Análise

“Encontrar a palavra turismo no PRR é como encontrar o Wally”

Reeleito para mais um mandato à frente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, acredita na recuperação do turismo. Para tal, haja aeroporto, TAP e, fundamentalmente, empresas e empresários.

Victor Jorge
Análise

“Encontrar a palavra turismo no PRR é como encontrar o Wally”

Reeleito para mais um mandato à frente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, acredita na recuperação do turismo. Para tal, haja aeroporto, TAP e, fundamentalmente, empresas e empresários.

Victor Jorge
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Em maio de 2022, faz uma década que está à frente da Confederação do Turismo de Portugal e Francisco Calheiros espera estar a meio caminho na recuperação da indústria do turismo. Para já, ficam, em entrevista ao Publituris, as críticas à falta ou demora nos apoios e a esperança de que, quando a tal desejada retoma chegar, existam empresas, empresários, oferta, mas também capacidade para receber quem nos quer visitar. Ou seja, chega de meio século de discussão relativamente a um novo aeroporto.

Foi reeleito para um novo mandato à frente da CTP. Pergunto-lhe, nesta conjuntura ímpar e desafiante, o que ficou por fazer e o que transita para este mandato que termina em 2024?
Nestas atividades associativas ou confederações, fica sempre qualquer coisa por fazer e há muita coisa por fazer. Mas pensar no que foi o último mandato com o início deste, é como o dia e a noite.

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Em 2018, estávamos a culminar nove anos de crescimento e lembro-me de, na altura, o gravíssimo problema que tínhamos com falta de mão-de-obra. Agora começamos um mandato onde, obviamente, esse problema não se coloca.

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Este mandato começa por termos de olhar para o curto prazo, mais do que, propriamente, para o médio e longo prazo.

O que é o curto prazo?
O curto prazo é seis meses.

Portanto, ainda é 2021?
Sim, sem dúvida, ainda 2021. É evidente que temos inúmeras questões que deveríamos discutir. Desde questões gerais que não têm só a ver com o turismo. Uma reforma do Estado adiada há décadas, problemas com a demografia, com a natalidade.

Ou seja, questões estruturais?
Exatamente, mas que são a médio prazo. Contudo, também há questões estruturais para o turismo e que têm a ver, por exemplo, com o aeroporto.

Mas o aeroporto é a médio prazo quando está a ser discutido há cerca de 50 anos?
Tem razão, mas como disse, neste momento, temos de garantir que a oferta que existe se mantém instalada. A prioridade da CTP tem de ser a manutenção dos postos de trabalho e, sobretudo, a sobrevivência das empresas.

O que acontece é que, esta pandemia foi projetada e já dei este exemplo, dezenas, senão centenas de vezes, para saber se conseguíramos salvar a Páscoa de 2020. Já imaginou o que já passou desde março do ano passado?

Mas já fez este exercício: se não tivéssemos pandemia, que desafios é que a CTP estaria a debater?
Seriam completamente diferentes. Aeroporto, em primeiro lugar. Vamos ser claros, se em 2020 não tivesse havido pandemia, eu não sei o que se passaria no Aeroporto da Portela, mas seria, de certeza, outro desastre.

2019 já tinha sido complicado.
Agora imagine 2020, sem pandemia? Recordando janeiro e fevereiro de 2020, não havia razão para não acreditarmos que o turismo não crescesse a um ou dois dígitos.

Aliado ao problema aeroporto, o outro ponto que já foquei da falta de mão-de-obra.

Mas falta de mão-de-obra ou falta de mão-de-obra qualificada?
Esse é outro problema. Em 2016 falava em mão-de-obra qualificada. A partir de 2018, deixei cair a palavra “qualificada”. Nós não tínhamos mão-de-obra. Mas, para este mandato, essa é uma preocupação que só surgirá se as empresas sobreviverem.

O que lhe digo é que acaba em abril o pagamento dos 100% para empresas com quebras acima de 75%. Isto foi definido há três meses. Não sei se estava certo ou errado, o que não estava previsto era que em maio continuássemos praticamente a não ter atividade turística.

E não há possibilidade de redefinição desses apoios?
A minha esperança é que estes apoios sejam prolongados, pelo menos, até junho.

Uma realidade dramática
Vai fazer um ano que a CTP apresentou 99 medidas de apoio à atividade turística, bem como propostas para a capitalização das empresas. Depois de termos desconfinado, voltado a confinar e, agora, novamente em desconfinamento, que medidas foram aceites e postas em práticas e o que ficou na gaveta?
Em termos gerais e, especificamente, no turismo, houve uma medida em que o Governo esteve bem: o layoff e a medida de apoio à retoma.

Relativamente a outras medidas de apoios às empresas em geral e no turismo, estas são medidas burocráticas, lentas e insuficientes. Vamos pegar nas últimas. Algumas ainda estão no papel como, por exemplo, aquela dos 300 milhões para o turismo. Outras, como o reforço do Apoiar já estão esgotadas. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que, se uma já está esgotada e a outra ainda não chegou, então são claramente insuficientes.

Portugal investiu muito pouco na recuperação. Tem de fazer mais, ou melhor, muito mais e rapidamente.

Nós nunca nos pronunciamos em questões sanitárias. Mas há uma questão económica que nos pronunciamos e muito. Uma pandemia que dura há mais de um ano e na qual a taxa de desemprego nem reflete este ano de pandemia, a decisão que está do lado do Governo é muito simples. Isto é um trade-off muito simples. Aguentar as empresas e dar valor ao esforço e à resiliência que essas empresas e empresários demonstraram. Muitas vezes perguntam-me, como foi possível aguentar? Foi possível, porque tivemos 10 ótimos anos de turismo e os empresários gastaram todas as suas poupanças que ganharam nestes anos para manter as empresas e postos de trabalho.

“Estando o PRR dentro do PE e alertando o PE para a necessidade de haver uma recuperação do turismo, por que razão ignora o PRR o turismo?”

