e prioridades para as regiões que passaram a tutelar.

Destaque ainda para uma entrevista com José Gonçalves, diretor de Marketing de Empresas do novobanco, onde fomos saber que ajudas foram concedidas às empresas do setor durante a “calamidade” que foi a pandemia e que apoios continuam a existir, mesmo depois da COVID-19.

Além da opinião do Conselho Editorial no Check-in, as opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Sílvia Dias (Head of Marketing & Sustainability da Savoy Signature), André Villa de Brito (sommelier e tour guide) e Pedro Valle Abrantes (Managing Partner da Trypor), e António Jorge Costa (presidente do IPDT).

Jorge Mangorrinha (investigador em História do Turismo) assina ainda as Histórias do Turismo, desta vez, sobre o Altis Grand Hotel.

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INE: Dormidas de residentes voltam a cair e descem 2,9% em julho

As unidades de alojamento nacionais registaram 3,2 milhões de hóspedes e 8,8 milhões de dormidas em julho, traduzindo crescimentos de 4,1% e 1,3% face a igual mês de 2022, respetivamente, ainda que se esteja a assistir a uma descida das dormidas dos residentes.

Inês de Matos

Em julho, as unidades de alojamento nacionais registaram 3,2 milhões de hóspedes e 8,8 milhões de dormidas, traduzindo crescimentos de 4,1% e 1,3% face a igual período de 2022, respetivamente, ainda que se esteja a assistir a uma descida das dormidas dos residentes, que voltaram a descer 2,9% em julho, depois de já terem caído 6,9% em junho, avança a estimativa rápida da atividade turística, divulgada esta quinta-feira, 31 de agosto, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados do INE mostram que, em comparação com julho de 2019, o total de hóspedes e dormidas também apresentou crescimentos, que chegam aos 10,7% nos hóspedes e 6,7% nas dormidas.

No sétimo mês do ano, o mercado interno foi responsável por 2,8 milhões de dormidas, valor que ficou 2,9% abaixo do apurado no mesmo mês do ano passado e que se soma à quebra que já tinha sido registada no mês anterior, que foi de 6,9%. Apesar da descida face a igual período do ano passado, em comparação com julho de 2019, registaram-se aumentos de 11,5% nas dormidas de residentes.

“No período acumulado de janeiro a julho de 2023, as dormidas aumentaram 14,7%, +5,2% nos residentes e +19,4% nos não residentes. Comparando com o mesmo período de 2019, as dormidas cresceram 9,8%, +12,7% nos residentes e +8,6% nos não residentes”, resume o INE.

Já os mercados externos foram responsáveis por 6,0 milhões de dormidas, número que apesar de representar um “abrandamento”, traduz um aumento de 3,4% face ao mesmo mês do ano passado e de 4,6% comparativamente a mês homólogo de 2019.

Por mercados externos, o INE destaca o Canadá e os Estados Unidos como aqueles que mais cresceram entre os principais 17 mercados estrangeiros emissores de turistas para Portugal, apresentando subidas de 31,4% e 14,2%, respetivamente.

Em sentido contrário estiveram mercados como a Finlândia e a Bélgica, que registaram os maiores decréscimos nas dormidas, apresentando, em julho, quebras de 23,9% e 14,6%, respetivamente.

“Os mercados norte americano e canadiano continuaram a destacar-se, com crescimentos de 58,0% e 42,4%, respetivamente, face a julho de 2019. Os maiores decréscimos, que se acentuaram face a junho, observaram-se nas dormidas de hóspedes finlandeses (-30,6%) e brasileiros (-27,4%)”, refere o INE.

Já as dormidas de turistas provenientes do Reino Unido aumentaram 4,7% em julho, representando 18,9% do total das dormidas de não residentes nos estabelecimentos de alojamento turístico nacionais em julho.

O mercado espanhol, que representa 11,7% das dormidas de não residentes, diminuiu 0,6%, tendo sido, tal como no ano anterior, o segundo principal
mercado no mês de julho, à frente do alemão, que diminuiu 3,3%, representando agora 9,1% do total de dormidas de estrangeiros. Já no caso do mercado francês, cuja quota é de 8,0%, também houve uma diminuição das dormidas, que chegou aos 0,3%.

Por regiões, foi no Alentejo (+8,6%), no Norte (+6,4%) e no Centro (+4,8%) que se registaram os maiores crescimentos de dormidas, enquanto na RA Açores e no Algarve este indicador diminuiu, pela primeira vez, desde março de 2021, apresentando descidas de 2,8% e 1,8%, respetivamente.

O INE especifica que, na RA Madeira,  as dormidas diminuíram pelo segundo mês consecutivo, caindo 1,3% em julho, depois de um período de crescimento que tinha tido início em abril de 2021.

No total, avança o INE, “o Algarve concentrou 32,0% das dormidas, seguido da AM Lisboa (22,7%) e do Norte (16,2%)”, o que quer dizer que, no seu conjunto, estes três regiões registaram 70,9% das dormidas nos estabelecimentos nacionais em julho.

No entanto, uma comparação com o mesmo mês de 2019, mostra que “o Algarve continuou a registar um decréscimo (-6,0%, -7,4% em junho)”, enquanto as restantes regiões apresentaram crescimentos, que tiveram maior expressão no Norte (+21,7%) e na RA Madeira (+21,1%).

Já as dormidas de residentes desceram, face a julho de 2019, na RA Açores (-13,3%), o que aconteceu pela primeira vez desde agosto de 2022, assim como no Algarve (-4,1%), enquanto a RA Madeira continuou a destacar-se com um crescimento de 41,5%, seguindo-se o Centro (+24,4%) e o Norte (+23,4%).

“O Algarve foi a única região onde as dormidas de não residentes continuaram a registar decréscimos face a 2019 (-6,8%). Os maiores crescimentos registaram-se no Norte (+20,7%), na RA Açores (+18,0%) e na RA Madeira (+17,6%)”, acrescenta o INE.

Os dados do INE mostram também que as dormidas na hotelaria, que representaram 80,4% do total, diminuíram 0,2% em julho, naquele que foi o “primeiro decréscimo desde março de 2021”. Ainda assim, houve um aumento de 4,7% face a julho de 2019.

As dormidas nos estabelecimentos de alojamento local (peso de 15,0% do total) cresceram 8,0% (+8,6% face a julho de 2019) e as de turismo no espaço rural e de habitação  (quota de 4,6%) aumentaram 8,5% (+46,1%, comparando com julho de 2019).

Já a estada média foi de 2,78 noites, o que indica uma retração de 2,7%, tendo este indicador diminuído em todas as regiões, com exceção do Norte e da RA Açores, que foram “as únicas regiões com aumentos, ainda que ligeiros, da estada média (+0,4% e +0,1%, respetivamente)”.

