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“Seguramente que Portugal será um dos destinos prioritários para os espanhóis neste verão”

Adiada de janeiro para maio, a FITUR é a primeira grande feira do turismo a realizar-se presencialmente. María Valcarce, diretora da FITUR, explica, em entrevista, porque o “aval” dado pelo Governo de Espanha foi fundamental.

Victor Jorge
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“Seguramente que Portugal será um dos destinos prioritários para os espanhóis neste verão”

Adiada de janeiro para maio, a FITUR é a primeira grande feira do turismo a realizar-se presencialmente. María Valcarce, diretora da FITUR, explica, em entrevista, porque o “aval” dado pelo Governo de Espanha foi fundamental.

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Os números são incomparáveis. Se na edição de 2020 foram batidos todos os recordes, este ano, a pandemia vem, claramente, alterar o panorama da FITUR.

Depois de na edição de 2020, a FITUR ter registado um crescimento da participação profissional em 5,16%, para atingir 150.011 participantes, com uma subida de 6,4% nos visitantes internacionais de 140 países, a edição de 2021, a realizar de 19 a 23 de maio, será bem diferente. Adiada por motivos da COVID-19 (inicialmente estava prevista a sua realização entre 22 e 26 de janeiro), a feira terá uma forte componente digital, mas María Valcarce destaca que esta “será uma feira presencial”.

Certo é que, segundo a diretora da FITUR, Portugal permanece como destino prioritário entre “nuestros hermanos”.

A FITUR realiza-se de 19 a 23 de maio. Quais são as grandes novidades do certame de 2021?
A notícia mais importante é que este ano a FITUR realiza-se de modo presencial, depois de mais de um ano sem ser possível reunir o setor em nenhum grande evento internacional. É um motivo de grande satisfação possibilitar o reencontro profissional de todos os componentes da cadeia de valor da indústria turística e fazê-lo com o foco posto na recuperação e no negócio.

Por outro lado, a FITUR estreia a área Travel Technology, lança as seções FITUR Woman e FITUR Lingua, além de oferecer novos conteúdos no resto das seções que, todas elas, voltam a estar presentes nesta edição especial.

Quero também destacar que teremos uma plataforma online FITUR LIVE Connect, que acompanhará a realização presencial da feira, estendendo o seu alcance temporal e geográfico, proporcionando aos expositores e visitantes uma nova ferramenta para o negócio e networking.

O facto de a FITUR ter sido nomeada “Evento de Excecional Interesse Público”, por parte do Governo espanhol, declaração que tem uma vigência de três anos, foi o garante para a realização do evento?
A concessão do certificado para “Evento de Excecional Interesse Público” correspondeu a uma declaração clara de apoio do Governo espanhol à FITUR e o reconhecimento de que a FITUR tem uma função essencial na recuperação do turismo e na projeção mundial da indústria turística espanhola.

Segurança acima de tudo
Que procedimentos estão previstos como protocolo de segurança e como é que poderão ser adaptados em caso de alterações?
A IFEMA Madrid, entidade organizadora da FITUR e de muitos outros eventos na capital espanhola, já celebrou diversas feiras e aplicou rigorosos protocolos de segurança que facilitaram o desenvolvimento dos eventos num ambiente seguro. No caso específico da FITUR e dada a dimensão nacional e internacional do evento, as medidas serão especialmente reforçadas durante as jornadas profissionais da feira, dias em que as estadias no recinto são longas e repletas de interação e em que a IFEMA MADRID pretende, naturalmente, garantir um espaço seguro.

As principais medidas adotadas são as seguintes: passes digitais, máscaras obrigatórias, controlo de distância interpessoal, dispensadores de gel desinfetante em toda a feira, divisórias em postos de atendimento, protocolos de limpeza adaptados para garantir a desinfeção, equipas de contagem nos pavilhões para monitorização e controlo de capacidade, adaptação da área de restauração às normas em vigor quanto a distâncias, número limitado de pessoas por mesa, atendimento personalizado à mesa, diferenciação nas entradas e saídas, bem com alargamento dos corredores, adaptação da lotação de salas, pavilhões e auditórios e, por último, reforço a medida que dá mais segurança e que é essencial na proposta do IFEMA Madrid para um espaço seguro: o nosso sistema de ventilação com renovação total do ar a cada 20 minutos, sem recirculação de ar e com sistemas de filtro.

Os protocolos da IFEMA Madrid têm todas as certificações existentes em Espanha para um controlo anti-COVID apertado.

Além disso, teremos, nos três dias profissionais da feira, de quarta a sexta-feira, um protocolo adicional de controlo sanitário, com a exigência de um teste COVID negativo para todos os participantes.

O universo do turismo, tal como as feiras e eventos, foram impactados pela pandemia da COVID-19. Que transformações realizaram para levar a cabo a edição de 2021?
Por um lado, adaptamos os espaços, a forma de disposição dos stands, auditórios e áreas de restauração aos protocolos mencionados. Por exemplo, no caso dos restaurantes, teremos uma grande variedade de comidas e bebidas em esplanadas e, em geral, tudo é disposto para respeitar distâncias e capacidades. Por outro lado, através da plataforma FITUR LIVE Connect, chegaremos àqueles países, regiões e profissionais que pelas atuais circunstâncias não podem viajar e complementaremos o evento presencial – que é a essência da FITUR – com esta possibilidade de interação e divulgação de conteúdo.

 

“A concessão do certificado para ‘Evento de Excecional Interesse Público’ correspondeu a uma declaração clara de apoio do Governo espanhol à FITUR”

 

Os nichos de negócios como Screen FITUR, FITUR Festivals&Events, FITUR LGBT+, FITUR Health, FITURTechy, FITUR Know-how e FITUR Talent mantêm-se. Foram criados mais alguns para atrair novos públicos? Quais e porquê?
As áreas ou seções da FITUR foram criadas ao longo do tempo para que a FITUR seja a feira onde todo o setor tem o seu espaço e o seu destaque, além de constituir o lugar onde todos os agentes que fazem parte do mercado turístico têm o seu espaço. Nalguns casos, como o FITUR Screen, FITUR Festivals&Events ou a nova FITUR Lingua, pretende-se colocar a indústria do turismo em contacto com outro setor que está a funcionar como um catalisador do mercado turístico, ou seja, o cinema, os festivais de música, desporto e cultura ou ensino de línguas. FITURTECHY é um segmento de conteúdo que tem como objetivo trazer a vanguarda da inovação e tecnologia para mais perto dos profissionais que visitam a feira. A FITUR KNOW-HOW & EXPORT oferece também conteúdos sobre inovação e também apresenta o know-how das empresas espanholas ao mercado turístico mundial e potencia a sua atividade exportadora. A FITUR Talent é o segmento dedicado às pessoas, ao seu talento como eixo de competitividade das empresas, especialmente na era da transformação digital à qual gestores e trabalhadores devem adaptar-se e otimizar possibilidades através da formação e da capacitação profissional. Cada segmento da FITUR tem um significado para permitir que a feira atenda a todos os segmentos de mercado, ofereça formação e conhecimento e uma visão de vanguarda setorial.

Um “mundo” mais reduzido
Na edição de 2020, Portugal esteve presente com um stand de 915 m2 e 90 empresas. Que expetativas têm para a edição de 2021 relativamente à participação portuguesa?
A participação de Portugal é muito importante para a FITUR. Estamos confiantes em conseguir oferecer às empresas portuguesas e a Portugal como destino uma plataforma poderosa para reiniciar a atividade turística e contribuir para a recuperação do país.

Além disso, Portugal é um dos destinos preferidos do turista espanhol que sente uma afetividade muito próxima com o país, desfruta muito das suas cidades e povo, da natureza, praias, sente-se confortável e tem uma enorme simpatia pelas gentes. Seguramente que Portugal será um dos destinos prioritários para os espanhóis neste verão que começa a ser preparado, precisamente na FITUR.

Que regiões do mundo ou destinos estarão mais representadas na FITUR 2021?
Neste momento, temos a confirmação da participação de todas as regiões que, habitualmente, estão representadas na FITUR: América, África, Ásia-Pacífico, Europa e Médio Oriente. Além de uma representação total de Espanha.

Natural e claramente que não será uma edição recorde no seu alcance internacional, já que a pandemia condicionou muito as possíveis participações de alguns destinos. Mas teremos expositores de mais de 50 países que serão muito bem-vindos a Madrid e à FITUR.

De que forma é que a indústria do turismo se transformou e transformará para dar resposta à “nova realidade” criada pela pandemia?
Acredito que a resposta seja complexa e distinta, dependendo do segmento da indústria turística que estejamos a analisar. Debater-se-á muito e profundamente sobre essa temática na FITUR.

Globalmente, creio que as tendências de transformação seguirão em linha com a transição digital e ecológica que também estará presente em todos os setores da economia. Além disso, creio e espero que sejam dados passos importantes na direção de uma maior sustentabilidade.

Como é que se chega, atualmente, ao público desejado?
Creio que para chegar ao público, ao nosso cliente de hoje, há que conhecê-lo, saber e ter o maior conhecimento possível dele para dar-lhe o que ele valoriza e a forma como ele valoriza obtê-lo. O turista de hoje, por exemplo, procura e compra, valoriza a facilitação inteligente, aprecia ferramentas eficientes de facilitação, otimiza as suas viagens preenchendo-as de atividades.

Teremos que dar a esse turista o que ele valoriza, ter informação digital e/ou digitalizada e publicada, oferecer boas ferramentas para a reserva, oferecer atividades, etc..

E há algo mais que poderemos fazer. Além de conhecer a tendência geral e/ou global, podemos e devemos escutar os reais turistas, saber o que pensam da minha oferta concreta, saber o que pensam da concorrência, saber como planeiam a suas viagens e obter informação abundante que nos permitirá tomar decisões para o negócio.