Mas há um limite. Quando atingimos esse limite?
Esse limite já foi atingido. E como disse, ou o Governo mantém essas empresas e quando abrirem os corredores turísticos há oferta instalada, há companhias aéreas, há aeroporto, há hotéis, restaurantes, rent-a-cars e os turistas vêm para cá ou, se não existir isto tudo, eles não vêm.

E se esses turistas não vierem, aí não fecham 10 ou 20% das empresas. Aí fecham todas. Pode ter a certeza. E com isso, vão centenas e centenas de milhares para o desemprego.

Portanto, reforça o que disse em fevereiro passado quando afirmava que, se o Governo não atuar com rapidez, não haverá empresas para salvar?
Cada dia que passa a situação é mais dramática. Eu já não falo daquelas atividades que estão proibidas, como discotecas, bares, etc.. Falo das que não estão proibidas – hotéis, restaurantes, agências e viagens e outros – com quebras de 70 e 80%. Há inúmeras despesas fixas que, por mais que o Governo apoie, não tem sido suficiente.

O Banco de Portugal avança que se perderam 12 mil milhões de euros em receitas do turismo neste ano de pandemia.
Isso é um bocadinho de dinheiro, não é? Mas também não tenho dúvidas que esse valor vai voltar, haja oferta.

Nós continuamos cá com tudo, não perdemos nada. Há é uma proibição de viajar, mas a ansiedade das pessoas para viajar é enorme.

Mas relativamente a essa ansiedade para viajar, como é que olha para a questão do Certificado Verde Digital e a implementação do mesmo a tempo de, eventualmente, salvar o verão?
Antes da questão do certificado, tínhamos vários países ou cada país a impor as regras que achava mais convenientes.

Dentro da UE?
Dentro e fora da União Europeia. Para uns tinha de ser com vacina, para outros com teste, para outros era quarentena. O que é que a CTP defendeu e defende: chamem o que quiserem, mas a Europa tem de funcionar. A regra que vier a ser definida tem de ser comum aos 27 Estados-Membros, interna e externamente.

Ou seja, funcionar, efetivamente, como uma União?
Exato e que às vezes parece tudo menos unida. Um alemão, um americano, um finlandês, que viaje dentro do espaço europeu ou para fora dele, tem de saber com o que contar. Tem de saber quais são as regras.

A pior coisa que pode acontecer na Europa é que a questão sanitária seja ou se torne numa questão concorrencial.

Tal como na questão dos corredores turísticos em que houve países que aproveitaram a tal desunião existente?
Lá está, o que nós queremos é uma regra que defina bem o jogo.

Mas acha que aí a União Europeia foi mais desunida do que unida?
Acho que sim, tem de ser mais Europa, mais União. Aí tem de ser como fazem os ingleses, tem de ser “mandatory”. Não pode ser facultativo.

O Wally do PRR
Portugal foi o primeiro país a apresentar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a Bruxelas. Nas suas várias intervenções existia sempre a critica de que o turismo não existe no PRR. Como é que gostaria de ver o setor do turismo espelhado no documento?

Esta vai pagar direitos de autor, mas, de facto, encontrar a palavra turismo no PRR é como encontrar o Wally.

Além do PRR, acabou de sair o Plano de Estabilidade (PE), que estamos a estudar, e como sabe o PRR está dentro do PE. Este último diz o seguinte: atenção que o turismo de 2009 a 2019 foi determinante para a recuperação da economia portuguesa. Neste sentido, e com um PE que tem o PRR incluindo, é fundamental ter medidas muito concretas e específicas para o turismo.

Por isso, se ler primeiro o PE e depois o PRR, vai para o PRR excitadíssimo, já que o PE diz que no PRR têm de estar lá as medidas e deverão ser “toneladas delas”. Porém, é como encontrar o Wally.

“Diria que o turismo perdeu entre 42.000 a 45.000 pessoas durante a pandemia”

O que fizeram durante a consulta pública do PRR?
Nós enviámos um trabalho muito bem feito e que tinha propostas muito concretas. O que o Governo nos diz é que não é no PRR que essas medidas concretas devem estar, que há mais no PE, mais no Portugal 2020-30 e no Quadro Financeiro Plurianual.

É uma resposta, mas não convencidos e satisfeitos com a resposta fomos procurar se os nossos concorrentes também fizeram isso. O PRR de Espanha, por exemplo, não fala no turismo. Tem, antes, um capítulo inteiro específico para o turismo e que dá pelo nome de “Plano de Modernização e Competitividade do Turismo”. Depois fomos a Itália, igual a Espanha. Só muda o nome para “Turismo e Cultura 4.0”.

Portanto, esta é uma decisão do Governo português.

Mas o que ainda estranhamos mais é que, após a consulta pública do documento, apareceram capítulos específicos para a cultura e para o mar. Com o maior respeito que tenho pela cultura e pelo mar, não entendo como é que vindo do PE a recomendação “cuidado com a baixa do turismo, é obrigatória colocá-la em alta para fazer regressar 2019”, pura e simplesmente se tenha ignorado tal recomendação.

Estando o PRR dentro do PE e alertando o PE para a necessidade de haver uma recuperação do turismo, por que razão ignora o PRR o turismo?

Portugal lá fora
Estamos numa nova fase do desconfinamento. Lembro-me de sugerir uma mega-campanha internacional, de forma a mitigar a má imagem que o país passou. Ainda mantém essa sugestão?

É verdade. De facto, olha-se para trás e ninguém percebe porque se passou do 8 para o 80 e depois do 80 para o 8. Quando estávamos naquela situação dramática, fiquei, naturalmente, preocupadíssimo. Porquê? Porque abrir os telejornais na Europa e no mundo a dizer que Portugal era o país com mais infetados por 100 mil habitantes era uma péssima imagem. Não tenho dúvida nenhuma de que, quando as pessoas começarem a marcar as suas férias, irão, antes, ver como está a situação sanitária de determinado país. E aqui, Portugal passou por uma fase horrível.

