Novas necessidades nas viagens potenciam procura pelas agências de viagens
Carlos Baptista, administrador da Bestravel, nota o surgir da procura pelas agências de viagens neste pós-desconfinamento, que considera que vão ter um “papel diferente” no processo de retoma.

Raquel Relvas Neto
O ano passado foi um ano para esquecer para as agências de viagens. Contudo, as expectativas para o verão de 2021 são ligeiramente mais animadoras. Carlos Baptista, administrador da Bestravel, considera que neste processo de desconfinamento as agências Bestravel têm sentido “um aumento de fluxo de reservas”, porém, não deixa de salientar que qualquer notícia mais negativa relativamente ao desenrolar da pandemia coloque o setor da distribuição turística em suspense.
É por isto que o responsável caracterize esta recuperação da atividade turística como “intermitente”. “Temos andado numa recuperação intermitente o que é facto é que sentimos uma procura bastante efetiva pelas agências de viagens em geral”, aponta. Contudo, esta procura está muito distante dos valores de 2019: “Sentimos pelo menos que estamos numa inflexão positiva e acreditamos que possa ser um processo sem retrocesso”.
Sentimos pelo menos que estamos numa inflexão positiva e acreditamos que possa ser um processo sem retrocesso
Para esta procura, Carlos Baptista acredita que contribuiu o papel importante que as agências de viagens tiveram ao longo deste último ano, o que as levou a ganhar uma maior atenção por parte dos clientes. E mostra-se otimista, destacando “toda a confiança que as agências de viagens foram construindo desde o início da pandemia até agora vai ser um ativo que vão potenciar neste processo de retoma”, mas também “todo o acompanhamento que foram dando aos seus clientes” e ainda aquilo que identifica serem as “novas necessidades no aconselhamento de viagem pós-confinamento em que o cliente precisa de um aconselhamento muito mais efetivo”. Para o responsável, estes motivos podem funcionar como um “catalisador de uma retoma da procura pela agência de viagens em detrimento de outros canais de distribuição”.
Portugal continental, Açores e Madeira são os destinos que têm captado maior interesse por parte dos portugueses. Para o administrador da rede de agências de viagens, “toda a retoma da atividade está a dar-se muito por proximidade, portanto, Portugal continental voltou a ser muito procurado nas agências de viagens. Do ponto de vista de quota, as agências de viagens recuperaram um posicionamento que já tinham perdido em outros momentos”.
No campo dos destinos internacionais, a procura tem-se feito pelos países que, refere, estão com o processo de vacinação numa fase mais avançada, dos que são exemplo as Maldivas e os Emirados Árabes. Segundo o responsável, acresce ainda a clareza dos protocolos estabelecidos nos respetivos destinos, algo que espera ver refletido em outros destinos, como por exemplo na Europa.
No que refere às previsões para o negócio das agências de viagens Bestravel propriamente ditas, Carlos Baptista estima que as previsões de quebras de 55% face a 2019 que a Organização mundial de Saúde aponta para 2021 sejam as “piores estimativas”. “A OMS perspetiva uma quebra de 55% face a 2019, eu espero que essa seja a nossa pior estimativa”, refere.
Quanto ao processo de reembolso das viagens não realizadas no ano passado devido à COVID-19, o administrador da Bestravel salientou que este está a decorrer “naturalmente”. “Há prazos até ao final do ano, os clientes estão a utilizar os seus vouchers, há agências já a reembolsar, há operadores já a reembolsar, outros que vão esperar pela data de 31 de dezembro e esperar que os clientes utilizem os vouchers. Há de tudo um pouco. Estamos todos dentro da normalidade deste processo”.