Alemanha dá “cartão vermelho” a Portugal
Depois do Reino Unido, é a Alemanha a dar um cartão a Portugal. Mas em vez de um amarelo, o nosso país recebe o mais penalizador: vermelho.

Victor Jorge
Depois de Boris Johnson ter retirado Portugal da “lista verde” e ter “despromovido” o nosso país para a “lista âmbar”, a chanceler alemão foi mais drástica e colocou Portugal na “lista vermelha”.
Esta decisão por parte do Governo de Angela Merkel vigorará a partir de terça-feira (29 de junho) e obrigará todos os viajantes provenientes do território português a uma quarentena de 14 dias quando do regresso à Alemanha
“Portugal é classificado como uma área de variantes [do SARS-CoV-2] de preocupação inicialmente durante duas semanas”, dá conta a decisão do Instituto Robert Koch, a agência federal de saúde da Alemanha, avisando, desde logo, que “uma extensão” deste período “é possível”.
Refira-se que Angela Merkel já tinha criticado a falta de regras comuns na União Europeia (UE) relativamente às viagens e utilizou como exemplo o aumento de infeções em Portugal, uma situação que “podia ter sido evitada”, segundo a chanceler que está de saído do Executivo alemão.
“O que lamento é que ainda não tenhamos sido capazes de alcançar um comportamento uniforme entre os Estados-membros em termos de restrições de viagem, isto é um retrocesso”, considerou Angela Merkel durante uma conferência de imprensa em Berlim. E concluiu com o exemplo do nosso país: “Temos agora uma situação em Portugal, que talvez pudesse ter sido evitada”.
Com a ilha da Madeira a entrar no “corredor verde” britânico, o secretário do Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, já reclamou uma “discriminação positiva” para a região junto do Governo alemão, criticando a “ineficácia” do primeiro-ministro em transmitir que este arquipélago é um território seguro.
“É um entendimento incorreto” do Governo alemão, disse à agência Lusa Eduardo Jesus, que sublinhou não existir qualquer “razão para considerar a Madeira no todo nacional e numa zona de risco de uma variante [da COVID-19] que a Madeira não tem”, a detetada na Índia, a Delta.
“A Madeira não quer um tratamento de exceção, quer uma discriminação positiva porque tem condições” para isso, e “neste momento pode reclamá-la”, salientou o governante madeirense.
Como consequência do anúncio das autoridades alemãs, verificou-se, de imediato, um crescimento nos cancelamentos nos voos para Portugal e uma antecipação dos voos para a Alemanha, de modo a evitar a quarentena aquando do regresso ao país.