Mas, pelo facto de termos uma pandemia, de as pessoas não viajarem há mais de um ano e pelo facto dos destinos concorrentes de Portugal (Espanha, Itália, Grécia) passarem pelos mesmos problemas quando isto abrir – e temos tido muitas conversas com o Turismo de Portugal(TP) – temos de lançar, urgentemente, uma mega-campanha. Não tanto a dizer que estamos bem, isso as pessoas podem ver, mas tudo aquilo que compõe a campanha promocional de um país como as negociações das rotas aéreas, vinda de jornalistas estrangeiros, artigos publicados lá fora no online e offline, aquilo que o TP me tem dito é, “Francisco, está tudo pronto!”. O que acontece é que estão a tentar prever quando é que isto abre, porque também não vale a pena ter razão antes de tempo. As reservas, neste momento, são muito imediatas. Nós temos o exemplo do ano passado, em agosto, com o Reino Unido foi impressionante. Lembra-se que o corredor inglês sempre teve fechado com Portugal. Abriu uma semana em agosto. Pois foram mais de 50 voos diários para Faro.

Quando é que essa campanha deveria ser lançada?
Diria, já!

Mas quando focou os concorrentes de Portugal, todos vão estar em pé de igualdade. Além desses, ainda teremos Tunísia, Marrocos, Egipto, Turquia, etc..
Sim, essa é uma “ameaça” real. Vamos ter mais concorrência, mais competição, razão pela qual temos de ter urgentemente uma campanha internacional fortíssima. Ou seja, antecipar, até porque há mais gente a concorrer.

O “novo velho” aeroporto
Como focou logo no início da nossa conversa, a maioria desses turistas vêm, não de carro, mas de avião. E aí, Portugal terá um grande problema para resolver?
Lembro-me da primeira reunião que tive com o ministro Pedro Nuno Santos, por causa do problema TAP e aeroporto, no ano passado. Eu, na altura, já referia que não se conseguia resolver um problema em praça pública e o aeroporto era abertura de telejornais. A COVID pôs-lhe um tampão. E disse, “esta é a altura certa para aproveitar, nos bastidores, negociar e fazer o aeroporto”. É com grande desgosto e é essa a palavra certa, desgosto, pensar que já passou mais de um ano e evoluímos zero.

“Nós temos defendido muito a opção Montijo”

Evoluímos ou andámos para trás?
Tem toda a razão. Regredimos. Neste momento estamos a realizar um Estudo de Impacto Ambiental Estratégico para três soluções. Portanto, este estudo vai adiar, mais uma vez, algo de urgente resolução. Ora, se segundo as perspetivas mais pessimistas apontam para que, em 2024, estarmos muito perto do que era 2019, esqueça aeroporto.

É inaceitável, inacreditável.

Mas aí só está a equacionar Montijo, porque se a solução for Alcochete, teremos aeroporto dentro de uma década?
Nem quero ouvir falar nisso. É preciso não esquecer que o aeroporto é uma obra estruturante para o país. Que é de importância fulcral para o turismo? É! Mas não só. Será fundamental para toda a atividade económica.

Uma empresa exportadora que venha ver a capacidade do nosso principal aeroporto, é razão mais do que suficiente para ir embora ou não querer vir para Portugal.

Acho que é algo que nos deve envergonhar a todos. Estar a discutir há 50 anos a localização de um novo aeroporto.

Teme que se veja inscrito a mesma expressão que se viu por causa da Barragem do Alqueva: “Construam-me, porra!”?
Não sei se me está a querer dar ideias, mas para evitar repetições, optar, eventualmente, por um: “Porra, construam-me!”.

Eventualmente, quando voltar a entrevistar-me depois do final da pandemia e perguntar-me que desafios temos agora pela frente, talvez lhe responda na altura que não temos mais nenhuns, porque não há mais nada para fazer, porque não cabe mais ninguém no aeroporto.

Mas do lado da CTP existe alguma preferência ou a questão é, precisamos de um aeroporto, seja ele no Montijo, Alcochete, Alverca, Ota, etc.?
Nós temos defendido muito a opção Montijo. Porquê? Por causa de três questões. (i) A opção Montijo mantém a Portela viva e, quer queiramos ou não, a Portela é um fator de competitividade para a cidade gigantesco. (ii) A opção Montijo é a opção mais rápida e barata. (iii) Depois, falamos do Montijo, parece que ninguém sabe o que já lá está. Montijo é uma base aérea. Ora, já lá está, praticamente, tudo.

Falar em aeroporto é ter de falar da TAP. Vamos ter TAP, vamos ter “TAPzinha”?
Não conheço o plano de reestruturação da TAP. Se é preciso um plano de reestruturação? Bem, a maior parte das companhias aéreas está a ser reestruturada. Portanto, a TAP, com o que conhecemos, dificilmente, escaparia a uma reestruturação. Do que conhecemos da TAP, há que referir a importância das duas apostas feitas no Brasil e nos EUA. Nós tivemos em Portugal brasileiros e americanos como nunca. Porquê? Porque é o voo direto que impulsiona o tráfego. O que se pergunta é o seguinte: com a reestruturação e baixa de 20 ou 30 aeronaves é possível manter a política de ‘hub’? A TAP diz que sim, eu não sei.

Porque perdendo esse hub?
Nem quero pensar nisso.

“Com a reestruturação e baixa de 20 ou 30 aeronaves é possível manter a política de ‘hub’? A TAP diz que sim, eu não sei”

Mas além dessa questão coloca-se, igualmente, a problemática do CEO.
O Fernando Pinto quando veio, veio com homens-chave. O Antonoaldo Neves trouxe uma equipa inteira. Agora vem um CEO sem equipa? Outra questão: quando se abre um processo de reestruturação e de rescisões, não pode sair quem quer, sai quem não fizer falta à empresa. Vai falar com qualquer agência ou operador, o que eles dizem é que não têm com quem falar. Isso preocupa-nos.

