“Os nossos clientes continuam a querer vir para Lisboa”
A crise não travou a concretização de novos negócios para o CCL e a FIL.
Carina Monteiro
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O Centro de Congressos de Lisboa e a FIL vão começar em setembro a realizar eventos, depois de vários meses encerrados. Apesar da pandemia ter forçado o encerramento dos dois espaços e o adiamento de 35 eventos, não travou, no entanto, a concretização de novos negócios. Até maio foram assinados 20 novos contratos, 14 dos quais internacionais, seis ainda para este ano, e os restantes para 2021 e 2022. “O último contrato que assinámos foi em maio e estamos neste momento em fase de fechar mais dois grandes eventos para 2022, que ocupam cada um deles o CCL todo e a FIL toda”, confirma Maria João Rocha de Matos, diretora-geral da Lisboa FCE em entrevista ao Publituris.
O ano de 2020 parecia promissor para o negócio da Lisboa FCE, a empresa que detém o CCL e a FIL. “Ia ser um grande ano outra vez, se calhar melhor do que o ano passado”, começa por dizer Maria João Rocha de Matos. A responsável recorda o momento em que a pandemia atingiu o negócio dos eventos. “Foi repentino, quase surreal. No princípio de março, tivemos um congresso internacional com cerca de 1000 pessoas no Centro de Congressos de Lisboa, já com medidas de segurança e higiene, que correu lindamente e, nessa mesma semana, um cliente português cancelou um evento de um dia para o outro. Na segunda-feira a seguir começámos todos a trabalhar a partir de casa. Foi um choque”.
A partir desse momento começou uma longa maratona de consecutivos adiamentos não só das feiras realizadas pela FIL, como dos eventos de terceiros que os dois espaços acolhem.
“Quer a BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), quer a Futurália, numa primeira fase, julgámos que íamos adiar para o final do primeiro semestre. Falámos com os principais ‘players’ e considerámos que era uma boa data. Depois chegámos a abril e percebemos que íamos ter de adiar as duas para o ano que vêm. A Paper, que é uma feira pequena e muito profissional, adiámos logo para 2021. A Tektónica, outra feira grande, adiámos para outubro e vai realizar-se ao mesmo tempo do Salão Imobiliário de Lisboa – SIL e da Intercasa. A FIA – Feira Internacional do Artesanato, que se realizava agora no princípio de julho, é uma feira particular, em que os artesãos vêm vender as suas coisas, estamos a fazer um esforço para fazer algo mais pequeno, na segunda quinzena de setembro. É uma feira muito importante uma vez que é uma forma de escoarem os seus stocks”.
No que diz respeito aos eventos de terceiros, ou seja, os congressos, as reuniões corporativas, entre outros, o processo de adiamento foi o mesmo. “Tivemos duas fases: uma primeira fase em que adiámos os de março e abril para junho e julho, depois para o segundo semestre, e, a partir de certa altura, passaram para o ano seguinte e, em alguns casos, para 2022”.
No conjunto dos dois espaços, foram assim adiados 35 eventos por causa da pandemia, 20 internacionais e 15 nacionais. Desses, oito foram adiados para o segundo semestre de 2020, a maioria para 2021, e alguns para 2022 e 2023.
Devido ao encerramento dos espaços e ao adiamento de eventos e feiras, a quebra da faturação da Lisboa FCE ronda os 60%, mas está ainda por avaliar o impato indireto em outras atividades. “Quer as feiras, quer os congressos são grandes dinamizadores da economia da cidade e da região, não só a nível direto nas empresas de turismo: hotéis, restaurantes, mas numa série de indústrias que gravitam à volta desta atividade, empresas de desenvolvimento de stands, agências de publicidade, etc. O impacto é grande a esse nível”, defende Maria João Rocha de Matos.
Mas nem tudo são más notícias. Apesar do confinamento, a equipa continuou a trabalhar e foram fechados novos contratos, 20 no total, para este ano e para os próximos dois. “Em termos de eventos internacionais, Lisboa continua a manter o interesse e, apesar de estarmos em confinamento, como estes eventos se tratam com muita antecedência, os nossos clientes continuam a querer vir para Lisboa”, afirma a responsável.