Hoje em dia, temos um turista “digitalizado”, um turista a quem a crise sanitária proporcionou uma aprendizagem acelerada e imersiva na digitalização e que reforçou os seus hábitos de consumo de conteúdos digitais e de comunicação digital. Esse turista, permanentemente conectado, deixa o seu rasto na Internet e nas RRSS e, com isso, muita informação útil para o negócio.

Equilíbrio entre físico e digital
Que tendências esperam vir a ser mostradas ao longo dos cinco dias do evento para uma indústria tão fustigada neste último ano?
A FITUR 2021 será uma edição centrada na recuperação, estratégias adaptativas, transformação digital, transformação ecológica, sustentabilidade em todo o seu sentido e, sobretudo, proporcionar os contactos e trabalho que permita a recuperação do setor.

 

“Ao longo de toda a feira veremos como destinos e empresas já iniciaram o seu trajeto nesta transformação digital”

 

A digitalização tem sido apontada como um dos pontos de maior relevância a desenvolver pela indústria do turismo. Como é que a tecnologia estará presente na FITUR?
Como referi, teremos uma área da feira dedicada à apresentação de propostas de fornecedores de tecnologia – Travel Technology -, além de, na FITURTECHY e na FITUR KNOW-HOW & EXPORT, os programas de conferências versarem sobre temas de inovação nos quais a tecnologia tem um protagonismo fundamental. Ao longo de toda a feira veremos, igualmente, como destinos e empresas já iniciaram o seu trajeto nesta transformação digital.

Estaremos a caminhar para o turista/cliente/consumidor cada vez menos “human-driven”? Como é que se transmitem as experiências a este tipo de turista, bem como a parte relacional e humana da experiência das viagens?
Creio que a tecnologia é, somente, uma ferramenta, aliás, uma ferramenta muito poderosa e necessária que deve facilitar e melhorar a experiência do utilizador, bem como a competitividade das empresas. Mas, em nenhum modo, diminui a importância do contacto humano e da experiência relacional dos viajantes.

As pessoas querem viajar para sentir direta e pessoalmente outros locais e conhecer cara-a-cara outras pessoas, de modo a ampliar os seus horizontes e enriquecer a sua vida com novos ares. Essa é a essência das viagens e espero e confio que isso nunca mude.

A participação esperada para a FITUR 2021 é mais digital do que física? E será essa a nova forma dos eventos serem realizados?
A FITUR 2021 será uma feira presencial que contará com uma plataforma digital complementar. Todos os expositores com stand físico na FITUR terão um perfil na FITUR LIVE Connect como poderá, além disso, existir algum participante exclusivamente online.

Já quanto aos visitantes, apenas aqueles que desejarem estarão online, cada um escolherá, no momento da acreditação, se pretende vir à feira ou se pretende ou não ligar-se à plataforma online.

Esperamos que a atividade na plataforma agregue valor aos participantes da feira física e que muitos dos participantes da feira física a utilizem para potenciar a sua interação, preparar a feira e acompanhar a mesma.

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Turismo da Alemanha quer capitalizar crescimento do mercado português com o Euro 2024

Depois de ter registado um crescimento de 5% nas dormidas de turistas portugueses em 2023, face a 2019, totalizando mais de 544 mil, o Turismo da Alemanha pretende que a realização do Euro 2024 sirva de mote para atrair ainda mais portugueses a visitar terras germânicas.

A Alemanha registou 80,9 milhões de dormidas internacionais, em 2023, um aumento de 18,8% relativamente a 2022, sendo que de turistas provenientes da Europa, o número foi de 62,1 milhões de dormidas (+15,3% face ao ano anterior). Isto só para dormidas calculadas em hotéis com mais de 10 camas e todo o território alemão.

Em 2023, Portugal registou 544.135 dormidas, um aumento de 14,3% face a 2022 e uma evolução de 5% quando comparado com 2022, salientando Ulrike Bohnet, diretora do Turismo da Alemanha para Portugal e Espanha, em conferência de imprensa, tratar-se de “um novo recorde”, depois de, em 2022, as dormidas terem totalizado 476.190, um crescimento de mais de 110% relativamente a 2021.

Na opinião da responsável pelo Turismo da Alemanha para Portugal e Espanha, a realização do Campeonato Europeu de Futebol, de 14 de junho a 14 de julho, para o qual Portugal está apurado, terá “uma importância enorme para o turismo na Alemanha, já que chamará milhões de pessoas”.

Ora, é precisamente neste evento que o Turismo da Alemanha alavanca a sua estratégia para atrair mais visitantes internacionais. “Não queremos que os turistas internacionais visitem a Alemanha somente neste período de um mês que dura o Euro 2024, mas que utilizem o evento para visitar e ficar mais tempo”.

Por isso mesmo, a campanha que o Turismo da Alemanha tem preparada para o turismo internacional ter o claim “Stay longer”. Utilizando este claim, a Alemanha prepara-se para mostrar as regiões e cidades onde decorrem os jogos dos diversos países, sendo que no caso português, Leipzig, Dortmund e Gelsenkirchen serão os palcos onde a seleção nacional jogará as suas partidas.

Se na primeira cidade, a “Rota da Música” é uma das atrações principais, havendo conexões diretas de Lisboa Porto, Faro e Funchal até ao aeroporto de Berlim, o aeroporto de Düsseldorf servirá de ponto de chegada para quem quiser ver os jogos em Dortmund e Gelsenkirchen, e onde a região de Wuppertal e Ruhr, respetivamente, são alguns dos destinos a visitar.

Mas a campanha do Turismo da Alemanha quer capitalizar o Euro com mais atrações. “A Campanha Cultura 2024 terá um foco muito forte nos 7.200 museus, 8.000 exposições, 80 salas de ópera, 700 teatros e 13 regiões vitivinícolas existentes em todo o território alemão e dos quais queremos fazer uso para promover a Alemanha nos mais diversos mercados internacionais, Portugal incluído”, admitiu Ulrike Bohnet.

“Queremos que, quem nos visite, possa usufruir dos 52 lugares declarados Património da Humanidade da UNESCO e que siga a máxima ‘viajar menos, mas ficar mais tempo’”.

Mas não é só no Turismo Cultural que a Alemanha aposta. Também o Turismo Industrial é uma das vertentes que a entidade responsável pelo turismo da Alemanha pretende divulgar em força, além de colocar a Alemanha como um dos destinos turísticos mais sustentáveis.

Assim, o Euro 2024 “serve só de ‘branding’, já que o nosso papel não passa por promover o Campeonato de Futebol, mas todo o território alemão com a sua diversidade de oferta”, esclareceu Ulrike Bohnet.

Com um total de 23 voos que ligam Portugal à Alemanha diariamente, o Turismo da Alemanha espera que a média de noites dormidas pelos visitantes portugueses possam aumentar para além das 6,8 registadas em 2023, número que, segundo a responsável do Turismo da Alemanha para Portugal e Espanha indicou como “bastante positivos, mas que queremos que aumentem”.

E se o período do Euro 2024 é o mote para atrair os turistas de todo o mundo à Alemanha, os responsáveis pelo turismo do país já estão a pensar mais à frente e apontam baterias aos Mercados de Natal, “outra época forte no turismo na Alemanha e que será promovido ao longo deste período”.

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INE: Alojamento turístico em janeiro registou 230,8M€ em proveitos totais

No seu mais recente relatório, o Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta que o crescimento dos proveitos totais registou um abrandamento em janeiro pelo terceiro mês consecutivo.

Após ter dado conta, no final de fevereiro, que o setor do alojamento turístico registou 1,5 milhões de hóspedes e 3,5 milhões de dormidas em janeiro, o INE indica agora que no primeiro mês do ano foram gerados 230,8 milhões de euros de proveitos totais, mais 9,4% face ao período homólogo e mais 13,4% em relação a dezembro de 2023.

Quanto aos proveitos de aposento em janeiro deste ano, foram registados 166 milhões de euros, mais 8,5% em relação ao período homólogo e mais 14,8% face a dezembro de 2023.

A Grande Lisboa foi a região que mais contribuiu para a globalidade dos proveitos (35,8% dos proveitos totais e 37,5% dos proveitos de aposento), seguida pela Região Autónoma da Madeira (17% e 16,3%, respetivamente) e do Norte (16,7% e 16,9%, pela mesma ordem).

Os maiores crescimentos ocorreram no Oeste e Vale do Tejo (mais 33,3% nos proveitos totais e mais 22,4% nos de aposento, face ao período homólogo), no Centro (mais 14,4% e mais 13,7%, respetivamente) e no Algarve (mais 12,9% e mais 16,3%, pela mesma ordem).

Destaque também para a Península de Setúbal, a única região que registou decréscimos em ambos os proveitos (menos 2,6%), e para a Região Autónoma dos Açores, que embora tenha verificado uma diminuição de 1,9% nos proveitos de aposento, registou um crescimento de 2,3% nos proveitos totais.

Em janeiro, o INE dá conta do crescimento dos proveitos nos três segmentos de alojamento.

Na hotelaria, os proveitos totais e de aposento (pesos de 88% e 86,1% no total do alojamento turístico, respetivamente) aumentaram 9,5% e 8,9% em relação ao período homólogo, pela mesma ordem.

Já nos estabelecimentos de alojamento local (quotas de 9% e 10,9%, respetivamente), registaram-se aumentos de 6,2% nos proveitos totais e 4,9% nos proveitos de aposento face ao período homólogo.

Por fim, no turismo no espaço rural e de habitação (representatividade de 3,1% nos proveitos totais e de 3% nos de aposento), os aumentos foram de 16,5% e 11,2%, respetivamente.

ADR cresceu em todas as regiões

O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) situou-se nos 30,2 euros, mais 3,9% face ao período homólogo e mais 9% face a dezembro. Já o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) atingiu 83,7 euros, mais 7,6% em relação ao período homólogo e mais 6,2% quando comparado com os dados de dezembro.