Mas será que é a gestão pública que está a dificultar a vinda de um novo CEO?
Não sei, mas que está a dificultar, acredito. Até porque, quando chegar, não vai ver o que pode ou deve fazer. Não, vai fazer o que já foi submetido e aprovado. Vamos ver quem aceitará esse jogo.

Venha lá essa retoma
A retoma que aí vem poderá ser desfavorável para o turismo, na medida em que, com tanta concorrência, a primeira coisa que se fará é baixar preço? Portugal é um destino “demasiadamente” barato?
Não concordo com quem afirma isso. Vamos ser realistas, um país que tem 27 milhões de turistas, em 2019, tem de tudo. Isto não é um turismo de nicho. O melhor local para ver isso é o Algarve. Tem lá, desde o turista de massas até ao turista de 5 e 6 estrelas.

Mas vou recordar algo que as pessoas se esquecem. Antes de 2009 houve muito oferta criada que não foi acompanhada pela procura. De 2009 para trás, crescemos muito pouco. De 2009 a 2019 aconteceu exatamente o oposto, ou seja, a procura foi maior que a oferta. O que é que aconteceu de 2009 a 2019? O REVpar cresceu sempre mais do que o número de turistas, ou seja, nós tivemos de aumentar os preços sempre acima da procura.

Pode perguntar-me, acha que isto agora vai sofrer um revés? Sim, acho. Quando os hotéis estão cheios, é fácil dizer, não baixo preço. Mas agora, estamos com hotéis a 40% e menos, muito menos.

Não podemos perder a noção do seguinte, há lugar para todos. Temos turismo de 6 estrelas, 5 estrelas, de 4, 3, 2 estrelas.

E há que manter?
Sem dúvida, há que manter. Há toda uma oferta instalada nesse sentido. Não se esqueça que Portugal é considerado, de 2019 para trás por quatro vezes consecutivos o melhor destino de golfe do mundo. O turista de golfe é do que mais dinheiro gasta.

As cidades de Lisboa e Porto eram das cidades mais procuradas para congressos.

Até o setor automóvel, com as apresentações internacionais …

Não há apresentação internacional de automóvel que Portugal não seja considerado. Eu lembro-me de uma marca automóvel que trouxe a Portugal 6.000 jornalistas. Ora, isso é imbatível.

Mas houve muita gente no turismo de negócios a enveredar pela “facilidade” do digital?
Há um turismo de negócios que foi ensinado por esta pandemia a fazer coisas digitalmente. O Zoom e o Teams e outras soluções vieram questionar aquela reunião a Madrid ou a Paris por 2 ou 3 horas.

Posso organizar um congresso médico com 6.000 ou 10.000 pessoas no digital? Posso, mas não é a mesma coisa.

O que sobrará ou sobreviverá do setor do turismo? Tem noção de quantas empresas, empregos se perderam?
Não temos a bola de cristal. O que temos vindo a saber é que o número de empresas a fechar não tem sido muito diferente de anos anteriores. Quanto ao desemprego, é,provavelmente, a atividade em que mais se sentiu isso. Os números que temos são do INE referentes à hotelaria e restauração. Diria que o turismo perdeu entre 42.000 a 45.000 pessoas durante a pandemia.

Considerando que vamos ter prolongamento de layoff, que as medidas do Governo vão ser mais incisivas até setembro, que iremos ter um verão mais normal, a capacidade de vacinação vai ser maior, que em setembro já poderemos ter a tal imunidade de grupo, diria que, tenho alguma esperança que a maior parte da nossa oferta instalada se mantenha. E aqui, temos de dizer isto muito claramente, tem de haver um elogio muito grande às associações do setor e aos empresários do turismo. Têm aguentado estoicamente. Tem havido uma atitude de responsabilidade por parte dos atores do setor do turismo que temos de salientar. Não vejo ninguém a baixar os braços. Empresas proibidas de funcionar, não é perder 50% ou 75%. É perder 100%.

Os 10 anos de capitalização esfumaram-se?
Como se costuma dizer, a carninha está toda no assador.

Ainda faltam cerca de 5 meses para o Dia Mundial do Turismo e para o dia do evento da CTP.  Mas como gostaria de abrir o seu discurso nesse dia 27 de setembro?
Boa tarde, muito bem-vindos a este dia 27 de setembro a mais um Dia Mundial do Turismo. As minhas primeiras palavras são para dizer que debelou-se a pandemia. Portanto, uma vez constituída a imunidade de grupo e com o número de infetados praticamente inexistentes, Senhores governantes, é favor de olhar para as empresas portuguesas que aguentaram isto tudo, que estão descapitalizadas e que precisam de apoios.

Vamos por as empresas portuguesas em condições de colocar o turismo como, novamente, o motor da economia como o foi de 2009 a 2019.

Estas são as palavras que gostaria de dizer no dia 27 de setembro de 2021.

*Esta entrevista foi publicada na edição 1438 do jornal Publituris.

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Edição Digital: Dossier Madeira, Turismo e eleições, KIPT CoLab e Korean Air

A mais recente edição do Publituris faz capa com um dossier dedicado à Madeira mas inclui também vários outros temas, com destaque para o peso do Turismo nas próximas eleições legislativas, para a chegada da plataforma Atriis a Portugal, para o trabalho do laboratório colaborativo na área do turismo KIPT CoLab e para o balanço positivo que a Korean Air faz da operação aberta em setembro entre Lisboa e Seul.

Publituris

A mais recente edição do Publituris faz capa com um dossier dedicado à Madeira, que é composto por uma entrevista a Eduardo Jesus, secretário Regional do Turismo, Ambiente e Cultura da Madeira; um artigo sobre o que de melhor a Madeira tem para oferecer em termos gastronómicos e de natureza e ainda uma entrevista a Sara Marote, diretora-executiva da Associação de Promoção da Madeira (APM).

