Associação Comercial do Porto quer substituir a TAP por nova companhia aérea
Nuno Botelho diz que a nova companhia serviria para operar os voos intercontinentais a partir de Lisboa, assim como para apoiar a captação de rotas para ligações nacionais e europeias.

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O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, veio esta terça-feira, 14 de setembro, sugerir que TAP seja substituída por outra companhia aérea, que possa “tomar o lugar” da transportadora aérea nacional nas ligações transatlânticas e considera que o apoio do Estado à companhia foi “irracional e contrário aos interesses económicos”.
De acordo com um comunicado de Nuno Botelho divulgado pela Lusa, a nova companhia serviria para operar os voos intercontinentais a partir de Lisboa, assim como para apoiar a captação de rotas para ligações nacionais e europeias.
A sugestão do presidente da ACP surge numa missiva enviada à Direção-Geral da Concorrência e na qual o responsável alerta para o facto de os apoios estatais à TAP não protegerem o turismo português, não respeitarem as ligações no território nacional e serem incompatíveis com o funcionamento do mercado.
Entre as várias observações, Nuno Botelho salienta o serviço “quase residual” da TAP aos aeroportos do Porto (12% do total de passageiros) e de Faro (cerca de 5% do total de passageiros), ao contrário da concentração que se verifica em Lisboa, onde a TAP é responsável por 50% do total de passageiros.
Além disso, o responsável entende que a TAP não pode pretender ser “muito relevante” para a indústria turística portuguesa e, ao mesmo tempo, estar a abrir rotas para aeroportos que são destinos turísticos estrangeiros (Punta Cana, Agadir, Ibiza e Fuerteventura).
“O auxílio do Estado português à TAP é irracional, contrário aos interesses económicos e ao equilíbrio territorial nacionais, para além de ser claramente desproporcionado”, afirma, acrescentando que a “TAP, SGPS apresenta capitais próprios e resultados líquidos continuadamente negativos (mais de 2 mil milhões de prejuízos nos últimos 11 anos)”.
Nuno Botelho ressalva ainda que, numa análise comparativa efetuada pela ACP, verifica-se uma “enorme incongruência” entre a detenção pelo Estado da totalidade do capital da empresa e a tendência mundial no setor, com os estados a venderem as suas participações em companhias aéreas (como fez o Estado Alemão com a Lufthansa).
Entre as 20 maiores transportadoras mundiais, o dirigente vincou que apenas a Emirates (detida pelo governo do Dubai), a Air China (participada pelo Estado chinês) e a Singapore Airlines (do fundo soberano de Singapura) apresentam capital público relevante na sua composição acionista.
Por esse motivo, Nuno Botelho defendeu que a conectividade aérea e a proteção das atividades económicas se alcançam através da afetação dos ativos da TAP em matéria de `slots´ e como plataforma de voos transatlânticos a uma nova companhia aérea, limpa de passivo e livre de interesses noutras empresas (como as participações no Brasil).
“Este foi, aliás, o caminho seguido por outras companhias aéreas europeias que se encontravam, como a TAP, em situação continuada e estruturalmente deficitária, como a Swissair, a Sabena ou a Alitalia (cujo processo de falência e passagem de ativos para a nova companhia ITA está em curso)”, concluiu.