Ryanair apresenta prejuízos superiores a 800 milhões de euros
Critica das ajudas dadas às companhias aéreas pelos respetivos governos, a Ryanair espera retomar a movimentação de passageiros para entre “entre os 80 milhões e 120 milhões” neste próximo ano fiscal.

Victor Jorge
A Ryanair anunciou uma quebra de 81% nas receitas no ano fiscal 2021, terminado em 31 de março de 2021 face ao ano anterior, passando de 8,49 mil milhões de euros para 1,64 mil milhões de euros.
A companhia aérea irlandesa revela ainda, em comunicado, que passou de lucros de mil milhões de euros para prejuízos de 815 milhões de euros.
Reconhecendo que o ano de 2021 foi “o mais desafiador nos 35 anos de história da Ryanair”, a companhia aérea salienta que a pandemia da COVID-19 fez ”o tráfego colapsar”, revelando a Ryanair que, no seu caso, passou de 149 milhões para 27,5 milhões de passageiros, “à medida que muitos governos europeus. (com pouco aviso ou coordenação) impuseram restrições de voos e bloqueios nacionais”.
Embora admita uma “recuperação parcial” durante o verão de 2020, à medida que os bloqueios iniciais diminuíram, “a uma segunda vaga da COVID-19 na Europa, no outono, seguiu-se uma terceira onda na primavera”, criando “enormes interrupções e incertezas para os nossos clientes e pessoal”, salienta a companhia irlandesa.
No que toca aos custos operacionais, estes registaram uma natural quebra, passando de 7,37 mil milhões de euros para 2,48 mil milhões de euros.
Crítica das ajudas prestadas pelos diversos governos europeus às companhias dos respetivos países, a Ryanair refere, no comunicado, que “a crise da COVID-19 precipitou o colapso de várias companhias aéreas da UE, incluindo Flybe, Norwegian, Germanwings e Level, e cortes substanciais de capacidade em muitas outras. Isso desencadeou um tsunami de ajuda estatal dos governos da UE. às suas companhias aéreas insolventes, incluindo Alitalia, AirFrance / KLM, LOT, Lufthansa, SAS, TAP e outras, o que distorcerá a concorrência da UE e apoiará companhias aéreas de alto custo e ineficientes por muitos anos”.
A companhia admite que a capacidade de viagens aéreas intra-europeias seja “materialmente inferior no futuro previsível”, realidade que, segundo a mesmo, “criará oportunidades para a Ryanair estender os incentivos ao crescimento dos aeroportos, uma vez que o grupo receberá 210 novos Boeing 737 (com custo mais baixo)”.
Certo é que o ano fiscal 2022 “continua desafiador, com incertezas sobre quando e onde os bloqueios da COVID e as restrições de viagem serão amenizados”. Por isso, a Ryanair espera que o tráfego do primeiro trimestre seja “fortemente reduzido para entre 5 e 6 milhões de passageiros”, reconhecendo, contudo, que “as reservas tenham evoluído significativamente de uma base muito baixa desde a primeira semana de abril”.
As expectativas para a movimentação de passageiros rondam, conforme já anunciado, “entre os 80 milhões e 120 milhões de passageiros”, refere a Ryanair, concluindo que os bons resultados estarão dependentes de uma “implementação bem-sucedida de vacinas neste verão”, além de uma “flexibilização oportuna nas restrições de viagens no tráfego intra-europeu a tempo para o período de pico de viagens de julho / agosto / setembro”.