Os valores de RevPAR mais elevados foram registados na Região Autónoma da Madeira (51,2 euros) e na Grande Lisboa (49,5 euros), tendo os maiores crescimentos ocorrido no Oeste e Vale do Tejo (mais 15,5% face ao período homólogo) e no Algarve (mais 12,2% em relação ao período homólogo). A Região Autónoma dos Açores foi a que registou o maior decréscimo, com menos 6,3% em relação ao período homólogo.

Em janeiro, este indicador cresceu 5,4% na hotelaria (mais 10,4% face a dezembro de 2023) e 3,8% no turismo no espaço rural e de habitação (mais 9,7% do que dezembro de 2023). No alojamento local decresceu 3,6% (+3,2% em dezembro).

No conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) atingiu os 83,7 euros, mais 7,6% em relação ao mesmo mês de 2023, e mais 6,2% quando comparado com dezembro de 2023.

O INE aponta ainda que o ADR atingiu os valores mais elevados na Grande Lisboa, a 105,9 euros, e na Região Autónoma da Madeira, com 87,5 euros. Os acréscimos mais expressivos verificaram-se no Algarve (mais 12,1%), na Região Autónoma da Madeira (mais 11,9%) e na região Centro (mais 11,2%), sempre em relação ao período homólogo.

Em janeiro, o ADR cresceu 8% na hotelaria (mais 6,3% do que em dezembro de 2023), 7,2% no turismo no espaço rural e de habitação (mais 5,5% em dezembro) e 4,2% no alojamento local (mais 4,9% em dezembro), atingindo os 86,2 euros na hotelaria, os 100,5 euros no turismo no espaço rural e de habitação e os 65,5 euros no alojamento local, respetivamente.

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Início de 2024 mantém tendência de crescimento na movimentação de passageiros nos aeroportos nacionais

Os aeroportos nacionais continuam em alta, com a movimentação de passageiros a registar um crescimento de 1,6% face ao primeiro mês de 2023, totalizando 4 milhões de passageiros em janeiro de 2024. França liderou como principal país de origem e de destino. Lisboa mantém a liderança, seguida do Porto e Madeira.

Victor Jorge

Em janeiro de 2024, os aeroportos nacionais movimentaram 4 milhões de passageiros, correspondendo a um crescimento de 1,6% face a janeiro de 2023, verificando-se “máximos históricos nos valores mensais de passageiros nos aeroportos nacionais”, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

No primeiro mês deste ano, os aeroportos nacionais assinalaram um desembarque médio diário de 61,4 mil passageiros, valor superior ao registado em janeiro de 2023 (60,7 mil; +1,2%).

“O movimento diário de aeronaves e passageiros é tipicamente influenciado por flutuações sazonais e de ciclo semanal. Os valores diários mais elevados são geralmente encontrados no período de verão e o sábado é o dia da semana com maior número de passageiros desembarcados”, refere o INE.

Em janeiro de 2024, 80,5% dos passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais corresponderam a tráfego internacional, atingindo 1,5 milhões de passageiros (+2,7%), na maioria provenientes do continente europeu (63,6% do total), correspondendo a um aumento de 0,9% face a janeiro de 2023. O continente americano foi a segunda principal origem, concentrando 11% do total de passageiros desembarcados (+12,1%).

Relativamente aos passageiros embarcados, 82,2% corresponderam a tráfego internacional, perfazendo um total de 1,7 milhões de passageiros (+3,5%), tendo como principal destino aeroportos no continente europeu (67% do total), registando um crescimento de 2,2% face a janeiro de 2023. Os aeroportos no continente americano foram o segundo principal destino dos passageiros embarcados (10,3% do total; +13,1%).

Considerando o volume de passageiros desembarcados e embarcados em voos internacionais em janeiro de 2024, França foi o principal país de origem e de destino dos voos, apesar de ter registado decréscimos no número de passageiros desembarcados e embarcados face a janeiro de 2023 (-9%; -7,7%). Espanha e Reino Unido ocuparam a 2.ª e 3.ª posições, como principais países de origem, e posições inversas como principais países de destino. Brasil e Alemanha alternaram a 4.ª e 5.ª posição consoante país de origem ou de destino dos voos.

O aeroporto de Lisboa continuar a ser a principal porta de entrada, movimentando 56,4% do total de passageiros (2,3 milhões), +0,7% comparando com janeiro de 2023. O aeroporto de Faro registou um crescimento de 8,5% no movimento de passageiros (292,1 mil) e o aeroporto do Porto concentrou 23,2% do total de passageiros movimentados (930,1 mil) e aumentou 3,8%.

De salientar que o aeroporto da Madeira foi o 3.º aeroporto com maior movimento de passageiros em janeiro de 2024 (302,1 mil; -3,7%), superando o aeroporto de Faro.

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Victor Jorge

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Eventos Publituris

Publituris lança 1.ª edição do “BOOK de Enoturismo” com apoio do Turismo de Portugal

A Bolsa de Turismo de Lisboa – BTL 2024 marcou o lançamento de um novo produto no universo Publituris, com a 1.ª edição do “BOOK de Enoturismo”, com o apoio do Turismo de Portugal.

Publituris

A crescente relevância do Enoturismo em Portugal serviu de mote para o jornal Publituris lançar a 1.ª edição do “BOOK de Enoturismo”, com o apoio do “Visit Portugal”, do Turismo de Portugal, contando, igualmente, com a TryPor e André Villa de Brito como parceiros.

Portugal possuía no final de 2022, segundo dados do Turismo de Portugal, 458 unidades que desenvolviam atividade no mundo das experiências vínicas, com o segmento do Enoturismo a assumir uma relevância cada vez maior na diversificação da oferta turística em Portugal.

Em 128 páginas, a 1.ª edição do “BOOK de Enoturismo” do Publituris dá a conhecer algumas unidades, de Norte a Sul, incluindo ilhas, que desenvolvem a sua atividade no mundo das experiências vínicas, mostrando não só algumas quintas nas diversas regiões vitivinícolas do país, como, também, algumas empresas que prestam serviços nesta atividade.

Além da distribuição própria assegurada pelo jornal Publituris, a 1.ª edição do “BOOK de Enoturismo” será, também, distribuído pelas diversas delegações do Turismo de Portugal junto dos agentes dos respetivos mercados internacionais.

A importância do Enoturismo para o Turismo em Portugal foi, de resto, tema da conferência organizada pelo Publituris durante a realização da BTL 2024. Na altura, Lídia Monteiro, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal; Pedro Valle Abrantes, Managing Partner da TryPor; Alexandra Leroy Maçanita, Events & Wine Tourism Manager da Fita Preta; Luís Santos, General Manager do Palácio Ludovice Wine Experience Hotel; e Ana Maria Lourenço, Public Relations do World of Wine (WoW), reconheceram a importância deste segmento, que já é histórico no nosso país, tem grandes tradições, mas só há pouco tempo começou a ser olhado com maior atenção pelo valor acrescentado que traz ao destino Portugal, passando a ser considerado como um produto turístico que ajuda a incorporar o equilíbrio territorial e que permite um turismo ao longo do ano, esbatendo assim a sazonalidade, para além de atrair um público mais exigente, com maior poder de compra, e de países como os Estados Unidos, Canadá ou Brasil, para além dos europeus.

Para 2025 está prometida a 2.ª edição deste “BOOK de Enoturismo” do Publituris.

Sobre o autorPublituris

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Aviação

CTI antecipa publicação do relatório final e mantém Alcochete ou Vendas Novas como “mais favoráveis”

A Comissão Técnica Independente (CTI) antecipou a publicação do relatório final, prevista para 22 de março, considerando Alcochete ou Vendas Novas como soluções “mais favoráveis” para uma solução única para o novo aeroporto de Lisboa.

Publituris

Nas conclusões do relatório ambiental publicado antecipadamente, a Comissão Técnica Independente (CTI) refere que “as opções estratégicas de solução única são as que se apresentam como mais favoráveis em termos globais”, apontando as hipóteses Alcochete e Vendas Novas.

Contudo, realça a “vantagem financeira das soluções duais assentes na manutenção do Aeroporto Humberto Delgado (AHD)”, com a construção da nova infraestrutura quer em Alcochete, quer em Vendas Novas.

As recomendações da CTI apontam que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”, depois de esta opção ter sido descartada no relatório preliminar.

Nesta solução, a comissão refere Santarém como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”.

“Teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”, destaca, apontando ainda a vantagem para a “coesão territorial a nível nacional, sobretudo na Região Centro, embora com menos vantagem para a Região de Lisboa”.

A comissão tem “dúvidas em relação à sua rapidez de execução” e considera que “não será viável” a solução Santarém como infraestrutura única, “devido às limitações aeronáuticas militares existentes que não permitem que se venha a constituir como um aeroporto único alternativo ao AHD”.

A CTI aponta que a opção Vendas Novas “apresenta menos vantagem em termos de proximidade” à Área Metropolitana de Lisboa (AML), bem como “de tempo de implementação”, referindo que são necessários “mais estudos, bem como mais expropriações”.

Vendas Novas “tem mais vantagens do ponto de vista ambiental com menor afetação de corredores de movimentos de aves e recursos hídricos subterrâneos, apesar de afetarem áreas de montado e recursos hídricos superficiais de forma muito equivalente”.

Esta solução “pode contribuir ainda para um aumento da coesão territorial a nível nacional, sobretudo na Região Alentejo, ainda com capacidade de extensão à Região de Lisboa”, pode ler-se ainda.

As soluções Alcochete e Vendas Novas obrigam à desativação do Campo de Tiro de Alcochete, representando para a Vendas Novas “um ónus adicional”.

Sobre a opção Humberto Delgado + Montijo, ou Montijo como aeroporto único, a CTI alerta para constrangimentos, como a “não renovação da DIA [Declaração de Impacto Ambiental]” na solução dual, que “assim perde a sua vantagem na rapidez de execução”.

A CTI frisa ainda que Humberto Delgado + Montijo é “desvantajosa no longo prazo porque se limita a adiar o problema do aumento real da capacidade aeroportuária, tendo em conta as projeções de aumento da procura, mesmo as mais modestas” e refere que qualquer solução com Montijo “apresentam ainda os maiores e mais significativos impactos ambientais negativos, o que as torna não viáveis desse ponto de vista”.