Neste trabalho, destacamos a garantia deixada por Eduardo Jesus, que se mantém à frente da pasta do turismo na região, à qual junta também o Ambiente e a Cultura, de que a aposta da região se vai manter inalterada e que a prioridade vai continuar a estar na qualidade em vez da massificação.

Conheça também o que de melhor a Madeira tem para oferecer aos turistas ao nível da gastronomia e natureza, num artigo sobre a sofisticação que a região tem vindo a trilhar nestes produtos, que levaram o Publituris até à Madeira ao longo de três dias.

A diversidade da oferta madeirense é, aliás, o tema que deu o mote à entrevista que também publicamos no âmbito deste trabalho e na qual Sara Marote, diretora-executiva da APM, garante que a Madeira se posiciona como “tendo tudo para todos os interesses”.

Mas há muito mais para ler nesta edição, com destaque para um artigo sobre o peso do Turismo nas próximas eleições legislativas, que vão decorrer a 18 de maio. O Publituris foi fazer um levantamento do que os programas dos partidos com assento parlamentar dizem sobre turismo, aeroporto, TAP e Alta Velocidade.

Na seção Distribuição, o tema em destaque é a chegada a Portugal da plataforma Atriis, que se destina às TMC e que promete redefinir os serviços de viagens corporativas.

Em Análise, publicamos uma entrevista com Antónia Correia, CEO do KIPT CoLab, um laboratório colaborativo na área do Turismo, que conta com a participação de organizações académicas e do setor turístico, e que pretende desenvolver projetos de pesquisa e consultoria, com foco estratégico na promoção do conhecimento, do emprego e da competitividade sustentável.

Já na secção Transportes, leia a entrevista a Miguel Rodríguez, sales manager da Korean Air, companhia aérea da Coreia do Sul que, desde setembro de 2024, está a voar três vezes por semana entre Lisboa e Seul. Ao Publituris, o responsável fez um balanço positivo dos primeiros meses de operação e, apesar de não garantir nada, diz acreditar que, dentro de alguns anos, a Korean Air poderá estar a voar diariamente para a capital portuguesa. Além de Lisboa, Miguel Rodríguez diz que a Korean Air tem dados que mostram que o Porto também é “um destino muito interessante”.

Nesta edição, que conta com Check-In, as opiniões são assinadas por Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Ana Jacinto (secretária-geral da AHRESP), e Silvia Dias (Head of Marketing & Sustainability da Savoy Signature).

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Volume de negócios no setor de viagens e turismo cai 5% no primeiro trimestre, revela a GlobalData

Os negócios no setor de viagens e turismo mostraram sinais de otimismo cauteloso no primeiro trimestre de 2025, com a atividade geral a cair apenas 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, revela a GlobalData.

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Uma análise do Banco de Dados de Negócios da GlobalData relatou que a composição dos negócios apresentou um quadro misto, com um crescimento do volume de negócios de fusões e aquisições enquanto, na curva inversa está o número de negócios de private equity e financiamento de risco.

O volume de negócios de financiamento de risco caiu cerca de 44% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, e o volume de negócios de private equity caiu cerca de 25%. Ao mesmo tempo, o número de negócios de fusões e aquisições anunciados no setor globalmente aumentou cerca de 9%.

Os EUA, que são o principal mercado mundial em termos de atividade de negócios, registaram uma descida de aproximadamente 25% no número de negócios anunciados no primeiro trimestre deste ano, face ao período homólogo. O Reino Unido também apresentou um ligeiro declínio no volume de negócios, enquanto o Japão apresentou uma subida notável e o volume de negócios para a Índia e a Austrália permaneceu praticamente no mesmo nível.

Aurojyoti Bose, analista da GlobalData, comenta que “embora o declínio geral possa refletir um clima de investimento mais cauteloso, à medida que os negociadores reavaliam as suas estratégias à luz das condições de mercado prevalecentes, vários países mantiveram volumes de negócios estáveis ​​e alguns também conseguiram registar uma melhoria notável, indicando resiliência nesses mercados.”

O analista considera ainda que “á medida que a procura por viagens se estabiliza e a inovação digital remodela o setor, os investidores provavelmente estarão concentrados em oportunidades escaláveis ​​e mercados resilientes”, para avançar que a perspectiva de curto prazo “aponta para uma recuperação seletiva, mas constante, no ímpeto de fecho de negócios.”

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Viagens e turismo criarão 4,5 milhões de novos empregos na UE até 2035

A pesquisa de Impacto Económico elaborado pelo WTTC estima que, até 2035, as viagens e turismo deverão gerar mais 4,5 milhões de empregos, para atingir mais de 30 milhões, o que reforça o papel do setor na União Europeia. Isto quer dizer que um em cada sete empregos será neste setor, tornando-a numa das indústrias estrategicamente mais importantes dentro da UE.

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As previsões do WTTC mostram que a contribuição de viagens e turismo para o PIB aumentará para quase 2,3 biliões de euros, com sua participação económica subindo para pouco menos de 11%, no mesmo período. O setor continuará a superar o crescimento económico mais amplo, com um CAGR de 10 anos de 1,8%, em comparação com 1,3% para a economia da UE em geral, enquanto o setor contribuirá com mais de 900 mil milhões de euros anualmente para os governos da UE através de receitas fiscais.

Por outro lado, o WTTC estima que, na União Europeia, os gastos dos visitantes internacionais cheguem a 730 mil milhões de euros nos próximos 10 anos, enquanto os gastos dos visitantes nacionais devem ultrapassar 1,2 biliões de euros.

Com os olhos postos apenas neste ano, o organismo estima que o setor de viagens e turismo em toda a UE contribua com quase 1,9 biliões de euros para o PIB da região, representando 10,5% da economia da UE. Espera-se que o emprego atinja quase 26 milhões, representando 12% de todos os empregos da União Europeia, o que classifica como um sinal claro do crescente impacto do setor.

As previsões do WTTC é que os gastos dos visitantes internacionais atinjam 573 mil milhões de euros este ano, crescendo mais de 11% em relação a 2024, enquanto os gastos domésticos devem aumentar, atingindo 1,1 biliões, uma subida de 1,6% face ao ano anterior.