Os surtos na região de Lisboa não tiveram grande impacto. “Tivemos duas visitas de inspeção marcadas para agora e que ficaram suspensas até deixarmos de estar no encarnado”, conta.
Lisboa Live Meetings
Apesar do encerramento dos espaços, a Lisboa FCE promoveu durante o período de confinamento alguns webinars relacionados com as feiras da FIL, como é o caso da Tektónica. Recentemente, a empresa apresentou também um novo modelo de eventos híbridos, a Lisbon Live Meetings, resultado de uma parceria com a empresa de audiovisuais AVK.
“É uma plataforma que nos permite fazer eventos híbridos, ou seja, com a presença de participantes com todas as regras de segurança, mas também permite, a quem não pode estar presente, assistir”, refere. “Estamos também a tentar desenvolver mais esta plataforma com parceiros tecnológicos portugueses, para permitir ter aquilo que poderá ser uma exposição online. Ou seja, a participação com stands digitais e o contacto quer com as pessoas que estão fisicamente na feira, quer com pessoas que não podem estar presencialmente na feira. O que estamos a desenvolver para o futuro são eventos que não sejam só físicos, mas que sejam híbridos, por forma a, por um lado facilitar a participação a quem não possa deslocar-se e, por outro lado, que não haja um impacto tão grande caso haja alguma situação idêntica àquela que tivemos estes meses”, explica.
Esta ideia surgiu depois de um pedido de um cliente que queria fazer uma reunião híbrida. “Começámos a pensar que este poderia ser um bom serviço para prestar aos nossos clientes nos seus eventos de terceiros”, conta a responsável. Depois da apresentação do projeto, a Lisboa FCE já recebeu vários pedidos de empresas ou associações que querem fazer as suas reuniões desta forma.
Para os grandes congressos internacionais, a realização de eventos híbridos não é uma novidade, como explica Maria João Rocha de Matos. “Muitos dos congressos internacionais já tinham este modelo. Numa época normal, um evento híbrido permite ao organizador ter mais uma fonte de rendimento do seu evento. Além dos 7 mil ou 8 mil participantes que o evento tem fisicamente, pode chegar a outros milhares online”.
Embora seja ainda cedo para perceber como a indústria dos eventos e das feiras vai transformar-se com a pandemia, Maria João Rocha de Matos tem “boas perspectivas” para o ano de 2021, desde que não haja “um agravamento da situação da doença”. Também é preciso notar, na opinião da responsável, que a retoma das feiras terá em conta a economia das empresas. “As feiras que organizamos são feiras fundamentalmente com empresas portuguesas e, portanto, também vai depender do impacto económico que o confinamento teve e ainda tem nas empresas. As feiras são tão boas quanto quão boas as empresas que nelas participam. Se as empresas não tiverem meios podem não vir a participar nas feiras. Mas ainda não temos dados conclusivos sobre isso”. De uma coisa a diretora-geral da Lisboa FCE não tem dúvidas: “Os eventos híbridos são uma tendência que vai continuar e, se calhar, existirão mais pessoas a optarem pela participação digital em vez de se deslocarem”.
Clarificação das regras
Para Maria João Rocha de Matos é fundamental a definição de regras claras para este setor, e dá o exemplo de outros países . “Os meus colegas de Espanha, França, Itália, Holanda, Alemanha, Áustria ou Suíça já tiveram uma data em que foi definido que os venues podiam começar a trabalhar. Até a zona de Itália que foi mais afetada”. Para a responsável esta indefinição traz dúvidas aos expositores. “Os expositores das feiras agendadas perguntam-nos se vamos poder abrir ou não. O facto de não haver uma indicação formal do governo que a partir de determinada data os venues podem começar a trabalhar dentro destas condições é algo que inibe e prejudica a retoma, porque os eventos têm de ser trabalhados com antecedência”.