Destino Portugal tem hoje “melhores condições para recuperar” da crise
A qualificação da oferta, a preparação tecnológica e a diversidade do destino vão permitir que o turismo em Portugal recupere mais rapidamente após esta fase da COVID-19.
Raquel Relvas Neto
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Portugal já passou por várias crises que afetaram a economia e, consequentemente, o Turismo. A crise financeira de 2008 é a que está mais presente na mente dos empresários portugueses. Desde então muita coisa mudou, mas estava o Turismo nacional melhor preparado para uma crise como a que se vive atualmente provocada pela propagação da COVID-19?
Essa foi uma das questões debatidas no webinar “Inovação e desafios tecnológicos no sector hoteleiro”, realizado esta quinta-feira, 9 de abril, pela Infraspeak e o Publituris/Publituris Hotelaria, que contou com a participação de Gonçalo Rebelo de Almeida, Administrador/Board Member Vila Galé Hotéis e Roberto Antunes, Diretor Executivo do NEST – Centro de Inovação do Turismo.
Para o empresário responsável pelo segundo maior grupo hoteleiro nacional, “do ponto de vista de produto e destino, estamos melhor preparados”. Gonçalo Rebelo de Almeida explicou que o país verificou uma “qualificação da oferta”, mas também um elevado nível de profissionalismo, seja da hotelaria ou de outras formas de alojamento turístico. Ou seja, no que ao produto diz respeito, o empresário considera que “estamos consolidados, os profissionais melhor preparados, o produto está cá”. Quanto à perspectiva de “reabrir o destino e pô-lo a funcionar, julgo que isso é relativamente simples de fazer, ele está cá não é preciso fazer nada, nenhum investimento adicional. O produto está preparadíssimo para voltar ao mercado”.
Ao nível da preparação das estruturas empresariais, Rebelo de Almeida afirma que, comparativamente com outras crises como a de 2008, em que o Grupo Vila Galé verificou quebras na ordem dos 30%, as empresas conseguiram preparar-se atempadamente e ajustaram estratégias comerciais e não só. “Estamos a falar de uma diferença significativa, porque uma coisa é ter caído 30% e já achamos que foi um impacto significativo, outra coisa é nenhuma empresa estava preparada para esta rapidez nem para um cenário de receita zero”, indica, acrescentando que se trata “de um cenário mais desafiante”. Apesar de “estruturalmente estar tudo pronto para uma retoma muito mais rápida”, a verdade, completa, é que “ninguém sabe responder quanto tempo dura este efeito de paragem do mundo”. Acresce ainda o facto de “os efeitos na economia serem superiores àquilo que eram as projeções iniciais de qualquer pessoa”.
Roberto Antunes considera que o destino Portugal tem “melhores condições para recuperar”. Para o responsável, é importante que sejamos “mais diversificados economicamente”. “Isso é extremamente importante do ponto de vista da oferta”, refere, explicando que somos “bem mais diversificados do ponto de vista da estrutura, de quem são fornecedores, de quem compramos, de onde vêm as pessoas e isso é extremamente importante”. Ou seja, “a diversidade permite-nos também ter mais agilidade na recuperação”.
A contribuir para esta retoma está o facto do país também estar tecnologicamente preparado. “A tecnologia permite-nos, com rapidez e agilidade e de uma forma muito transversal na economia, ter soluções que se aplicam em determinados setores que podem ser aplicados ao Turismo e vice-versa. Isso são vantagens que trazemos para recuperar. Acredito e as informações dizem-nos que teremos capacidade de ter recuperações rápidas do que em outras crises que apenas em períodos de dois anos é que podiam ser recuperadas”.
Desafios
Para o empresário hoteleiro, existem três incógnitas das quais depende a recuperação do Turismo em Portugal. A maior delas é o transporte aéreo, como “se vai manter, em que condições, com que número de voos, frequências e com que destinos”. “É uma incógnita muito grande porque não sei se todas as companhias aéreas terão condições de retomar no imediato por toda a frota no ar e toda a capacidade”, indica.
Por outro lado, “não sabemos que players, seja da distribuição ou de outro setor, se aguentam neste período de paragem de dois, três meses”.
E, por outro lado, “o efeito mais preocupante”, é o “que isto teve na diminuição do poder de compra dos consumidores finais”. Para Rebelo de Almeida, apesar de acreditar que o Turismo não vai acabar, os bens essenciais são e, durante algum tempo, vão continuar a ser os privilegiados nos gastos dos turistas, portanto, “até se recuperar este poder de compra, vai ser afectado”.
Além de que, toda esta situação de confinamento social, pode levar a um problema social, nomeadamente ao “efeito psicológico do medo do contacto social”. Assim, sugere, numa fase inicial tem de existir uma adaptação do produto neste sentido: “[Os hotéis] vão ter que abrir num contexto em que o contacto social que antes se promovia, espaços de coworking, coabitação, deixa de estar na moda”.
Também o responsável do NEST considera que o facto de sermos um país periférico torna-nos dependentes do transporte aéreo, mas aponta que “os mercados de proximidade, o interno e eventualmente o espanhol e todo aquele em que poderemos ser destino de curta distância através de carro, comboios e esse género de transporte” podem ser a solução inicial.