No caso dos residentes, a estada média foi de 2,29 noites, descendo 4,3% face ao mesmo mês do ano passado, enquanto a dos não residentes somou 3,09 noites, evidenciando uma descida de 2,3%.

“Os valores mais elevados deste indicador verificaram-se na RA Madeira (4,81 noites) e no Algarve (4,24 noites), tendo as estadias mais curtas ocorrido no Centro (1,95 noites) e no Norte (2,05 noites)”, aponta o INE.

A taxa líquida de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico foi de 59,2%, descida de 1,9 p.p. em julho, tendo ficado, segundo o INE, “pelo segundo mês consecutivo, abaixo do valor observado em 2019 (-0,7 p.p.)”.

“Em julho, as taxas de ocupação-cama mais elevadas registaram-se na RA Madeira (71,8%), no Algarve (68,5%) e na AM Lisboa (63,9%). Todas as regiões registaram reduções, que foram mais expressivas na RA Açores e na AM Lisboa (-6,7 p.p. e -3,1 p.p., respetivamente)”, resume ainda o INE, que diz que também a taxa líquida de ocupação-quarto, que foi de 67,0%, diminuiu 1,4 p.p., ainda que tenha ficado acima do valor observado em 2019 (+1,5 p.p.).

Em julho, 11,2% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes (15,2% em junho).

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BdP: Importações do turismo “invertem trajetória de abrandamento” em julho

Segundo o Banco de Portugal (BdP), as exportações e importações das viagens e turismo cresceram 7,2% e 15,4% em julho, respetivamente, valores que, apesar de traduzirem “uma desaceleração face aos observados no início do ano”, mostram que as importações estão a inverter “a trajetória de abrandamento que se verificava desde janeiro”.

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O Banco de Portugal (BdP) adiantou esta quarta-feira, 30 de agosto, que, em julho, as exportações e importações das viagens e turismo cresceram 7,2% e 15,4% em julho, respetivamente, valores que, apesar de traduzirem “uma desaceleração face aos observados no início do ano”, mostram que as importações estão a inverter “a trajetória de abrandamento que se verificava desde janeiro deste ano”.

Segundo um comunicado do BdP, “em julho de 2023, o indicador preliminar das viagens e turismo aponta para um crescimento das exportações de 7,2% face a julho de 2022 (após uma variação de 16,4% em junho) e um crescimento das importações de 15,4% (após uma variação de 9,2% em junho)”.

Os resultados mostram que, em julho, as “importações invertem a trajetória de abrandamento que se verificava desde janeiro deste ano”, o que quer dizer que os portugueses estão a viajar e a gastar mais nas suas viagens, já que este indicador resulta dos gastos dos turistas portugueses no estrangeiro.

Apesar disso, o BdP assinala que os crescimentos observados em julho em relação ao ano passado “apresentam uma desaceleração face aos observados no início do ano”, o que se poderá dever ao “progressivo levantamento das medidas de resposta à pandemia de covid-19 após o primeiro trimestre de 2022”.

Estas séries referem-se a valores preliminares para a taxa de variação homóloga, “tanto para as despesas de turistas estrangeiros em Portugal (também designadas por exportações ou créditos)” como para despesas “de residentes em Portugal quando se deslocam a outros países (também designadas por importações ou débitos)”.

O BdP refere ainda que a informação baseia-se “num conjunto mais restrito de informação, predominantemente de cartões bancários”, que, no entanto, “não substitui as séries históricas de exportações e importações de viagens e turismo publicadas no BPstat”, alertou a instituição.

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Lisboa é a 4ª cidade mais atrativa da Península Ibérica para novos hotéis

Segundo um estudo da Cushman & Wakefield Hospitality para a Península Ibérica, a cidade espanhola de Málaga é a mais atrativa para a abertura de novas unidades hoteleiras, seguindo-se Madrid, Barcelona e Lisboa.

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A capital portuguesa foi considerada, segundo o estudo “Hotel Operator Beat”, desenvolvido pela Cushman & Wakefield Hospitality para a Península Ibérica, a quarta cidade mais atrativa para os operadores hoteleiros abrirem novas unidades no primeiro semestre do ano.

Este estudo, que entrevistou 42 diretores de empresas hoteleiras que representam mais de 1.100 hotéis na Península Ibérica, apurou que a cidade espanhola de Málaga se apresenta como a mais atrativa, seguindo-se Madrid, Barcelona e Lisboa.

“De acordo com os dados do estudo, o mercado hoteleiro urbano de Málaga é o mais atrativo da Península Ibérica (4,3 em 5), seguido de Madrid (4,2), Barcelona (4) e Lisboa (3,9). As duas cidades que mais cresceram em termos de atratividade para os operadores, em relação ao ano passado, foram Andorra e San Sebastián, ambas com mais 7%”, lê-se num comunicado da Cushman & Wakefield Hospitality.

Segundo Gonçalo Garcia, Head of Hospitality da Cushman & Wakefield Portugal, “os resultados obtidos confirmam, sobretudo, a apetência da Península Ibérica para a prática do turismo”, o que se confirma pela “vontade dos operadores e investidores em aumentar a sua exposição aos diferentes mercados”.

“A diversidade de oferta de lazer, de resort e urbana, complementam-se e criam vantagens competitivas face a outros destinos turísticos”, acrescenta o responsável, citado no mesmo comunicado.

O estudo da Cushman & Wakefield Hospitality abrangeu também os destinos de férias e apurou que existe “um grande interesse pelos destinos de sol e mar, com Maiorca a liderar o ranking”, enquanto o Algarve enquadra-se no patamar de interesse com Tenerife, Gran Canária e Costa Brava. Já as ilhas espanholas reuniram a preferência dos operadores para destinos de resort.

Outro dos temas abordado é o dos contratos de arrendamento, uma vez que a pandemia veio “acelerar a tendência internacional para contratos de arrendamento com ponderação variável, o que reduz o risco para os inquilinos e aumenta as hipóteses de rendas mais elevadas para os proprietários”.

Neste sentido, 33% dos operadores entrevistados neste estudo revelaram que estão a oferecer mais contratos híbridos, ainda que o número de contratos de arrendamento variável também tenha aumentado 31%, enquanto o contrato fixo, que era o contrato mais tradicional, apenas cresceu 7%.

O relatório questionou ainda os operadores sobre o peso dos critérios ESG nas suas estratégias de desenvolvimento hoteleiro e concluiu que 65% dos inquiridos estariam dispostos a considerar a possibilidade de abdicar das remunerações de serviços de acompanhamento técnico se o imóvel cumprisse os mais elevados critérios ambientais e 56% considerariam mesmo a possibilidade de oferecer rendas mais elevadas neste caso.

“O setor está também a considerar a possibilidade de reduzir as taxas ou de aumentar o key money para incentivar a gestão ESG”, acrescenta a informação divulgada.