A comissão recomenda que a solução passe por um aeroporto único, que garanta “a eficiência e eficácia do seu funcionamento”, lembrando que todas as opções geram “oportunidades, mas também de riscos, considerando incertezas, e também impactos negativos, nomeadamente ambientais e sobre a saúde humana”.

Recorde-se que a publicação do relatório final sobre as opções de localização para o novo aeroporto de Lisboa estava prevista para 22 de março, mas a CTI refere, em comunicado, que decidiu antecipar a publicação “por motivos de transparência”.

O relatório final está disponível em www.aeroparticipa.pt.

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“Está-se a valorizar o produto golfe e tentar cobrar o valor certo”

O primeiro semestre de 2023 foi positivo para o golfe turístico em Portugal, com os dados do Turismo de Portugal a mostrarem os melhores números já registados no nosso país. Contudo, Nuno Sepúlveda, presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe (CNIG), admite que está na altura de renovar o produto. Até porque há mercados fiéis e outros mais a explorar.

Victor Jorge

No primeiro semestre de 2023, os 89 campos de golfe existentes em Portugal registaram uma média de número de voltas superior a 14.000, o que contrasta com as 13.616 do mesmo período de 2022 e 12.992 de 2019. Nuno Sepúlveda, presidente do CNIG (e também CEO de Sports and Leasure da Arrow Global Portugal), acredita que o golfe turístico está numa fase de recuperação. Contudo, considera que Portugal entrou numa fase em que necessitará de renovar o produto golfe. Com a luta pela baixa do IVA no golfe a perdurar, Nuno Sepúlveda admite que uma baixa do imposto daria uma “maior capacidade de investimento” e possibilitaria essa tão necessária atualização. Até porque, aqui ao lado, em Espanha, essa renovação já está a acontecer. “A grande mensagem é que temos de investir no nosso produto e promover bem esse produto”.

Os dados do Turismo de Portugal, relativamente ao primeiro semestre de 2023, revelam uma utilização média por campo ao nível dos mais elevados já registados em Portugal. Isto significa que a indústria do golfe turístico já está numa fase de recuperação?
Sim, acho que já está numa fase de recuperação. E não é só pelos números absolutos do número de voltas de golfe. É pelo valor médio da volta do golfe. Há uma clara diferença. Os preços vieram todos para cima. Foi uma oportunidade que se aproveitou para subir preços. De facto, está-se a fazer muito mais receita em proporção ao número de voltas.

2022 já foi dos melhores anos. 2023 foi ainda melhor.

2022 foi o melhor que 2019?
Foi, diria, equiparado a 2019. Foi equiparado na grande parte dos sítios pela via da receita.

Para 2024, as perspetivas são belíssimas. Mas acho que, acima de tudo, está-se a valorizar o produto golfe e tentar cobrar o valor certo, o que não acontecia antes da pandemia. Era muito em volume, muito em quantidade, mas agora verifica-se um acerto, tal como, por exemplo, nos hotéis.

Mas consegue quantificar a subida de preço?
Diria que de 2022 para 2023 há uma subida, pelo menos de 10% no valor médio.

E prevê uma subida para 2024 ou uma estabilização face à subida que existiu?
Poderá haver uma subida, mas não tão agressiva como no último ano. Foi um pouco para justificar a inflação e a subida de todos os custos da própria operação.

Não é possível falar do golfe turístico sem falar da hotelaria, da restauração, da aviação, do rent-a-car

Mas é mais correto falar num ajuste do que numa subida?
Sim, será mais correto falar num ajuste. Penso que o mais correto é dizer que é pôr verdade no preço. Os custos já lá estavam, eram assumidos, mas esses custos subiram, a eletricidade, subiu, a mão-de-obra subiu, o gasto com pessoal subiu. Começou-se a olhar para os custos com outra atenção. Os custos fixos que assumimos estão bem geridos.

Mas é possível quantificar quanto é que a indústria do golfe perdeu com a pandemia?
É difícil, já que o golfe turístico abrange muitas outras atividades. Não é possível falar do golfe turístico sem falar da hotelaria, da restauração, da aviação, do rent-a-car. Nunca falamos só de golfe. O golfe é quase a coisa menos importante, porque quem vem praticar golfe turístico vem para um hotel, come num restaurante, aluga um carro, visita locais, faz compras.

Diria que a regra, entre a volta de golfe, o alojamento e a refeição, cada uma terá uma importância de um terço no total final.

Há, portanto, diversas atividades agregadas que terão de ser contabilizadas?
Exato. Falamos de pessoas que têm estadias médias relativamente altas, de 5 a 7 noites. Não falamos de turistas que fazem city-breaks, quem só vêm passar o fim de semana.

Mas voltando um pouco atrás, como é que a indústria do golfe turístico, de facto, passou esta pandemia?
Provavelmente não deveria ter sofrido tanto pelo contexto em que é jogado, mas sofreu pelo contexto em que é desenvolvido. Ou seja, está associado à hotelaria, aos aviões, aos restaurantes. Quer dizer, constituindo um terço do bolo, se não há hotéis abertos, restaurante onde se possa ir comer, não há aviões para voar, este terço é impactado.

Toda a gente percebe a importância do golfe, mas depois é sempre visto de forma isolada

Uma luta antiga
A atividade do golfe turístico luta já há alguns anos pela baixa do IVA. Em que ponto é que está essa situação?
Está igual. Não houve desenvolvimentos relativamente a essa matéria. É uma pena que o IVA do golfe não esteja pelo menos alinhado ao IVA da hotelaria. Já ninguém fala em que seja um IVA de desporto, mas que fosse um IVA intermédio alinhado com a hotelaria. Esse tem sido um assunto que, infelizmente, nunca foi tratado com a atenção devida.

Por quem?
Diria que pelos governos. Toda a gente percebe a importância do golfe, mas depois é sempre visto de forma isolada.

O que é que uma redução do IVA poderia trazer ao golfe turístico em Portugal?
Quero acreditar que as empresas teriam mais capacidade para investir, para melhorar o produto. Porque vamos vender a um preço final igual a um dos nossos concorrentes. A questão é que em Portugal a operação fica com menos que em Espanha e, logo, existe uma diferença na capacidade para investir, melhorar e adaptar a experiência e puxar outros mercados. Quer dizer, isto é uma bola de neve, se o produto for melhor, conseguimos atingir outros targets, outras nacionalidades.

Seria um fator de competitividade?
Muito. Costumo colocar a coisa ao contrário: imaginemos que a hotelaria agora passaria a ter um IVA como o golfe? Que impacto teria? Os investimentos são os mesmos. Aliás, os campos de golfe têm de ter a mesma manutenção quer tenham cinco clientes ou 50 clientes. Não dá para fechar em época baixa.

Ainda existe o estigma de se tratar de um desporto elitista e, portanto, pode-se cobrar mais?
Pode haver esse estigma, mas está mal explicado. Hoje em dia, ser membro de um clube de golfe custa o mesmo que ser membro de um ginásio. Um outro problema que temos no nosso país é que não existe cultura para a prática de golfe.

“Business as usual”
Falou dos concorrentes. Quais são, efetivamente, os principais concorrentes do golfe turístico em Portugal?
Diria Espanha. É sempre um mercado muito forte, sempre foram muito agressivos, quer em termos de aeroportos, quer em termos de oferta hoteleira, mobilidade. Repare, por exemplo, na força do aeroporto de Málaga, é um aeroporto altamente internacional, com milhares de voos por ano. Por isso, apontaria Espanha. Depois temos o mercado do Dubai, Abu Dhabi é um mercado também importante.

Mas são mercados emergentes?
São emergentes há muito tempo. A Turquia já não é um mercado novo, por exemplo. Mas diria que Espanha será sempre o principal, até porque há espanhóis a viajarem para o Algarve para depois ir jogar para a zona sul de Espanha.

Mas Espanha oferece algo mais do que é oferecido em Portugal?

Não, mas Espanha em termos de golfe, nos últimos 10 a 15 anos melhorou o seu produto de golfe muito mais do que o produto de golfe melhorou em Portugal. Houve uma atenção para o investimento nos campos de golfe. A zona de Sotogrande teve uma atualização nos investimentos em campos e golfe muito forte e isso oferece uma diferenciação de qualidade significativa.

Onde é que na restante Europa temos campos de golfe a menos de uma hora do centro da capital? Por isso, não se trata de ter mais campos de golfe, é aproveitar o que temos e melhorar o produto

Mas somente em termos de campo de golfe?
De campo de golfe, mas também em todas as infraestruturas, ao nível do serviço, manutenção, a maneira como o golfe turístico está associado a outros produtos. Nós continuamos a fazer “business as usual”.

A grande mensagem é que temos de investir no nosso produto e promover bem esse produto.

Mas não se promove bem o golfe turístico?
Acho que em Portugal há um bom trabalho de promoção, mas quando começamos a subir o preço médio por cada volta de golfe e o investimento médio por cada campo de golfe não existe, a coisa não bate certo. Há um desfasamento entre o que estamos a cobrar e o que estamos a oferecer.

O peso internacional
Os dados do Turismo de Portugal destacam uma preponderância de golfistas internacionais, com especial destaque para o mercado britânico. O golfe turístico em Portugal, de facto, está muito dependente do golfista internacional?
Está. Nós não temos uma cultura de golfe que justifique os campos de golfe que temos.

Estamos a falar de uma proporção 80-20?
Eventualmente, 90-10. E regressando ao que referi, se contássemos somente com golfistas nacionais, esses não ficam nos nossos hotéis, não vão aos nossos restaurantes. Esse é o negócio por trás do golfe. Depois há a questão do imobiliário, do golfista que vem a Portugal, se apaixona pelo nosso país e até compra uma segunda habitação.