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Estudo da TUI confirma que viajar rejuvenesce

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Após as férias, os viajantes sentem-se, em média, 4,2 anos mais jovens, apurou um estudo da TUI, realizado pela YouGov, que teve como foco a Alemanha mas cujas conclusões se podem também aplicar a Portugal.

“Embora o estudo tenha como foco a Alemanha, as preferências dos portugueses seguem tendências semelhantes, valorizando o contacto com a natureza, o bem-estar e o tempo de qualidade com os entes queridos como formas de recarregar energias”, indica a TUI, num comunicado enviado à imprensa.

Na Alemanha, a natureza, o bem-estar e a cultura são apontados como as principais formas de relaxar durante as férias, numa tendência que, segundo a TUI, também se aplica a Portugal.

“Segundo um inquérito da TUI, os fatores que mais contribuem para o bem-estar durante as férias incluem atividades ao ar livre (85%), momentos de descontração e autocuidado (79%), tempo com a família e amigos (75%) e desligar do trabalho (72%)”, acrescenta a TUI.

O operador turístico explica que estas “prioridades alinham-se com as escolhas dos portugueses, que valorizam cada vez mais experiências que combinem natureza, tranquilidade e enriquecimento cultural”.

“De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), é possível observar-se um aumento na procura por escapadinhas que privilegiam o contacto com a natureza e a desconexão. Paralelamente, a Phocuswright aponta para um interesse crescente em ofertas que promovam uma ligação mais profunda com o ambiente”, justifica a TUI.

Segundo este estudo, 37% dos alemães dizem sentir-se rejuvenescidos após as férias, com 22% destes inquiridos a admitir mesmo que viajar os faz sentir até cinco anos mais jovens, enquanto 15% relatam uma sensação de rejuvenescimento ainda mais acentuada.

“Estes dados demonstram o impacto positivo das viagens no bem-estar físico e na saúde mental, reforçando o poder transformador de umas férias bem aproveitadas”, refere também a TUI.

Além deste estudo, a TUI invoca também um estudo da Universidade Edith Cowan, na Austrália, que confirma igualmente esta relação, apurando que “viajar melhora o humor e pode até retardar os sinais de envelhecimento”.

“Fatores como a atividade física, a interação social e a exposição a novos ambientes desempenham um papel essencial, fortalecendo o sistema imunitário e estimulando o metabolismo. Em suma, o sistema de autodefesa do organismo torna-se mais forte. Viajar não é apenas lazer: também contribui significativamente para a saúde física e mental”, explica Fangli Hu, diretor do estudo da Universidade Edith Cowan.

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Yescapa traça perfil dos autocaravanistas portugueses

Em 2025 é esperado que o autocaravanismo continue a ganhar popularidade em Portugal, afirmando-se como uma forma de viajar alicerçada na liberdade e na flexibilidade, estima a Yescapa, plataforma intermediária de aluguer de autocaravanas e campervans na Europa, com base nos dados de 2024.

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A Yescapa prevê que o número de viagens continue a crescer, refletindo a tendência de um aumento nas escapadelas mais curtas ao longo do ano, mas com maior frequência.

Durante as épocas de maior afluxo turístico, espera-se que as escapadelas ocorram maioritariamente nas férias escolares, feriados prolongados, Páscoa e verão, com uma duração média de seis dias por viagem, tendência observada em 2024 e que se espera que continue em 2025, revela a plataforma, presente em oito países da Europa, que aponta que o perfil de viajante em autocaravana deverá manter-se na faixa etária dos 45 aos 65 anos, seguido pela faixa dos 35 aos 44 anos, conforme os dados de 2024.

No que diz respeito a destinos de viagem, a maioria dos portugueses reserva autocaravanas para explorar Portugal, seguindo-se Espanha e Itália, que têm vindo a ganhar popularidade – tendência que se espera manter em 2025, de acordo com a análise.

As autocaravanas são por norma mais frequentemente alugadas nas grandes cidades como Lisboa, Porto e Faro, mas tem sido constatado um aumento na procura por veículos nas zonas interiores dado que facilita a gestão dos alugueres entre proprietários e viajantes portugueses que podem encontrar um veículo para alugar perto de casa.

Quanto à tipologia de veículo, as autocaravanas capucino são as que têm feito mais sucesso entre os viajantes, dado serem práticas para viagens em família pelo seu espaço e conforto. No entanto, as campervans e furgões transformados continuam, ano após ano, a ganhar popularidade, especialmente entre casais e viajantes mais jovens, que procuram soluções compactas e práticas para as suas aventuras.

Face a esta evolução, Maria Liquito, Country Manager Portugal na Yescapa, observa que “estamos preparados para acompanhar e liderar esta transformação, proporcionando soluções adaptadas às necessidades dos nossos clientes e contribuindo para o crescimento contínuo do setor em 2025”.

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Estudo aponta “forte ressurgimento das viagens para África”, com Egito, Marrocos e África do Sul na liderança

A 2.ª edição do Annual African Tourism Outlook apurou que países como o Egito, Marrocos e a África do Sul continuam a liderar o setor em África, “representando mais de 70% das chegadas de turistas internacionais em 2022 e cerca de 50% das receitas turísticas internacionais”.

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As viagens para África apresentam um “forte ressurgimento” e há já “vários países a superarem os níveis pré-pandemia”, indica a 2.ª edição do Annual African Tourism Outlook, que apurou que países como o Egito, Marrocos e a África do Sul continuam a liderar o setor, “representando mais de 70% das chegadas de turistas internacionais em 2022 e cerca de 50% das receitas turísticas internacionais”.

O estudo, elaborado pela Nova SBE WiTH Africa, uma iniciativa da Nova SBE que resulta de uma parceria entre o Nova SBE Data Science Knowledge Center e o Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality, destaca “o progresso da indústria da aviação” no continente africano, que é apontado como o principal fator para este “ressurgimento” das viagens para África.