Apesar do efeito devastador, o pior da COVID-19 parece já ter ficado no passado e, prova disso, é a recuperação do ritmo dos projetos após a pandemia, com o este estudo a apurar que “36% dos inquiridos não registam qualquer atraso no desenvolvimento de novos projetos hoteleiros”.

“Este facto demonstra a recuperação da atividade na Península Ibérica, uma vez que a maioria dos projetos foram interrompidos ou sofreram atrasos significativos durante a pandemia”, indica ainda o estudo.

Já quando questionados sobre as razões para os atrasos ou cancelamentos de novos projetos hoteleiros, 62% dos inquiridos afirmaram que tal se devia ao aumento dos custos do projeto, tendo as dificuldades de financiamento ou a incerteza económica sido ainda razões apontadas para os atrasos em 45% e 38% dos casos, respetivamente.

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Samaná: um destino “rulay”

Quando se viaja até à República Dominicana, Samaná não será o primeiro destino que nos vem à mente ou que nos é sugerido. Mas isso pertence ao passado e a viagem que o jornal PUBLITURIS teve oportunidade de realizar, a convite do operador turístico Soltour, confirmou isso mesmo. Um destino para, de facto, nos sentirmos “rulay”.

Victor Jorge

A distância de mais de 6.100 quilómetros e as cerca de oito horas de voo (direto) fizeram com que mil e umas imagens invadissem o pensamento antes sequer entrar no A350-900 da World2Fly que me levaria da capital portuguesa até Samaná, província localizada no norte litoral da baía de Samaná, na República Dominicana, e que em conversas entre amigos, nunca ninguém tinha indicado como destino para umas férias. Por um lado, ainda bem, já que a narrativa sobre outro destino localizado no segundo maior país do Caribe, com os seus mais de 48 mil quilómetros quadrados, poderia distorcer a realidade que iriamos encontrar.

À partida do Aeroporto Humberto Delgado, a informação fornecida pelo operador turístico Soltour não foi muita, até porque a máxima, desde a primeira hora, sempre foi: “descubram Samaná”.

E lá fomos, dois jornalistas mais um escritor, em conjunto com as respetivas acompanhantes, num voo que, apesar de longo (já disse que são cerca de oito horas), se faz muito bem, com um alto grau de conforto, com muito entretenimento e com direto ao package total a bordo de uma das mais avançadas aeronaves saídas da Airbus.

Das praias, aos charutos, à baleias e parque de aventuras
A chegada deu-se por volta das 19h30, no Aeroporto Internacional de El Catey, onde já estavam à nossa espera, com um autocarro pronto para seguir viagem até ao Hotel Bahia Principe Grand Portillo, um resort de 5 estrelas, localizado, claro, na Playa Portillo.

Desta primeira viagem, pouco há a narrar, já que feita já de noite e a única coisa que se conseguia perceber é que estávamos a percorrer estradas rodeados de muita (mesmo muita) vegetação e curvas que pareciam nunca mais acabar.

Na manhã seguinte, foi possível ficar a saber um pouco mais sobre Samaná, com ajuda de Teresa Arizti, Chief Marketing Officer (CMO) do operador turístico Soltour, e Angel Pichardo, um dos responsáveis do MiTur da República Dominicana, ou seja, do Ministério do Turismo do país.

Nas palavras de Pichardo, “Samaná é o Caribe que se vive”, já que segundo o mesmo, esta província tem mais para oferecer do que “Sol e Praia”. “Samaná tem uma série de experiências que devem ser vividas e que enriquecem não só a estadia de quem nos visita, mas também dá a conhecer a vasta cultura, história e tradições que ainda perduram, para além da natureza e produtos da terra que é possível apreciar e degustar”.

Feitas as apresentações oficiais, a primeira visita foi realizada ao resort que nos hospedou durante três dias – Hotel Bahia Principe Grand Portillo, pertencente ao universo do grupo Piñero, detentor da Soltour – resort com tudo incluído, com um total de 606 quartos, numa área bastante grande e onde “imperam” três piscinas, sete restaurantes, mais sete bares, com spa e parque aquático para crianças e, claro, “literalmente em cima da praia”.

Claramente, trata-se de uma unidade que necessita de um refresh e, pelo que nos foi confirmado, este está programado para breve, já que os quartos ainda denotam alguma antiguidade, mas que é compensada pela simpatia, hospitalidade e praia que, como se costuma dizer, quase que nos entra pelo quarto.

Almoçados, seguimos viagem para a Playa Bonita. Escusado será dizer a maravilha de praia, areia e água que nos aguardava e que nos leva a pensar, naturalmente, “isto é o paraíso”. A viagem, como foi possível confirmar, deu-se pelas montanhas desta parte da ilha, sempre com muito verde em todo o nosso redor, sendo possível verificar e confirmar que conduzir motociclos por estas terras é algo que se faz (quase) de olhos fechados, tal o número de velocípedes não com uma, nem com duas, mas às vezes com três e quatro pessoas em cima do mesmo meio de transporte. Aliás, os motociclos são considerados uma forma de empreendedorismo entre os jovens e que funcionam (quase) como táxis para a população de deslocar.

No final do dia e antes mesmo de jantar, uma breve paragem para ver o que é um pôr do sol dominicano e que, claro, com a dose certa de uma bebida e com uma certa dose de conversa fez, a quem por ali estava, querer ficar mais e mais tempo.

No dia seguinte, houve o banho de realidade, ou seja, o contacto com a comunidade de Samaná. Num país onde o turismo é a principal atividade económica, seguida da agricultura, pesca e tabaco, a primeira paragem foi na fábrica de charutos Las Ballenas.

Aqui, Roel Vosters, presidente da empresa, explicou os diversos processos de fabrico dos produtos que saem destas instalações (a empresa possui mais três) e onde tudo é feito manualmente. “Somos, atualmente, um dos principais produtores de charutos de qualidade”, salienta Vosters, frisando que o mesmo produto saído da ilha de Cuba “já não é a mesma coisa em termos de qualidade, embora a fama esteja lá toda”.

Claro que não se visita uma fábrica de charutos sem se fumar uma das “preciosidades” que ali são produzidas, havendo a escolha entre diversos tamanhos, espessuras, sabores e tipos de tabaco.

Dali a distância para a fábrica de óleo de coco não foi mais de 10 quilómetros para visitar a Cooperativa de Mulheres onde o nosso guia, Wilfredo Kelly, um dos mais conceituados e experientes guias do país, nos explicou a importância deste tipo de atividade para a economia local, para as pessoas que vivem nestes locais e principalmente para as mulheres que têm aqui um meio de subsistência.

O dia de contacto com a comunidade local não podia ficar fechado sem, claro, uma visita ao mercado de Santa Bárbara de Samaná. Aqui é possível encontrar tudo o que estas terras produzem, bem como carne e peixe e onde somos confrontados com os odores que exalam por todos os lados.