E há falta de campos de golfe em Portugal?
Não, não é por aí. O importante é quebrar a sazonalidade do golfe turísticos. Antigamente, março e abril eram os meses mais fortes. Atualmente, outubro é fortíssimo, temos o maio e setembro a crescer de forma significativa.

As pessoas têm percebido que há alturas melhores para jogar golfe por razões diferentes, ou por tempo ou pela ocupação dos próprios campos. Também há mais hotéis abertos em determinadas alturas. Perceberam também que o golfe era uma boa oportunidade.

Mas respondendo à sua pergunta, não temos uma cultura de golfista que justifique ter tantos campos.

O Brexit ainda continua a fazer mossa?
Está melhor. Continua a haver alguns problemas nas entradas nos aeroportos com a questão dos passaportes. Mas temos a vantagem de haver uma relação muito próximo entre o Reino Unido e Portugal. Mas foi complicado.

O segredo está, contudo, em captar mais golfistas internacionais ou atrair mais o golfista nacional, já que os campos não estão nas suas capacidades máximas, nem de perto nem de longe.

Não há dúvidas que há espaço para o mercado nacional crescer, tal como o mercado internacional.

E como é que isso pode ser conseguido?
É fácil, tem de haver uma diferenciação na qualidade. Um campo de golfe é um campo de golfe e, portanto, todo o ecossistema ligado ao golfe tem de melhorar. Os campos, os serviços, os hotéis, a gastronomia, a restauração.

Não é uma questão de layout dos campos?
Não. Há ótimos layouts de campos de golfe com péssimas experiências e há layouts de campos de golfe medianos com experiências fantásticas. O desenho do campo é importante, tal como a manutenção do mesmo, o serviço, o contexto onde se insere o produto é importante.

Os dados disponibilizados pelo Turismo de Portugal relativamente ao primeiro semestre mostram que os mercados nórdicos e o britânico foram os únicos que cresceram face ao mesmo período de 2022. A que se deve esta realidade?
São mercados maduros e que gostam muito de Portugal.

Depois do COVID foram, de facto, esses mercados que regressaram mais rapidamente. Já conheciam, havia segurança, gostam do destino Portugal e, por isso, é natural que sejam esses os primeiros a regressar.

Foto: Frame It

Mas para que outros mercados é que Portugal poderia e deveria olhar?
Hoje em dia há mercados muito interessantes. A Polónia é um mercado interessante, tal como a República Checa. São mercados para os quais nunca olhámos como mercados de golfe, mas que começam a vir a Portugal para praticar golfe.

Depois, claro, temos o mercado americano que nem vale a pena discutir, mas que está muito concentrado na zona de Lisboa. Nota-se um crescendo em direção ao Algarve, mas o produto não está totalmente atualizado ou preparado para o mercado americano.

Claro que o mercado americano está a crescer porque há mais ligações, há mais voos e Portugal é cada vez mais conhecido nos EUA.

Mas fora da Europa ainda há mercados por explorar e trabalhar.

Mas como é que se deve trabalhar esses mercados? Deverá existir uma maior promoção por parte dos campos, dos hotéis, do Turismo de Portugal?
O Turismo de Portugal tem feito um trabalho excelente e sabemos onde nos pode ajudar, tal como a AICEP. Os hotéis, os campos de golfe, trabalham juntos, as associações de turismo trabalham juntas. É uma questão de visão e perceber que tem de se ir à procura de mercados novos. E isso dá trabalho. E os resultados, às vezes, não são imediatos, podem demorar anos.

E há um trabalho geracional a fazer?
Obviamente que há uma geração de jogadores de golfe que vai entre os 50 e os 65 anos. É o nosso target. São muito poucos os mercados fora de Portugal que têm jogadores novos. A Suécia é um dos poucos exemplos, tal como a Dinamarca que apostam muito na formação dos jovens. Isso é bom, porque nos garante um mercado para os próximos anos. Mas sim, há um novo target a trabalhar.

Mas acima de tudo, tem de haver uma visão, temos de ir à procura de outros mercados. Os mercados não se fazem num estalar de dedos. Se quisermos um mercado americano, temos de ter marcas americanas, temos de ter voos da América para Portugal. Existem várias situações que estão interligas, é como uma cadeia, se falta um elo, torna-se mais difícil.

O valor do golfe turístico
E há pessoas para trabalhar no golfe?
A Federação Portuguesa de Golfe tem vindo a fazer o seu trabalho, mas, obviamente é um processo difícil, uma questão cultural. O golfe nunca foi visto como um desporto de massas.

Mas a questão dos recursos humanos não é muito diferente da situação da hotelaria e outras atividades. É difícil encontrar pessoas para trabalhar.

Mas ao contrário da hotelaria, no golfe não há formação especifica, temos paisagistas, agrónomos, mas não há assim tantos campos de golfe para que as pessoas também vejam isto como uma carreira.

E quanto vale o golfe em Portugal. Os números da International Association of Golf Tour Operators davam um valor estimado de 2 mil milhões anuais antes da pandemia.
Estamos, novamente, a falar do golfe com os diversos serviços associados. Se ainda contabilizarmos o Real Estate, os números podem ser diferentes, para cima. A questão é saber como fazemos as contas. Acredito que o golfe não deve ser visto isolado, deve ser visto como algo faz parte de um todo, as voltas, as reservas, os transferes, a restauração, a hotelaria, os rent-a-cars, etc..

Mas 2 mil milhões de euros equivale, mais ou menos, a 10% das receitas turísticas anuais?
Certo, mas quando é que esses 10% aparecem? Aparecem numa altura em que não existem os outros 90%. Estamos a falar de fevereiro, março, abril, outubro, novembro, dezembro.

Esta contribuição do golfe turístico para esbater a sazonalidade no turismo é absolutamente estratégica.

Mas volto ao que disse, a conectividade é fulcral para desenvolvermos o produto golfe. Nota-se que as pessoas, atualmente, tiram férias de maneira diferente, existem voos noutras alturas do ano e o negócio está muito alinhado com as rotas.

Atualmente existem 89 campos de golfe. Portugal tem capacidade para ter mais campos de golfe. E a haver, onde deveriam ficar localizados?
Não tenho a certeza de que haja necessidade para mais campos. Ainda há campos que estão subaproveitados. Há muito produto com capacidade para ter muito mais clientes.

Estamos numa zona [Aroeira] que, historicamente, não é vista como uma zona de golfe. Mas a isto chama-se fazer mercado, criar produto e posicioná-lo. Onde é que na restante Europa temos campos de golfe a menos de uma hora do centro da capital?

Por isso, não se trata de ter mais campos de golfe, é aproveitar o que temos e melhorar o produto.

Qual a estadia média de um golfista?
Ronda as cinco noites. E também é possível aumentar. Tem muito a ver com os mercados. O mercado britânico gosta de estadias curtas de três-quatro noites. O mercado escandinavo e alemão são seis-sete noites. Já o norte-americano aumenta para as 10-14 noites, sendo que este não vem fazer só golfe. Mas as estadias têm muito a ver com os voos e os intervalos entre os mesmos.

Depois depende do turista. As gerações mais novas estão habituadas a estadias mais curtas, tipo fim de semana prolongado. Já as mais velhas não vêm a correr para três dias.

Além disso, as pessoas, com a pandemia começaram a não tirar férias tão longas. Por isso, penso que as estadias não vão aumentar. Temos é de arrumá-las melhor nos hotéis e nos campos de golfe.

Falou de mercados como o britânico, nórdico, polaco, checo, norte-americano. E o asiático?
O mercado asiático é importante, mas é um mercado que, historicamente, temos tido alguma dificuldade em penetrar. É um mercado difícil. Trata-se de um mercado que ainda não viaja para o golfe e que viaja muito dentro da própria Ásia.

Mas sim, é um mercado com um grande potencial e não temos feito o nosso trabalho. É um mercado muito interessante, muito grande, mas não estamos muito focados nele e vamos ter de estar, claro.

Temos explicado mal esta questão [do consumo de água], temos tido pouca voz nesse assunto

Outro dos temas que surge sempre associado ao golfe é a sustentabilidade e o consumo de água.
Essa questão da água tem sido mal explicada pela própria indústria do golfe. No Algarve, por exemplo, a água utilizada no golfe é 6% do consumo total de água.

Mas não é essa a ideia que existe?
Pois não e criou-se essa má imagem. A verdade é que não há falta de água em Portugal. O que falta é capacidade para armazenar água. A maior parte da água é perdida.

Ainda assim, os campos de golfe têm feito um trabalho muito relevante. Já existem alguns campos de golfe ligados a ETAR. Mas para isso também é preciso investimento, é preciso mudar a relva, mudar maneiras de trabalhar.

Estamos a falar de um processo de aproveitamento, ou melhor, de reaproveitamento de água que não é utilizada.

O que posso afirmar é que os campos de golfe gerem a água ao milímetro, ou melhor, mililitro. Os campos de golfe utilizam, hoje, tecnologia de ponta, têm sondas, sensores, estações de água, tudo é gerido e aproveitado.

Mas volto a afirmar, temos explicado mal esta questão, temos tido pouca voz nesse assunto.

Mas há pouco falou em visão ou na falta dela relativamente ao golfe. Pergunto-lhe como é que, efetivamente, se pode desenvolver o produto golfe turístico em Portugal?
O golfe turístico, em Portugal, tem de se reposicionar em termos de qualidade. Não tenho dúvidas nenhumas que existe um mercado que procura Portugal, que quer qualidade e não tanto número, volume, mas muito mais qualidade.

E aqui, volto à questão do IVA e da capacidade de investimento. O produto está cá e estamos a chegar a uma fase complicada, já que a maioria dos campos de golfe estão na casa dos 20, 25 ou 30 anos, o que, normalmente, é o tempo de vida média de um campo de golfe.

Mas quando fala em renovação, onde é que ela terá de existir?
Na rega, na eficiência da rega, novas espécies de relva, mais amigas do ambiente e que conseguem com mais facilidade usar as águas recicladas. Os campos vão ganhando um cansaço. E o problema é que os nossos concorrentes estão a renovar-se, a atualizar-se.