Prova deste progresso da aviação africana é o facto do tráfego aéreo entre África e a China ter aumentado 63% no ano passado, enquanto as rotas para o Médio Oriente e a Europa registaram crescimentos de 11,1% e 4,3%, respetivamente.

“Apesar dos desafios estruturais (como infraestruturas subdesenvolvidas e incertezas geopolíticas) são identificadas várias iniciativas de investimento em aeroportos e reformas políticas que visam reduzir as barreiras e potenciar a conectividade regional e internacional”, lê-se no estudo, que foi divulgado esta terça-feira, 4 de fevereiro.

A pesquisa refere também que, em África, “persistem desafios muito significativos”, apesar do Travel and Tourism Development Index (TTDI) do Fórum Económico Mundial de 2024 reforçar a tendência de crescimento do turismo africano e identificar melhorias em 16 das 19 economias africanas analisadas, com a África do Sul a liderar a classificação, seguida pelas Ilhas Maurícias e Gana.

“Preocupações com segurança, infraestruturas de transporte limitadas, restrições no uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e baixa priorização orçamental do turismo continuam a travar o crescimento sustentável. Além disso, e apesar de políticas promissoras como a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e o Mercado Único Africano de Transportes Aéreos (SAATM), a conectividade transfronteiriça reduzida contribui também fortemente para o reduzido desenvolvimento turístico mais integrado”, destaca o estudo da Nova SBE WiTH Africa.

Mesmo com estes desafios, o estudo diz que “o turismo em África regista uma recuperação sólida no período pós-pandemia, colocando o continente numa posição privilegiada para aproveitar a crescente procura por destinos diversificados e experiências culturais autênticas”.

 

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Sustentabilidade é importante mas preço continua a ser decisivo, diz estudo do WTTC

Um recente estudo do World Travel & Tourism Council (WTTC), apresentado durante a FITUR, diz que apenas 7% a 11% dos consumidores dão prioridade à sustentabilidade na hora de comprar uma viagem.

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Apesar de terem cada vez maiores preocupações com a sustentabilidade, o preço continua a ser o fator decisivo para os consumidores de viagens, aponta um recente estudo do World Travel & Tourism Council (WTTC), que diz que apenas 7% a 11% dos consumidores dão prioridade à sustentabilidade na hora de comprar uma viagem.

O estudo, denominado “Bridging the Say-Do Gap: How to Create an Effective Sustainability Strategy by Knowing Your Customers”, foi apresentado esta quarta-feira, 22 de janeiro, durante a FITUR, a feira de turismo de Madrid, e apurou que o “custo e a qualidade” continuam a ser as prioridades dos consumidores de viagens.

Realizado com recursos a 10 mil entrevistas, este estudo do WTTC dividiu os consumidores em seis segmentos, que abrangem desde os consumidores muito preocupados com o impacto das viagens no meio ambiente, até aos negacionistas das alterações climáticas, e apurou que, em todos os segmento, mais de 50% dos consumidores dizem que a prioridade é o preço.

“Em todos os segmentos de consumidores, mais de 50% dizem que o custo é o fator mais importante que influencia as decisões de compra, enquanto cerca de 30% priorizam a qualidade”, lê-se num comunicado divulgado pelo WTTC.

Em sentido contrário surgem as preocupações com a sustentabilidade, com apenas 7% a 11% dos entrevistados a admitir que este é um fator preponderante para a decisão de compra.

O estudo concluiu também que, grande parte dos entrevistados, diz não ter acesso a informação sobre sustentabilidade, seja através de que canal for, incluindo os media convencionais, plataformas sociais ou iniciativas voltadas para a comunidade.

“Os viajantes importam-se com a sustentabilidade, mas, ao comprar viagens, o custo e a qualidade são essenciais. Os clientes esperam que as empresas criem opções sustentáveis ​​acessíveis”, considera Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC.

A responsável lembra, no entanto, que muitas empresas têm vindo a dedicar-se à sustentabilidade, num trabalho que, além de contribuir para a proteção do planeta, também oferece “experiências mais gratificantes para os clientes”.

Por isso, este estudo deixa também algumas recomendações para que a indústria do turismo aumente as preocupações em oferecer viagens sustentáveis, seja através de parcerias, marketing personalizado, programas de recompensas ou outros benefícios para os clientes.

 

 

 

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Sabre revela as 10 principais tendências de viagem para 2025

Múltiplas viagens, liderança asiática, orçamentos dos Baby Boomers, foco na gastronomia, qualidade das companhias aéreas, facilidade de reserva, aventuras ao ar livre, planeamento antecipado, viagens em família e sustentabilidade, são as 10 principais tendências de viagem para 2025, de acordo com a Sabre.

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Pelo segundo ano consecutivo, a Sabre realizou um inquérito junto das suas equipas globais para descobrir o que os profissionais do setor valorizam ao reservarem as suas próprias férias, e combinou as respostas com os dados da indústria. Os resultados revelam 10 tendências-chave que estão a moldar a forma de viajar este ano.

A análise indica que a maioria dos inquiridos planeia fazer pelo menos duas férias, sendo que uma proporção significativa planeia quatro ou mais viagens de lazer, enquanto os viajantes da região Ásia-Pacífico estão na linha da frente dos planos de viagem para 2025, com um aumento de 34% nas reservas realizadas até ao momento.

A Sabre revela ainda que os Baby Boomers são a geração mais propensa a aumentar os seus orçamentos de viagem, verificando-se um interesse crescente dos viajantes em experiências ao ar livre. Por sua vez, a gastronomia desempenha um papel central nas férias de 2025 para um número significativo de inquiridos, que avançam que a qualidade das companhias aéreas é especialmente importante para os viajantes mais jovens.

A facilidade em efetuar reservas é uma consideração crucial para os inquiridos. A multinacional de tecnologia para o setor das viagens dá conta que a maioria dos viajantes prefere planear com antecedência, reservando as suas férias pelo menos três meses antes, e que muitos optam por férias com a família alargada para passarem momentos de qualidade juntos.