Encontrando-nos em Santa Bárbara de Samaná, a visita ao Museu da Baleia é passagem obrigatória. Aqui foi-nos explicado que é na baía com 47 quilómetros de comprimento por 17 de largura que as baleias jubarte (nome científico: Megaptera novaeangliae), também conhecidas como baleias-corcundas vêm ter as suas crias, vindas do Mar do Norte. Infelizmente, não nos foi possível avistar este que é o maior mamífero do mundo, podendo atingir os 17 metro de comprimento e pesos entre 30 e 40 toneladas, já que a altura correta para as avistar na Baía de Samaná é de janeiro a abril.

Antes de chegarmos a uma pequena unidade de produção de artesanato, passagem obrigatória por um dos ex-libris de Santa Bárbara de Samaná: “la Chorcha”, símbolo da história e da cultura de Santa Bárbara, uma igreja pré-fabricada em 1901 em Inglaterra e trazida inteira por barco e colocada no local onde hoje ainda se encontra.

Para a parte da tarde estava guardada a adrenalina. Assim, depois de almoço, lá fomos guiados para o Runners Adventures Park onde a primeira visita foi ao Monkeyland para convivermos com pequenos macaquinhos que curiosidade e, de certa forma, possuem mãos leves e pretendem ficar com tudo o que lhes é possível. Passada esta prova, seguiram-se as “Zip Lines”, um circuito de 10 Tirolesas que, no seu total, perfazem mais de cinco quilómetros de slides a grande altitude e pelo meio da floreste dominicana.

Mais praias, grutas e ultra-luxo
E se no dia anterior a adrenalina esteve presente com as Tirolesas, no quarto dia, a adrenalina subiu mais um pouco com um passei de mais de quatro horas de buggy pelo meio de centenas de plantações de mangas e pela floresta verdejante de Samaná. Por entre altos e baixos, terras e alcatrão, o guia da Sea and Sun Las Galeras levou-nos a uma das praias consideras entre as 20 mais bonitas do mundo: Playa Rincon. Aqui, onde não existem praticamente hotéis e/ou resorts e onde é possível desfrutar, em plena natureza, de um banho em águas cristalinas, quentes, em cinco quilómetros de praias de areia branca, a única vontade que existe é mesmo de, não sair deste local.

Depois desta experiência única e sempre acompanhado de um calor enorme e de uma humidade ainda maior, houve tempo para tomar o primeiro banho de água fria (literalmente), na Playa Caño Frio, uma praia de rio com cerca de 2.500 metros, dos quais, contudo, só se pode visitar 750 metros, dado que a preocupação com a natureza e com o turismo ecológico é enorme, só existindo um único resort nas redondezas e onde não há autorização para se construir qualquer imóvel com mais de dois pisos.

Refrescado (por pouco tempo), o almoço foi servido no pico da montanha, a mais de 400 metro de altitude e com uma vista 360º sob a Baía de Samaná.

Terminada a viagem de buggy depois do almoço, breve transfer para a segunda unidade hoteleira onde ficaríamos hospedados. Antes da chegada ao Hotel Viva Wyndham V Samaná, a não mais de 40 quilómetros do primeiro hotel, passagem breve para conhecer o Bahia Principe Luxury Samaná (também pertencente ao grupo Piñero), um hotel de 5 estrelas que está a ser alvo de uma renovação na área de serviços e cozinha e que estará pronto para ser inaugurado em finais de outubro ou inícios de novembro do presente ano.

Chegado ao Hotel Viva Wyndham V Samaná somos confrontados com uma unidade mais moderna, com quartos, decoração e mobiliário mais condizente com um hotel de 5 estrelas, mercê de uma renovação recente, com a distância entre hotel, piscina e praia a ser de pouquíssimos metros.

Neste hotel, adults only e all inclusive, além do habitual restaurante com serviço buffet, é possível degustar a gastronomia dominicana num dos três restaurantes a la carte onde a reserva não é obrigatória, mas aconselhável.

Mas como esta comitiva não viajou até à República Dominicana para ficar na praia, eis que no quinto dia mais uma experiência e contacto com o que de melhor a natureza do país tem para oferecer.

O dia começa com um transfer de barco até ao Parque Nacional Los Haitises, com mais de 1.600 km2 e que constitui a maior península de Samaná. Este parque, composto por mais de 53 ilhotas e que ficou famoso por ser o palco de um reality show de produção espanhola, foi declarado pela UNESCO “o pulmão do Caribe”. Tempo para visitar as inúmeras grutas – entre elas a Gruta do Diabo – que compõem este parque e estas ilhotas e que são de visita obrigatória e onde foi descoberto o indígena mais antigo, com mais de 5.350 anos.

Destaque ainda para o facto de no início do século XX existir uma linha férrea no parque que era utilizada para retirar as bananas e o tabaco produzido com destino aos EUA, existindo, diz-se a possibilidade de esta ser reativada, mas para propósitos turísticos.

Depois da experiência dos reality shows no parque e após confirmarem que esta atividade trazia demasiados turistas e excursões sem qualquer valor acrescentado, foi durante o COVID que a República Dominicana e Samaná, em especial, desenvolve uma nova área de negócio ligada à rodagem de filmes e que tem trazido ao país inúmeras produções de grandes orçamentos.

Para o penúltimo dia estava reservado o ultra-luxo, com a visita à ilha Cayo Levantado também conhecida como ilha Bacardi (ver caixa). É nesta ilha que se conta a história de Joseph Bannister, comandante do navio da marinha inglesa “HMS Golden Fleece”, com 40 canhões, que se revoltou ou “levantou” contra o seu rei – daí o nome da ilha, Cayo Levantado – e escondeu o navio, tendo sido Sir Francis Drake a descobrir e levar o “pirata” à justiça.

Foi também aqui que foi possível desfrutar da mais pura das calmas e sossego durante estes dias passados na República Dominicana, embora nessa mesma altura tivesse a ser rodada uma longa-metragem de origem espanhola e que fez as delícias de “nuestros hermanos periodistas” que nos acompanharam ao longo destes dias.

Claro que todo este “stress” e “azáfama” de tempo e água quente, boa companhia, excelentes experiências e contacto com a cultura, história, tradições dominicanas mereciam um dia de folga. A dúvida neste tipo de resort reside sempre se a vontade está em passar um tempo numa das piscinas ou se vale a pena o “esforço” de poucos metros para nos banharmos nas águas da Playa Cosón, local do hotel.

As despedidas, naturalmente, custam sempre, ainda para mais quando – e não me canso de dizê-lo – a simpatia e hospitalidade do povo da República Dominicana, para não falar, claro, das praias, natureza, experiências e do conforto dos hotéis, nos fazem querer prolongar a nossa estadia.

Contudo, à nossa espera, lá estava, novamente, o A350-900 da World2Fly para nos trazer à realidade portuguesa e lisboeta, com a certeza, porém, que o regresso será para breve.