Se entrarmos numa guerra de volume, Portugal não tem capacidade para competir com os seus concorrentes. Por isso, resta-nos a qualidade. Podemos baixar preço, mas somos pequenos e perderemos valor.

Devia de haver estratégias a curto e médio/longo prazo?
Todas as pessoas sabem quais são as estratégias. Uma, investir no produto. Duas, investir nas pessoas. Três, abrir mercados novos. Quatro, consolidar mercados existentes e com capacidade para pagar mais.

Não há aqui nada de “rocket science”. Há que implementar, executar. E acreditar que, fazendo isso, de facto se vai criar mais valor.

Mas estamos a falar de um processo para quantos anos?
Depende. Há campos que já o estão a fazer, estão a liderar. Nos próximos anos, cinco, dez anos, isto vai ter de acontecer. Depois é uma espécie de efeito de bola de neve. Basta um ou dois produtos liderarem este processo e os produtos à volta virão por arrasto, não podem ficar fora. Percebem que há uma estratégia vencedora e que não podem ficar para trás na corrida.

Claro que cabe à iniciativa privada liderar este processo, mas esta visão de qualidade pode e deve ser apoiada e ajudada.

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Macau: “A ideia não é recuperar. É crescer além do que já tínhamos em termos de turismo”

Depois de ter sido anunciado como local para o congresso da APAVT, em 2025, ser o “Destino Preferido” da APAVT, em 2024, e ter marcado presença na FITUR, em Madrid, a delegação do turismo de Macau também esteve na BTL 2024 para mostrar como pretende, mais do que recuperar, crescer.

Victor Jorge

Ao Publituris, Maria Helena de Senna Fernandes, Direção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, reforçou a ideia da importância do turismo, a par do jogo, para a economia de Macau. “A pandemia veio alterar a realidade do turismo em Macau. E como todos sabemos, quando existe um problema como foi o da pandemia, o turismo é sempre a primeira atividade a sofrer impactos”.

Por isso mesmo, o Governo de Macau resolveu “embarcar numa política de diversificação”, já que durante a pandemia “tivemos a consciência que não podemos colocar os ovos todos dentro do mesmo cesto”, frisou Maria Helena de Senna Fernandes.

É precisamente essa a ideia e objetivo da plataforma “Turismo + de Macau que a diretora da DST identifica mais como uma “visão”, ou seja, “uma maneira de utilizar os nossos pontos fortes no turismo para potenciar o desenvolvimento dos diferentes setores da nossa economia”.

Assim, os primeiros “alvos” foram as atividades que estão mais próximas da atividade do turismo, identificando Maria Helena de Senna Fernandes “as convenções, incentivos, a cultura, o desporto, entre outros”. Contudo, o objetivo é ir mais além e “combinar o turismo com educação, viagens das crianças e dos estudantes, de modo que possam abrir os olhos, dar-lhes mundo e não se limitarem a aprender o que lhes é ensinado na escola”, ao mesmo tempo que a tecnologia terá um papel essencial nesta estruturação do turismo.

“A ideia é que o ‘Turismo +’ possa ser turismo mais qualquer coisa”, referiu a diretora da DST. “A estratégia de diversificação lançada pelo Governo quer combinar várias coisas, educação, tecnologia, wellness, saúde, finanças, desporto, cultura, convenções e incentivos. Por isso, o ‘+’ é mesmo ‘+’. O turismo funcionará como uma alavanca para ajudar todo o resto a evoluir”. Até porque, segundo Maria Helena de Senna Fernandes, “todo o resto precisa de mercado, precisa de gente, precisa de know-how, mas também de conectividade, ou seja, é preciso levar pessoas até Macau”.

A diretora do DST de Macau salienta que esta estratégia foi lançada no final do ano passado, pelo que “é impossível esperar resultados já neste momento. Este é o ano de arranque e penso que já estamos no bom caminho e com alguns pontos sólidos nesta estratégia. Claro que há necessidade de evoluir e evoluir com mais rapidez”.

Identificada que está a China como primeiro mercado e países asiáticos como a Coreia do Sul, Filipinas, Indonésia, Malásia como os que se destacam nas visitas a Macau, “se queremos ser um centro mundial no turismo, teremos de evoluir e posicionar Macau como tal. E para que isso aconteça, não nos podemos limitar à região asiática”, admite Maria Helena de Senna Fernandes.

E é neste abrir limites que a diretora da DST refere a relação com a APAVT e com Portugal, na medida que “estamos a discutir várias ideias e passos para potenciar esta ligação a Portugal e levá-la em direção a Espanha e depois para todo a Europa. A ligação à APAVT é fundamental até porque também nos abre as portas à ECTAA”.

Ou seja, Portugal é visto como “uma porta de entrada para atingir os nossos objetivos. Portugal está muito bem posicionado no turismo mundial e isso pode ser vantajoso para nós”. Mas também os países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão sob mira das autoridades do turismo de Macau, “explorando a ligação que existe entre todos eles e que pode ser uma mais-valia para Macau”.

No long-haul, Maria Helena de Senna Fernandes destaca, também, os EUA, “dado os muitos interesses americanos em Macau, sobretudo nos casinos”, admitindo, contudo, a diretora da DST que “não vêm fazer turismo, mas simplesmente para negócios”.

Por isso, Maria Helena de Senna Fernandes frisa que “é importante captarmos congressos da Europa para o nosso território, não só de turismo, mas de outros setores como a medicina, finanças, tecnologia”.

Com olhos postos na MITE – Macao International Travel (Industry) Expo -, a realizar de 26 a 28 de abril, a mudança está à vista, já que “queremos que a feira seja mais do que uma feira de turismo de lazer e se adeque à nossa estratégia de introduzir cada vez mais componentes diferentes”. No entanto, Maria Helena de Senna Fernandes enfatiza que a MITE “não serve somente para promover Macau para fora, mas também queremos que o exterior se promova em Macau”.

Quanto aos maiores desafios que Macau enfrenta atualmente, Maria Helena de Senna Fernandes identifica os voos diretos. “Ainda temos de trabalhar através de Hong Kong, é a ligação mais direta ou mais tradicional. No ano passado, lançámos um novo serviço direto de autocarro do aeroporto de Hong Kong para levar as pessoas para Macau, sem ter de passar pela imigração e sem qualquer custo”.

Por isso, “limpar os entraves que podem fazer de barreira à circulação das pessoas é fundamental. Mas trata-se de um trabalho contínuo, porque surgem sempre outras coisas. E embora Macau seja pequeno em dimensão, queremos chegar e ultrapassar os números atingidos em 2019 (cerca de 3 milhões de visitantes) o mais rapidamente possível”.

Para já, conclui Maria Helena de Senna Fernandes, “depois de termos tido um pouco mais de um milhão de visitas em 2023, estimamos ir além dos 2 milhões já este ano. Até porque a ideia não é recuperar. É crescer além do que já tínhamos em termos de turismo”.

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Hotelaria é o principal empregador de mulheres no setor do turismo, avança WTTC

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) diz que as mulheres representam quase 40% do emprego total no setor das Viagens e Turismo, destacando-se essencialmente na área da hotelaria, que contempla mais de metade (52%) de todo o emprego feminino neste setor.

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Na data em que se volta a celebrar mais um Dia Internacional da Mulher, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) salienta o papel das mulheres no setor do turismo, onde estas representam quase 40% do emprego total, com destaque para a hotelaria que é a área do setor do turismo que maior número de mulheres emprega.

“A hotelaria destaca-se como o principal empregador de mulheres no setor das Viagens e Turismo, com mais de metade (52%) de todo o emprego feminino em 2019 atribuído a este segmento”, realça um comunicado do WTTC.

Os dados do WTTC mostram que o número de mulheres que trabalha no setor do turismo tem vindo a aumentar ao longo dos anos e, entre 2010 e 2019, o emprego cresceu 24%, passando de 38,6 milhões para 47,8 milhões de empregos.

“As mulheres nas viagens e no turismo desempenham um papel vital. Estamos orgulhosos de que o nosso setor seja um dos maiores empregadores de mulheres no mundo”, congratula-se Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC.

Segundo a responsável, o aumento do número de mulheres que trabalha no setor torna “as Viagens e Turismo mais resilientes e inclusivas”, pelo que, defende Julia Simpson, “colocar as mulheres no centro das Viagens e Turismo será fundamental para garantir um futuro sustentável para o setor”.

Os dados do WTTC mostram que, no setor do turismo, o número de mulheres até é superior a outros setores económicos e que, em algumas regiões do mundo, como as Américas, as mulheres representam mesmo “uma parcela maior do emprego no setor em comparação com a força de trabalho de toda a economia”.

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Turismo

Portugal com 31 prémios na gala europeia dos World Travel Awards

Portugal saiu de Berlim, cidade onde decorreu a gala europeia dos World Travel Awards, a par da ITB Berlim 2024, com 31 prémios.

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Houve estreia, repetições e quem somasse mais prémios ao que tinha alcançado em edições anteriores. Portugal somou 31 prémios nos na gala europeia dos World Travel Awards, realizada em Berlim (Alemanha), capital onde decorre, igualmente, a ITB 2024.

Recorde-se que na edição de 2023, Portugal tinha conquistado 17 prémios nos World Travel Awards. Já final mundial, os prémios conquistados por Portugal somaram uma dúzia.