No âmbito das principais tendências de viagem para este ano indica, igualmente, que a sustentabilidade está a ganhar maior relevância entre os viajantes, especialmente quando são informados sobre o seu impacto ambiental.

O inquérito de opinião dos viajantes da Sabre foi conduzido online, recolhendo respostas de 220 colaboradores globais da empresa de diferentes faixas etárias. Foram integrados dados adicionais a partir das informações de pesquisa e reservas da Sabre recolhidas entre janeiro e setembro de 2024 para viagens planeadas em 2025.

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Portugueses gastam mais de mil euros por viagem, revela a CamperDays

Um estudo da CamperDays, um dos principais operadores turísticos de autocaravanas da Europa, revela que os portugueses reservam as férias, em média, com 16 semanas de antecedência e gastam mais de mil euros por viagem. Por outro lado, indica que a maior parte dos viajantes portugueses está na faixa dos 35-44 anos, enquanto os destinos favoritos incluem o próprio país, Espanha e Austrália.

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Após um ano da entrada da CamperDays no mercado português, o considerado booking.com dos alugueres de identificou que a maior parte dos utilizadores portugueses (36%) está na faixa dos 35-44 anos, seguidos por viajantes nas faixas de 55-64 anos (27%) e 65+ (18%).

Um estudo da empresa, que destaca as preferências e tendências dos viajantes portugueses indica que mostram-se organizados e atentos ao planeamento das suas viagens, reservando em média com 16 semanas de antecedência. As viagens em grupo são populares com uma média de três elementos por viagem, com duração de 9 dias e um gasto médio de 1.100 euros.

A análise dá ainda conta que os destinos favoritos dos portugueses incluem o próprio país, Espanha e Austrália, refletindo o desejo por explorar desde escapadelas próximas e culturais até aventuras exóticas em paisagens distantes.

No que se refere às tendências de viagem, o estudo realça que cerca de 80% dos contactos com o serviço ao cliente ocorrem na fase de pré-reserva, evidenciando o interesse dos portugueses em esclarecer dúvidas e obter recomendações antes de confirmar as suas escolhas. Além disso, as famílias preferem viajar durante a época alta, aproveitando férias escolares e climas favoráveis e os viajantes sem filhos optam por períodos de época baixa, procurando mais tranquilidade e destinos menos concorridos.

Refira-se que a CamperDays continua a oferecer um serviço intuitivo, ajudando os utilizadores a encontrar, comparar e reservar autocaravanas de forma rápida e eficiente. Com mais de 3,6 milhões de visitas em 2024, a CamperDays opera, atualmente, em 32 países, oferecendo acesso a mais de 700 estações de recolha e uma rede de mais de 150 parceiros. Em Portugal, a plataforma aponta que tem observado um crescente interesse pelo caravanismo, refletindo a procura por viagens mais flexíveis e personalizadas.

Neste sentido, e com a crescente popularidade do caravanismo em Portugal, em 2025, a CamperDays planeia continuar a investir no mercado português, fortalecendo a sua rede de parceiros e proporcionando ainda mais benefícios aos seus utilizadores. Com uma procura crescente por viagens em contacto com a natureza e experiências personalizadas, a plataforma promete atender às expectativas dos aventureiros experientes e iniciantes no mundo do caravanismo.

A empresa dá acesso a mais de 35 mil veículos disponíveis para aluguer em todo o mundo, incluindo o Reino Unido, Europa, Austrália, EUA, Canadá e África do Sul. A plataforma permite que os clientes escolham entre uma seleção de fornecedores de confiança em todo o mundo através de um processo de reserva simples em três passos, com alugueres disponíveis a partir de apenas 80 euros por dia.

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Negócios no setor das viagens e turismo caem 4,3%, em 2024

Segundo a GlobalData foram realizados, em 2024, um total de 715 negócios contra os 747 de 2023.

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No ano 2024 foram realizados um total de 715 negócios compreendendo fusões e aquisições (M&A), private equity e negócios de financiamento de risco no setor de viagens e turismo, o que representa uma descida de 4,3% em comparação com 747 negócios anunciados durante o ano anterior, avançam os dados divulgados pela GlobalData.

A análise da consultora revela que o número de negócios de private equity aumentou 26,1%, em 2024, em comparação com 2023, e o volume de negócios de M&A registou um crescimento marginal de 0,4%, enquanto o número de negócios de financiamento de risco caiu 22,3%.

A Europa viu uma melhoria de 17% no volume de negócios durante 2024 em comparação com 2023, enquanto a América do Norte, o Oriente Médio e a África e a América do Sul e Central testemunharam uma queda no volume de negócios de 26,7%, 27,8% e 13,3%, respetivamente.

Já o volume de negócios da região Ásia-Pacífico caiu marginalmente em 1,7%.

Aurojyoti Bose, analista principal da GlobalData, refere que “a atividade de transações no setor das viagens e do turismo manteve-se mista em diferentes tipos de transações e regiões geográficas. Embora as transações de capitais privados tenham registado melhorias e o volume de transações de fusões e aquisições tenha permanecido, na sua maioria, ao mesmo nível, as transações de financiamento de risco registaram um declínio de dois dígitos”.

Bose acrescenta ainda que a tendência em diferentes mercados-chave “também não foi diferente e permaneceu mista, com alguns países a registares um crescimento de dois dígitos e alguns com declínios de dois dígitos.”

Como exemplo, a GlobalData refere o Reino Unido, a Índia e o Japão que testemunharam uma melhoria no volume de negócios em 10,8%, 36% e 45,7%, respetivamente, durante 2024, em comparação com 2023, enquanto os EUA, China e França testemunharam uma quebra no volume de negócios de 25,9%, 29,8% e 26,9%, pela mesma ordem. Entretanto, o volume de negócios para mercados como a Coreia do Sul e a Austrália permaneceu inalterado.

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