O ultra-luxo de Cayo Levantado

Uma visita a Samaná não poderá ficar completa sem uma ida à ilha Cayo Levantado também conhecida como ilha Bacardi. Contudo, há quem a visite e vá somente à praia pública de Cayo Levantado e há que tenha a possibilidade de passar o dia no resort ultra-luxuoso que cobre quase toda a ilha, pertencente ao universo Piñero.
Reaberto em junho de 2023, após vários meses de renovação e restauração do edifício de estilo Victoriano, a viagem começa, contudo, no embarcadouro exclusivo a pouca distância de Santa Bárbara de Samaná. Aqui a receção é feita com requinte e a espera só aguça ainda mais o interesse pelo que nos é dado a conhecer a seguir.
Depois de uma viagem de 10 minutos de barco,a chegada à ilha, onde qualquer embalagem de plástico não é bem-vinda, somos recebidos por um “embaixador” do resort que nos explica a “essência do mesmo”.
Aqui, onde o cuidado com a mente, corpo e espírito inspirou a criação do resort e assenta em três pilares – cultura local, sustentabilidade e harmonia interior – é possível gozar, em regime de tudo incluído, dos quatro “R” de bem-estar disponibilizados ao hóspede: Relax, Refresh, Renew, Restore.
A primeira experiência que nos é dada a conhecer, é a terapia do som. Passadas as portas de Yubarta, somos levados para um espaço onde uma dimensão totalmente nova em termos de crescimento e despertar da consciência nos oferece locais que estimulam a criatividade pessoal, um templo de meditação com luxuosas áreas abertas, espaços de treinamento e um inovador spa no meio da selva voltado para a integração com o ambiente natural.
A personalização é o eixo da experiência Yubarta, com as atividades e programas a serem adaptados a cada hóspede de acordo com o seu nível físico e a sua capacidade prévia ou treino ao nível das práticas de mindfulness de forma a maximizar esta bela oportunidade de desenvolvimento e evolução.
A terapia do som (soundhealing) foi a experiência proposta realizar, atividade que levou os participantes a imergir em 30 minutos de relax total à base de sons que iam sendo produzidos.
Uma breve visita ao resort levou-nos a conhecer a oferta de quartos e suites que estão à disposição de quem pretende passar um bom bocado neste “paraíso”, sendo que estão a disposição unidades de alojamento desde junior suites a beachfront villas (com piscina privativa) e signature villas com capacidade para seis adultos e duas crianças.
Claro que houve também tempo de usufruir de um dos seis restaurantes à disposição e das duas piscinas e da praia privativa que, servida por vários bares, é sempre o local ideal para descontrair e não pensar em nada.

 

Curiosidades
– em toda a região de Samaná existem 35 hotéis e resorts espalhados por Santa Bárbara, Las Terranas, Sánchez, Las Galeras e El Limón
– a República Dominicana é o segundo maior país do Caribe, com 48.442 km2 de área, detendo 32 províncias e um distrito nacional. O idioma é o espanhol e a região predominante é a católica, seguida da protestante
– de clima tropical, não há variação de hora e a moeda circulante é o peso dominicano (RD$), embora o euro e o dólar sejam aceites, bem como os mais variados cartões de débito e crédito
– a deter para a viagem até à República Dominicana é a necessidade adaptador, já que a eletricidade é de 110V-60Hz
– passaporte com o mínimo de seis meses de validade. Não é necessário visto, mas terá de preencher um formulário para a entrada e saída do país
– São várias as formas de chegar a Samaná através dos aeroportos existentes no país. Contudo, a forma mais fácil é viajar até ao Aeroporto Internacional Presidente Juan Bosch, localizado em El Catey
– a gastronomia de Samaná é bastante rica e tem como ingrediente básico o coco. A chegada da comunidade negra americana, em 1825, trouxe consigo novos sabores, destacando-se os produtos do mar cozinhados com leite de coco ou frito, camarões, polvo, lagosta e caranguejos
– Motoconcho ou motoconchero. São jovens que, com os seus motociclos transportam as pessoas de um lado para o outro, com cada viagem a custar um dólar

 

O que fazer em Samaná
São várias as atividades que se podem realizar em Samaná, basta haver tempo. Aqui ficam algumas:
– visita e banhos nas praias de Frontón, Ricón, Playa Bonita, Madama, Las Galeras, Cosón, El Ermitaño, entre muitas outras
– mergulho e snorkeling. Sáo vários os locais onde é possível fazer mergulho e snorkeling e contemplar os recifes de coral, numa extraordinária biodiversidade
– passeios de buggy: atrava-se a conhecer Samaná ao volante de buggy (4 rodas)e descobrir as praias virgens às quais só poderá chegar utilizando este meio de transporte
– visitar o Parque Nacional Los Haitises e Cayo Levantado. Se no primeiro é possível descobrir uma flora e fauna endémica, com cavernas onde é possível ver vestígios com milhares de anos, na praia paradisíaca de Cayo Levantado e máxima é mesmo relaxar
– Observação de baleias. De janeiro a final de março, as baleias jubarte ou corcundas fazem da Baia de Samaná o local para ter as suas crias, após uma viagem de mais de 6.000 km vindas do Mar do Norte. Aqui permanecem até as crias ficarem aptas para realizar a viagem de regresso ao local onde se alimentam
– Caminhadas. Outra forma de conhecer Samaná é percorrer os caminhos e descobrir o agroturismo através das plantações de manga, café, tabaco
– Em todas as experiências, aconselha-se roupa comoda, calções/fato de banho, protetor solar, calçado desportivo. Todas estas excursões podem ser feitas isoladamente ou com recurso aos diversos operadores locais que levam o turista/viajante aos locais mais emblemáticos da ilha/região.

 

Números e datas
1492 – desembarque de Cristóvão Colombo e formou no local o primeiro assentamento europeu permanente na América, a cidade São Domingos, a capital do país e a primeira capital do Império Espanhol no Novo Mundo.
1824 – Independência da República Dominicana
1978 – chegada da democracia, embora no passado fosse possível votar, com a morte de Rafael Leónidas Trujillo
10 milhões de habitantes, um milhão dos quais vivem na capital, Santo Domingo

*O jornalista viajou a convite do operador turístico Soltour
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“Se tivermos uma oferta organizada, as pessoas têm motivo para ficar mais tempo no Porto”

A nova estratégia para o Turismo da Câmara Municipal do Porto foi o mote para uma conversa com Catarina Santos Cunha, vereadora de Turismo da autarquia, que explicou ao Publituris os pormenores e objetivos deste plano, que visa a descentralização e a qualificação da oferta da cidade. Além da nova estratégia, a conversa abordou também o crescimento do turismo, as novas ligações aéreas e os desafios do Alojamento Local (AL).