Aqui fica a lista completa dos vencedores portugueses:

  • Europe’s Leading Adventure Tourism Destination 2024 – Azores Islands
  • Europe’s Leading Adventure Tourist Attraction 2024 – Passadiços do Paiva (Arouca UNESCO Global Geopark)
  • Europe’s Leading Airline to Africa 2024 – TAP Air Portugal
  • Europe’s Leading Airline to North America 2024 – Azores Airlines
  • Europe’s Leading Airline to South America 2024 – TAP Air Portugal
  • Europe’s Leading Beach Destination 2024 – Porto Santo Island, Madeira
  • Europe’s Leading Beach Hotel 2024 – Pestana Alvor Praia
  • Europe’s Leading City Destination 2024 – Lisbon
  • Europe’s Leading City Family & Wellness Resort 2024 – Pestana Palace Lisboa
  • Europe’s Leading Design Hotel 2024 – 1908 Lisboa Hotel
  • Europe’s Leading Emerging Tourism Destination 2024 – Braga
  • Europe’s Leading Hotel Management Company 2024 – Amazing Evolution
  • Europe’s Leading Island Destination 2024 – Madeira Islands
  • Europe’s Leading Island Resort 2024 – Vila Baleira Resort
  • Europe’s Leading Lifestyle Hotel 2024 – W Algarve
  • Europe’s Leading Boutique Hotel Operator 2024 – Amazing Evolution
  • Europe’s Leading Lifestyle Resort 2024 – Conrad Algarve
  • Europe’s Leading Luxury All-Suite Resort 2024 – Wyndham Grand Algarve
  • Europe’s Leading Luxury Boutique Hotel 2024 – Valverde Hotel
  • Europe’s Leading Luxury Business Hotel 2024 – Pestana Palace Lisboa
  • Europe’s Leading Luxury Hotel 2024 – Savoy Palace
  • Europe’s Leading Regional Airline 2024 – SATA Air Açores
  • Europe’s Leading Resort Villas 2024 – Dunas Douradas Beach Club
  • Europe’s Leading Seaside Metropolitan Destination 2024 – Porto
  • Europe’s Leading Sports Resort 2024 Cascade Wellness Resort
  • Europe’s Leading Tourism Development Project 2024 – Passadiços do Mondego (Estrela UNESCO Global Geopark)
  • Europe’s Leading Tourist Attraction 2024 – Dark Sky Alqueva
  • Europe’s Leading Tourist Board 2024 – Madeira Promotion Bureau
  • Europe’s Leading Wine Region Hotel 2024 – L’AND Vineyards
  • Europe’s Most Romantic Resort 2024 – Pousada Mosteiro Amares
  • Europe’s Responsible Tourism Award 2024 – Dark Sky Alqueva

De referir que a Madeira acolherá a final mundial dos World Travel Awards no próximo mês de novembro.

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Análise

Quanto vale o Turismo numas eleições?

A 10 de março disputam-se mais uma eleições legislativas. Ninguém esperava ir a votos tão cedo, existindo uma maioria absoluta no Parlamento que acabou por cair em novembro do ano passado. Todos os partidos que iremos encontrar nos boletins de voto possuem a sua estratégia para ganhar votos junto do eleitorado. Aqui deixamos a questão: quanto vale o turismo nos programas eleitorais?

Victor Jorge

Neste primeiro texto, o jornal Publituris faz um resumo do que trazem os oito partidos/coligações políticos nos seus programas eleitorais no que diz respeito ao “Turismo”.

No PARTIDO SOCIALISTAS (PS), o Turismo aparece no programa eleitoral nos seguintes enquadramentos:

  • “Exportamos mais e melhor. As exportações de bens e serviços superaram, pela primeira vez na história, os 50% do PIB. Em 2015, representavam 40,6% e poucos anos antes apenas 35%. Hoje, são mais 46 mil milhões de euros exportados do que em 2015. E esta transformação não decorreu apenas do setor do turismo. Portugal soube abrir a economia a novas oportunidades de crescimento e de diversificação”.
  • “A CP deverá prosseguir e adaptar o seu Plano Estratégico 2030 preparando a operação de serviços ferroviários de Alta Velocidade e de turismo ferroviário”.
  • “O apoio público à captação de eventos desportivos internacionais deve, portanto, evoluir para uma ação coordenada entre o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o Turismo de Portugal, ponderada em fatores como o impacto, retorno e territorialidade, bem como a sustentabilidade social e ambiental. A Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa 2024, que será realizada em Portugal, no Porto, protagonizará um dos mais relevantes momentos políticos do desporto internacional”.
  • “Concretizar a ‘Agenda do Turismo para o Interior’ promovendo um turismo mais equilibrado e uma transformação no modelo de desenvolvimento turístico do país, onde contam todas as geografias”.
  • “Apostar em ações de formação incentivando os residentes nas aldeias a investir no turismo, bem como em qualificação dos profissionais melhorando a qualidade dos serviços, informando os potenciais investidores dos apoios existentes”.
  • “Modernizar e internacionalizar as atividades tradicionais da economia do mar incluindo indústria dos produtos da pesca e aquicultura e o desenvolvimento de projetos de turismo costeiro e náutico sustentáveis e regenerativos”.
  • “Garantir a acessibilidade física, digital, de informação e comunicação, gerando mais inclusão e sustentabilidade, nos serviços públicos, infraestruturas, meios de transporte, parque habitacional, cultura, desporto, turismo e lazer”.
  • “No que respeita ao investimento e desenvolvimento de capacidades operacionais, com vista a garantir a manutenção de Portugal como um dos países mais seguros do Mundo como instrumento fundamental para a qualidade de vida dos portugueses, bem como para a atração de investimento estrangeiro e turismo”.

Na ALIANÇA DEMOCRÁTICA (AD), o Turismo é enquadrado nas seguintes formas:

  • “São atividades económicas centrais para o mundo rural contribuindo para a desejada coesão territorial, gerando dinâmicas que permitem dinamizar atividades de comércio, de turismo e de indústria”.
  • “Consolidar Portugal como destino turístico de excelência em tudo o que está ligado à economia azul, ao mar e às atividades náuticas, eixo fundamental para a nossa oferta”.
  • “Incentivar a criação de “Rota do Turismo Rural” em cada região, associando oferta
  • de dormidas, de experiências e de outras atividades em mundo rural”.
  • “Promover programas específicos de agroturismo em territórios de baixa densidade”.
  • “Compatibilizar a exploração racional dos recursos e usos do Espaço Marítimo Nacional com as atividades tradicionais existentes (pesca, turismo e outras) e respeitando a proteção do meio ambiente sob impacto e criando condições sustentáveis para a produção eólica offshore”.
  • “Para as empresas dos sectores transacionáveis como a indústria, agricultura ou turismo, é fundamental ganharem dimensão e aumentarem a sua presença em novos mercados e conseguirem integrar-se em cadeias de valor global, contribuindo para a internacionalização da economia e para o crescimento da produtividade”.
  • “Em termos de estrutura orgânica, reforçar a tutela do Ministério da Economia, de modo a agilizar decisões e facilitar a convergência nos processos e prazos com impacto nas empresas. Reforçar a articulação próxima com o Turismo de Portugal, nomeadamente no que toca a missões e ações externas”.
  • “Os setores do Turismo e Serviços em Portugal são fundamentais para a economia nacional. Em 2022, o peso do setor do Turismo na Economia atingiu 29,2 mil milhões de euros, 12,2% do PIB, um valor que representa um recorde em termos relativos e que conheceu novos aumentos”.
  • “No contexto de um conjunto de tendências no Turismo, Comércio e Serviços, as soluções de políticas públicas no Espaço Europeu, que Portugal deve acompanhar para ser competitivo, têm procurado acautelar modelos de crescimento de oferta turística que criem valor acrescentado, mas também integração com as economias locais”.
  • “Incrementar o valor das exportações associadas ao Turismo, Comércio e Serviços”.
  • “Incrementar o salário médio do setor Serviços, Comércio e Turismo, pelo aumento de produtividade e maior valor acrescentado”.
  • “Valorizar o ensino e formação contínua em Turismo e criar/consolidar uma rede nacional integrada de formação (hubs), com escala e qualidade, suportando conteúdos programáticos complementares que potenciam a oferta de qualidade”.

No CHEGA, o Turismo aparece da seguinte forma:

  • Turismo de Saúde. A permissividade da nossa Lei de Imigração e a gratuitidade do nosso Serviço Nacional de Saúde atraem cada vez mais grávidas estrangeiras que só se deslocam a Portugal para dar à luz”.
  • “Assumindo a nossa localização geográfica, a nossa especificidade, a nossa história e cultura, não podemos deixar de mencionar o turismo como uma das alavancas económicas de Portugal”.
  • “O turismo desempenha um papel fundamental na economia de Portugal e tem uma importância significativa para o país, representando perto de 12% no PIB, com elevada margem de progressão, sendo uma das principais fontes de receita nacional e empregando directa e indirectamente uma parcela considerável da população portuguesa”.
  • “Quando se pretende combater o êxodo rural, o turismo tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento regional ao atrair visitantes para regiões fora dos principais centros urbanos. O turismo contribui para a fixação das populações e para a criação de novos negócios e empregos, atrai investimentos em infra-estruturas e serviços, o que contribui para o desenvolvimento geral do país como um todo. Através do turismo promove-se a imagem de Portugal e o seu conhecimento no estrangeiro, o que beneficia a reputação e a atractividade do país”.
  • “Promover o turismo como factor de progresso e de correcção de assimetrias internas”.
  • “Promover o turismo sustentável, partindo do princípio que o turista além de visitar lugares, pretende viver experiências, respeitando o meio-ambiente e as comunidades locais”.
  • “O turismo pode ter um papel muito relevante nesse aspecto, devendo promover-se uma sinergia entre ambos os sectores, em que um alimenta o outro e vice-versa”.
  • “Aflorar sinergias entre o turismo e o património cultural por forma a que ambos se promovam um ao outro”.
  • “Conceder apoio financeiro e logístico para projectos artísticos que valorizem e interpretem o património cultural português, tanto material quanto imaterial, numa lógica de interação com a indústria do turismo”.