Inês de Matos

Foi a necessidade de ‘arrumar a casa’ que levou a autarquia portuense a lançar, em setembro de 2022, o plano “Visão de Futuro para a Sustentabilidade do Destino Porto” para reposicionar o Porto enquanto destino turístico, descentralizando os visitantes do centro histórico para os bairros portuenses, além de qualificar e organizar a oferta da cidade.

Em entrevista ao Publituris, Catarina Santos Cunha, vereadora do Turismo da Câmara Municipal do Porto, explica os objetivos e ações incluídas neste plano, que contempla ações de formação e a atribuição de um selo de qualidade para unidades de alojamento, walking tours e circuitos motorizados, entre outras atividades ainda em estudo.

Além do plano, a responsável fala do crescimento turístico, das expectativas para o verão, dos receios do Alojamento Local (AL) face ao programa Mais Habitação e das ligações aéreas que a cidade tem ganho, apesar da TAP continuar sem responder aos pedidos da autarquia.

A Câmara Municipal do Porto está a redefinir a estratégia de turismo da cidade e lançou o plano “Visão de Futuro para a Sustentabilidade do Destino Porto”. Quais são os principais destaques desta estratégia e qual é o seu objetivo?
Entrei para estas funções em março de 2022 e, nessa altura, o pelouro do Turismo estava na Economia, com o meu colega Ricardo Valente. Este plano foi lançado em setembro para trazer um posicionamento de cidade a quem visita mas também a quem vive, trabalha e investe no Porto.

Quando entrei em funções, não havia uma estratégia para aquilo que queremos ser como cidade e era preciso criar uma narrativa que pudéssemos, depois, entregar à Associação de Turismo do Porto (ATP), que é quem faz a promoção. Sentíamos que andávamos à volta dos mesmos temas e áreas territoriais. O turismo mudou muito e cresceu, neste último trimestre estamos com um crescimento de 20% face a 2022 e isso é ótimo mas a verdade é que precisávamos de ‘arrumar a casa’.

Por isso, o objetivo deste plano passa por aliviar a pressão no centro histórico, que é visitado por muitos turistas, numa situação que as obras do metro vieram piorar. E não queríamos ter os residentes zangados com o turismo. Temos visto problemas graves noutras cidades, como Barcelona ou Veneza, e isso fez-nos perceber que há caminhos que podemos evitar.

Isso explica a nossa preocupação com a descentralização porque temos mais Porto para mostrar além do centro histórico. Mas o Porto não está organizado como Lisboa em bairros e quarteirões, apesar de, organicamente, esses bairros já existirem.  Na zona do Bonfim, por exemplo, há novos motivos de atração, como galerias por via da Faculdade de Belas Artes, gente nova e muitos expatriados. Estamos a fazer um estudo de levantamento do conteúdo para pegar no que já existe e, dessa forma, contar os bairros do Porto, criando uma estratégia de comunicação.

Isto, deverá levar também ao aumento da estadia média, porque se tivermos um Porto da Ribeira e do Centro Histórico, as pessoas ficam um fim de semana mas, se tivermos uma oferta organizada, as pessoas têm motivo para ficar mais tempo no Porto.

Esses atrativos não se criam por decreto. O Porto já tem atrativos que permitam espalhar o turismo por toda a cidade, além do centro histórico?
Estamos a fazer essa leitura para, depois, a comunicarmos juntamente com as comunidades que habitam nessas zonas. De alguma forma, aquilo que estamos a fazer é também para criar esses atrativos, apesar de já existir quem venha ao Porto com o intuito de visitar os bairros. Por isso, também será interessante perceber como é que esses turistas chegaram ali e o que é que efetivamente procuram.

Isto tem de ser feito de uma forma sustentada e estratégica, para que seja possível comunicar o que é o ADN do Bonfim, o ADN de Bombarda, ou o que é a Foz e a Zona Ribeirinha, por exemplo.

Efetivamente, as pessoas já se estão a deslocar para outras zonas da cidade mas a oferta não está organizada. Se fizermos isso, o Porto tem motivos para que as pessoas fiquem vários dias na cidade.

É um trabalho que leva tempo, não se faz num mandato, mas espero que possamos deixar trabalho feito para que quem vier a seguir pegue neste trabalho, que é extremamente relevante porque estamos a casar isto com a política do AL, que prevê zonas de pressão e de crescimento sustentado.

Percebe-se que há, de facto, uma preocupação com o evitar o excesso de turismo. Já havia algumas manifestações nesse sentido na cidade?
Acho que não, esta guerra também é uma questão ideológica. Faz parte da narrativa de determinados partidos e, com isto, não quero dizer que não temos problemas, mas não estamos tão mal quanto isso.

Há pouco, estive no Bulhão e uma das peixeiras dizia-me que isto dos hostels é tão bom porque os turistas vão ao mercado comprar o peixe para cozinharem nos apartamentos. Portanto, há uma dinâmica que acaba por ser muito positiva, apesar de algumas situações que possam acontecer.

Este plano inclui também o lançamento do selo de qualidade ‘Confiança Porto’. Em que fase está a atribuição deste selo e qual é a sua importância para o destino?
O selo ‘Confiança Porto’ vem na senda do que falámos de qualificação do destino. Além da descentralização, temos também a preocupação de qualificar e trabalhar com os operadores da cidade nesse sentido.

Este selo nasceu em 2019, com o vereador Ricardo Valente, e era exclusivamente dedicado aos alojamentos turísticos, fossem hotéis, hostels ou AL. No entanto, nenhum dos selos chegou a ser entregue devido à pandemia, foi um projeto que nasceu e parou, mas que teve logo uma adesão grande, já tínhamos 20 selos para entregar.

Entretanto, fizemos um acerto no regulamento, porque não estavam contempladas questões como a economia circular e a sustentabilidade, nomeadamente o uso de produtos locais ou a forma como eram reutilizados os desperdícios nas unidades de alojamento.

É uma mais-valia do território incentivar o uso de produtos locais e esse era um dos pontos que queríamos incutir porque é algo diferenciador, mesmo para um hotel de uma cadeia internacional porque a experiência que oferece em Madrid não tem de ser igual à que oferece no Porto.

Partimos para este trabalho com um estudo que analisou as tendências do turismo e aquilo que as pessoas efetivamente procuram. Por isso, fizemos também uma alteração na parte dos recursos humanos – que é outra preocupação do setor – com o objetivo de valorizar os recursos humanos locais, as pessoas com formação em turismo e encontrar uma forma de distinguir estas práticas, num programa voluntário.

Depois do alojamento, passámos para os walking tours, porque também aqui percebemos que há narrativas absurdas e era necessário que alguém regulasse a qualidade destes circuitos. Mais recentemente, abrimos este programa aos circuitos motorizados, nomeadamente tuk-tuk e autocarros hop-on hop-off, que também contam a cidade aos turistas.

Em todas as áreas fazemos formação gratuita para qualificar e reconhecer estes operadores, principalmente aqueles que atuam em mais do que uma zona da cidade e não apenas no centro histórico.

Agora, estamos numa fase em que pretendemos dar uma robustez de reconhecimento e comunicação ao selo ‘Confiança Porto’, para que quem nos visita o perceba e reconheça e para aumentar a procura desta certificação, mostrando aos operadores que ela é uma mais-valia.

Temos visto problemas graves noutras cidades, como Barcelona ou Veneza, e isso feznos perceber que há caminhos que podemos evitar

Já foram entregues alguns selos?
Já, entregámos os 20 que já tínhamos para atribuir antes da pandemia e temos muitos outros para atribuir, devem ultrapassar os 60, até porque as inscrições esgotaram no primeiro dia.

Já promovemos 19 ações de formação e a recetividade também tem sido muito positiva, porque esgotamos as sessões sempre que abrem as inscrições. Por isso, temos também de nos prepararmos para crescer.

Este selo de qualidade é para continuar?
Queremos continuar. Na parte dos alojamentos turísticos, estamos a trabalhar com a airbnb e com a Booking para que coloquem o nosso selo na comunicação dos espaços. Isto ajudaria a que as empresas se aproximassem do programa e a passar a mensagem que a qualificação é fundamental para o posicionamento de cidade que procuramos.

O selo poderá ser alargado a outras atividades?
Sim, já conversámos com as atividades de comércio e serviços para que o selo chegue à restauração, aos bares e possamos passar à fase seguinte.

Ainda não o fizemos para dar um pouco mais de tempo para que estes que já foram lançados possam amadurecer, mas julgo que a seguir ao verão já poderemos lançar os restantes para que, no ano seguinte, já tenha mais impacto e possamos sentir que a cidade está mais qualificada.

A nova estratégia para o destino fala também na sustentabilidade, nas suas várias vertentes. O que é que o Porto vai fazer para se tornar num destino sustentável, desde logo a nível ambiental?
Temos o Pacto Porto para o Clima que nos tem colocado num envolvimento muito grande a nível ambiental e há imensas ações em toda a cidade, seja de compostagem, hortas urbanas, reutilização de resíduos. O Porto tem a ambição de atingir a neutralidade carbónica em 2030.

Por isso, estamos também a dar destaque aos nossos parques, assim como a Gaia e a Matosinhos, com quem temos uma forte ligação, assim como temos à Cidade do Vinho e à região dos Vinhos Verdes e ao Douro, onde integramos a rede das Great Wine Capitals.

A sustentabilidade também passa por esta pegada turística e é por isso que queremos trazer um melhor turismo e ter uma cidade onde todos se sintam bem. A sustentabilidade tem de ser vista como um todo.

Fotos: Joel Bessa

Está prevista alguma ação de sensibilização ou formação para promover a sustentabilidade que o Porto quer atingir?
Temos algumas iniciativas. Temos um projeto de boa vizinhança, que visa levar a comunidade local aos hotéis porque muitas vezes os residentes não entram nos hotéis e queremos mudar isso. E temos o projeto “Turismo nas Escolas”, um programa que vai às escolas explicar às crianças porque há tantas pessoas a visitar a cidade e o que é o nosso património.

Pretendemos ainda ter uma componente que explica o que são as profissões do turismo e, no fim, temos um jogo que representa as várias zonas da cidade e respetivos monumentos.

O que pretendemos é plantar a semente do turismo nas crianças para que comecem, desde novas, a ter algum contacto com a vida profissional e as profissões, tenham orgulho de mostrar o património e percebam que servir ou acolher alguém não é depreciativo.

Depois, temos o projeto “Porto Acessível” para que pessoas com menos capacidades físicas possam conhecer a cidade e o seu património. No fundo, pretendemos que a cidade possa ser usufruída por todos. O projeto está numa fase de levantamento do estado da arte e vai materializar-se em roteiros em braille, espaços adaptados e áudio-guias. É um processo muito grande, que estamos a desenvolver por etapas.

2023
Revelou que o Porto continua a crescer em termos turísticos. Que balanço faz a autarquia dos resultados dos primeiros meses de 2023?
Um balanço fantástico. Apesar do transtorno das obras do metro, está toda a gente feliz no Porto e não ouvimos críticas de que o turismo é mau.

Também temos conseguido reforçar a conetividade aérea e captámos mais 14 rotas, temos seis novas companhias aéreas a voar para o Porto mas o nosso objetivo ainda não está alcançado porque temos ligações muito interessante com a Europa mas não temos voos diretos de outros destinos. A nossa luta é, de facto, conseguir conetividade direta do continente americano, nomeadamente EUA, Canadá e Brasil, mas também da Ásia.

Continuam zangados com a TAP, que mantém poucas rotas internacionais no aeroporto do Porto?
Já nem falo da TAP, não reclamo mais e a TAP já foi clara ao explicar que a estratégia não passa pelo Porto. Portanto, temos um grupo de conetividade aérea, liderado pela CCDR-N, em que nós estamos integrados, assim como a TPNP, a Associação Comercial do Porto e recentemente recebemos o ministro João Galamba, a quem apresentámos os nossos números, não só do Turismo mas também da Economia, e pedimos apoio para criarmos um gabinete de atração de companhias aéreas, ou seja, um subsidio com valores muito razoáveis.

A conversa correu bem, agora tem de passar pelo ministro da Economia mas acredito que vamos mesmo precisar deste tipo de apoio. É um gabinete como já existe em Espanha para atrair conetividade aérea.

Estamos a falar de subsídios que permitiriam ao aeroporto ter outro tipo de poder de atração para as companhias aéreas?
Exatamente. Sabemos que temos de fazer promoção no destino e que há algumas contrapartidas que são pedidas porque as companhias aéreas não arriscam sem terem qualquer garantia e nós, como cidade, temos de dar resposta a isso. Mas penso que estamos num bom caminho, continuamos a crescer e aquilo que temos de fazer é a gestão da cidade.

A nossa luta é, de facto, conseguir conetividade direta do continente americano, nomeadamente EUA, Canadá e Brasil, mas também da Ásia

E como tem sido a reação AL do Porto ao pacote Mais Habitação, lançado pelo Governo e que traz várias limitações ao AL?
No Município do Porto, o AL está no pelouro das Atividades Económicas, mas vou dar a perspetiva do Turismo, até porque temos uma estratégia partilhada. O Porto foi pioneiro na criação de um regulamento para o AL, coisa que não existia e que começámos a trabalhar antes do lançamento do Plano Mais Habitação, até porque este plano, na área do alojamento, ainda é apenas um conjunto de intenções, mas obviamente que é assustador para a maioria das pessoas que investiu.

É terrível porque as pessoas fizeram um investimento e, ao fim de pouco tempo, as políticas mudaram.