No LIVRE, é desta forma que o Turismo aparece no programa eleitoral:

  • “A dependência económica que o país tem em relação ao investimento estrangeiro nas áreas do imobiliário e do turismo, fomentado por um enquadramento legislativo criado para o efeito, é acompanhada de diversas formas de especulação imobiliária que estão a alterar radicalmente as nossas casas, ruas e bairros”.
  • “Reforçar a exigência legislativa de adequação de habitações utilizadas para fins turísticos, nomeadamente o alojamento local, na qual se deve diferenciar a atividade profissional e a dos pequenos proprietários, estabelecer parâmetros urbanísticos que promovam a diversidade de usos nas cidades no licenciamento dos estabelecimentos hoteleiros, em articulação entre o Turismo de Portugal e as autarquias”.
  • “Recuperar os comboios noturnos em Portugal e na Península Ibérica, reativando, em 2024, dos serviços ferroviários noturnos Lusitânia e Sud-Expresso e garantindo a adoção dos serviços ferroviários noturnos como parte da estratégia ferroviária nacional, ibérica e de ligação aos restantes países europeus, através da articulação da CP e a IP com a RENFE, SNCF e outros operadores públicos ou privados, providenciando uma alternativa ecológica e de baixas emissões comparativamente ao transporte aéreo; promovendo o turismo sustentável e ligando Portugal a outros destinos no centro da Europa”.
  • “Restringir o turismo massificado e destrutivo em áreas protegidas, prevendo a capacidade de carga de cada uma destas, e incentivando um turismo de acordo com princípios sustentáveis e que beneficia as populações locais”.
  • “Apoiar financeiramente os municípios na criação de meios de transporte público alternativos que tenham um impacto mínimo nos ecossistemas, fomentando um turismo de natureza mais sustentável”.
  • “Este programa [Revive Natureza} deverá ter o seu âmbito de ação ampliado para além da área do turismo, permitindo projetos associados à conservação da natureza, à educação ambiental e ao empreendedorismo rural”.
  • “Incentivar a criação de emprego nas Áreas Protegidas e sítios da Rede Natura 2000, privilegiando setores relacionados com a manutenção da bio e geodiversidade, turismo sustentável, entre outros que permitam concretizar os planos de gestão destas áreas”.
  • “Revisão do Programa ‘REVIVE’, para que os seus concursos tenham como objetivo principal a fruição do património cultural por todas as pessoas, em vez de serem subordinados ao seu aproveitamento turístico”.

Analisemos agora como o Turismo aparece no programa eleitoral do BLOCO DE ESQUERDA (BE):

  • “A estratégia de crescimento económico assente no turismo e no imobiliário provocou uma crise na habitação”.
  • “A escalada histórica dos preços da habitação foi potenciada, primeiro, pelo período de taxas de juro historicamente baixas que tornaram o imobiliário num ativo atrativo pela sua rentabilidade e, depois, pelo processo inflacionista, que aumentou os custos do endividamento. No entanto, se estas são causas transversais a vários países, há elementos que justificam a particular gravidade da situação em Portugal: a promoção do turismo de massas e do turismo habitacional de luxo, com o regime do Residente Não Habitual ou os Vistos Gold”.
  • “Para baixar os preços das casas, é necessária a intervenção do banco público na quebra dos juros, a fixação de tetos para baixar as rendas, a proibição da venda de casas a não residentes e a limitação do seu desvio para alojamento turístico”.
  • “Por outro lado, as casas disponíveis estão a ser afetas a outros fins, como o turismo, o turismo residencial de luxo, a obtenção de vistos gold e a especulação financeira, sem qualquer tipo de controlo ou limites”.
  • “Um artigo recente do Jornal A Mensagem de Lisboa resumia a saturação a que Lisboa chegou: ‘A Baixa conta, atualmente, com 31 hotéis, 1411 quartos e mais unidades de Alojamento Local (AL) do que residentes. São 977 unidades de AL para 969 residentes no perímetro da Baixa Pombalina. Os dados são do Turismo de Portugal e do Censos 2021, filtrados para um perímetro que considera a planta ortogonal da Baixa Pombalina’”.
  • “Moratória a novos empreendimentos turísticos – Suspensão da emissão de títulos para novos empreendimentos turísticos nas zonas de pressão habitacional até 2030”.
  • “Na maioria dos casos, o alegado interesse nacional tem pouca ou nenhuma justificação. Basta olhar para a destruição de habitats protegidos e de áreas sensíveis para a construção de imobiliário de luxo ou de turismo, como ocorre agora nos megaprojetos da península de Tróia”.
  • “Não surpreende que os transportes para Tróia tenham um preço elevado e que vários empreendimentos imobiliários para turismo de luxo tenham sido considerados projetos PIN”.
  • “O encarecimento brutal da travessia fluvial pela SONAE é uma forma ardilosa de afastar os setubalenses de Tróia, restringindo-a a uma elite endinheirada. A mesma SONAE promove o Troiaecoresort, um empreendimento turístico que pretende vedar o acesso dos pescadores à Caldeira a partir de 2024”.
  • “Requisição de imóveis afetos ao alojamento local ou alojamento utilizado com fins turísticos, priorizando as habitações detidas por proprietários com elevado número de imóveis em alojamento local/turístico”.

E no PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP), como e quantas vezes aparece o turismo no programa eleitoral?

  • “Aposta nos circuitos curtos de comercialização com a primazia no fornecimento às cantinas de entidades públicas, a promoção do agroturismo e do turismo rural e a divulgação da qualidade dos sabores, cultura e tradições”.
  • “O Turismo e a sua integração numa estratégia de desenvolvimento nacional”
  • “Portugal tem condições excepcionais, em todo o seu território, para o desenvolvimento do Turismo. O Turismo – cujo crescimento foi particularmente significativo nos últimos anos – tem sido determinante no saldo da balança de bens e serviços, com um peso equivalente a 50% de toda actividade industrial”.
  • “A valorização do papel das entidades regionais de turismo e da sua articulação com as autarquias locais, a promoção de uma estratégia voltada também para o mercado interno e para o direito do povo português ao lazer”.
  • “São necessárias políticas viradas para a actividade produtiva com criação de emprego estável, onde se poderão ancorar e ampliar, de forma sustentável, outras actividades, nomeadamente o turismo e outros serviços e defender o mundo rural”.

A INICIATIVA LIBERAL (IL) “trata” o turismo da seguinte forma:

  • “Reformar a Lei de Bases do Turismo
  • “Despenalizar o turismo de Alojamento Local”
  • “Portugal enfrenta o desafio de reformular a sua Lei de Bases do Turismo para aproveitar ao máximo o potencial do seu setor turístico. Nos últimos anos, o turismo tem sido o principal motor do crescimento económico em Portugal, representando cerca de 15,8% do PIB nacional em 2022. É, portanto, imperativo criar as condições para que o turismo não estagne, mas sim se reinvente, gerando ainda mais riqueza para o país”.
  • “Tal como se investiu na promoção do alojamento local, é importante também reavaliar outros modelos, desde o turismo rural no Alentejo ao timesharing no Algarve, passando pelo Ecoturismo no Gerês e pelos Design Hotels nas grandes cidades”.
  • “Deve apostar-se na formação e qualificação dos recursos humanos no setor do turismo, adaptando as competências às novas procuras do mercado. Finalmente, deve fortalecer-se a representação internacional de Portugal no turismo, destacando as novas políticas liberais e sustentáveis do país”.
  • “Este ataque [Programa ‘Mais Habitação’] tem consequências na economia: em 2019, só o turismo de alojamento local representou 8,5% das exportações portuguesas e 40% das estadias. Se se considera que a economia portuguesa é hoje demasiado dependente do turismo, então deve ser o resto da economia que tem de crescer, e não o turismo que tem de encolher. A Iniciativa Liberal defende a reversão do agravamento fiscal introduzido nos últimos anos, passando o coeficiente de tributação do AL de 0,5% para o anterior de 0,35 na modalidade de apartamento ou moradia, como estava em vigor anteriormente. A Iniciativa Liberal recusa liminarmente a diabolização de sectores como o AL que fizeram muito pela recuperação estética, habitacional e económica das cidades portuguesas, promovendo o turismo e criando riqueza”.
  • “A vasta maioria de casos de AL surgiram como uma forma empreendedora de tirar proveito da liberdade de escolha dos turistas, tendo acrescentado um elevadíssimo número de camas sem as quais haveria uma enorme limitação no turismo nacional”.
  • “A Iniciativa Liberal quer implementar uma legislação turística que seja moderna, eficiente e responsável ambientalmente, posicionando o país como um destino de referência no cenário turístico europeu e mundial”.
  • “Queremos simplificar procedimentos administrativos e reduzir a burocracia, bem como numa coordenação mais eficiente das competências entre variadas entidades públicas, visando atrair mais investimentos nacionais e internacionais no setor turístico”.
  • “Reativação de linhas com interesse económico, social e turístico, como é o caso da linha do Douro até Barca d’Alva, ramal de Monção, linha Régua–Vila Real, linha Beja–Ourique e linha Pampilhosa–Cantanhede”.

Finalmente, o turismo no programa no PESSOAS – ANIMAIS – NATUREZA (PAN).

  • “Combater a poluição do turismo de cruzeiro por via da rápida implementação em todos os portos nacionais das obrigações previstas no Regulamento relativo à criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos, no que se refere ao fornecimento de eletricidade da rede em terra aos navios de cruzeiro até 2030, e da inclusão dos scrubbers de circuito fechado no âmbito da proibição da utilização de scrubbers em vigor nos portos nacionais”.
  • “Garantir, em parceria com a academia e as ONGA, a elaboração de um estudo sobre a capacidade de carga do país relativamente ao turismo de cruzeiro, avaliando em função dos resultados a possibilidade de implementar limites à entrada de grandes navios de cruzeiro em portos nacionais, designadamente relativos ao número de navios cruzeiros que possam atracar anualmente”.
  • “Portugal vive uma grave crise habitacional, causada pelos baixos salários, pela ausência de mecanismos que contrariem a especulação, por uma política de aposta cega no turismo que não acautelou os impactos na habitação e por uma falta de investimento na habitação pública, e que foi agravada por um contexto de subida desenfreada das taxas de juro”.
Sobre o autorVictor Jorge

Victor Jorge

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