As notícias que foram sendo conhecidas indicam que muitos proprietários colocaram os imóveis para venda. Isto também aconteceu no Porto?
Há um misto. Sentimos que as pessoas ainda estão muito confiantes no nosso trabalho, continuamos a trabalhar no regulamento, que cria zonas de contenção e esta identificação foi feita através de um estudo da Universidade Católica que permitiu perceber quais eram as zonas de maior pressão e, nessas zonas, criámos um conjunto enorme de exceções. É enorme, mas não compromete a relação entre residentes e turistas. Mas, tudo o que está relacionado com a reabilitação, está excecionado, também mudámos as transmissões de licenças em caso de morte ou divórcio, entre outras alterações, e ainda estão a decorrer sessões de esclarecimento relativamente a alguns pontos do regulamento.

Mas aquilo que temos sentido, em todas as apresentações que fizemos, é que as pessoas se sentem muito seguras com aquilo que estamos a fazer e sentem que as entendemos porque a realidade é que, há 10 anos, esta cidade era um deserto. Por isso, não podemos matar quem investiu no AL.

Portanto, não acredito que o AL vá regredir, mas poderão não existir novas licenças nas zonas de pressão que não cumpram as exceções. Depois, também estamos a tentar que os alojamentos se espalhem por outras zonas da cidade. No entanto, se o Governo disser que não há licenças de todo, que são apenas para o interior, estamos aqui para obedecer.

Já tivemos reuniões com o airbnb e com a Booking e é verdade que estão todos preocupados, mas a nossa postura é esta, tentar fazer passar o regulamento, sossegar as pessoas e mostrar o nosso apoio.

Como está o investimento na hotelaria no Porto, cidade que também tem ganho vários novos hotéis? É previsível que esse investimento continue este ano?
Neste momento, temos 81 novos licenciamentos de hotéis para construção. Não serão hotéis que vão nascer todos este ano, porque, depois, ainda há o prazo de construção, mas esse investimento continua a crescer e a maioria é hotéis de quatro e cinco estrelas, o que nos deixa confiantes de que é este o caminho que temos de seguir.

Quais são as expectativas para o resto do ano, nomeadamente para o verão?
As expectativas são boas, até porque somos uma cidade e não temos a questão da sazonalidade, estamos preocupados em atrair eventos de grande posicionamento, como o Comic Com, que voltámos agora a ter, e outros eventos de grande destaque internacional.

Por outro lado, vamos promover projetos da própria cidade e tracionais, que sejam capazes de manter a visita das pessoas ao longo de todo o ano. Mas, de facto, desde janeiro as coisas têm corrido bem.

Também temos programas e conseguimos atrair um turismo mais sénior porque somos uma cidade de cultura e arquitetura. Temos feito isso com parceiros da cidade para que isto aconteça com alguma harmonia.

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Aquecimento global levará a uma perda de turistas no Sul da Europa

Que o aquecimento global e as alterações climáticas são um problema com que todos devem estar preocupados, é um facto. Agora, um relatório recente da JRC mostra os impactos destes fenómenos para o turismo na Europa. E o cenário não é nada bom para os países do Sul.

Victor Jorge

Um estudo recente do Joint Research Centre (JRC), organismo de pesquisa da Comissão Europeia, dá conta que, devido ao aquecimento global, no futuro, poder-se-á registar uma troca nos fluxos turísticos de Sul para Norte.

O JRC simulou como a procura regional europeia será alterada sob futuras alterações climáticas utilizando os dados de variáveis climáticas de 10 modelos climáticos regionais. Os impactos são estimados para as metas de aquecimento global estabelecidas nas metas do Acordo de Paris (1,5°C e 2°C), bem como para dois níveis de aquecimento mais elevados (3°C e 4°C).

Assim, enquanto se prevê que as regiões do Mediterrâneo e do Sul da Europa registem uma queda considerável no volume de turistas (ou seja, no número total de dormidas) devido às alterações climáticas, as regiões em latitudes mais elevadas registarão um aumento global na procura turística.

Com um aquecimento de 1,5°C, prevê-se que a maioria (80%) das regiões europeias seja afetada pelas alterações climáticas apenas numa proporção bastante pequena, oscilando o fluxo de turistas que visitam essas regiões entre -1% e +1%. Estima-se que o declínio mais elevado ocorra no Chipre (-1,86%), enquanto o aumento máximo poderá ocorrer numa região costeira da Finlândia (+3,25%). Os resultados são bastante semelhantes ao cenário de aquecimento de 2°C.

Já nos cenários de aquecimento de 3°C e 4°C, prevêem-se mudanças significativas nos padrões de procura para a Europa, surgindo um claro padrão Norte-Sul. Estima-se, por isso, que as regiões da Europa Central e do Norte se tornem mais atrativas para atividades turísticas durante todo o ano, em detrimento das áreas do Sul e do Mediterrâneo.

Num cenário de aquecimento global de 4°C, prevê-se que 80% das regiões a Norte aumentem a sua procura turística em relação a 2019. As indicações apontam para taxas de crescimento superiores a 3% no número de dormidas para um total de 106 regiões.

Por outro lado, prevê-se que 52 regiões europeias na Bulgária, Grécia, Chipre, Espanha, França, Itália, Portugal e Roménia percam fluxos turísticos em relação ao presente.

“As regiões costeiras e insulares são conhecidas por serem altamente vulneráveis aos impactos das alterações climáticas e isto também é confirmado pela nossa análise, onde se prevê que as regiões costeiras enfrentem os impactos mais elevados na procura turística nos cenários de maior aquecimento”, referem os autores do relatório.

Assim, quando se olha para variações superiores a +/- 5% no número de dormidas em relação ao ano base (2019), 63% das regiões europeias afetadas são zonas costeiras, destinos que também são simulados para experimentar as perturbações máximas na procura turística, ou seja, +16% no Oeste do País de Gales e -9% nas Ilhas Jónicas Gregas, num cenário de aquecimento global extremo.

A conclusão da JRC estimam que as maiores perdas (<-5%) estão projetadas nas regiões de Chipre, Grécia, Espanha, Itália e Portugal, enquanto os ganhos mais elevados (>+5%) estão distribuídos pela Alemanha, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Países Baixos, Suécia e Reino Unido.

Para além da redistribuição geográfica, prevê-se também que os padrões sazonais do turismo europeu se alterem consideravelmente, com os meses de verão a tornarem-se menos atrativos, enquanto as “shoulder season” e de inverno serão mais apelativas à medida que as condições climáticas melhorarem.

Por isso, a conclusão é simples: “os países do Sul enfrentam reduções na procura turística em todos os cenários de aquecimento global, com quedas consideráveis no Chipre, Grécia, Espanha e Portugal”, enquanto os países da Europa do Norte e Central são os “beneficiados” com uma maior procura turística.

Foto crédito: Depositphotos.com
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